• Nenhum resultado encontrado

7 ORGANIZAÇÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA

7.1 A REMUNERAÇÃO DOS DOCENTES

A remuneração docente em todos os setores e seguimentos educacional no Brasil é uma das mais baixas, se comparadas com outras profissões que também necessitam de formação de nível superior para atuarem no mercado de trabalho. Nos Quadros 4, 5 e 6, têm-se uma demonstração das rendas recebidas por professores do Ensino Fundamental I e II, Nível Médio; profissionais livres; professores que atuam em EaD. Poderá ser verificado que em relação às outras profissões que precisam de nível superior, o professor presencial está em defasagem salarial, se comparado aos profissionais livres, e os professores da EaD em relação aos profissionais livres, quanto aos professores presenciais está em situação de desprestígio remuneratório, ainda maior.

Não se pode desmerecer nenhum profissional, mas aos docentes é atribuída a formação de novos profissionais para atuarem na sociedade. A falta de respeito por essa categoria solidifica uma espécie de impunidade social, que esse grupo vem enfrentando ao longo dos séculos no Brasil.

3Autoria: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

Dispõe: Estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes da preparação e execução dos cursos dos

programas de formação superior, inicial e continuada no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a serem pagas pelo FNDE a partir do exercício de 2009.

Quadro 4 –Salários recebidos pelos professores do ensino fundamental e médio

Nível de Ensino Ocupação/Escolaridade

Setor

Privado Público Média Mediana Média Mediana Educação Infantil 59 400 739 568

Prof. com ensino superior 898 670 1.120 900

Prof. com ensino médio 460 350 613 500

Ensino Fundamental 735 525 912 745 Prof. com ensino superior no Ens. Fundamental (1a à 4a) 814 600 1.017 800 Prof. com ensino médio no Ens. Fundamental (5a à 8a) 997 800 1.106 970

Prof. com ensino superior no Ens. Fundamental 549 400 696 516 Prof. Leigos no Ens. Fundamental 498 350 574 400

Ensino Médio 1.403 1.000 1.403 1.300

Fonte: Pnad/IBGE, 2006.

Como se verifica, os salários recebidos pelos professores não são compensadores, se compararmos com as atividades que lhe são exigidas, que vão além da sala de aula, sobretudo. Quando comparado com os salários médios de outras profissões, que também exigem, para seu exercício, nível superior de formação, os professores têm rendimento médio menor. Para efeito de comparação, escolheu-se algumas ocupações que, além de exigirem curso superior, têm alta participação do sexo feminino, por este ser o gênero preponderante na classe docente. O Quadro 5, a seguir, exemplifica (UNESCO, 2009).

Quadro 5 – Salários recebidos por profissões que exigem nível superior Profissão Rendimento médio mensal

Arquitetos R$ 2.018,00 Biólogos R$ 1.791,00 Dentistas R$ 3.322,00 Farmacêuticos R$ 2.212,00 Enfermeiros R$ 1.751,00 Advogados R$ 2.858,00 Jornalistas R$ 2.389,00

Professores (Educação Básica) R$ 927,00

Mesmo considerando o número de horas-trabalho semanal, a média salarial dos professores da educação básica fica em muito a dever em relação às outras profissões. Sabendo que a média semanal de horas-trabalho dos professores é de 30 horas, o acréscimo que poderia resultar em seu salário, se considerássemos 40 horas semanais, ainda deixaria esse salário, em média, bem abaixo dos demais (aproximando-se de R$ 1.200,00).

Fazendo-se o comparativo com os salários dos professores presenciais e dos profissionais que tem nível superior com a renda dos docentes que atuam na modalidade EaD, na Bahia em 2009, pode-se concluir que estes profissionais estão em defasagem salarial, haja vista, que eles, salvo o profissional que tem doutorado completo, não chegam na sua maioria aos R$1.200,00, ainda que tenham cargo e funções parecidas, a carga horária ultrapassa as 20 horas semanais. No Quadro 5, há descrição das atividades, horas de trabalho e remuneração de professores que atuam na EaD na Bahia. Foram pesquisados profissionais que atuam em instituições privadas e públicas com o sistema de terceirização e bolsa auxílio.

Abaixo os seguintes exemplos de nomenclatura, carga horária, função desenvolvida e salário de instituições que funcionam com cursos de graduação e pós- graduação.

Quadro 6 – Pesquisa realizada com os professores que atuam em EaD/ Bahia

Instituição Cargo horária Carga Desenvolvida Atividade Valor hora-aula Maior formação Horas extras

UNIFACS Coordenador(a) 40 h Coordenação do setor de tecnologia da informação do Ead.

Sem resposta* Doutorado Não faz horas

FTC Ead Professor(a) Formador(a) 20 h Controle de freqüência dos tutores; Atendimento a demandas extras da instituição quando necessário; Elaboração de relatório quinzenal de atividades desenvolvidas na instituição e fora dela (turnos

à distância).

R$ 30,68 Mestrado Sem resposta*

FTC Ead Professor(a) Conteudista 20 h Professor de Vídeo streaming, elaboração de consolidação da aprendizagem e atividades complementares R$ 20,00 1a Especialização entre 1 h e 2 h semanais UFBA/PNEGEB Professor(a) Tutor(a) 20 h Intermediar o processo de aprendizagem do cursista.

Não sabe Mestrado entre 2 h e 5 h semanais

FTC Ead Professor(a) Tutor(a) 20 h Intermediação as atividades realizadas pelo aluno.

R$ 5,42 1a Especialização entre 5 h e 6 h semanais

IAT/SEC-Ba Coordenador(a) 40 h Coordenar cursos à distância e projetos. R$ 4,50 1a graduação entre 1 h e 2 h semanais FTC Ead Professor(a) Conteudista 20h Professor de Vídeo streaming, elaboração de consolidação da aprendizagem e atividades complementares . R$ 20,00 1a Especialização entre 2 h e 5 h semanais SENAC DF Professor(a) Tutor(a) 60 h Planejamento, mediações, correções e preenchimento de atividades, planilhas, relatórios e lançamentos de notas. R$ 55,00 Doutorado não se aplica

Fonte: pesquisa de campo – os resultados obtidos através de pesquisa realizada com grupos de professores que atuam nesta modalidade de ensino em Salvador, mas com atendimento em toda a Bahia.

A partir da análise dos dados acima, vê-se que a maior diferenciação dos trabalhos desenvolvidos não está na sua aplicabilidade em si, mas justamente na nomenclatura dos cargos, onde talvez haja uma justificação para a diferenciação nos salários, porque nos demais itens, sua amplitude têm as mesmas características.

CURY (2004 apud INEP, 2000, p. 574) diz que a aplicação do acesso e da oferta foi garantida por um corpo docente que sofreu o ônus de, por um lado, financia a expansão com relacionamento de seus salários e a duplicação ou triplicação da jornada de trabalho. Ainda afirma Cury que os professores vêem reduzidas as chances de ingresso no trabalho por concursos, devido à necessidade de contratação de novos profissionais ficando estes submetidos à prática dos contratos precários.

É nessa realidade que muitos professores da EaD estão imersos. Sem uma função, atribuição ou carga horária definida ficam, a margem de qualquer possibilidade de argüição ou contra proposta. Em cada instituição, os cargos e funções são definidos de formas diferentes, não havendo assim, nenhuma orientação formal, amparada pela legislação competente, que possa dar suporte para tais profissionais.

Em algumas instituições funcionam como Professor(a) Tutor(a), Professor(a) Formador(a), Professor(a) Conteudista, Coordenador(a), Dirigente, monitor de turma, dentre outras definições. Essa cadeia de nomenclatura deixa em aberto qualquer tipo de reclamação dos professores junto à instituição que trabalha. Porque aparando-se nas nomenclaturas, as instituições podem conduzir os seus funcionários para uma remuneração que lhe convém. A nomenclatura dos cargos, ocasiona grandes disparidades nos salários, mesmo desempenhando funções equiparadas ou iguais e com carga horária igual oficialmente, - e superior, extra-oficial- nada garantirá a equidade dos valores.

O professor da EaD, ao contrário do potencial, não consegue estabelecer uma fixação das suas horas de trabalho. Em alguns contratos são colocados como vínculo empregatícios e outros apenas como prestadores de serviços e bolsa auxilio, perfazendo dessa forma uma variação no seu cronograma de trabalho e renda.

A análise que se pode fazer diante dos dados coletados é, inevitavelmente, uma desvalorização social dos professores. A baixa a auto-estima, movida pelas péssimas condições de trabalho e pelos baixos salários, sem desconsiderar a carga horária

excedente a que são submetidos, e atividades que não constam no contrato de trabalho firmado, ocasionando uma supra demanda de seu tempo particular. Foi verificado através da pesquisa, que a maioria dos professores possuem formação adequada do ponto de vista do grau de escolaridade exigido para os níveis de ensino em que trabalham.

A partir desses dados é importante comentar o quanto esses novos profissionais trabalham e esforçam-se para garantir a qualidade dos cursos em que atuam, sejam estes: tutores, mediadores, conteudista, professor titular, dentre outros. O desenvolvimento e envolvimento desses professores com os cursos, se dão, não apenas em prol dos cursos ou instituições, mas, de forma máxima, estão envolvidos para garantir aos alunos/cursistas um aceso a um curso respeitado e com qualidade, que os trate de maneira igualitária.

Documentos relacionados