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Precarização do trabalho docente na educação a distância.

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

BACHARELADO EM PEDAGOGIA

MARIA GERUZA FREITAS MELO

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Salvador

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MARIA GERUZA FREITAS MELO

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Monografia apresentada ao Colegiado de Pedagogia da Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para conclusão do Curso de Pedagogia, sob a orientação do Profo Dr.

José Wellington Marinho de Aragão.

Salvador

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MARIA GERUZA FREITAS MELO

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Dr. Cleverson Suzart Silva

Doutor pela Universidade Federal da Bahia, Ufba, Brasil Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação _______________________________________________ Msc. Jocelma Almeida Rios

Mestre em Redes de Computadores Universidade Salvador, Unifacs

Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação _______________________________________________ Dr. José Welington Marinho de Aragão (Orientador) Doutor pela Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação

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AGRADECIMENTOS

O caminho foi longo, mas aprendi muito. Aprendi com os mais velhos e com os mais jovens também. Com minha mãe (d. Dalva), irmãos e familiares, com os amigos, colegas de estudo, de trabalho, de luta. Aprendi com os mestres; muitos com diplomas, outros sem. Com as crianças, jovens e adultos (que trabalhei e convivi). Seguir juntos e sempre é o mais importante. A solidão também ensina. E a mim, que muitas vezes me vi só, me serviu de grande aprendizado. Cada aprender é parte. Os amontoados deles se complementam e nunca está completo. Aprendizados com sabores agradáveis, outros nem tanto, mas são aprendizados. O trabalho e o aprendizado só foram possíveis porque eu não estava só. Nem mesmo nos momentos de concentração e de escrita. Agradeço a minha mãe pela confiança. A minha irmã, Lêu, pelo incentivo. Aos colegas, pelas trocas, pelas conversas, pela amizade, especialmente Carine da Hora, Jamile da Hora, Eli Regina, Eli Fiúza, Alan Alencar, Aurélio Marcos Oliveira. Aos funcionários da faculdade, incluindo os da portaria, limpeza, copiadora, biblioteca e secretaria, todos, que sempre me atenderam com muito respeito e carinho. Um obrigado especial. A minha orientadora Jocelma Rios, pela paciência, dedicação, conselhos e comentários essenciais para minha prática de pesquisa. Aos mestres e acadêmicos, grandes incentivadores e que abriram as primeiras portas para esta conquista: em especial a coordenadora do Colegiado de pedagogia, uma mãe disfarçada em uma simples mulher: Maria Couto, que com muita paciência conduz este curso de pedagogia, colocando o sentimento acima da razão, o argumento acima dos ânimos. Muito, muito obrigada! Ao meu grande professor, chefe, orientador e amigo, José Wellington, que acreditando no meu trabalho, por diversas vezes, me ajudou, dando-me oportunidade de aprendizado que somaram na minha vida e na minha decisão em desenvolver este trabalho de pesquisa. Um agradecimento especial aos meus amigos Ricardo Vieira, Eugles Dias e Michele Menezes. O(a)s professor(as)-cursistas que se dispuseram a falar, que dedicaram parte de seu escasso tempo para contribuir para esta pesquisa. Agradeço à Deus: Meu Guia, meu Amparo, Luz do meu caminho.

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Se a velhice quer dizer cabelos brancos, se a mocidade quer dizer ilusões fracas, não sou moço nem velho. Realizo literalmente a expressão francesa: Un homme entre

deux âges. Estou tão longe da infância como da decrepitude; não anseio pelo futuro,

mas também não choro pelo passado. Nisto sou exceção dos outros homens que, de ordinário, diz um romancista, passam a primeira metade da vida a desejar a segunda, e a segunda a ter saudades da primeira.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AbraEAD Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância Andifes Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de

Ensino Superior

Art Artigo

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CES Câmara de Educação Superior

CF Constituição Federal

CNE Conselho Nacional de Educação

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CSSL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

CTL Consolidação das Leis do Trabalho

EaD Educação a Distância

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ES Ensino Superior

FACED Faculdade de Educação

FIES Fundo de Investimento de Ensino Superior FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Hab./km² Habitantes por Kilômetros Quadrados

IES Instituição de Ensino Superior

IFES Instituições Federais de Educação Superior IRPJ Imposto de Renda Pessoa Juridica

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MEC Ministério da Educação

PCN Parâmetros Curriculares Nacional

PNEGEB Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica

PIS Programa de Integração Social

ProUni Universidade para Todos

RU Reforma Universitária

SECAD Secretaria de Educação para a Diversidade SEED Secretaria de Educação a Distância

SESu Secretaria de Educação Superior

SETEC Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Cidadania TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

UAB Universidade Aberta do Brasil UFBA Universidade Federal da Bahia UFRJ Universidade Federal Rio de Janeiro Uneb Universidade Estadual da Bahia UNOPAR Universidade Norte do Paraná

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RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo contribuir para um estudo mais aprofundado da relação entre trabalho do docente que atua na Educação a Distância e a precarização da remuneração, avaliando o tempo de horas-aula, que esta modalidade de ensino exige e espera do docente. O motivo deste estudo não está só no impulso que esta modalidade tomou nos últimos anos, crescendo de forma significativa em todo o Brasil e no mundo; também visa: conhecer os amparos da legislação trabalhista do professor Ead, a fim de analisar a relação de carga horária de efetivo x remuneração são compatíveis com o trabalho realizado; analisar a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e os decretos-lei que ampara a legalidade dessa modalidade de ensino e suas especificações para subsidiar o professor do ensino superior a distância; interpretar a legislação trabalhista e a educacional, balanceando com a relação trabalhista do professor de ensino superior a distância com a instituição de ensino a qual está vinculado. Esta análise se fundamentou numa revisão bibliográfica, utilizando a análise documental na perspectiva legal e existente, para analisar, na literatura pertinente, aspectos que possibilitem uma análise imparcial dos dados e sustentabilidade econômica do docente. Considerando a estreita articulação com as relações de dependência, aperfeiçoamento e prática em processo contínuo. Sempre é uma expectativa, envolvendo os docentes, na disposição em construir uma autonomia com uma referência e dignidade na interação social e com o(s) outro(s) e consigo. Como resultado, tem-se o entendimento de que o diálogo e a participação entre todos os sujeitos envolvidos, é o caminho mais viável para construção de uma oportunidade de viabilizar um ambiente de trabalho, que prevaleça o respeito e a parceria. Pode-se, portanto, analisar o fenômeno que se tornou a Educação a Distância e sua influência na remuneração aos docentes que atuam nesta modalidade. De forma condensada, mostra algumas faces e práticas que envolvem a relação trabalhista, como sua legalização nacional, neste novo campo de trabalho que se amplia a cada dia no Brasil. Também busca compreender a forma de balizar as relações entre os atores, seus vínculos empregatícios, decretos leis e artigos que amparam ou sucateiam o professor da educação a distância. A função do professor docente e a valoração hora/aula, a precarização, e descaso para o profissional que atua na modalidade.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Número de brasileiros em cursos de Educação a Distância ... 21

Quadro 2 – Atribuições da equipe pedagógica do curso / PNEGEB ... 59

Quadro 3 – Atribuições da equipe pedagógica do curso / UAB... 61

Quadro 4 –Salários recebidos pelos professores do ensino fundamental e médio ... 65

Quadro 5 – Salários recebidos por profissões que exigem nível superior ... 65

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SEUS ATORES, OBJETIVOS E CENÁRIO ... 18

3 FORMAÇÃO, ATRIBUIÇÕES, REMUNERAÇÕES E DIFICULDADES DO DOCENTE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ... 29

4 LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ... 36

5 DOCENTES DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DILEMAS E POSSIBILIDADES .. 41

5.1 EDUCAÇÃODOFUTURO ... 42

5.2 CONVERSANDOSOBREEDUCAÇÃO:MORINEDELORS ... 46

6 EXPANSÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ... 49

7 ORGANIZAÇÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA ... 58

7.1 AREMUNERAÇÃODOSDOCENTES ... 64

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 70

REFERÊNCIAS ... 74

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1 INTRODUÇÃO

O mundo está em constante mudança, e dentro desse contexto pode-se incluir sumariamente a educação, seus atores, avanços, retrocessos, perdas e ganhos. A partir dessa constatação e atendendo as novas regulamentações educacionais, tem-se hoje ao alcance de diversos públicos, a educação a distância (EaD). Contudo, dentro desse novo seguimento educacional, surgem novas demandas, dentre elas, a trabalhista, por envolver pessoas das mais diversas formações. Os profissionais de EaD buscam um espaço na sociedade, para que sejam discutidas propostas de trabalho e salário.

Este trabalho pretende levantar a relação trabalhista que envolve os docentes da Educação a Distância, partindo de um breve retrospecto da história da EaD, levantando algumas questões da expansão dessa modalidade de ensino no Brasil, das instituições de ensino superior, assim como conhecer as práticas trabalhistas que visam atender as demandas desta categoria. Além de analisar a existência nas incoerências das atribuições de atividades que os docentes realizam contrapondo com as remunerações recebidas. Existe uma consonância de renda salarial (hora/aula)? Essa problemática que caminha por outras categorias no Brasil, tem seu histórico ligado diretamente com o papel social desenvolvido pelos professores, sejam estes do Ensino Fundamental I, II, do Ensino Médio, faculdades ou centros universitários.

Gestão de um curso à distância: como mensurar carga horária x remuneração do docente desta modalidade na Bahia? A falta de uma legislação trabalhista que garanta os direitos dos docentes em EaD, é hoje uma das maiores dificuldades enfrentadas por estes profissionais, principalmente no que tange a remuneração e as garantias de todo trabalhador, como 13o salário, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),

seguro saúde, férias ou teto mínimo salarial para parâmetros de discussão e/ou negociação diante de uma mesa entre patrões, Instituições de Ensino Superior (IES), e empregados (docentes).

A educação a distância, inicialmente surgiu como uma forma de encurtar os caminhos dos alunos até uma educação mínima e com o intuito de gerenciar a vida de

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pessoas que não tiveram o tempo e a oportunidade hábil, para concluírem seus estudos no sistema presencial. A inovação crescente dos meios de comunicação, a ideia de igualdade para todos no âmbito educacional, assim como avanço nos Meios e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), juntamente com a mudança de papel dos educandos e educadores, vem se tornando a cada dia, uma forma viável de se concretizar a igualdade inicialmente almejada, na educação a distância. “A proposta educativa da EaD envolve, entre muitas medidas, uma mudança radical não só nos modos como se ensina mas também, como se aprende e se pensa o conhecimento” (RIOS, PIMENTEL, SILVA, 2008). Porém, mesmo diante de tantos avanços, ainda há um grande entrave, que é antigo, e pauta de muitas discussões: a remuneração do docente. Esse problema perpassou as paredes das salas presenciais, e de maneira rotineira e constante, vem sendo também força motora para análise e debates acerca desta questão que é ao mesmo tempo, contundente e emergencial, na modalidade à distância.

Ao abordar tal questão, levanta-se a deficiência de um sistema, que visa e trata o professor como mero reprodutor do conhecimento, não reconhecendo neste, seja na modalidade presencial, ou à distância, um profissional que vai além da transmissão, mas ao contrário, é um grande motivador que leva o estudante a suscitar e entender o mundo à sua volta e, algumas problemáticas sociais pertinentes à condição humana. Como também, conduz a uma maneira de repensar os valores salariais destinados aos professores em EaD, que é um desafio para a legislação brasileira, que penaliza esses profissionais, por não assegurar firmemente, os direitos e deveres dos empregados e empregadores. Mas este problema que envolve os professores em EaD não se caracteriza como um fator isolado de uma categoria ou camada social, haja vista que esta questão advém de problemas que são enfrentados por diversos trabalhadores urbanos, confirmado através do Ministério do Meio Ambiente, em um estudo realizado sobre as desigualdades sociais no Brasil em 2001.

Para os trabalhadores urbanos, traços da desigualdade social brasileira foram enfrentados com a progressiva definição da estrutura jurídica relacionada aos direitos trabalhistas e à proteção previdenciária. No entanto, o surgimento de novos atores na esfera pública e sua incorporação aos mercados de trabalho e de produtos não garantiu a redução das desigualdades sociais retroalimentadas pelas dificuldades de universalização do acesso à educação formal e/ou à qualificação profissional. (BRASIL, 2001).

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Analisando por este prisma, o problema enfrentado pelos docentes em EaD pode se dar pela falta de uma legislação trabalhista que garanta os direitos dos docentes em Educação à Distância. O objetivo deste estudo é apresentar a deficiência salarial que envolve o docente da educação a distância, em comparação com o professor presencial, frente as suas atribuições e dedicação ao trabalho que desenvolve, que vão além das horas contratuais, seus entraves legais e a pouca credibilidade que esta modalidade abrangente e crescente no Brasil passa. Este trabalho pretende ainda, entender a resistência que envolve uma regulamentação única, piso ou teto salarial, para ser utilizado como parâmetros balizadores no critério de negociação para provimentos salariais e ao mesmo tempo delimitar ou determinar uma linha de critérios para as horas de trabalho do docente em EaD. Para chegar a tais resultados, foi empregada uma análise dos valores obtidos através de uma pesquisa, que se destinou a obtenção de diversas informações, dentre elas, o pagamento por categoria e função dos docentes e de outros atores que compõe o quadro funcional em algumas instituições públicas e privadas, tais como, o Curso de Especialização em Gestão Escolar, do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica (PNEGEB), desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e que faz parte de um dos programas de extensão da Faculdade de Educação (Faced).

No contexto desta pesquisa, encontra-se também informações sobre a formação dos profissionais de educação, especialmente a formação continuada, tão necessária na instrumentalização do educador no cotidiano da sala de aula, e altamente cobrada e exigida aos professores da EaD. Na tentativa de compreender esse problema, desenvolveu-se uma análise sistemática em etapas aqui sugeridas, além da pesquisa acima referenciada, que utilizou uma análise a partir de questões de conhecimento público, como:

a) Conhecer os amparos da legislação trabalhista do professor Ead, a fim de analisar a relação de carga horária de efetivo x remuneração são compatíveis com o trabalho realizado;

b) Analisar a LDB, e os decretos-lei que ampara a legalidade dessa modalidade de ensino e suas especificações para subsidiar o professor do Ensino Superior à Distância;

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c) Interpretar as Leis, (CLT, e LDB) e os direitos desse profissional em um novo campo de trabalho, ao qual está inserido;

d) Apontar a relação trabalhista do professor de ensino superior à distância com a Instituição de Ensino a qual está vinculado.

Outro fator para a realização deste estudo é o fato da Ead ter assumido um destaque polêmico entre os estudiosos da educação, como forma de alcançar a escolarização da população, nas esferas federais, estaduais e municipais. Buscou-se entender os decretos-lei que regulamentam a educação no Brasil, na busca de efetuar uma formação de maneira viável e acessível a todos. A EaD se fortalece a cada instante como um estratagema, que atende a essa carência e permite sua atuação desde a alfabetização de jovens e adultos, graduação, especialização, pós-graduação e seqüenciais, amparado legalmente sob a luz do decreto-lei 5.622/2005,

Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação à distância como

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

§ 1o A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e

avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

I - avaliações de estudantes;

II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e

IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

Art. 2o A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades educacionais:

I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto;

II - educação de jovens e adultos, nos termos do art. 37 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996;

III - educação especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes; IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas: a) técnicos, de nível médio; e

b) tecnológicos, de nível superior;

V - educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas: a) seqüenciais;

b) de graduação; c) de especialização; d) de mestrado; e e) de doutorado.

Atualmente no Brasil, a educação a distância ganhou posição estratégica e economicamente satisfatória, particularmente, dentre as instituições de ensino superior particulares. Visando atender a Lei 9.394/1996 da LDB, que obrigou um prazo para que

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todos os professores que atuassem na educação básica, obrigatoriamente, tivessem o nível superior.

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. (Regulamento)

§ 1o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído pela Lei no 12.056, de 2009).

§ 2o A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério

poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei n o 12.056, de 2009).

§ 3 o A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei n o 12.056, de 2009).

A partir desta resolução, a educação a distância passa a ser utilizada para fornecer essa (in)formação aos docentes. Vulgarmente é utilizada como válvula fácil, curta e eficaz de atingir tais objetivos pelas prefeituras, que se utilizam dessa modalidade, como forma de atender a Lei. Um dos maiores objetivos na utilização da formação dos professores da rede municipal por esta modalidade de ensino, é garantir a formação do nível superior, sem necessariamente onerar e comprometer os seus recursos. A formação se dará sem que haja o deslocamento dos professores das suas cidades ou sala de aula, não havendo assim, o comprometimento com o calendário escolar. Então tem-se uma formação com a vantagem amparada sob a Lei e, através da EaD.

A Bahia por sua vez também vive esse modelo de transição do ensino presencial para o ensino à distância, e a relação de trabalho dos professores na EaD passa a sofrer questionamentos, como por exemplo, o tempo efetivo que o professor acessa o programa e qual a deveria ser de fato o tempo de acesso, ou seja, a hora/aula e o valor pago pelas IES.

Por mais que se apresentem as vantagens desta modalidade, os problemas e dificuldades sempre estão inerentes e determinados por uma comparação com a modalidade presencial. E com relação à precarização da atuação, cobrança pedagógica, formação continuada e à remuneração docente, dentre outros, não é

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diferente. O que difere, é o fato de os professores da modalidade presencial terem parâmetros substancial, além de sindicatos, piso e teto, para negociação junto à fonte pagadora.

Como é possível definir e mensurar a carga horária de participação em um curso? Os relatórios de acesso, permanência, desenvolvimento de atividades de diferentes alunos que concluíram ou não suas atividades? Por essas informações talvez ainda não seja possível tal mensuração. O docente da EaD não tem como mensurar o valor real do seu acesso e trabalho desenvolvido no programa da Instituição e o que foi acordado financeiramente entre as partes. Isso se dá principalmente, pela falta de parâmetros e de legislação trabalhista específica.

Em 16 de julho de 2008, foi sancionada a Lei no 11.738 que instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, regulamentando disposição constitucional (alínea ‘e’ do inciso III do caput do artigo 60 do ato das disposições constitucionais transitórias). O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo dos quais os poderes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão fixar o vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.

Art.1 o Esta Lei regulamenta o piso salarial profissional nacional para os

profissionais do magistério público da educação básica a que se refere a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Art. 2o O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade Normal, prevista no Artigo 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

§ 1o O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das Carreiras do magistério público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.

§ 2o Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-se aqueles que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases da educação nacional.

§ 3o Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho serão,

no mínimo, proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo.

§ 4o Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos.

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Essa regulamentação não atende às necessidades desses profissionais que trabalham bem mais de 40 horas semanais. O AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) permite que muitos alunos avancem além das horas destinadas ao curso, ocasionando assim, uma demanda de atenção dos professores, tutores e monitores, que se vêem na obrigação de atender as carências e necessidades dos alunos. Nesse quadro de deficiência é que o docente em EaD acaba trabalhando bem mais do que o acordado entre as partes: empregadores x empregados. A Lei não ampliou o seu campo de atuação, ficando limitada ao professor regular, presencial e do ensino fundamental. Instituindo o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. O que se percebe nessa Lei, é o não atendimento as recomendações feitas pelo PCN do ensino fundamental que enfatiza a importância de proporcionar aos docentes uma forma digna de trabalho e salário.

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2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SEUS ATORES, OBJETIVOS

E CENÁRIO

Em 1992, o MEC criou a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância e, em 1995, a Secretaria de Educação a Distância (Seed), muito embora o poder público não assuma de fato uma política para EaD. O governo passa apenas a implementar ou apoiar projetos para atender a demandas específicas no campo educacional, como o Telecurso 20001, com o objetivo de prover formação geral de nível médio, e programas voltados à formação de professores, como o Proformação, dirigido a professores leigos; Um Salto para o Futuro, destinado à formação continuada de professores de 1a a 4a séries e de educação infantil, e alguns cursos de licenciatura, programas estes, implementados na periferia das políticas educacionais, muito mais como ações ou estratégias emergenciais para dar conta de problemas graves e imediatos.

Embora essa forma de conceber EaD não implique a criação de sistemas em caráter permanente que atendam a projetos e programas diferenciados nas diferentes esferas administrativas. No interior das próprias universidades, começam a se desenvolver projetos regionais com características locais, que buscam maior adequação às necessidades e ao tipo de população a ser atendida e têm maior inserção na realidade e na cultura local.

O modelo de EaD hoje nada foge ao que Roberto Eco (1987) se refere sobre as muitas universidades americanas, a respeito de um curso que não deve nunca comportar mais de 10 ou 20 alunos (que pagam bem e têm o direito a “usar” o professor sempre que o desejarem, para discutir com ele, – realidade desvirtuada no Brasil com a Ead). Numa universidade como a de Oxford, ressalta Eco, existe um professor, chamado de tutor, que cuida da tese de pesquisa de um reduzido grupo de estudantes

1O Telecurso 2000 foi criado em 1995, como releitura que havia surgido na década de 1970. É, portanto,

a fusão de duas iniciativas anteriores: o Telecurso 2.º Grau, lançado em 1978, pela TV Globo, numa parceria da Fundação Roberto Marinho com a Fundação Padre Anchieta, e da TV Cultura de São Paulo; e Telecurso 1.º Grau, criado em 1981, como resultado da parceria da Fundação Roberto Marinho com o Ministério da Educação e a Fundação Bradesco.

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(pode suceder que tenha a seu cargo apenas um ou dois por ano) e prossegue dia após dia o seu trabalho. Mais adiante será abordada essa questão do número de alunos e o acompanhamento de suas atividades.

Sabe-se que o AVA não atende a esta recomendação passada por Eco no final do século passado, e que muito ao contrário do que se possa conceber, a EaD caracteriza-se justamente por caracteriza-ser composta com um número expressivo de estudantes por módulo, sala ou cursos.

Mesmo diante de tais dificuldades, a EaD está cada vez mais popularizada. Torna-se um Torna-seguimento da sociedade cada vez mais sólido. Mas a quem Torna-se destina essa modalidade, que suscita a grande falta de motivação do aluno em permanecer em uma sala de aula convencional? Cursos enfadonhos, locais de difíceis acessos, precariedade nas instalações físicas, dificuldade de deslocamento, falta de materiais didáticos, são alguns dos motivos hoje apresentados, pela maioria dos participantes dos cursos à distância. Apoiado nos PCN, que enfatizam as questões acima relacionadas como de fundamental importância, para atrativo dos jovens e estudantes de maneira geral. Este documento diz que:

é necessária, neste contexto, uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida aos estudantes. Nesse sentido, o que a sociedade demanda atualmente é um ensino de qualidade o que, no contexto desta proposta, se expressa como a possibilidade do sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e motivações de todos os alunos e garanta todas as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. (PCN, 1996, p. 24).

Aliados a essas justificativas, também se encontra apoio atrativo na EaD, o acesso a tecnologia, juntamente com a possibilidade de horários flexíveis, organizado pelo próprio aluno de acordo com seu tempo disponível. Com o avanço da Internet no Brasil, surge uma forma de oportunizar a equalização do ensino. Para Cunha (2006), a Internet tem sido um lugar de trocas de saberes. Conseqüentemente, a EaD, tem se utilizado deste novo meio de comunicação para alcançar seus objetivos, e atualmente é um dos mercados que mais cresce, e traz em sua fórmula de sucesso a facilidade de acesso a rede mundial. A associação com a compatibilidade do horário disponível do aluno, e de uma tutoria de apoio e esclarecimentos aos alunos e navegadores

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praticamente em tempo integral, torna-se mais um fator de permanência e propagação da EaD. Outro fator de destaque é a interatividade que a tal modalidade proporciona, porque permitem que pessoas de lugares e realidades diferentes possam trocar entre si, experiências culturais, sociais, políticas, dentre outras, que os cursos presenciais em sua maioria não o fazem, na verdade a EaD tem um leque de alcance de ampla conjuntura.

A interação, em EaD, não se dá apenas entre o aluno e o material instrucional, alunos entre si, alunos e instituição de ensino. Dá-se, também, entre os demais elementos que compõem o universo do aluno (história de vida, família, trabalho, outros grupos a que pertença). E é com a conjugação destes fatores que a EaD permitirá a auto-estruturação e a autodireção do aluno. (FERREIRA, FORTUNATO, 2001, p. 41).

Assim como acontece na maioria dos projetos de sucesso no Brasil, a EaD vem se tornando um produto de massa e sua vulgarização tem levantado a dúvida crescente na qualidade dos cursos que são oferecidos nessa modalidade, sejam eles na graduação ou nos cursos técnicos. Grande parte desses questionamentos estão justamente na qualidade dos professores e sua capacitação para atuarem em EaD. Além da formação específica para a área de atuação a que se destina, este profissional precisa ter conhecimento e domínio das novas TIC em que irá manusear e atuar, para que os alunos tenham apoio tanto do aspecto pedagógico, quanto no tecnológico, e ao mesmo tempo sejam amparados em suas dúvidas, que porventura apresente. Madalena; Costa (2005) dizem que,

neste aspecto, as tecnologias digitais têm um duplo papel: propiciam trocas em múltiplas direções e, ao mesmo tempo, lançam novidades que desafiam constantemente os grupos a analisar e explorar as possibilidades abertas por elas, auxiliando na tomada de consciência de que se está em um processo de aprendizagem constante e sempre inacabado (p.2)

O que vale ressaltar aqui, é que o crescimento da modalidade em EaD não significa que automaticamente haja avanço igualitário de oportunidade a todos que utilizam essa forma de estudo. Para o coordenador pedagógico da Unopar Campinas, Fileto de Albuquerque, acredita-se que “muitas pessoas irão investir em segunda graduação ou mesmo em pós-graduação por receio de perder o emprego e a EaD aparece como boa opção, por ser mais barato e ter a mesma validade e qualidade dos cursos tradicionais” Diz também que cerca de 10% da classe C faz faculdade e que a crise e o aumento do desemprego devem estimular a busca por melhor qualificação. De

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acordo com a edição 2008 do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD), mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em cursos a distância no ano de 2007, o que representa um em cada 73 estudantes. Pela primeira vez, há mais estudantes inscritos em cursos de graduação do que de especialização nessa modalidade, de acordo com o AbraEAD.

A tabela abaixo apresenta os resultados do observatório de projetos de educação a distância do AbraEAD 2008, a respeito do número de estudantes em cursos a distância:

Quadro 1 - Número de brasileiros em cursos de Educação a Distância

Instituição(ões) Nível/Modalidade Quantidade de alunos Instituições credenciadas e

cursos autorizados pelo Sistema de Ensino

(AbraEAD/2008)

EJA, Fundamental, Médio, Técnicos, Graduação,

Pós-graduação 972.826

Educação corporativa e Treinamento em 41 empresas (AbraAED/2008)

Formação de funcionários, colaboradores e

fornecedores 582.985

Senai Formação inicial e continuada de trabalhadores (exclui os cursos de formação técnica de nível

médio e de pós-graduação)

53.304

Sebrae Cursos para empreendedores: Análise e planejamento financeiro, Aprender a apreender, Como vender mais e melhor, De olho na qualidade,

Iniciando um pequeno grande negócio e Desafio Sebrae

218.575

Senac Programas compensatórios de matemática e português e cursos de formação inicial e continuada, nas áreas de informática, gestão,

comércio, saúde e turismo e hospitalidade.

29.000

(22)

Instituição(ões) Nível/Modalidade Quantidade de alunos Fundação Bradesco Escola Virtual 164.866

OI Futuro Tonomundo 175.398 Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (Seed/MEC)

Proformação, Proinfantil, Tecnologias na Educação

e Formação pela Escola* 8.552

Governo do Estado de São

Paulo Rede do Saber: Crônica na Sala de Aula, Se Toque, Progestão, Viva Japão, PEC Formação Universitária Município, Curso de Pregão Eletrônico, Convênio com Escola Paulista de Magistratura, Videoconferências do Centro Paula Souza, Curso de Iniciação Funcional para Assistentes Sociais do Tribunal de Justiça. / Departamento de Informática Educativa (DIE/FDE):Interaction Teachers, Interaction Students. **

119.225

Fundação Telefônica Educarede (Projetos Minha Terra, Memórias em Rede, Coisas Boas 2007 e Rede de Capacitação) 9.000

Fundação Roberto Marinho Telecurso TEC e Multicurso Ensino Fundamental,

Tecendo o Saber, Projetos de Formação Educacional, Travessia e Poronga

22.553

Total

2.504.483

FONTE: AbraEAD/2008.

* Não foi incluído o projeto Mídias na Educação (20 mil alunos) já que estes foram informados pelas instituições de ensino na pesquisa AbraEAD, citada em outro item da tabela.

** Três projetos realizados em conjunto com o MEC foram incluídos na lista de alunos apresentada pelo Seed/ME AbraEAD. Um em cada 73 brasileiros estuda a distância. Anuário brasileiro estatístico de educação aberta e a distância. São Paulo, 2008. Disponível em: www.abraead.com.br/noticias.cod=x1.asp. Acesso em: 25 nov. 2009

Esse estudo revela o grande número de brasileiros que hoje estão envolvidos com a educação a distância, não somente como discentes, mas também como docentes e

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outras funções requeridas para o desenvolvimento dos cursos em questão. O número expressivo em cursos de formação técnica e graduação demonstram o grande interesse e a necessidade das pessoas que buscam esses cursos para a sua formação, desde a educação de base, passando pelos cursos técnicos, graduações e seqüenciais. A ampla freqüência sintetiza e caracteriza a frágil relação da participação da população nos cursos presenciais, e, ao mesmo tempo, levanta a eficácia da atuação e abrangência da EaD como meio educacional.

Com avanço das TIC, o conhecimento humano vem crescendo de forma rápida. Essa condição de estar atualizado com o suporte das tecnologias da informação e comunicação ao mesmo tempo em que obriga, permite ao professor ampliar a sua atuação, descaracterizando de vez a ideia de simples reprodutor do conhecimento.

Paralelamente ao avanço tecnológico o conhecimento humano vem crescendo exponencialmente. Exige-se do professor uma postura diferente da tradicional visando possibilitar que o aluno "aprenda a aprender" e consiga ter acesso a toda informação disponível em fontes de pesquisa as mais variadas, inclusive pela internet. Torna-se necessário que o aluno e professor conheçam os recursos existentes e saibam lidar com eles, de maneira que possam agir, interagir e como conseqüência construir o conhecimento. (MOURA, MEHLECKE, AZEVEDO, 2008).

Na EaD, o papel do professor-produtor representa um grande diferencial, quando da sua implementação. A (in)formação desse professor em questões históricas culturais, morais, éticas, estabelece elos de ligação na relação com o saber. Não existe currículo sem intencionalidade, principalmente no ensino não presencial, que demanda do aprendiz uma suposta autonomia. O currículo passa antevir as necessidades reais dos estudantes, atendendo em perspectiva a real necessidade do professor, que se atualiza, a cada momento, em busca de se manter atuante na sua prática pedagógica e assim, poder contribuir efetivamente para a sua própria formação e a dos seus alunos.

Pensar o currículo como algo à parte na educação, é uma forma de atender às necessidades inerentes para professores e estudantes, em um contexto sócio-cultural, interagindo com a própria história ao tempo que há um desenvolvimento da educação e conhecimento,

é preciso reconhecer que a inclusão ou exclusão no currículo tem conexões com a inclusão ou exclusão na sociedade. [...] uma história do currículo amplia a tradicional preocupação com o acesso a educação. Não se trata apenas de

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uma questão de acesso [...], mas do acesso diferencial a diferentes tipos de conhecimento [...] do acesso diferencial ao currículo ou talvez, melhor dizendo, aos currículos. (SILVA, 1998, p. 10).

O perfil dos estudantes em EaD são de pessoas com diversas formações de base, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, e que as vezes se matriculam em um curso a distância sem nem mesmo dominar ou ter um conhecimento mínimo em TIC ou informática básica. Não se pode esperar, portanto usuários da EaD com domínio em tecnologias de ponta ou com um mínimo de conhecimento tecnológico.

A questão financeira é também um fator preponderante para o êxito deste estudante. O contato mínimo ou nulo com uma cultura de informação e integração, coloca-o, definitivamente no bloco dos alunos de massa - pessoas que vivem à margem da sociedade. Sem acesso a serviços culturais de (in)formação, como por exemplo, teatro, cinema, workshop, shows literários, etc. O contato deste estudante, infelizmente, está reduzido ao meio de comunicação de massa, tais como televisão e rádio.

O fato destes estudantes da EaD (mas que também não está longe da realidade dos alunos da modalidade presencial) não terem condições mínimas de custearem suas viagem e/ou deslocamentos para os eventuais encontros presenciais contribui para uma avaliação de caráter decadente. Uma grande parte dos participantes da EaD, são de pessoas que moram em regiões distantes dos pólos de apoio, onde estão localizadas as instituições mantenedoras dos cursos. Aliado a isso, se tem também as limitações deles ao acesso às informações de pesquisas. São alunos das diversas partes do Brasil, residentes em cidades com um pouco mais de 30 mil habitantes ou menos, onde a rede mundial de comunicação é oferecida de forma lenta e limitada, e que sua fonte de pesquisa estão limitadas a biblioteca da maior escola da cidade ou livrarias e papelarias locais.

Pensar na expansão da EaD é pensar ao mesmo tempo na tecnologia que a envolve, uma tecnologia de ponta, com acesso e velocidade compatível com a proposta da EaD. Como fazer esses estudantes se adaptarem a pesquisas mais rebuscadas? Leituras de textos acadêmicos e complexos? A problemática aqui é em muitos e não uma máxima, de que os alunos não conseguem fazer uma pesquisa em uma biblioteca. Não desmerecendo algumas pessoas que de maneira coerente o fazem, sem deixar

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margem de dúvida a sua capacidade de descoberta dos novos conhecimentos e da boa utilização dos meios de informação e comunicação.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), considerando-se os 100 menores municípios, percebe-se que todos têm população inferior a dois mil habitantes, e que suas densidades demográficas variam de 0,28 a 33,6 hab./km2. No entanto, mais da metade de sua população é considerada urbana, apenas por residir nas sedes municipais. E são inúmeros os casos de municípios com população irrisória e ínfima densidade demográfica, mas com alta “taxa de urbanização”. Mesmo estando em um município que seja considerado urbano, os serviços oferecidos sobre a ótica das TIC, não atende às necessidades dos estudantes da EaD, rumo a uma educação de qualidade.

Nos dias atuais é notório o domínio e claramente uma tendência para os cursos de Licenciaturas, dados possíveis de se comprovar através do Quadro 1 deste trabalho. Buscar uma educação de qualidade é ao mesmo tempo, buscar uma educação inclusiva. Através de uma Pesquisa do Sebrae com mais de 50 mil alunos que traçou o perfil dos estudantes de cursos à distância; mulheres e jovens são maioria.

Pessoas com nível superior completo são a maioria entre os alunos do curso a distância Iniciando um Pequeno Grande Negócio (IPGN), realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA).As duas entidades realizaram uma pesquisa com os 52.626 alunos do IPGN, que é um dos maiores do País em educação a distância, para tentar traçar um perfil dos estudantes de cursos não-presenciais.Foi observado que 52,2% dos participantes do curso são mulheres e 47,8% homens. A faixa etária mais expressiva é entre 21 a 30 anos (50%), outros 24,5% estão na faixa de 31 a 40 anos, 11,5% dos participantes têm menos de 21 anos, 10,7% são adultos entre 41 a 50 anos e apenas 3,3% estão acima de 51 anos. (SEBRAE, 2006).

A partir dos dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE e apresentada neste trabalho é possível verificar o perfil e faixa etária desses estudantes. Em sua maioria tem entre 21 e 30 anos. Mesmo tendo uma população relativamente jovem, não descaracteriza um outro fator é que esta modalidade de ensino estar intrinsecamente ligada: à maturidade educacional. Advenha que eles estão assumindo consigo e o com professor o compromisso de “fazer” dos seus estudos uma das prioridades de vida. Desfazendo e descaracterizando o “descompromisso” muitas vezes atribuído aos atores da educação a distância.

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O Brasil contemporâneo ainda sofre com o sucateamento do ensino e da baixa qualidade dos cursos de alfabetização e formação geral, que se destina a formar os brasileiros em pessoas capacitadas para ler, escrever e atender as exigências do mercado de trabalho. De pouco adianta o avanço em novas tecnologias de ensino, informação e comunicação, se o problema com o grande índice de analfabetos persiste e insiste em deixar a sociedade, assim como o Estado em débito com milhares de pessoas que estão privadas de acesso a uma educação formal mínima e de qualidade.

A crise do sistema educacional não pode ser solucionada apenas pela inclusão de novas tecnologias da informação, mas por uma recondução do processo de ensino-aprendizagem (virtualização/atualização). Talvez a crise venha da ênfase dada às atualizações e não aos processos virtualizantes: hoje, a lógica do “passar de ano” e no vestibular obriga os alunos a saberem respostas prontas ao invés de questionarem e formularem novas questões. Com as novas tecnologias talvez possamos passar de uma educação atualizante para uma outra virtualizante. No entanto, erroneamente, as tecnologias vêm sendo pensadas e propostas como panacéia para a questão da comunicação e da educação, como uma simples intervenção instrumental. Insistimos, conseqüentemente, no erro de pensar que soluções técnicas possam resolver problemas que são eminentemente político-culturais. (LEMOS, CARDOSO, PALACIOS, 2008, p. 12).

A educação a distância foi utilizada inicialmente como recurso para superação de deficiências educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos. Hoje, cada vez mais é também usada em programas que complementam outras formas tradicionais. Vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo, que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial, ajustando as distorções entre série/idade, que atinge grande parte da população brasileira. Mas segundo Proposta de Diretrizes Políticas para Educação a Distância.

A Educação à Distância não se justifica por problemas sociais, educacionais ou geográficos, mas pela pesquisa de novas formas de educar. [...] As formas mais atuais de considerar a Educação à Distância pretendem acentuar a importância da motivação em aprender e a utilização dos avanços tecnológicos na área de Comunicações. (BRASIL, 1994. p. 11).

No Brasil, a Educação a Distância conheceu diferentes etapas evolutivas, ocorridas também em outros países. Desde o curso por correspondência, passando pela transmissão radiofônica e televisiva, da utilização do telefone e da informática, até os atuais processos de utilização conjugada dos meios da telemática e multimídia, por exemplo, juntamente com materiais impressos. Dentro da análise prática do campo da

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educação, seu fundamento na Constituição Federal pode-se observar em seu Artigo 205 e seguintes, a educação a distância é tratada como direito de todos.

O Artigo 32, § 4o da LDB prevê que a educação a distância somente deverá ser

utilizada para a complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Cabe observar que este dispositivo não se harmoniza com a Constituição Federal e, também, com o próprio espírito da LDB conforme o seu Artigo 80, que atende de maneira clara e abrangente a educação a distância, e ressalta que a EaD deverá ser assistido pelo Poder Público e que este deverá incentivar o seu desenvolvimento e promover à veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

Se no Artigo 32 a Lei delimita e condiciona o ensino à distância, no mesmo caderno de leis regulamenta a educação no Brasil. Ainda em seu Artigo 80, afirma a expansão e legalidade da mesma. Há de se pensar de forma emergencial, o que de fato, deve-se ou não, estabelecer, creditar e avançar na EaD.

Assim como as leis que regulamentam o ensino a distância, LIMA (2004) reforça que as inovações tecnológicas se dão no quadro da sociedade capitalista e estão mergulhadas nas contradições inerentes à própria sociedade de classes. Nessa afirmação percebe-se nuances bilateral sobre a EaD, subjacentes nas leis. Com o intuito de se utilizar as novas tecnologias, mas sem um estudo sistematizado e coerente, corre-se ainda hoje o risco da pendência e dualidade da funcionalidade dessa modalidade educacional. Ao contrário do que se pretende, pode-se haver uma exclusão gradativa de uma grande parte da população brasileira.

A expansão da EaD no Brasil se deve acima de tudo, das brechas oferecidas, tanto na CF, quanto na LDB. Em ambos, há uma consonância em afirmar que a educação a distância funcionará como uma forma de garantir o direito à educação a todos os brasileiros. Desde os primeiros passos dados para a educação a distância, a idéia de igualdade, fomenta em todos os que se utilizam dessa modalidade, a vontade de reparar ou alcançar seus objetivos, que por algum motivo alheio a sua vontade, foi adiada ou interrompida.

O que os estudantes de maneira geral, não diferente da EaD, pretendem e buscam, é uma qualificação para atuarem no campo de trabalho com mais dignidade e

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uma melhor remuneração, estruturando um futuro melhor. Para ZARIFIAN (2003, p. 76), “a qualificação, não é senão uma maneira de qualificar a relação mantida entre o trabalho objetivado e as capacidades do trabalhador, a ele relacionados, hierarquizando-as por níveis de complexidade”. Insere-se nesta assertiva o conceito de posto de trabalho, que ainda hoje se faz presente na divisão do trabalho, na iniciativa privada e no poder público.

A EaD inicialmente, consolida-se por cursos de correspondência, o rádio, os videocassetes, a televisão. Após um curto período, desses instrumentos de comunicação, haja vista, o avanço tecnológico das duas últimas décadas do século passado e a primeira década do século XXI, esses meios de comunicação, tornou-se obsoletos e ultrapassados, assim, há uma carência e demanda para atender a essa passagem tecnológica. O Brasil com um extenso território nacional e às diversidades sociais e culturais representadas de formas abrangentes e desiguais, encontra-se diante de uma barreira para ultrapassar e vencer. Colocando-se a frente de uma nova concepção de educação, demanda além dos aspectos atemporais de espaço e tempo, de uma nova forma de promover a educação, resgatando as informações dos seus estudantes, colocado-as como uma estância privilegiada de coletividade para socialização.

Uma nova visão da educação deveria estar relacionada tanto a pequenos espaços em que se aprende com a partilha de saberes, com a transmissão oral de conhecimento na vida de cada um de nós, quanto ao todo de todos nós, pois de uma maneira ou de outra somos elos, correntes, fluxos e teias de conhecimento entre humanos. Somos um fio tênue, e ao mesmo tempo forte, desse tecido que, tecido coletivamente, estabelece uma trama ímpar, uma cadeia sem-fim de conhecimento. (RIBEIRO, 2008, p. 264)

Nessa perspectiva de alcançar todo o território nacional, com a utilização das inovações tecnológicas e com uma demanda educacional, a EaD participa de maneira singular, para enfrentar e atenuar as discrepâncias educacional, em que o país está imerso. Com a utilização dos novos meios de comunicação, a força e agilidade proporcionada através da telemática e da multimídia, a EaD, refuta-se para um grande enfoque mundial e nacional, tendo como seu principal atrativo, o acesso a uma nova tecnologia de ponta que proporcione uma nova forma de fomentar o conhecimento e o aprendizado, estabelecendo uma correlação de (in)formação) mútua.

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3 FORMAÇÃO,

ATRIBUIÇÕES,

REMUNERAÇÕES

E

DIFICULDADES DO DOCENTE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A EaD tem sido hoje utilizada de forma massiva na graduação. O problema é que na sua maioria os cursos oferecidos, são considerados de baixa rentabilidade, qualidade e como um público alvo, pessoas de baixa renda. Com esses agravantes a qualidade do ensino fica prejudicada, assim como os profissionais que se graduam nesta modalidade. A falta de qualidade dos professores e sua real formação, é hoje um dos maiores agravantes para o descrédito dos cursos de graduação em EaD. Em muitas instituições, os professores não têm mestrado como suporte de amparo legal para atuarem legalmente, dentro do estabelecido em lei. Daí a constante dúvida na credibilidade destes cursos de níveis superiores e suas instituições de ensino. Sobre essa constante expansão da graduação em EaD nas IES e seus dilemas, Pretto e Picanço dizem:

Não só no campo da formação de professores, mas de modo geral, com a explosão da internet, a EAD tem sido um tema de destaque nas discussões sobre as transformações da educação superior no final do século XX. Essa idéia de que com as tecnologias torna-se possível ampliar substancialmente o número de vagas nesse nível de ensino já causou discussões e protestos no meio acadêmico... Tais transformações estruturais só teriam sentido, para radicalizar essa estranha posição, se a educação estiver submetida ao livre mercado, sendo considerada como mais um serviço a ser oferecido para a sociedade, uma vez que é assim que as teorias contemporâneas neoliberais entendem a educação, como um serviço a ser explorado comercialmente (2006. p. 37).

A universidade massificada coloca os estudantes em uma situação desprivilegiada, pois, não encontra apoio integral à sua formação, tendo que se dividir em trabalho e estudos. Essa realidade é ainda mais acentuada nos estudantes da EaD, porque em sua maioria, precisam equalizar o seu tempo, de forma a atender as demandas educacionais, pessoais e profissionais.

A inquietação da comunidade de educadores diante desse quadro é que a inserção, nos moldes propostos, de uma modalidade de formação docente que é oferecida ainda de maneira precária que a dos cursos presenciais, em vez de contribuir para a solução da crise na formação de professores, poderá tornar mais frágeis os

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processos de capacitação e desestabilizar as experiências presenciais que têm mostrado sucesso.

A importância da EaD nas políticas de educação estabelece diretrizes, objetivos e metas para a sua implementação. Para atender as demandas criadas na área, a política destinada a EaD e voltada para a formação de professores, propõe dentre seus objetivos o aumento da oferta de cursos em nível superior a distância e o apoio financeiro à pesquisa sobre EAD.

Nóvoa (1991) abandona a gênese e o desenvolvimento da profissão docente em sua relação com a gênese e o desenvolvimento da instituição escolar. Os desafios educacionais e profissionais em que os indivíduos são submetidos constantemente impulsionam a educação a buscar novas metodologias e de ensino-aprendizagem, aperfeiçoando-se ao sistema econômico que está inserido. A constante busca de novas formas de se ensinar e aprender suscita uma necessidade coletiva de renovação e atualização, apoiando-se nos parâmetros educacionais. Dentro dessa perspectiva de renovação e atualização, um dos maiores alicerces está ligado diretamente às novas tecnologias da informação.

E pensando de forma globalizada a EaD rompe as barreiras e traz uma nova forma de se aplicar a educação. Entretanto, o embate permanece com a formação do docente. Por maior que seja a sua capacitação, a dúvida na capacidade de atuar como docente seja em qual for a modalidade de ensino. É exigido do docente “perfeição” didático-pedagógica, ainda que tal objetivo seja alcançado, não descaracteriza a defasagem trabalhista x salarial que estão atrelados – em maioria.

Com os currículos educacionais cada vez mais flexíveis a normatização passa a ser um passo importante para decifrar os novos rumos da educação. O sistema adapta-se tranquilamente as variações curriculares, mas o que não ocorre normalmente são as adaptações para preservar e respeitar o profissional docente. O currículo que muda e não focaliza todos os atores envolvidos deixa à margem questões pertinentes à vida destes e passa a ter um caráter tosador de idéias e ponderador aos novos desafios que supostamente serão superados no âmbito educacional e profissional, em se tratando dos docentes.

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Libâneo (2003) aponta o fato de que os educadores reconhecem o impacto das transformações que, presentemente se operam nos campos econômico, político, social e cultural sobre a educação e o ensino, produzindo um movimento de reavaliação do papel da escola e dos docentes. Na escola segundo ele, se deposita a responsabilidade pela formação de cidadãos participantes, capazes de fazer uma leitura crítica das transformações que ocorrem em escala planetária.

Também sobre essa consciência de visão planetária e o papel das escolas brasileiras, Candau (2000) adverte que as salas de aula, que em princípio, se ensina e se aprende devem ser espaços voltados ao trabalho com conhecimento sistematizado à construção de significados, ao esforço, ao questionamento e a construção de interesses sociais, além das representações e das diversas formas de poder e vivências, que são marcadas por uma dimensão antropológica, política e cultural.

LIBÂNEO (apud INEP, 2003, p. 8-9) lembra ainda que tal perspectiva, - de se ensinar e se aprender - necessariamente, implicam oferecer aos alunos uma formação geral sólida, capaz de ajudá-los na sua capacidade de pensar cientificamente os problemas humanos, além de contribuir para uma construção de uma nova postura ético-valorativa de recolocar valores humanos fundamentais, assinala o autor: [...] a escola tem um grande papel no fortalecimento da sociedade civil, também exigências colocadas aos professores.

Aos professores são dadas às funções de manter viva nos estudantes a capacidade de argüição, retórica, questionamentos, indignação, transformação e inconformidade com as cruezas sociais. Aos professores da modalidade presencial são cobradas habilidades que vão além das suas circunstâncias pedagógicas. Hoje o professor transita por áreas da psicologia, sexologia, sociologia, antropologia, filosofia, dentre outras. Os professores da EaD, também não estão livres dessas cobranças e “obrigatoriedades”. Pensar que pelo fato de se estar em um ambiente virtual este profissional encontra-se protegido de tais problemas e questões sociais, que são ligadas à vida dos estudantes é um engano.

Mesmo que não estejam em contato direto com os alunos, nada impede que problemas alheios ao pedagógico interfiram no andamento do aluno e automaticamente no avanço do estudante no curso. O professor da modalidade a distância, passa a ter

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dessa forma, uma função maior que os da modalidade presencial, fazendo aflorar a sua capacidade de interpretar além do que vê e ler nos seus ambientes virtuais. A adversidade de situações que advém as suas vontades serão os meios que nortearão sua ação pedagógica e levantará os mais (im)prováveis dilemas que enfrentarão e que buscarão solucioná-lo sob a luz das habilidades que lhes serão cobradas, atendendo prioritariamente os interesses dos alunos.

A educação não gera automaticamente uma maior igualdade social, mas não se pode deixar de investir em uma educação de qualidade, buscando-se uma sociedade com oportunidades para todos. Segundo Esteve (apud INEP, 2004) há uma menor valorização social do professor. Como o status social é estabelecido em termos exclusivamente econômicos, a função do docente passa a ser desconsiderada ou relativizada.

Esse fator de dimensões e conflitos contundente e ao mesmo tempo excludente permanece nos dias atuais. O professor continua sendo uma das classes trabalhadora de maior importância sob o aspecto construtor de uma sociedade, e o menor no aspecto da remuneração. Para o professor da EaD esse dilema é ainda maior, haja vista, que este não tem amparos legais, legislação clara sobre sua atuação profissional.

A falta de uma remuneração justa para os professores afasta as novas gerações para a docência. A profissão de professor está mal paga e colocada sempre em condicionante para a opção secundária ou terciária da maioria dos jovens. Um outro ponto que Esteve (apud INEP, 2004) traz sob a perspectiva de comparação com os professores europeus, é que no final do século XX, passa a ter uma mudança na relação professor/aluno, ele afirma e destaca a impunidade crescente dos alunos. O número de agressões sofridas por professores em 1979, nos Estados Unidos era de 13 mil, envolvendo 5% do total dos docentes do ensino público. Infelizmente essa realidade não é exclusividade de um país ou continente, nem tão pouco a alguma modalidade de ensino ou grau de instrução.

O nível de estresse dos profissionais tem sido permanente. A agressão de alunos contra professores tem crescido, e alguns estão até desistindo de trabalhar. Há diversas formas de violência praticadas atualmente contra os professores; indisciplina, desrespeito, agressões verbais e psicológicas. A tecnologia da informação e

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comunicação também tem sido instrumento par0a motivar e estimular a violência contra os docentes, por exemplo, a criação de comunidades de teor ofensivo no Orkut, site de relacionamentos da Internet.

Esses são apenas alguns dos constrangimentos pelos quais alguns professores têm passado. As atitudes, na maioria dos casos, partem de deboches, ironia, xingamentos e desobediência. Na educação a distância esse problema da agressão pode ser relativizada, mas ela existe e não necessariamente dos alunos contra os professores, essa relação de agressividade também pode se dar através dos superiores contra os profissionais, não se pode negar que o excesso da jornada de trabalho, consolida-se como uma forma de agressão ao profissional do magistério.

Ricci (apud INEP, 2004) aponta que a fragmentação do trabalho do professor, o acúmulo de tarefas, envolvendo a administração, programação, avaliação, reciclagem, orientação dos alunos, atendimento aos pais, participação em seminários e reuniões de coordenação, tem sufocado a prática docente, que vê a sua ação descentralizada do seu principal foco: o aluno.

As transformações na profissão docente segundo Gatti (1996), referindo-se aos países em desenvolvimento, associam-se ao efeito conjugado de diversos fatores: por um lado, o crescimento do número de alunos por sala e atendimento, desencadeando uma grande heterogeneidade sociocultural, demandando ainda mais a busca de qualidade da escolarização pela população, e o impacto de novas formas metodológicas de tratar os conhecimentos e o ensino, perfazendo nesse contexto, os conhecimentos prévios e não pura e simplesmente conteudista. Por outro lado, a ausência de uma priorização político-econômica concreta da educação básica e o caráter hierárquico e burocrático, muitas vezes centralizador e pouco operante das estruturas responsáveis pelos sistemas educacionais, são fatores deneliador, para uma transformação negativa da profissão docente.

Nesse âmbito entra o professor da EaD, que é desafiado a atender essas expectativas da sociedade e superar os enfrentamentos sociais que a modalidade encontra. O seu público-alvo é ainda mais heterogêneo do que o da modalidade presencial. Essa característica formata uma educação com pessoas e para pessoas de diversos grupos sociais, culturais e geográficos. Em se tratando da graduação,

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encontram-se pessoas que não tiveram uma formação básica de qualidade, e que hoje buscam superar as dificuldades impostas por esta modalidade de ensino.

Em relação à demanda de aluno citada por Gatti, esse problema estrutural e emergencial na EaD se apresenta também com o excedente números de alunos no AVA. Essa problemática é mais uma dentre outras que o professor precisa contornar, sem que esta seja apresentada como justificativa para a falta de um trabalho qualificado. Neste caso vale a sua melhor metodologia de trabalho. Além de todas as habilidades que são ligadas a EaD, o domínio sobre as novas tecnologias são fundamentais ao professor.

Entre tantos entraves que a EaD precisa vencer, tem-se a descrença social nessa modalidade de ensino. Se de maneira geral a educação no Brasil não é tratada com o devido respeito, isso acentua-se de maneira gritante na EaD. São os professores da EaD que desmistificam esse fenômeno pejorativo associados a esta modalidade de ensino.

Nóvoa (1999) no final do século XX, diz que não há propostas coerentes sobre a profissão docente, muito pelo contrário, o que se há é uma ambigüidade. Sob um ângulo, os professores são vistos com desconfiança e como profissionais medíocres, dotados de uma formação deficiente, e sobre outro ângulo, são bombardeados com uma retórica cada vez mais abundante, que os considera essenciais para a melhoria da qualidade do ensino e para o progresso social e cultural da juventude em formação.

Toda essa ambigüidade torna-se ainda maior na EaD, quando esta precisa superar a descrença social e levantar a auto-estima do aluno, que será extremamente cobrado, pela sua escolha educacional, seja na formação do ensino fundamental, médio, graduação ou pós-graduação; porque precisam ''provar'' que foram orientados por professores que atendem a tais elementos essenciais para a melhoria da qualidade do ensino e o progresso sociocultural da população.

É fornecido ao docente em EaD um processo sócio-construtor ainda inserido no processo de esino-aprendizagem e na formação profissional, mas ele precisa sentir-se dentro de um sistema educacional que funcione e o valorize. BOURDIEU (1998) enquadra os educadores, docentes e professores primários, juntamente com os assistentes sociais e os magistrados, entre outros, na categoria dos trabalhadores

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sociais, ou seja, aqueles que estão mergulhados nas contradições sociais do mundo, que se expressa através de inúmeros dramas sociais. E ressaltando a questão do desprestígio social do professor, este vê baixos salários o seu maior problema social. O desprezo por uma função se traduz, primeiro, na remuneração mais ou menos irrisória que lhe é atribuída. (BOURDIEU, p. 11).

A fuga da profissão docente é uma tendência cada vez maior, por esta configurar-se e associar-configurar-se com uma repreconfigurar-sentação negativa de desprestígio social, baixos salários, excesso de tarefas para serem executadas fora do espaço da sala de aula, falta de motivação cultural e papel duplo na sociedade, ao mesmo tempo em que é cobrado por uma realidade desejosa de soluções imediatas, do outro, é tratado como parte desprezível e descartável da sociedade em questão.

Referências

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