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EXPANSÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

O ensino superior no Brasil tem seu histórico ligado à educação como maneira organizada de tornar as lutas de classes mais competitivas e acentuadas. A universidade é o reflexo de uma sociedade, tendo como referência as classes, o seu povo e sua política administrativa. Apesar de ser laica e pública, inicialmente no Brasil a universidade era um espaço reservado a poucos, não era democrática e reproduzia privilégios e a hierarquia social. Com um público-alvo para as camadas abastardas da sociedade, tinha por principal objetivo formar pessoas para comandar o país. O modelo baseava-se nas universidades da Europa.

Dados do Ministério da Educação (MEC) indica que antes da década de 30 do século passado, o Brasil contava apenas com faculdades isoladas, poucas sustentadas pelo Estado e a maioria de natureza privada. Em 1920 é criada a primeira universidade federal do Brasil, a Universidade do Rio de Janeiro – a UFRJ. A partir dos anos 1930, esse panorama começa a ser alterado, quando, em 1934, é criada a Universidade de São Paulo (USP), esta sendo sustentada pelo governo paulista (MEC, 2006).

Para Marilena Chauí (2003) a universidade nasceu no Brasil com finalidades pré- estabelecidas. Para ela por mais que se tente separar universidade da sociedade, colocando a primeira independente da segunda é um equívoco, isto porque, a universidade é uma instituição social e representa automaticamente a sociedade como um todo. A autora aponta dois períodos de formatação da universidade no país: 1) a universidade dos anos da ditadura 1970, representando uma resposta dos militares à sociedade e que esta poderia ter seus direitos garantidos a partir da inserção dos seus jovens nos cursos oferecidos, o prestígio passa a ser de quem freqüentasse e concluísse o ensino superior; 2) a universidade dos anos 1980, início da abertura política no país, a universidade passa a ser a de resultados.

Na década de 80 o Brasil sofre a influência do crescimento industrial, com isso há uma grande necessidade de mão-de-obra qualificada e preparada. O MEC para garantir o atendimento a estas demandas criou diversas reformas no Ensino Superior (ES), alterando currículos e programas.

A universidade pública caiu então no processo de manutenção dessa mão-de- obra, e diante dessa realidade há uma fonte mantenedora desses estudantes que migram em massa das escolas privadas. O ensino no Brasil está privatizado e condicionado como prioridade educacional, ainda que esta realidade não tenha sido assumida pelos governos da época. A universidade pública tornar-se explicitamente elitista.

As parcerias formadas entre as universidades públicas e as empresas privadas garantiam a manutenção do status quo universitário, através de estágios remunerados e posteriormente às vagas oferecidas por estas empresas. Em um outro momento a universidade passa a ser gerenciada pela competitividade em si. Por índices e metas. Cursos disputando entre si um lugar na guerra do conhecimento. Tem-se uma guerra do conhecimento estabelecida. Professores em busca de patrocínio e de alunos para as suas linhas de pesquisas. Declaram-se abertamente a competitividade entre a classe docentes e estudantis.

Há uma pulverização do conhecimento, métodos fácies de se passar os conteúdos, estes que eram a priori destinado para uma degustação a longo prazo, passa a ser suplantado pela quantidade ao invés da qualidade. Outras demandas educacionais passam a exigir atitudes emergências. Professores são contratados sem concursos públicos, com o objetivo de preencher as lacunas da falta de professores no ensino superior, em muitos casos, não tinham experiência nas disciplinas que iriam atuar, sem domínio de conteúdo e outras finalidades afins.

Na década de 1990, o sistema universitário sofreu cortes orçamentários e redução de investimentos na educação em todos os níveis. Dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) informa que no período de 1995-2001, as 54 instituições federais destinaram 24% dos seus recursos para custeio de pessoal, água, luz, telefone e materiais diversos.

Por outro lado, expansão do ensino médio aumentou a demanda de acesso ao ensino superior. O processo acelerado de privatização da Educação Superior no Brasil tem a sua intensificação a partir dos anos de 90 do século passado. Com um incentivo de privatização fomentado pelo Governo Federal, que passou a incentivar, motivar e financiar essa expansão, através de programas de apoio aos estudantes, com bolsas

auxílios parcial e integral, isto fez com que colégios particulares estendessem seu atendimento educacional (PIRES, 2006).

Com as transformações dos colégios particulares em IES, o ensino superior toma um novo rumo, dando oportunidade de ingresso pessoas, que não tinham tempo ou dinheiro para freqüentar uma universidade pública. Freqüentar uma universidade pública, era necessário antes, uma boa preparação de base, face os critérios de seleção para ingressar nos seus concorridíssimos cursos. A falta de ofertas dos cursos noturnos, também foi um dos grandes fatores para a grande expansão das instituições de ensino superior privado. Como a realidade dos jovens brasileiros é impreterivelmente manter-se financeiramente, isto condicionou e inviabilizou(a) a manutenção desses estudantes em instituições públicas de ensino superior.

No entanto, ao mesmo tempo, a maneira, que até os tempos atuais, é praticada a administração dos cursos, pelas instituições de ensino pública: fragmentados e prioritariamente diurnos, com aulas em campis diferentes, também são uma das causas justificáveis para a migração dos estudantes para o setor privado. Face às dificuldades de inserção e manutenção nas IES públicas com as facilidades apresentadas pelas IES privadas, automaticamente, a segunda tornou-se atrativa e viável.

A rápida expansão do ensino médio impulsionou a criação de centros universitários, fazendo com que rapidamente a rede privada de ensino superior superasse os números das redes públicas. Segundo o censo do ensino superior, em 2000, de cada 10 instituições, 8 eram privadas e 2 públicas, e estas últimas divididas em federais, estaduais e municipais.

O Brasil tem menos de 10% dos jovens entre 20 e 24 anos matriculados em instituições de ensino superior, segundo dados do MEC e da Secretaria de Educação Superior (SESu). Ainda segundo o MEC/SESu de 1993 a 2003, o número de instituição públicas de ensino superior, ao invés de crescer, caiu de 221 para 207 unidades. A oferta de vagas do setor privado cresceu 350% nos últimos dez anos, mas quase metade ficou ociosa. O fato deixa claros os limites à expansão da educação superior por meio do investimento privado e indica a necessidade da expansão da universidade pública (MEC, 2006).

Por esses e outros motivos, os jovens visualizaram nas instituições privadas uma forma de freqüentar um curso superior. A expansão de cursos e redes na virada do milênio e o crescente envolvimento das IES com EaD, sobretudo na formação de professores, mostram que essa modalidade de ensino ganha nova dimensão no país e passa a adquirir importância crescente na política educacional (UNESCO, 2009).

A oportunidade de trabalhar e estudar simultaneamente, motivou muitos estudantes a pleitear as bolsas de auxílio oferecidas pelo governo, através de programas como Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Investimento do Ensino Superior (Fies). O primeiro tem como objetivo conceder bolsas de estudos integrais e parciais de 50% a estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação específicas, em instituição privadas de educação superior. O beneficio destas instituições são isenções em tributos federais (PIS, COFINS, IRPJ e CSLL), já o Fies é um programa do MEC que tem como objetivo financiar a graduação no ensino superior de estudantes que não tem condições de arcar integralmente com os custeios de sua formação. Este funciona desde 1999, e os seus beneficiários têm o compromisso de começar a pagar esse financiamento somente após a conclusão do curso.

A expansão das IES privadas teve apoio legal sob a égide do Decreto Lei nº

2.306/1997. Com a legalidade da privatização surgem outros formatos de instituições: faculdades integradas, faculdades, institutos superiores ou escolares superiores. O problema desses modelos de instituição é não atenderem em sua máxima o que é defendido no Artigo 207 da CF de 1998, em que regulamenta a educação superior com aplicabilidade do ensino, pesquisa e extensão.

A expansão teve seu maior incentivo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, (1995-1998; 1999-2003). Nesse processo de crescimento do ensino superior o que está evidenciado é a mercantilização da educação. O conhecimento passa a ter um preço, um valor estipulado, não significando a qualidade de ensino oferecido nessas instituições (PIRES, 2006).

A Reforma Universitária (RU), que é um Projeto de Lei de autoria do Ministério da Educação, foi elaborado gradativamente durante os primeiros anos do governo Lula. A proposta original sofreu alterações a partir de sugestões de diversos setores da sociedade através dos 4 anteprojetos. Em seguida foi enviado para discussão no

Congresso Nacional, que recebeu diversas propostas de emendas e ainda faz referências a outras leis durante o seu texto, demandando assim uma atenção especial para uma devida compreensão – esse detalhamento não se dará nesse estudo. Outras leis e projetos estão relacionados à Reforma Universitária, entre eles o Prouni, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), a Lei de Inovação Tecnológica, o Decreto das Fundações e a Universidade Nova.

Os anteprojetos têm poucas diferenças e limites, parando nas burocracias e nas modalidades das instituições: universidades, faculdades integradas, institutos superiores ou escolares superiores. Para uma universidade a principal atividade ou prioridade é ter no mínimo 16 cursos de graduação ou de pós-graduação (stricto- sensu), sendo aprovada por algum sistema de avaliação nacional, mas com aprovação positiva em no mínimo oito cursos de graduação, três cursos de mestrado e um de doutorado.

A reforma universitária deve ir além das regulamentações e nomenclaturas, o que de fato não deverá afetar a formação do estudante. Uma reforma universitária ocorrerá quando esta, visar e atuar de forma democrática, possibilitando para todos um espaço de diálogos entre as comunidades universitárias e a sociedade e acima de tudo, que trabalhe visando a produção de pensadores utilizando o conhecimento adquirido na construção do ser, do fazer, do aprender e do conviver juntos (DELORS, 1998).

Entre a universidade e um centro universitário a diferença é que este precisa oferecer regularmente vagas em cursos de graduação, oito como referências, mas sem necessariamente ter que oferecer vagas em cursos de pós-graduação. A EaD também teve sua expansão universitária. As IES foram autorizadas em caráter experimental, ofertar cursos na modalidade EaD, através da portaria 873 de 7 de abril de 2006.

O Ministro de Estado da Educação, Interino, no uso de suas atribuições e considerando o disposto nos artigos 80 e 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; no Decreto no 5.622, de 19 de dezembro de fevereiro de 2005; na Portaria nº 2.201, de 22 de junho de 2005; no Parecer CES/CNE nº 301/2003; considerando a política ministerial de indução da oferta pública de cursos superiores a distância nas Instituições Federais de Ensino Superior, no âmbito dos programas “Universidade Aberta do Brasil” e “Pró-Licenciatura”, coordenados pela Secretaria de Educação a Distância - SEED e pela Secretaria de Educação Básica - SEB, com participação da Secretaria de Educação Superior - SESu e da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC; e considerando a necessidade de autorização dos cursos superiores a distância a serem ofertados pelas Instituições Federais de Ensino Superior para

atender aos prazos dos editais dos programas de educação a distância do Ministério da Educação, resolve: Art. 1o Autorizar, em caráter experimental, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a oferta de cursos superiores a distância nas Instituições Federais de Ensino Superior, no âmbito dos programas de indução da oferta pública de cursos superiores a distância fomentados pelo MEC. Parágrafo Único. A autorização experimental definida no caput não substitui o ato de credenciamento definitivo para a oferta de cursos superiores a distância, e tem prazo de vigência de 2 (dois) anos. Art. 2o As Instituições Federais de Ensino Superior que até a data desta Portaria não protocolizaram processo de credenciamento para oferta de cursos superiores a distância junto ao MEC, deverão fazê-lo, no prazo de 90 (noventa) dias, no Sistema SAPIEnS, e estarão submetidas aos procedimentos definidos pela Secretaria de Educação Superior. Art. 3o Esta Portaria entra em vigor na

data de sua publicação. (BRASIL, 2006).

Pela nova legislação, são conferidas ao Conselho Nacional de Educação as atribuições de estabelecer as diretrizes para o credenciamento de instituições, e a SESu e à Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Cidadania, a responsabilidade pelas diretrizes para a autorização de cursos de graduação e seqüenciais. No ano de 2005, o Ministério da Educação discute com o Fórum das Estatais pela Educação o projeto de criação do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), cujo objetivo primordial será o de promover a formação e a capacitação inicial e continuada de professores da educação básica com a utilização de metodologias de educação a distância.

A UAB também propõe oferecer cursos superiores para a capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, Distrito Federal e municípios, e a apoiar pesquisas sobre metodologias inovadoras de TIC no ensino superior (BRASIL, 2008). O Sistema é criado pelo Ministério da Educação em 2005 no âmbito do Fórum das Estatais pela Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação Superior sob cinco eixos fundamentais:

a) Expansão pública da educação superior, considerando os processos de democratização e acesso.

b) Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas educacionais dos estados e municípios;

c) A avaliação da educação superior a distância tendo por base os processos de flexibilização e regulação em implementação pelo MEC;

d) As contribuições para a investigação em educação superior a distância no país.

Para Buarque (2003), não há dúvida de que a universidade foi duramente maltratada pelo neoliberalismo das últimas décadas. O Brasil segundo ele é um exemplo trágico dessa realidade. Durante esse período, as universidades públicas brasileiras perderam poder, recursos financeiros e professores, não tendo crescido o suficiente para atender à demanda por vagas. Ele que fala sobre a encruzilhada em que se encontra a universidade no Brasil, revela alguns dados, do crescimento e investimento dos setores públicos nas instituições de ensino superior privado, em 1980, havia 305.099 alunos matriculados e, em 2001, 502.960. O crescimento das universidades particulares, por outro lado, foi espantoso: em 1981, o número de alunos matriculados era de 850.982, número esse que passou a ser de 2.091.529, em 2001, representando um aumento de mais de 56%.

Em 1980, havia, nas instituições públicas, 49.451 professores e, em 2001, esse número foi de 51.765. Nas universidades particulares, entretanto, o número de professores, nesse mesmo período, aumentou de 49.541 para 128.997. “Se compararmos o crescimento desses dois sistemas, veremos que enquanto o sistema privado cresceu 62%, o público teve um aumento de apenas 19%”, afirma ele (BUARQUE, 2003).

As IES privadas, também se solidificaram pelos programas social e racial das cotas, inicialmente para os negros, assumidamente pobres e logo depois, após muitas polêmicas e revisões, o programa foi ampliado para outras categorias da sociedade considerada excluída. Esse projeto inicialmente data de 2004, nº 3.627, através da

ampliação do ensino superior, com programas de incentivo para pagamentos das mensalidades ou o sistema de cotas. Mas seja qual for à forma ou os meios, o fato é que a expansão das IES privadas veio quebrar o monopólio do ensino superior no Brasil, que por décadas deixou a margem pessoas humildes e que não tiveram uma boa base no ensino fundamental.

As ações afirmativas se tornaram um fato: 22 universidades públicas praticam hoje o sistema de reserva de vagas étnico-raciais nos seus vestibulares, como uma política

de democratização do acesso à educação superior voltada para a inserção de jovens negros e negras, dentre elas, tem-se a Uneb e a Ufba.

Diversos programas surgiram e à medida que se trocava o ministro da educação, havia-se uma mudança na nomenclatura dos projetos, mas todos, na sua totalidade, objetivavam o aperfeiçoamento de bolsas integrais ou parciais para o pagamento das mensalidades das IES privadas.

Este trabalho não tem por objetivo se ater à questão da expansão das IES, mas efetuar uma pequena análise deste avanço, em que a educação do ensino superior, tomou um impulso gigantesco, desmistificando a ideia de inatingibilidade do ensino superior. Quando retratado aqui a expansão das IES, é porque esta está intrinsecamente ligada a expansão dos cursos na modalidade da EaD.

Ainda sobre a legalidade da modalidade Ead, esta, está consolidada sob a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/1996, e é hierarquicamente inferior à Constituição Federal e que deve respeitá-la em todos seus aspectos e em toda a sua extensão. O Art. 32, §4º da LDB em relação ao ensino fundamental preceitua o seguinte, sobre a educação na sua modalidade à distância:

Art. 32º O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,

gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (com redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado

como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.

Quanto à qualidade dos cursos, dos centros universitários e das faculdades, não serão aqui levantadas, mas, entretanto, é importante uma pequena abordagem, referindo-se no que tange o contexto educacional que também envolve a EaD, já que esta qualidade estará presente a partir do compromisso assumido pelos profissionais docentes, instituições credenciadas e os alunos. De nada adiantará números emitidos pelos órgãos avaliativos dos cursos e faculdades, se estes forem mascarados ou direcionados para se alcançar uma nota.

A conceituação da educação como direito social é importante para ressaltar o direito do coletivo. Cada oferta do ensino superior de baixa qualidade ou irregular atinge a toda sociedade. Hoje tem-se os programas de avaliação de curso/instituição, que através dos números obtidos pelos exames avaliativos realizados pelos alunos, como o

Enade, que conceitua os cursos e as faculdades entre boas, ruins ou péssimas. Havendo nos casos de reincidência negativa dos números há o descredenciamento da instituição para continuar a ministrar os seus cursos. Ao dar esses números, que por sua vez atuam como classificador de novos – vulgarmente comparados – clientes, há uma procura inevitável por faculdades e centros universitários que obtiveram pelos programas de avaliação um conceito A. Esse critério de avaliação é relativo, pois não garante a veracidade da preparação do aluno ao longo de sua formação e sim, pode existir um falso ou manipulado resultado, que por sua vez os estudantes, tenham sido preparados unicamente para realizar o exame, em determinado semestre.

A falta de recursos é um indicador de crise nas universidades, e o Brasil não é um caso isolado. Muitas regiões do mundo assistiram a uma mudança no tratamento dado às universidades. A universidade pública passou de protegida a abandonada. Verificou-se uma tremenda expansão das universidades particulares, financiada por recursos privados e por recursos públicos indiretos. É freqüente que esses financiamentos estejam claramente vinculados a interesses econômicos, e não à liberdade de espírito que cabe à universidade promover. No entanto, em vez de perceber a crise em toda a sua profundidade, as universidades, em sua maioria, vêm-se convertendo em prisioneiras de suas necessidades imediatas. Elas tratam da crise como se conserta goteiras no telhado, sem perceber que o céu está desabando. A universidade tem de transformar sua crise de recursos num recurso para entender a crise maior do conhecimento humano e de sua relação com o destino da humanidade. (BUARQUE, 2003).

Antes de investir milhões em recursos públicos nas instituições de ensino privado, deve-se antecipar a possibilidade de falência das Instituições Federais de Educação Superior. Dessa forma evita-se a concretização da mercantilização do ensino superior, amplia as vagas e dá mais oportunidades para que pessoas das mais diversas camadas sociais possam freqüentar um ensino superior gratuito e de qualidade. Estabelece e firma uma veiculação das IES como espaço político de engajamento, formador de ideais comunitários e de pessoas sensíveis às causas sociais.

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