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CAPÍTULO III – A SEPARAÇÃO DE PODERES ARGENTINA

3. A reforma constitucional de 1866;

A reforma de 1866 é colocada por questões de didática e, evidentemente, de coerência com o modelo adotado no capítulo anterior, referente ao Brasil, de guiar-se, sobretudo, a par dos textos constitucionais produzido pelas respectivas nações para o exercício da análise comparada a posterior, mas para a separação de poderes o seu texto não trouxe nada de relevante.

“A exemplo dos liberais da década de 1820, os reformadores do período de 1845-1870 defenderam concepções essencialmente individualistas do Estado, da sociedade e da economia”

401 e, claro, colocando entre parênteses o fato de ideologicamente liberais mas não na conduta,

continua Safford, os liberais “reivindicavam não apenas liberdades individuais, mas também uma liberdade absoluta de consciência, de imprensa, de educação e de comércio” 402 e a

consolidação do corpo nacional pelas Cartas de 1853-1860 ainda reclamaria atuação enérgica, pois “Em 1863, e novamente em 1866-1868, Mitre teve de reprimir algumas rebeliões no interior” 403 ante a resistência de alguns grupos a nova ordem institucionalizada.

Nesse período ainda de busca de estabilização da nova ordem desejada desde 1810 (e testada impavidamente pelas Cartas de 1819, 1825, [Pacto Federal de 183], 1853 e 1860), que viria a reforma de 1866 (cuja importância é frequentemente esquecida404) cuja síntese é que “o único objetivo da convocação era a revisão do art. 4 e do inciso I do art. 67 (atual 75), no que tange aos direitos de exportação”405 que foi realizada “em 10 de setembro de 1866 reunindo-se

na cidade de Santa Fé, em sessão preparatória, uma convenção constituinte [...] a qual se expediu em 12 do mesmo mês com um despacho que foi aprovado no mesmo dia”406.

401 SAFFORD, Frank. Política, ideologia e sociedade na América Latina espanhola pós-independência. / Frank

Safford. In História da América Latina: da independência a 1870, vol. III / organizador Leslie Bethel; tradução Maria Clara Cescato – 1ª Ed. 3ª reimpr. – São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2014. P. 382.

402 Idem. P. 388.

403 LYNCH, John. As repúblicas do Prata da independência à Guerra do Paraguai / John Lynch. In História da

América Latina: da independência a 1870, vol. III / organizador Leslie Bethel; tradução Maria Clara Cescato – 1ª Ed. 3ª reimpr. – São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2014. P. 668.

404 Como se vê na obra “Constituciones Argentinas Compilación histórica y análisis doctrinario” em que se

exclui da análise temporal da obra a reforma de 1866, passando-se, então, dos comentários à Constituição-reforma de 1860 diretamente para a de 1898.

405 No original: “El único objeto de la convocatoria era la revisión del art. 4 y del inc. 1 del art. 67(actual 75), en

lo atinente a los derechos de exportación” (ZIULU, Adolfo Gabino. Derecho constitucional: Tomo I principios

y derechos constitucionales… op. Cit. p. 84).

406 Do original: “El 10 de setiembre de 1866 reunióse en la ciudad de Santa Fe, en sesión preparatoria, una

convención constituyente. […] la cual se expidió el 12 del mismo mes con un despacho que fue aprobado ese mismo día” – (QUINTANA, Segundo V. Linares. Derecho constitucional e instituciones politicas: teoría

97 Com isso, o curto espaço de seis anos não trouxe significativas mudanças para o regime da separação de poderes, tanto no que tange a sua textualização ou positivação, como, por evidente nos percalços que ainda assombravam o sonho da Unida Nação Argentina, em termos de fato na vivência político-institucional do país recém-nascido para esses termos.

Todavia, o mais importante é que é nesse interim de 1860 a 1866 em que se dará a Corte Suprema de Justiça da Nação (CSJN) o início de seu funcionamento, tendo, conforme abordagem acima, inexistência de fixação de número de membros para sua composição que, portanto, levou-o a ter cinco (1863 e 1960 conforme Lei 27), sete (a partir de 1960 conforme Lei 15.271), nove (durante a presidência de Carlos S. Menem pela Lei 23.774) e retornou a ter cinco membros (durante presidência de Néstor C. Kirchner pela Lei 26.183), sucessivamente, conforme lição de Vallefin.407

No entanto, antes que a Suprema Corte funcionasse a todo vapor, deparou-se com aquilo que Sagüés chamou de primeira suspensão parcial da constituição, salientando que:

En realidad, hasta la instalación de la Corte Suprema, el 15 de enero de 1863, quedaron suspendidos los artículos constitucionales relativos a la institución y funcionamiento de ese alto tribunal.

Una suspensión tuvo lugar después de la batalla de Pavón (17 de septiembre de 1861), con el triunfo de Buenos Aires y consecuente derrota de las fuerzas de la Nación. El 15 de noviembre de 1861, el vicepresidente de ésta. Pedernera, declaró por decreto-acuerdo ‘en receso’ al Poder Ejecutivo nacional (el Legislativo estaba fuera de sesiones, y la Corte Suprema todavía no existía).

[…] § 237. Vigencia global (1863). – Con la asunción de Mitre, y la posterior institución de la Corte Suprema, en 1863, se regulariza la vigencia global de la Const. De 1853-1860.408

empírica de las instituciones políticas. / Segundo V. Linares Quintana. – 3ª Edición, Tomo II – Buenos Aires, 1981. P. 671.

407 VALLEFIN, Carlos A. La presidencia de la Corte Suprema de Justicia de la Nación en la República argentina

(comentarios desde la perspectiva de su par de los Estados Unidos de Norteamérica) / Carlos A. Vallefin in Estado constitucional, derechos humanos, justicia y vida universitaria. Estudios en homenaje a Jorge Carpizo. Tomo III: Justicia / Carbonell Sánchez, Miguel; Fix Fierro, Héctor; Valadés, Diego; Coordinadores, México, D. F. 2015. P. 563. E acrescenta: “Durante la presidencia de Bartolomé Mitre fueron designados los

primeros jueces: Valentín Alsina – que resignó el cargo sin asumir y cuyo lugar fue, más tarde, cubierto con el nombramiento de José Benjamín Gorostiaga -, Francisco de las Carreras – su primer presidente -, Salvador María del Carril, Francisco Delgado y José Barros Pazos. Como procurador fue nombrado Francisco Pico. La primera sentencia fue dictada el 15 de octubre de 1863 en los autos ‘Miguel Otero vs. José M. Nadal s. Ejecución.’”

98 O primeiro julgado da CSJN, cuja decisão foi a de anular uma decisão e ordenar seu retorno às instâncias de origem para que se sujeitassem à Constituição e ao Código Comercial,

409 e, de uma maneira geral, esse período – até a futura reforma de 1898 – seria acompanhado

por decisões coerentes no que tange o respeito à Divisão de Poderes, com decisão, v.g., que consignou em 1871 que reconheceu o princípio da separação de poderes como limite da atuação pública, impedindo, dessa forma, a ingerência dos poderes na esfera do outro, concluindo que “sin ese requisito podrían dar por resultado decisiones contradictorias entre dos poderes independientes, sobre los mismos hechos materiales, objetos del processo”. 410

Ainda sob as mãos do Poder Judiciário, em 1872 na causa B. Calvete, que a CSJN é a intérprete final da Carta Política Fundamenta e, por isso, sempre que se houver dúvida sobre a compreensão de quaisquer normas impingidas em seu texto e sempre que a mesma for violada, “aunque el pleito haya sido resuelto en un tribunal del fuero común, la sentencia está sujeta a la revisión de la suprema corte” 411 e, ainda nesse marco histórico (1866-1898), mais três casos

darão o perfil de protetora da Constituição à CSJN:

a. Caso M. Ocampo, decidido em 1872 em que a Corte renovou a tese do Caso B.

Calvete como última instância e dentro de suas atribuições é soberano “y tan independiente en su ejercicio como el congreso en su potestad de legislador y como el poder ejecutivo en el desempeño de sus funciones;” 412

b. Caso Banco Nacional vs. Villanueva de 1876, consolidou que a atuação do Poder

Judiciário “es un principio reconocido que el poder o la facultad para crear una

409 GUASTAVINO, D. José M. Fallos de la Suprema Corte de Justicia Nacional: con la relación de sus

respectivas causas / D. José M. Guastavino – Buenos Aires: Imprenta de Pablo E. Coni, calle del Perú, 101, 1864. P. 18-24.

410 ROJO, Nemecio; TARNASSI, Antonio. Fallos de la Suprema Corte de Justicia Nacional: con la relación

de sus respectivas causas / D. Nemecio Rojo y D. Antonio Tarnassi. – Buenos Aires, Imprenta de Pablo E. Coni, calle del Perú, 107, 1872, p. 376 - Causa XXXIV. Para concluir o raciocínio iniciado acima ver o Sumário:

“AGENTE DEL PODER EJECUTIVO. Los agentes del Poder Ejecutivo no pueden ser sometidos a juicio por hechos administrativos y de contabilidad, sin que preceda el examen de sus cuentas por la contaduria y la incitación del P. E. (art. 83, ley núm. 428, de 13 de Octubre de 1870). El principio de la separación de los poderes exite esta limitación de la accion publica. Si los tribunales procediesen si los requisitos expresados, podrían resultar decisiones contradictorias sobre los mismos hechos.” – (Idem, p. 365-378).

411 QUINTANA, Segundo V. Linares. Derecho constitucional e instituciones politicas: teoría empírica de las

instituciones políticas. / Segundo V. Linares Quintana. – 3ª Edición, Tomo I – Buenos Aires, 1981. P. 548.

412 QUINTANA, Segundo V. Linares. Derecho constitucional e instituciones politicas: teoría empírica de las

99 institución, envuelve la facultad de protegerla en todos sus actos, o que sería imposible sin la intervención del poder judicial siempre que fuese necesario;” 413

c. Caso E. Sojo414 em 1887 o sacramento da constituição foi novamente consubstanciado e “cuya guarda severamente escrupulosa debe ser el objeto primordial de las leyes, la condición esencial de los fallos de la justicia federal.”415

Concomitante a essa atuação da CSJN é possível ver entre os idos de 1860-1870 uma atuação mais enérgica do Poder Legislativo no que tange ao trabalho da tripartição de poderes, ou seja, de controle da atuação do executivo pelo Congresso Nacional, que, conforme palavras de Bíeda, “Estos resultan años de una intensa actividad legislativa respecto del control. Allí encontramos legisladores preocupados por establecer mecanismos de control ex post capaces de contener la acción ‘descontrolada’ de un Poder Ejecutivo capaz de ‘llevarnos a la ruina’”416.

Mas isso não afastou o problema de pacificação interna, pois no cenário argentino a sua política ainda se encontrava “desde a queda de Rosas (1852) até 1880 [...] dividido em três facções que compunham as correntes de opinião e de interesses de Buenos Aires, das províncias litorâneas e das províncias do interior,” 417 nem o problema das tendências ao autoritarismo que

413 Idem. P. 548.

414 “A Corte Suprema argentina, características similares à norte-americana, tem seguido a jurisprudência desta

última. Como exemplo da réplica do modelo norte-americano, menciono que a Corte Suprema argentina no caso Sojo, ante a necessidade de pronunciar-se sobre sua própria competência seguiu expressamente o precedente de seu par dos Estados Unidos da América no caso Marbury vs. Madison”. (OITEZA, Eduardo. A função das Cortes Supremas na América Latina: história, paradigmas, modelos, contradições e perspectivas. / Eduardo Oiteza. – in Direito Constitucional: teoria geral da constituição / Clèmerson Merlin Clève, Luís Roberto Barroso organizadores. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. 1.209/1.2010).

415 Idem.

416 BIEDA, Tomás. El control parlamentario argentino en sus orígenes. / Tomás Bieda. – in Revista Uruguaya de

Ciencia Política, vol.24 no.1 Montevideo jul. 2015. P. 78, e acrescenta esclarecendo que esta etapa “se caracteriza

por un agudo debate conceptual y teórico sobre la función -naciente- del legislador en su relación con el Poder Ejecutivo y la administración pública. Pero, a su vez, como veremos en los próximos apartados, se intentará trascender la mera discusión en abstracto sobre el control, y llevar a cabo acciones concretas de supervisión de los gobiernos. Así, esta primera etapa podría ser caracterizada como la Etapa Teórica del control, ya que en muchas de las intervenciones los legisladores recurren a una justificación conceptual de su función. Así, reclaman supervisión en nombre de la división de poderes y los pesos y contrapesos del sistema madisoneano presidencial recientemente fundado. Incluso, apelan discursivamente a las experiencias americanas y europeas, citando además obras como la de Montesquieu y los Federalistas. En definitiva, Legisladores buscando cumplir su “deber ser” teórico-conceptual: entre ellos, controlar” (idem. P. 78).

417 AQUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades americanas... op. Cit. p. 182. E acrescenta: “As

100 rondariam la nación Argentina, que, inclusive, é visível nas obras mesmas sobre a história da Argentina, como, v.g., é o caso da Histórica das Américas: Vol. IX de Levene418 que traz a história argentina a partir de seus presidentes relegando a coadjuvante a atuação dos demais poderes.

O texto constitucional, propriamente, só viria a ser modificado em 1898 após promulgação da Lei n° 3.507, “por medio de la cual declaró la necesidad de la reforma parcial de la Constitución,” 419 mas antes que isso acontecesse a aparente harmonia dos três poderes

seria frontalmente desestabilizada pela fragilização da eficiência do modelo federalista.420

“No final da década de 1870, poucos argentinos teriam imaginado que estavam às vésperas de um prodigioso processo de transformação social” 421, com episódios como “a grave

crise econômica de 1874-1877” 422 ou, ainda, “em 1870 a longa guerra com o Paraguai chegara ao fim, mas o conflito armado entre diferentes regiões dentro do país não terminara” 423 que demonstravam poucas chances de guinada, sobretudo, adverte-se, se observar que até 1881 a infraestrutura do Estado Argentino era inócua424 e, nesse momento, “a partir de 1880, começou a impor-se na vida política argentina uma nova agremiação partidária, o Partido Nacional.” 425

navegação dos rios e a nacionalização das rendas aduaneiras. O grupo portenho encabeçava o Partido Liberal, dividido entre os nacionalistas (Mitre), favoráveis à federalização de Buenos Aires (as rendas aduaneiras do principal porto do País deveriam ser controladas pelo governo federal) e autonomistas (Valentín Alsina), contrários à federalização” (idem. P. 182).

418 LEVENE, Ricardo. História das Américas: vol. IX / Ricardo Levene [et al...] – Edição Brasileira por Pedro

Calmon. – W. M. Jackson Inc. Editores, São Paulo; 1947. P. IX. (das páginas 03-67).

419 ZIULU, Adolfo Gabino. Derecho constitucional, Tomo I... op. Cit. p. 84.

420 O Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho inclui o federalismo (já em 1974 na obra A democracia Possível)

que se tratava de uma modalidade de “divisão territorial do poder”, onde, com o fim de conjugar a administração de grandes dimensões territoriais com a limitação de poder buscou-se a “descentralização do Poder, o que quer dizer o estabelecimento num Estado de uma pluralidade de centros locais do poder, com âmbito territorial e materialmente delimitado, que coexistem com o Poder Central” (FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. A democracia possível... op. Cit. p. 110). Semelhantemente: FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do direito constitucional: o estado da questão no início do século XXI, em face do direito comparado e, particularmente, do direito positivo brasileiro... op. Cit. p. 285-311.

421 GALLO, Ezequiel. A Argentina: Sociedade e Política, 1880-1916. / Exequiel Gallo. In História da América

Latina: de 1870 a 1930, Vol. V / Leslie Bethell organização; tradução Geraldo Gerson de Souza – 1ª ed. 2ª reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013. P. 509.

422 GALLO, Ezequiel. A Argentina: Sociedade e Política, 1880-1916... op. Cit. p. 509. 423 GALLO, Ezequiel. A Argentina: Sociedade e Política, 1880-1916... op. Cit. p. 510.

424 “A Constituição oferecia um marco geral, mas eram necessários códigos que substituíssem o antigo direito

espanhol das Índias, arcaico e praticamente em desuso. Somente em 1858 a província de Buenos Aires sancionaria um Código de Comércio, que o governo federal viria adotar em 1862; o Código Civil, por sua vez, teve de esperar até 1871 para entrar em vigor, e o Código Penal só seria sancionado na década de 1880. Tampouco existiam instrumentos monetários, nem mesmo a possibilidade de cunhar moeda nacional; o peso ouro, ou seja, o padrão- ouro, só seria implantado em 1881” (Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada (1850-2002) / Boris Fausto e Fernando J. Devoto; tradução dos textos em castelhano por Sérgio Molina – São Paulo: ED. 34, 2004. P. 84).

101 A ascensão dos partidos com, inclusive, nascimento de novos e períodos de hegemonias de uns e outros permitiu “o processo de centralização política [que] foi estimulado pela expansão da economia argentina depois de 1880,” 426 que fez com que o “Partido

Autonomista Nacional, fundado por Julio Roca, dominava praticamente absoluto e controlava as eleições,” 427 responsável, aliás, para que em “12 de outubro de 1880 o General Julio A. Roca

assumiu a presidência do país.” 428

Isso fez com que o mito da tripartição de poderes fosse vulnerado, pois, em termos de atuação parlamentar, a missão moderna de fixação dos mapas do já mencionado intento de “tornar o mundo habitado receptivo à administração supracomunitária, estatal” 429 e, por isso,

o Congresso Nacional adotara uma postura de apoio das iniciativas do Executivo em um quase uníssono canto.

Conforme lições de Bieda, os idos de 1880, que se tornaram conhecidos como a Geração de 80, cuja influência na compreensão do Poder Legislativo (desde sua percepção até sua ação) foi severa, já que "Durante esos años encontramos prácticamente anulada la función de supervisión legislativa”430 demonstrando a instabilidade da separação de poderes nesse período.

De uma maneira geral, o período de 1853 até 1898 viveu e teve sob suas mãos a separação de poderes, mas nunca em sua plenitude, pois muitas das crises internas da Argentina resolveram-se nos fronts e não no Parlamento com, inclusive, percalços e interregnos de autocracia. Todavia, comparando-se ao que viveria no século XX tanto a própria Argentina quanto o Brasil (e tantos outros países latino-americanos), podemos considerar que houve, sim, separação de poderes.

426 AQUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades americanas... op. Cit. p. 183. 427 AQUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades americanas... op. Cit. p. 183. 428 LEVENE, Ricardo. História das Américas: vol. IX... op. Cit. p. 88.

429 BAUMAN, Zygmunt, 1925- Globalização: as consequências humanas / Zygmunt Bauman; tradução, Marcus

Penchel. – Rio de Janeiro: Zahar, 1999. P. 39.

430 E continua: “Las intervenciones se focalizan primordialmente en fundar, diseñar y construir los mecanismos de

dominación y ejercicio del poder nacional desarrollando los “poderes infraestructurales” del Estado (Mann 2007).

Es decir, “la capacidad del Estado para penetrar realmente la sociedad civil, y poner en ejecución logísticamente las decisiones políticas por todo el país” (58). No encontramos una preocupación manifiesta (registrada en las sesiones) de los Legisladores por controlar aquello que estaban erigiendo. Resulta una década de no-control (por lo menos en los registros escritos de los Diarios de Sesión).” (BIEDA, Tomás. El control parlamentario argentino

en sus orígenes. / Tomás Bieda. – in Revista Uruguaya de Ciencia Política, vol.24 no.1 Montevideo jul. 2015. P. 78). E conclui: “El control no parecería ser un tema de agenda” (idem. P. 78).

102 Foi marcada, portanto, pela ascensão do parlamento no período 1860-1870 com o fim de controlar o executivo, o nascimento da Suprema Corte em 1863, mas, os inúmeros percalços da instabilidade institucional argentina – que até os idos de 1880 não tinha toda a sua codificação consolidada, bem como moeda – tanto econômica como as crises de 1874-1877 e os incansáveis levantes dos insatisfeitos, levou à períodos de desequilíbrio da divisão de poderes como foi o de 1880-1910 onde a atuação do parlamento era de um clássico coadjuvante.

Todavia, diferentemente do que proporcionará o século XX a separação funcional de poderes sempre esteve ali, algumas vezes mais presente, noutras mais opaca.