• Nenhum resultado encontrado

A relação entre as normas de Parcelamento do Solo nacionais, estaduais e

Anteriormente pudemos analisar as normas de parcelamento do solo separadamente, mas não foi possível fazer uma análise do que elas têm em comum e o que as difere. Conforme pode ser observado no próprio Estatuto da Cidade, a elaboração das leis é dividida entre os quatro entes federados, são eles: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Cada ente tem sua função imposta pela própria Constituição Federal, em alguns casos estes entes deverão cooperar entre si.

Conforme a Carta Magna, mais precisamente no inciso VIII, do artigo 30, tem- se como competência dos Municípios o seguinte:

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; (BRASIL, 2017)

Desse modo, é possível compreender que é competência de o município legislar sobre o parcelamento do solo, bem como ordenar o planejamento de uso e ocupação do solo. Mas para que o Poder Público Municipal possa estabelecer normas de política urbana a serem seguidas, ele deve observar e ponderar as normas estabelecidas no Estatuto da Cidade. Assim é perceptível uma certa cooperação entre Município e União, pois para que o município possa criar o Plano Diretor Municipal deverá observar o que foi promulgado pela União no Estatuto da Cidade.

Analisando o Estatuto da Cidade percebe-se que há pouco referente ao parcelamento do solo, mas este deixa em mãos do órgão público municipal a normatização do parcelamento do solo urbano. Mas não só o Estatuto, como também a própria Constituição Federal, como tratado anteriormente. Dessarte, por parte da Constituição Federal e do Estatuto da Cidade a competência de legislar sobre o parcelamento do solo urbano e total e inteiramente dos municípios.

Tratando da lei federal especifica de parcelamento do solo, é evidente uma grande semelhança com a Lei Complementar municipal 118/201,7, denominada Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Sustentável do Município de Santa Rosa. As duas legislações têm as formas de loteamento e desmembramento para que seja efetuado o parcelamento, assim, a Lei Complementar 118/2017 inclui o desdobro como maneira de parcelar o solo urbano. Isso ocorre, pois, a Lei 6.766/1979 dispõe que tanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão complementar essas normas. O Município de Santa Rosa legisla sobre o tamanho mínimo dos lotes, em tese, complementando a Lei 6.766/1979 em âmbito municipal.

Há diferença entre a Lei 6.766/1979 e o Lei Complementar 118/2017 quanto a metragem mínima dos terrenos. Na lei federal cada lote deverá ter no mínimo 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados), já na Lei Complementar 118/2017 cada lote deverá ter no mínimo 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados), nesses casos

é observado o que a Lei Complementar Municipal dispõe. Isso ocorre para gerar maior qualidade de vida e evitar o excessivo adensamento.

Quanto as áreas com destinação para área institucional e área verde de lazer e recreação é o Plano Diretor Municipal quem delimita as porcentagens, uma vez que a lei federal trata do assunto de maneira ampla. Isso ocorre também com as áreas destinadas a equipamentos urbanos, pois a lei federal deixa como obrigação do município definir isto.

São fixadas diretrizes definidas pela Lei 6.766/1979, já citadas anteriormente, mas como a Lei Complementar 118/2017 traz outras e mais diretrizes para o parcelamento, consequentemente aquelas definidas pela lei federal são dispensadas, devendo ser seguidas somente as diretrizes municipais, conforme explana a própria Lei de parcelamento do solo.

Os prazos para aprovação ou rejeição dos projetos de parcelamento, bem como os de recusa ou aceitação da execução das obras está definido na Lei Complementar, podendo ser ignorado os prazos que a Lei federal se refere se o município fosse omisso neste quesito, mas não é o caso.

Quanto a aprovação do parcelamento do solo a Lei 6.766/1979 não prevê o documento pelo qual será feita a aprovação, mas a Lei Complementar 118/2017 do Município de Santa Rosa, estabelece que a aprovação será feita por meio de Decreto. Os demais preceitos as legislações se complementam, não deixando praticamente nenhuma lacuna, fazendo com o município possa ter uma política urbana organizada e desse modo impulsionando o crescimento da cidade de maneira organizada.

CONCLUSÃO

A idealização do Direito Administrativo teve início com a separação dos três poderes estatais, pois foi nesse momento que as atividades em geral, incluindo as atividades administrativas, foram divididas entre o Legislativo, Judiciário e Executivo, delimitando a função de cada um. Com a divisão, as atividades administrativas ficaram, predominantemente, dentro do poder Executivo, mas como visto, dentro deste poder era necessária uma atuação norteada. Por esse motivo surgiu o Direito Administrativo, sendo, hoje em dia, indispensável para o âmbito jurídico.

Mas é perceptível que as atividades administrativas não se limitam somente ao Poder Executivo; conforme análise anterior, ela também está presente nos demais poderes. Essas atividades administrativas, também chamadas de decisões administrativas ocorrem por meio de processos administrativos, o qual o interessado poderá acompanhar todas as fases, trazendo uma certa segurança ao particular.

O Direito Administrativo deu um salto com a Constituição Federal de 1988, pois foi nesse momento que os processos tiveram seus primeiros princípios constitucionais, que foram o princípio do devido processo e o princípio do contraditório e da ampla defesa. Estes princípios foram importantíssimos para o processo administrativo, pois desse modo o particular pode se manifestar no processo e observar os atos praticados pelos administradores.

Após as primeiras regulamentações na Constituição Federal de 1988, foi promulgada a Lei 9.784/1999, a qual dispõe sobre processos administrativos. Com

esta lei federal os processos obtiveram mais segurança, através dos princípios e diretrizes fixados nela. Seguindo os princípios taxados na lei supracitada conquistou- se uma Administração limpa, clara e justa para a sociedade.

É por meio de processo administrativo que são tratados vários assuntos dentro de um município, e um deles é o parcelamento do solo urbano. Ele é previsto na Constituição Federal e regulamentado pela Lei 6.766/1979, mas seus artigos abordavam sobre ele de maneira muito ampla, dessa forma era necessário a promulgação de uma Lei que o especificasse, Lei 10.257/2001.

O parcelamento do solo pode ser feito por meio de loteamento, desmembramento e desdobro. Cada uma das modalidades tem suas especificações definidas por lei. Facilitando na política urbana das cidades.

Em âmbito municipal, o parcelamento é regulamentado pelo Plano Diretor, Lei Complementar 118/2017. A lei busca auxiliar no desenvolvimento do município de forma organizada e harmoniosa, além de visar uma melhor qualidade de vida aos cidadãos. Por esse motivo que a lei municipal possui uma metragem mínima dos terrenos maior que a lei federal.

Além disso, a lei complementar também dá grande importância as áreas que serão destinadas ao município, como área verde e institucional. Isso é muito relevante, pois dessa forma tem-se uma melhor qualidade de vida no município, a partir do planejamento local.

Deste modo, para que possa ser efetuada uma urbanização, por meio de parcelamento do solo, no Município de Santa Rosa, devem ser seguidas as diretrizes definidas pela Constituição Federal, pela Lei 6.766/1979, pela Lei 10.257/2001 e pela Lei 118/2017, que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável no Município de Santa Rosa.

Por fim, como aprofundado anteriormente, o parcelamento do solo instaurado por meio de processo administrativo, no Município de Santa Rosa, será aprovado por decreto. Devendo o interessado analisar e seguir o disposto no Plano Diretor Municipal e demais leis específicas, se necessário.

Assim este modo da utilização do processo administrativo é de grande importância, inclusive para o parcelamento do solo urbano, pois com ele os atos administrativos sobre este assunto são efetuados de forma rápida e possuem uma regulamentação padronizada. Trazendo uma melhor política urbana ao município e uma melhor qualidade de vida aos cidadãos.

REFERÊNCIAS

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo

Descomplicado. 25. ed. rev., atual. Rio de Janeiro : Forense; São Paulo : Editora Método, 2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em11 ago.

2017a.

_______. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano. Legislação Federal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6766.htm>. Acesso em11 ago. 2017b.

_______. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm>. Acesso em11 ago. 2017c. _______. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em 5 set. 2017d.

CARVALHO, Celso Santos; ROSSBACH, Anaclaudia (orgs.). O Estatuto da Cidade: comentado. São Paulo: Ministério das Cidades: Aliança das Cidades, 2010. 120 p. Disponível em: <http://www.secid.ma.gov.br/files/2014/09/Estatuto-da-Cidade- comentado.pdf>. Acesso em 18 maio 2018.

CARVALHO, Mateus. Manual de Direito Administrativo. 2. ed. rev., atual. e ampl. Salvador, Bahia: Editora JusPODIVM, 2017.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30ª edição. Forense, 02/2017.

HARGER, Marcelo. Processo administrativo: aspectos gerais. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito Administrativo e Constitucional. Vidal Serrano Nunes Jr., Maurício Zockun, Carolina Zancaner Zockun, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/145/edicao- 1/processo-administrativo:-aspectos-gerais>. Acesso em 5 set. 2017.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo. Saraiva, 2012.

MEDAUAR, Odete. A processualidade no direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

_______. Direito Administrativo Moderno. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.

OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Editora método, 2017.

SANTA ROSA. Lei Complementar nº 118, de 28 de agosto de 2017. Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Sustentável do Município de Santa Rosa.

Disponível em:

<https://santarosa.atende.net/atende.php?rot=25040&aca=105&ajax=t&processo=pr ocessaAberturaPdf&ajaxPrevent=1506690350658>. Acesso em 5 set. 2017.

Documentos relacionados