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6. A SERRA DO PERIPERI E AS (INTER) RELAÇÕES COM VITÓRIA DA CONQUISTA

6.3 AS MULTIFACES DA PAISAGEM DA SERRA DO PERIPERI

6.3.2 A SERRA DO PERIPERI E SUA CONEXÃO COM O URBANO

O estudo da degradação ambiental deve ser entendido por meio de uma ótica que vise, não apenas os aspectos físicos, mas também, uma análise global que vise integrar as relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora desta degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver, e recuperar, reconstruir as áreas degradadas.

124 No processo de urbanização de Vitória da Conquista, o homem não se preocupou em poupar da degradação os espaços detentores de vegetação nativa. A princípio, a dilapidação da vegetação se deu nas proximidades do Rio Verruga na Serra do Periperi, local que ficou conhecido como marco do núcleo inicial desse município. Os colonizadores optaram por assentar a cidade na referida área, por estratégia no manejo d’água, facilitando o uso dos afazeres domésticos. Essa forma de pensar estrategicamente parece ter passado de geração a geração, de modo que foi no sopé da Serra, que ao longo dos tempos, sobretudo na encosta Sul, a cidade foi se desenvolvendo, expandindo desordenadamente pelos caminhos dos cursos das águas e de nascentes que facilitavam as atividades da vida contemporânea. Mas, por conta disso, o homem conquistense tem pagado um custo alto por ter e por estar ocupando a Serra de maneira desordenada.

Os bairros que circundam a Serra, ou que nela estão assentados, em sua maioria não possuem uma infraestrutura muito adequada, posto que, boa parte deles, são provenientes do processo de ocupação. Por esse motivo, encontra-se na zona oeste da cidade, nas extensões da Serra do Periperi uma população menos favorecida economicamente, enquanto que, na zona leste da cidade, os bairros que limitam, ou que estão localizados em terrenos da unidade geomorfológica em questão, se mesclam em áreas habitadas por populações de baixa e de média renda. Os moradores de baixa renda, por conta das condições financeiras que os levam a algumas necessidades, são motivados a praticarem algumas ações que interferem negativamente no ambiente sem que esses possam refletir sobre as consequências socioambientais que as suas ações poderão gerar.

É prática habitual de moradores da Serra do Periperi utilizarem lenhas, provenientes da vegetação local como fonte de combustível no fogão a lenha, como ressalta Santos (2007, p. 25), embora “o consumo de lenha seja diário, não é feito de forma exorbitante, pois a população usufrui desta matéria-prima não com fins lucrativos, mas como forma de conter despesas, uma vez que o botijão de gás torna-se caro pelo seu padrão de vida”. Segundo informações da SEMMA, essa é uma prática que vem se extinguindo por conta da fiscalização feita na Serra, concomitante ao trabalho de conscientização ambiental que está sendo feito com a população local.

Se por um lado o trabalho de conscientização ambiental tem surtido efeito quanto a extração vegetal, por outro lado não tem surtido efeito em relação ao destino do lixo e

125 entulhos. Em diversos pontos da Serra do Periperi foram detectados depósitos de entulhos, que são jogados por caçambeiros e carroceiros que residem em diversos bairros de Vitória da Conquista. O descarte do entulho pelos carroceiros provem de pequenas construções e reformas de casas que se localizam na própria Serra e em suas proximidades, enquanto o descarte realizado pelos caçambeiros resulta de construções de porte médio a grande, de diversas partes do município.

Além disso, moradores, de modo geral, despejam o lixo doméstico em áreas inadequadas, a exemplo dos terrenos baldios e até mesmo em locais que fazem limite com área de preservação que envolve o Poço Escuro e os Bairros Petrópolis, Guarani e Cruzeiro, se caracterizando como zonas de tensões pelo fato de gerar nelas, conflitos entre o poder público (SEMMA) e moradores (Figura 34).

Tanto na área interna do Poço Escuro quanto na parte externa, foram vários os vestígios encontrados que comprovavam a falta de consciência ambiental dos moradores locais. No percurso interno, encontram-se sacolas plásticas, preservativos e suas respectivas embalagens, restos de cigarros, entre outros materiais. Já na parte externa, a variedade pode

Créditos: Iguaraci Santos da Silva e Uallas Silva de Oliveira, 2013.

126 ser bem maior, como enfatizou o agente de fiscalização da SEMMA, ao relatar que “os moradores jogam animais domésticos mortos, diversos tipos de aparelhos domésticos quebrados, entulhos, lixo seco e molhado, roupas velhas entre outros”. Essa prática não se justificativa, já que o serviço de coleta de lixo é feito constantemente nessa região.

Outro problema estreitamente relacionado a Serra do Periperi, a expansão urbana em Vitória da Conquista e a questão ambiental, tangencia o Rio Verruga. Ao longo dos anos o rio passou por um processo de retilinização, modificando o seu percurso a partir do alto do Rio Verruga, as consequências não só interferiram no trajeto do leito natural, mas deram início também a outras transformações. Estas foram feitas no processo de consolidação da expansão urbana, de modo que, boa parte das áreas de passagens do curso natural do rio está canalizadas e consequentemente perderam sua mata ciliar. Além disso, as áreas inundáveis foram soterradas, dando espaço para as edificações das construções urbanas, a esse despeito cita-se a edificação do centro urbano comercial de Vitória da Conquista, a construção da Avenida Bartolomeu de Gusmão, a Central de abastecimento entre outros pontos. Ainda dentro dessa questão, Rocha (2008, p 49), cita outros pontos como a “Baixa da Égua, Lagoa do Jurema e a Baixa do Sapo” e explica que nestas áreas “foram grandes as alterações feitas com o aterro e/ou corte de terreno, provocando um desnível no terreno e uma alteração da carga exutória da bacia neste trecho”.

Todas essas modificações que foram feitas, nessa área pela ação humana, ao longo da história da cidade proporcionou alterações nas características do terreno, impermeabilizando o solo, retificando o canal do Rio Verruga, retirando a vegetação primitiva, são soluções técnicas para o surgimento de novos espaços e/ou para apropriação de áreas frágeis como se verifica nas encostas da Serra do Periperi e nas adjacências do Rio Verruga, principalmente no espaço urbano de Vitória da Conquista. Desta feita, pode-se elencar diversos problemas detectados com relação à drenagem urbana do Rio Verruga.

A falta de planejamento para a expansão da cidade, mormente ocupada pelos bairros da Serra ou tangenciais a ela, possuem traçados urbanos que foram feitos aleatoriamente, por exemplo, a existência de vias preferenciais nas encostas da Serra do Periperi que aumentam a velocidade de escoamento da água superficial no período chuvoso. Além do mais, existem nas adjacências da Serra e em vários pontos da cidade, longas avenidas, sem rede de drenagem, que no período de chuvas intensas se transformam em verdadeiros cursos d’água. Ressalta-se

127 ainda, que essa avenida não está localizada no centro da cidade, área de nível mais baixo em relação a Serra e que, por isso, sofre grandes impactos pelas enxurradas que descem da Serra no período de chuva torrencial. Fica evidente nessa foto o quanto é falho o sistema de drenagem urbana de Vitória da Conquista (Figura 35).

É bom frisar também que ocorre a retilinização dos canais de drenagem construídos, os quais são revestidos com concreto ou com pedras. A despeito dos canais Cunha (2003, p. 229) afirma que “nas áreas urbanas, as estruturas de revestimento dos canais são utilizadas como indicador da degradação”. Esses canais aumentam a velocidade das águas pluviais e, por conseguinte, aumentam o seu volume nas partes mais baixas, do município, até porque, muitos desses canais têm sua origem em ruas que se localizam praticamente no topo da Serra. No entanto, há aqueles que se localizam nas áreas mais baixas da cidade. A consequência da retilinização dos canais é o estrangulamento do leito dos córregos, riachos, lagoas receptoras, provocando inundações em vários pontos da cidade, como nos casos dos canais do Jurema e o

Créditos: Iguaraci Santos da Silva, 2012.

128 da avenida Juracy Magalhães que drenam, para o Rio Verruga, os canais dos bairros Ibirapuera e Urbis IV, que convergem direto no lagoa do Parque da Lagoa das Bateias, sem contar as diversas galerias fechadas do Rio Verruga, que perpassam em muitos trechos do centro da cidade (Figura 36).

Créditos: Iguaraci Santos da Silva, 2012.

Figura 36. Canal retilinizado/enxurrada de chuva torrencial – Parque da Lagoa das Bateias, VDC- BA.

129 Ao problema exposto adiciona-se ainda a impermeabilização do solo como salienta Rocha (2008, p. 135), “com a pavimentação asfáltica e construção de prédios, aumentando o volume das águas superficiais pluviais de forma exponencial e todo o processo de degradação

ambiental". E como uma das consequências desse processo, temos a deterioração do asfalto, a exemplo do que aconteceu com a Avenida São Geraldo, que tem seu início na parte alta da cidade, na Serra do Periperi, no Bairro Alto Maron se estendendo até o centro da cidade. Essa avenida teve o seu asfalto deteriorado por conta da força da água, sendo necessário recorrer a medidas paliativas, no caso, barricada com sacos de areia para conter a evolução de buracos abertos pela enxurrada das chuvas torrenciais (Figura 37).

Face a situação exposta, o cenário que compõe as ruas mais afetadas pelas chuvas torrenciais não é dos melhores, sendo latente os danos materiais, ruas esburacadas, asfaltos estufados, cascalhos e areia grossa em grande quantidade se acumulando pelas ruas do centro da cidade e nos bairros adjacentes a Serra do Periperi. Por vezes, mas não muito frequente, ocorre desabamento de casas, como se registrou em novembro de 2012, após ocorrência de chuva torrencial que levou dezenas de pessoas a ficarem desabrigadas, além da fatalidade de

Créditos: Iguaraci Santos da Silva, 2012.

130 vítimas, em canais arrastadas pela força da enxurrada. A ocorrência desses eventos naturais anualmente e problemas deles advindos não tem merecido, ainda, dos gestores tomada de decisões mais eficazes a não ser com a Operação Pós-Chuva, tentando corrigir os problemas do mau planejamento da drenagem urbana. Toda essa problemática poderia ser solucionada por medidas orientadas pelo planejamento ambiental, utilizando o diagnóstico do meio físico e do meio socioeconômico com o objetivo de desenvolver um plano de manejo que minimize os impactos socioambientais sobre esse espaço (ARAÚJO, 2010 apud LIMA, 2012).

Na falta de um plano de manejo eficaz, infelizmente, só restam as medidas paliativas, as quais só servem para resolver os problemas imediatos causados pela chuva. Essa rápida solução faz com que a população tenha a sensação de que a Prefeitura Municipal está trabalhando com “eficiência”, quando, na verdade, essa falsa impressão é um sinal da incompetência do mau uso do dinheiro público, posto que, os problemas se repetem no decorrer dos anos passando por várias gerações de administrações públicas sem soluções. Infere-se dessa situação que as propostas acertadas para solucionar os problemas advindos das chuvas, servem apenas como manobra para conquistar votos no período eleitoral.

6.3.2.1 BAIRROS E INFRAESTRUTURA URBANA

Vitória da Conquista tem apresentado um crescimento demográfico acelerado ao longo das últimas décadas (Figura 38).

Da década de 1980 até o ano de 2010, a população rural ficou praticamente estagnada, obtendo o leve decréscimo da população rural. Por sua vez, a população urbana tem aumentado consideravelmente, fato que é justificado pelas ofertas de serviços oferecidas pelo município de Vitória da Conquista. A implantação do centro industrial da cidade, sobretudo na década de 1980, atraiu muitas pessoas de cidades circunvizinhas e de diversas localidades do Brasil. que vislumbraram nesse município a possibilidade de conseguir emprego possibilitando uma guinada na qualidade de vida.

131 Figura 38. Vitória da Conquista: População urbana e rural (1980-2010).

Atualmente, outro fator que tem contribuído para atração de pessoas para Vitória da Conquista é o fato desta cidade vir se consolidando no cenário baiano como um polo de educação de ensino superior, sendo composta por uma universidade estadual, duas federais e quatro particulares, além das ofertas em instituições de ensino superior a distância, assim, estas instituições tem atraindo pessoas de várias regiões da Bahia, Norte de Minas Gerais e de outras regiões do Brasil. Os aspectos mencionados contribuíram para o aumento populacional do município, bem como influenciou no processo de miscigenação da população que aí vive.

A diversidade étnico-racial no município de Vitória da Conquista é muito similar a regra geral do Brasil, cuja miscigenação deu-se a partir do branco, do índio e do negro. Esse processo é verificado também nos bairros que se localizam na serra do Periperi (Figura 3917).

17 A representação espacial dessa imagem é um corte geográfico dos bairros que se encontram localizados na

Serra do Periperi e adjacências, não se refere a zona urbana de Vitória da Conquista como um todo. Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2010.

Organização: Iguaraci Santos da Silva, 2013. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 1980 1991 2000 2010 Cres cim ento Po p u la cio n a l Décadas URBANA RURAL TOTAL

132 Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2010.

Fonte IBGE - Censo Demográfico 2010 Org: Iguaraci Santos da Silva VITÓRIA DA CONQUISTA

POPULAÇÃO RESIDENTE POR COR OU RAÇA - 2013

Nossa Senhora Aparecida Bateias Jatobá Ayrton Sena Brasil Alto Maron Felícia Recreio Boa Vista

Lagoa das Flores

Universidade Guarani Cruzeiro Primavera Ibirapuera São Pedro Candeias Espírito Santo Jurema Patagônia Campinhos Zabelê Distrito Industrial Centro POPULAÇÃO RESINDENTE POR COR OU RAÇA

BRANCA PRETA AMARELA PARDA INDÍGENA 941 7950 14959 21970

Elaboração: Edvaldo Oliveira/ Débora Oliveira/Taís Pires Base cartográfica elaborada de acordo com a Lei Municipal N°798/95 e 850/96. Projeção: UTM Datum WGS84

0 1 2 Km 2 9 3 0 0 0 2 9 3 0 0 0 3 0 2 0 0 0 3 0 2 0 0 0 3 1 1 0 0 0 3 1 1 0 0 0 8347000 8347000 8355500 8355500 8364000 8364000

Figura 39. População Residente Por Cor ou Raça nos Bairros da Serra do Periperi e em seu entorno.

133 Os grupos étnicos que prevalecem nos bairros da Serra do Periperi, conforme o censo de 2010 do IBGE, são compostos por uma população de brancos e pardos. Além desses, encontram-se negros e, em menor expressividade, amarelos e indígenas. Os pardos predominam em todos os bairros da Serra, eles compõem a maior parte do contingente de pessoas que se encontra empregada na construção civil e em atividades do setor informal, são eles também que se encontram em maior percentual, em bairros com pouca infraestrutura para moradia.

É fato que a apropriação do solo da zona urbana é algo que deve ocorrer, seguindo um ordenamento que atenda, no mínimo, as condições básicas de infraestrutura para moradia, visando para a sua comunidade eficácia nos serviços disponibilizados pelo setor público municipal. Sendo assim, é mister que se avalie a oferta de alguns serviços como os de saúde, educação, rede de água e esgoto, rede elétrica, rede de drenagem, entre outros, nos seguintes bairros, a saber: Guarani, Cruzeiro, Alto Moron, Primavera (Vivendas da Serra), Miro Cairo, Senhorinha Cairo, Nossa Senhora, Aparecida Zabelê (Loteamentos Vilas Serranas e Urbis IV), Bateias, Distrito Industrial e Centro.

Estes bairros se classificam em dois grandes grupos, conforme destaca o PDU- Vitória da Conquista/76: áreas de adensamento controlado e áreas de adensamento condicionado. Frisa-se que, estão estabelecidos na Subseção II, Artigos 24 e 25 da Lei Nº 1.385/2006, as caracterizações das áreas de adensamento controlado e adensamento condicionado conforme segue respectivamente:

Art. 24. São áreas de adensamento controlado as áreas com problemas de drenagem e declividade e restrições ambientais decorrentes da proximidade com a Serra do Periperi e o Poço Escuro, com infraestrutura e equipamentos parcialmente implantados.

Art. 25. São áreas de Adensamento Condicionado as áreas com características topográficas especiais e restrições ambientais pela proximidade da Serra do Periperi, carentes de equipamentos urbanos, que exigem uma ocupação condicionada.

Os Bairros Guarani, Cruzeiro, Alto Maron, Loteamento Nova Cidade e parte interna do Anel Rodoviário do Bairro Vivendas da Serra (Primavera), são classificados como áreas de adensamento controlado, enquanto os bairros Miro Cairo, Senhorinha Cairo e Nossa Senhora Aparecida, Zabelê (Vilas Serranas e URBIS IV), Henriqueta Prates, Recanto das Águas, e Bruno Bacelar são classificados como áreas de adensamento condicionado.

134 No contexto geral, esses bairros são caracterizados pela ocupação desordenada, tornando-se notório a localização de edificações residenciais construídas em áreas previstas para vias públicas (ruas e avenidas). Exceto o bairro Zabelê, nos trechos correspondentes aos conjuntos habitacionais Vilas Serranas e URBIS IV, cujo projeto de moradia realizou-se pela URBIS Habitação e Urbanização do Estado da Bahia S/A, que respeitou o traçado das vias públicas. Em todos os bairros que circundam a Serra, há muitas construções residenciais em direção ao seu topo, sendo mais frequente, sobretudo, nos bairros Primavera, Miro Cairo, Senhorinha Cairo e Nossa Senhora Aparecida. Nos bairros Guarani e Cruzeiro destacam-se as edificações que comprimem a Reserva Florestal do Poço Escuro, fato que contribui para a existência de conflitos entre alguns moradores que residem na fronteira da Reserva.

São diversos os motivos que provocam conflitos entre a Reserva Florestal e moradores circundantes, destacando entre eles: uso inadequado da Reserva como atalho de deslocamento entre os bairros vizinhos, modificando a sua rotina de funcionamento; uso do espaço para prática de delitos ou como esconderijo dos delitos praticados em sua redondeza; usufruto da área para uso de entorpecentes; uso do espaço físico que margeia a Reserva para o despejo de entulhos e lixo. Prática essa, mais visível dada as reais dimensões da Reserva da área em aproximadamente 17 ha (Figura 40).

135 Figura 40. Destino do Lixo em Domicílio Particulares em Bairros da Serra do Periperi e em seu entorno. Vitória da Conquista – 2010.

Fonte IBGE – Censo Demográfico 2010. Organização: Iguaraci Santos da Silva, 2013.

O serviço de coleta de lixo atende a todos os níveis de classes sociais existentes nos bairros conquistenses, muito embora, em Vitória da Conquista seja privilégio de poucos o usufruto adequado de um sistema geral de esgotamento sanitário. Os habitantes que não dispõem desse tipo de serviço recorrem ao uso do sistema de fossas, quando não, a mecanismos de ligações clandestinas que aceleram a capacidade de funcionamento da Lagoa de Decantação redundando em seu esgotamento. Enquadram-se nessa situação os residentes, em sua maioria, dos Bairros Zabelê, Bateias e Primavera, que utilizam a fossa rudimentar e fossa séptica em maiores proporções quando comparados aos demais bairros (Tabela 0118).

18

Os bairros que aparecem na tabela, bem como em outras figuras dessa dissertação, foram selecionados com base na divisão espacial utilizada pelo IBGE, por esse motivo alguns bairros citados no PDU, não aparecem nessa tabela, pois encontram inseridos nos bairros que compõem a regionalização utilizada pelo IBGE. Ressalte- se que isso não inviabilizou, em dados momentos o uso de imagens e/ou nomes de bairros que compõem a regionalização utilizada pela Prefeitura de Vitória da Conquista.

90% 9%

1%

Coletado por serviço de limpeza

Coletado em caçamba de serviço de limpeza

Outros: queimado, enterrado, jogado em terreno baldio ou outro destino

136 Tabela 01. Tipo de Esgotamento Sanitário em Domicílios Particulares de Bairros da Serra do Periperi e adjacências – 2010.

Bairros

Esgotamento Sanitário

Rede Geral de

esgoto ou pluvial Fossa séptica Fossa rudimentar Vala

Rio, lago ou

mar Outro tipo Não tinham Total

Centro 3.601 36 23 2 7 1 - 3.670 Guarani 2.213 45 12 2 - - 1 2.273 Cruzeiro 2.126 49 96 - - 7 31 2.309 Alto Maron 4.645 126 185 8 1 5 6 4.976 Nossa Senhora Aparecida 778 9 162 - - 6 6 961 Primavera 99 251 203 1 - 6 6 566 Bateias 1.419 253 646 3 41 4 11 2.377 Zabelê 272 329 5.539 5 - 39 17 6.201 Distrito Industrial 1 4 245 - - 1 6 257

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2010.

137 A Estação de Tratamento do Esgoto do município de Vitória da Conquista não obedece a Lei n° 267, a qual propõe que nenhuma estação de tratamento de esgoto se localize dentro do perímetro urbano. Neste sentido, a Lagoa de Decantação da cidade está localizada totalmente de forma irregular, dentro do perímetro urbano, avizinhando bairros habitacionais, exalando mau cheiro e disseminando insetos nas áreas adjacentes. Situações dessa natureza parecem não terem sido previstas na década de 1970, quando se deu a instalação da Lagoa de Decantação (Pinicão), uma vez que, naquela época, não havia bairros em suas proximidades. Em todo caso, sobre essa questão, a “Empresa Baiana de Abastecimento de Água e