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A Serra do Periperi e as implicações socioambientais decorrentes da expansão urbana de Vitória da Conquista - BA

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – NPGEO MESTRANDO EM GEOGRAFIA. A SERRA DO PERIPERI E AS IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPANSÃO URBANA DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA. IGUARACI SANTOS DA SILVA. SÃO CRISTÓVÃO/SE JULHO/2013.

(2) IGUARACI SANTOS DA SILVA. A SERRA DO PERIPERI E AS IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPANSÃO URBANA DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Hélio Mário de Araújo. SÃO CRISTÓVÃO/SE JULHO/2013.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. S586s. Silva, Iguaraci Santos da A Serra do Periperi e as implicações socioambientais decorrentes da expansão urbana de Vitória da Conquista – BA / Iguaraci Santos da Silva ; orientador Hélio Mário de Araújo. – São Cristóvão, 2013. 170 f. : il. Dissertação (mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Sergipe, 2013.. 1. Serra do Periperi (BA). 2. Crescimento urbano. 3. Impacto ambiental. 4. Vitória da Conquista (BA) – Geografia. I. Araújo, Helio Mário de. II. Título. CDU 911.375.1(813.8).

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(5) “O estudo das encostas urbanas torna-se cada vez mais importante, uma vez que há necessidade de conhecer, predizer e mitigar os efeitos dos processos geomorfológicos sobre as mesmas, em especial em áreas densamente ocupadas, em que o risco de perda de vidas humanas e bens materiais aumentam de forma significativa” Raphael David dos Santos Filho.

(6) DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha mãe, Cleonice Santos da Silva (in memória), por quem tenho grande amor e profunda admiração, pela mulher guerreira que foi. E na sua ausência,trago-a representada pelo meu irmão caçula, seu último rebento, a quem eu amo muito e o considero como verdadeiro filho. Por fim, dedico a minha grande amiga Fernanda Viana de Alcântara, mulher, negra e guerreira que sempre esteve junto a mim desde o momento em que o sonho de AGRADECIMENTOS concretização dessa dissertação teve início..

(7) AGRADECIMENTOS. Agradeço a Deus por ter me dado sapiência, criatividade, forças e por ter me amparado em todas as etapas dessa jornada e, sobretudo, por ter iluminado as pessoas próximas a mim, dando-lhes palavras sábias, para que essas pessoas as utilizassem como forma de incentivo para eu seguir adiante nesse estudo. A Fernanda Viana de Alcântara e ao Professor Dr. José Eloízio da Costa da Universidade Federal de Sergipe, por sempre acreditaram em meu potencial e por terem colocado em meu caminho o Professor Dr. Hélio Mário de Araújo, que confiou em mim, dando-me credibilidade para desenvolver essa pesquisa sob sua orientação. Agradeço a ele por sua dedicação, paciência e palavras sábias que me nortearam ao longo da consolidação dessa dissertação. A toda família Silva composta pelos meus irmãos Rubens, Francisco Roberto, Doralice, Everaldo, Vicente de Paula e Rogério; às cunhadas Aldeci, Janete e Amanda; aos sobrinhos: Andreza, Franklin, Fraciele, Évna, Victor, Ênia e Letícia. Adiciona-se a esse grupo minha tia Helenice e Gustavo. Todos esses, mesmo sem compreender direito o que eu estava fazendo me deram total apoio, por terem a ideia de que eu estava desenvolvendo algo de grande importância para o meu desenvolvimento profissional e satisfação pessoal. Aos professores Doutora Maria Augusta Mundim e Doutor Genésio José dos Santos, ambos por terem contribuído com críticas construtivas na minha Qualificação, as quais enriqueceram o desenvolvimento da minha escrita nessa etapa final de minha pesquisa e, sobretudo, agradeço Maria Augusta por ter me acolhido no NPGEO com tanto carinho, e por ter me adotado como um verdadeiro filho, a quem ela sabiamente orientou, não só com seus conhecimentos científicos, mas também, com suas experiências de vida. Aos amigos Rosene Brito e Sirnei Brito, Cláudia Dias, Mônica Crescência, Eduardo Matos e Ancelmo Lima, que acreditando no meu sonho, gentilmente, me presentearam com um Net Book, instrumento essencial para o armazenamento de informações para minha pesquisa e para oregistro da mesma. À amiga Catarina Reis e ao seu esposo Murilo Públio, por terem me suportado horas e horas em sua residência deles no processo de qualificação da dissertação e na fase de análise de dados. À Catarina, ressalto o meu agradecimento especial por todo apoio dado, sobretudo, nos momentos de dificuldades e pela árdua paciência e tolerância no processo de formatação..

(8) Ao meu médico urologista Dr. Ricardo Luiz Laranjeira Ferraz, por ter compreendido a importância da concretização desse sonho para mim, de modo que interrompeu meu tratamento renal para ser retomado a posteriori. A todos os meus colegas de trabalho que fazem parte do corpo docente do Colégio Estadual Dom Climério de Almeida Andrade, bem como todo quadro de funcionários a ele pertencente e principalmente ao diretor do colégio, Jelton Avelar, um grande amigo. A todos estes meu agradecimento por terem se mobilizado em prol dos tramites legais que culminaram em meu afastamento da escola, o qual foi tão burocratizado pelo Estado a ponto de colocar em risco a concretização do sonho ora realizado. Não desmerecendo aos demais colegas, não posso deixar de enfatizar aqui o nome do colega Eduardo Meira de Araújo, que me substituiu a contento no período de licença para o estudo do Mestrado. Às minhas amigas Luciana Pereira de O. Cruz, Luciana Oliveira Correia e Marcelo Nolasco, pelo incentivo e, principalmente, pelas dicas metodológicas no processo de seleção do Mestrado. Adiciona-se também a esse quadro a amiga Marcia Regina de Andrade, que muito contribuiu na referida etapa. E por ela, juntamente com a sua filha Catarina de Andrade e sua mãe dona Graça Mª de Andrade, terem me acolhido tão calorosamente em Aracaju. À amiga Aline Maciel ao seu esposo Felipe Bittencorlt, e a família de Katiuscia, que muito gentilmente me recepcionaram em momentos pré-seleção do Mestrado. Aos meus compadres e amigos Mª de Fátima Brito, Mª Gamaliélia do Socorro e seu esposo Laércio Gonçalves, João Evangelista e Romildo Bomfim pela contribuição na elevação da minha auto-estima nos momentos de dificuldades diversas. Aos amigos José Neto, Magda Girleide G. Dantas e Gilena Honda por estarem sempre de prontidão nos aspectos tangenciais às traduções de artigos que publiquei em eventos que decorreram no período letivo do Mestrado. Aos meus amigos e professores da UESB, Espedito Maia Lima e à sua esposa Meirelane Rodrigues Lima; Ana Emília de Q. Ferraz; Marcelo Nóbrega e ao amigo e professor da UNEB Vilomar Sampaio, pelos incentivos dados direta e indiretamente para que eu conseguisse chegar onde cheguei e, principalmente por estarem sempre tão disponíveis nos momentos em que deles necessitei. Ressalto também os professores da UESB: Valdemiro da Conceição Junior e Avaldo de Oliveira Soares Filho por estarem juntos a mim no processo inicial dessa pesquisa contribuindo sobretudo com os aspectos metodológicos. Aos amigos Claudinei R. da Silva, Wilson Brito, Helder Lima e Herlle Aparecido da Silva, Ana Paula da Silva, Fernanda Ramos Lacerda, Michelle Pereira Souza, Pollyane Silva.

(9) Sousa e a Antônio Aparecido Almeida, por serem sempre tão solícitos comigo e preocupados com o meu desempenho no curso que me propus a fazer. Às minhas queridas amigas Poliana Policarpo, Mariza Lisboa e Sílvia Alencar, por serem tão companheiras. Mesmo nos momentos em que elas estavam vivenciando algum tipo de adversidade, sempre tinham uma palavra amiga, de conforto, bem como de incentivo para me dar. Quanto a última amiga ressalto também as angústias e incertezas que vivenciamos e compartilhamos no período em que cursamos o Mestrado, mesmo tendo estudado em instituições diferentes, as nossas inquietudes eram bem semelhantes. Aos meus colegas da Dinâmica Ambiental e Geomorfologia, Wesley Alves dos Santos, Heleno dos Santos Macedo, Givaldo dos Santos Bezerra e Alizete dos Santos, os quais prontamente se disponibilizaram e forneceram materiais com informações bem valiosas que compuseram parte do texto da dissertação. Ressalto também a grande contribuição de Heleno no que tange a produção dos mapas que compõem a parte ilustrativa dessa pesquisa. Ao senhor José Antônio Maria e à dona Mª Helena Alves, os quais me acolheram com muito carinho e de certa forma me adotando por um período como filho, se preocupando como meu conforto, alimentação e até mesmo com minha saúde. Aos amigos Fábio Henrique Gonçalves e Gleidson Pereira de Alencar, que desde o primeiro momento em que os conheci foram sempre muito solícitos comigo e, sobretudo, no segundo período da escrita da dissertação em que eu já havia cumprindo os meus créditos do Mestrado, portanto, já havia voltado para Vitória da Conquista, de modo que não possuía mais estadia fixa em Aracaju. Nesse sentido, os referidos amigos sempre prontamente me disponibilizaram hospedagem para que eu cumprisse algumas pendências referentes ao término do meu curso. Aos amigos Nelson Moreno, Rafael Conceição, Flaviano O. Fonseca, que me proporcionaram momentos raros de lazer em meio a tantas atribulações cotidianas, sobretudo àquelas relacionadas ao Mestrado. Às minhas queridas amigas Edilma Nunes de Jesus e Roseane Gomes, que, mesmo não fazendo parte da minha turma do Mestrado, tornaram-se minhas amicíssimas, e por que não dizer verdadeiras irmãs, cuidando de mim o tempo todo, além de trocarmos figurinhas constantemente sobre nossos estudos. Ao querido e grade amigo Uallas Silva de Oliveira, que foi extremamente prestativo e sobretudo, no momento final da minha dissertação, quando presente, contribuindo com o registro de imagens fantásticas que ilustram o meu trabalho..

(10) Ao pessoal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória da Conquista: Hudson Castro (Secretário de Meio Ambiente), Genival Lima, Hélio da Silva, Djalma Rocha Silva e José Airton Lopes. À equipe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com sede no município de Vitória da Conquista: Ricardo Tavares Santana, Nilo Antônio Monteiro de Mendonça e ao pessoal da Defesa Civil do município de Vitória da Conquista, que atenderam prontamente às minhas solicitações. Aos colegas e amigos do laboratório de Dinâmica Ambiental (grupo de estudo Sociedade e Cultura), do laboratório de Estudos Agrários (grupo de estudo Estado, Capital e Trabalho) e do laboratório de Análise Regional (grupo de pesquisa sobre Transformações no Mundo Rural), pelos constantes debates realizados, os quais enriqueceram os meus conhecimentos. Aos professores do NPGEO pelas enormes contribuições durante as aulas que possibilitaram o amadurecimento como aluno e, por conseguinte, como geógrafo e como pessoa, com lições de vida que servirão para sempre. Aos funcionários, técnicos e bolsistas do NPGEO, France Robertson, Everton F. Santos, Vivia de J. Santos e Jonnatas D. Lima, por serem tão prestativos e atenciosos no papel que desempenham, mas principalmente, por me atenderem sempre com um sorriso no rosto. Aos meus colegas de turma de Mestrado (turma 2011), Alberlene Ribeiro, Aline Honório, Fabio Ferreira, Jamile Rodrigues, Janison Pereira, Jonas Almeida, Jorgenaldo Calazans, Leônidas Marques, Laiany Santos, Lucivalda Teixeira, Ramon Vasconcelos, Vanessa Costa, Vanilza Andrade e José Wellington Rodrigues, por terem me recebido e acolhido em Sergipe de forma tão calorosa, pelos debates que realizamos no decorrer do curso, me ampliando os horizontes e me proporcionando uma nova visão de mundo. Meus agradecimentos especiais aos colegas que se tornaram verdadeiros amigos em laços que foram se consolidando nas reuniões que fazíamos, proporcionando momentos de prazer, trocas de figurinhas em relação aos nossos anseios e expectativas em relação ao Mestrado e a vida. Ao colega, amigo e irmão, que conquistei nessa turma, com quem compartilhei todos os momentos de felicidade e tristeza durante o curso. E por fim, àquele, que se tornou o meu anjo da guarda, me estendendo a mão quando mais precisei, ou seja, quando quebrei meu pé, nesse momento fui orientado por esse anjo da guarda, que contribuiu para eu desenvolver minhas atividades. Por fim, agradeço a Sílvia Alencar e Jesuina R. Carvalho pela correção ortográfica e a todos que direta e indiretamente contribuíram para consolidação desse sonho..

(11) LISTA DE FIGURAS. Figura 01. Roteiro metodológico da pesquisa. ..................................................................................... 26 Figura 02. Vitória da Conquista, localização geográfica no Estado, 2012. ......................................... 51 Figura 03. Av. da Integração – Bairro Sumaré, Serra do Periperi/VDC-BA ....................................... 56 Figura 04. Av. Presidente Vargas – Bairro Flamengo/VDC-BA. ....................................................... 58 Figura 05. Av. Juraci Magalhães – Bairro Urbis VI/VDC-BA. ........................................................... 59 Figura 06. Av. Brumado – Bairro Brasil/VDC-BA. ............................................................................ 59 Figura 07. Anel Rodoviário, entroncamento Salvador/ Anagé – Serra do Periperi. ............................ 61 Figura 08. Anel Viário fronteira dos bairros Miro Cairo e Senhorinha Cairo – Serra do Periperi. ..... 61 Figura 09. Condomínio Vila Verde às margens do Anel Rodoviário/VDC-BA. ................................. 62 Figura 10. Edificações construídas na Serra do Periperi, Bairro Nossa Senhora Aparecida/VDC-BA 63 Figura 11. Precipitação de Vitória da Conquista, 2013........................................................................ 69 Figura 12. Rede Hidrográfica do Município de Vitória da Conquista, 2013. ...................................... 71 Figura 13. Geologia do Município de Vitória da Conquista, 2013. ..................................................... 73 Figura 14. Geomorfologia do Município de Vitória da Conquista, 2013. ........................................... 75 Figura 15. Solos do Município de Vitória da Conquista, 2013. ........................................................... 77 Figura 16. Cobertura Vegetal e Uso da Terra do Município de Vitória da Conquista, 2013 ............... 79 Figura 17. Organograma da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. ............................................... 95 Figura 18. Reestruturação da Organização da Gestão da SEMMA no Município de Vitória da Conquista............................................................................................................................................... 96 Figura 19. Nascente do Poço de Nossa Senhora Aparecida, Serra do Periperi/VDC-BA ................ 105 Figura 20. Nascente do Poço da Onça – Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................... 108 Figura 21. Via de Acesso a Nascente do Panorama – Bairro Panorama, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................................................. 109 Figura 22. Nascente do Panorama – Bairro Panorama, Serra do Periperi/VDC-BA ......................... 110 Figura 23. Lavanderia comunitária do Panorama– Bairro Panorama, Serra do Periperi/VDC-BA. .. 111 Figura 24. Nascente da Serra do Periperi com focos de Poluição – Bairro Guarani, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................... 112 Figura 25. Poço Central da reserva do Poço Escuro– Bairros Guarani/Cruzeiro, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................... 113 Figura 26. Assoreamento do Rio Verruga– Bairros Guarani/Cruzeiro, Serra do Periperi/VDC-BA. 114 Figura 27. Encontro de rios na Reserva do Poço Escuro – Bairros Gurani/Cruzeiro, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................... 115 Figura 28. Torres diversas na Serra do Periperi – Bairro Nossa Senhora Aparecida, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................... 116.

(12) Figura 29. Subestação da COELBA, Serra do Periperi– Bairro Cruzeiro, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................................................. 117 Figura 30. Depósito de entulho nas proximidades da usina de asfalto – Bairro Nossa Senhora Aparecida, Serra do Periperi/VDC-BA. .............................................................................................. 118 Figura 31. Área degradada nas proximidades do Cristo crucificado – Bairro Cruzeiro, Serra do Periperi/VDC- BA. .............................................................................................................................. 119 Figura 32. Melocactus conoideus– Parque Municipal Serra da Periperi/VDC-BA ........................... 120 Figura 33. Maquinários em mineração clandestina – Parque Municipal Serra da Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................................................. 121 Figura 34. Lixo domiciliar margeando o Poço Escuro–Bairro Petrópolis, Serra do Periperi/VDC-BA. ............................................................................................................................................................. 125 Figura 35. Alagamento de via pública – Bairro Vila Serrana, Serra do Periperi/VDC-BA. .............. 127 Figura 36. Canal Retilinizado/Enxurrada de Chuva Torrencial –Parque da Lagoa das Bateias, VDCBA. ...................................................................................................................................................... 128 Figura 37. Av. São Geraldo - Operação Pós Chuva – Bairro Centro/VDC-BA. ............................... 129 Figura 38. População urbana e rural de Vitória da Conquista, 1980-2010. ....................................... 131 Figura 39. População Residente Por Cor ou Raça nos Bairros da Serra do Periperi e em seu entorno. ............................................................................................................................................................. 132 Figura 40. Destino do Lixo em Domicílio Particulares em Bairros da Serra do Periperi e em seu entorno................................................................................................................................................. 135 Figura 41. Existência de Energia Elétrica em Bairros da Serra do Periperi e circunvizinhanças. ..... 140 Figura 42. Expansão Urbana em direção a Serra do Periperi vista de diversos ângulos, VDC – BA. ............................................................................................................................................................1622 Figura 43. Vista parcial, bairros Cruzeiro e Guarani – Serra do Periperi, VDC – BA. ....................1622 Figura 44. Vista parcial da Reserva do Poço Escuro suprimida pela expansão da cidade – Serra do Periperi, VDC – BA. ..........................................................................................................................1633 Figura 45. Consequências das chuvas torrenciais na cidade de Vitória da Conquista – BA. ...........1633 Figura 46. Setores de infraestrutura da SEMA, Vitória da Conquista – BA. ....................................1644 Figura 47. Serviços públicos ofertados nos bairros da Serra do Periperi, VDC – BA. .....................1644 Figura 48. Impactos diversos no Parque da Serra do Periperi, VDC – BA.......................................1655 Figura 49. Subatividades desenvolvidas por moradores dos bairros da Serra do Periperi, VDC – BA. ........................................................................................................................................................... 1655.

(13) LISTA DE TABELAS. Tabela 01. Tipo de Esgotamento Sanitário em Domicílios Particulares de Bairros da Serra do Periperi e adjacências – 2010............................................................................................................................ 136 Tabela 02. Forma de Abastecimento de água em Domicílios Particulares de Bairros da Serra do Periperi e arrabaldes – 2010. ............................................................................................................... 138.

(14) LISTA DE QUADROS. Quadro 01. Síntese conceitual do pensamento sistêmico. ................................................................... 44 Quadro 02. Brasil – Síntese da caracterização histórica das políticas ambientais. .............................. 85 Quadro 03. Sinopse das políticas ambientas desenvolvidas pela SEMMA de Vitória da Conquista – BA. ........................................................................................................................................................ 97 Quadro 04. Disponibilidade de escolas ou creches nos Bairros da Serra do Periperi e adjacências. . 141.

(15) LISTA DE SIGLAS APA –. Área de Preservação Ambiental. BA –. Bahia. BA –. Rodovia Estadual. BR–. Rodovia Federal. CETAS –. Centro de Triagem de Animais Silvestres. CODEMA – Conselho de Defesa do Meio Ambiente COELBA – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COMMAM– Conselho Municipal do Meio Ambiente CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente CRA –. Centro de Recursos Ambientais. FAM–. Fundo Conquistense de Apoio ao Meio Ambiente. IBAMA –. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Renováveis IBGE –. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. INEMA –. Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. MEA –. Módulo de Educação Ambiental. NE –. Nordeste. NO –. Noroeste. ONU –. Organização das Nações Unidas. PDU –. Plano Diretor Urbano. PMSP –. Parque Municipal da Serra do Periperi. PMVC –. Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. RJ –. Rio de Janeiro. RS –. Rio Grande do Sul. SE –. Sudeste. SE –. Sergipe. SEMA –. Secretaria Especial de Meio Ambiente. SEMMA –. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. SIMMA–. Sistema Municipal do Meio Ambiente. SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente SO –. Sudoeste.

(16) SP –. São Paulo. RM –. Rendimento Mensal. TV –. Televisão. UESB –. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. UNEB –. Universidade Estadual da Bahia. URBIS –. Habitação e Urbanização do Estado da Bahia S/A. VDC–. Vitória da Conquista.

(17) RESUMO. As questões referentes ao meio ambiente encontram-se em discussão nas diversas cúpulas mundiais de desenvolvimento humano, educação e saúde, visando compreender as metamorfoses ambientais naturais e antrópicas que ocorrem sobre o planeta Terra. Nesse contexto, o estudo ora desenvolvido teve como objetivo geral avaliar as relações e as implicações socioambientais na unidade geomorfológica Serra do Periperi, geradas pela expansão urbana da cidade de Vitória da Conquista. Na perspectiva de cumprir esse e outros objetivos específicos, utilizaram-se distintos procedimentos metodológicos, associados a duas etapas: gabinete e campo. Em gabinete, fez-se o levantamento bibliográfico e de documentos cartográficos, além da elaboração das cartas temáticas específicas do meio físico para dar suporte à discussão dos condicionantes geoambientais. Em campo, além das observações diretas sobre os impactos impressos na paisagem, fez-se também a realização de entrevistas. Os resultados desse estudo mostram que, no caso específico das ocupações na Serra do Periperi, os elementos que compõem os condicionantes geoambientais estão sendo afetados pelo processo de ocupação desordenada em direção a Serra, tais como: os aspectos climáticos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos e vegetacionais com funcionalidades específicas, os quais, inter-relacionados mantêm, o equilíbrio dinâmico dessa unidade geomorfológica tão importante para o município de Vitória da Conquista. Entretanto, esse equilíbrio vem sendo afetado pelo antropismo que, por sua vez, interfere nesses condicionantes, transformando-os em elementos fragilizados, e, como consequência, há o desencadeamento de diversos problemas socioambientais que afetam a população conquistense como um todo. Conclui-se, portanto, que a problemática referente aos impactos ambientais, envolvendo a Serra do Periperi, originou-se no período colonial e tem se perpetuado até os dias atuais, gerando transtornos para o município de um modo geral, sem que a gestão pública municipal adote medidas mais eficazes de combate ao processo degradacional da paisagem.. Palavras-Chave: Serra do Periperi, Expansão Urbana; Impactos Ambientais..

(18) ABSTRACT. Issues relating to the environment are discussed in the various summits of human development, education and health, to understand the natural and anthropogenic environmental metamorphosis that occurs on the Earth. In this context, the purpose of this study was analyzing the Serra do Periperi and the environmental implications caused in this geomorphological unit, resulting from urban expansion at Vitória da Conquista. In order to accomplish the aim of the preceding paragraph, and other specific objectives, we used different methodological procedures associated with two steps: the office and field. In office, we did the bibliographical survey and cartographic documents, beyond the preparation of specific thematic maps of the physical environment to support discussion of geoenvironmental conditions. In the field research, in addition to direct observations of the impacts on the landscape prints, it was also conducting interviews. The results of this study show that, in the specific case of occupations in the Serra do Periperi, the elements that make up the geo-environmental conditions are being affected by the process of sprawl toward the mountains, such as: climate aspects, geological, geomorphological, pedological and vegetation with specific features, which interrelated maintain the dynamic balance of this geomorphological unit so important to Vitória da Conquista county. However, this balance has been affected by anthropism which in turn interfered these constraints transforming them into fragile elements, and consequently may trigger various environmental problems that affect the conquistense population as a whole. Therefore, we conclude that the issues related to environmental impacts involving Serra do Periperi originated in the colonial period and have been perpetuated to the present day, causing inconvenience to the city in general, without the municipal public administration adopt more effective measures to combat degradational processes of the landscape. Keywords: Serra do Periperi, Urban Expansion, Environmental Impacts..

(19) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 20 1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................ 25 2. ESTUDO DAS PAISAGENS DAS ENCOSTAS SOB A ÓTICA DA ABORDAGEM GEOSSISTÊMICA ............................................................................................................................. 28 2.1 A DECADÊNCIA DA TEORIA MECANICISTA E O NOVO PARADIGMA ....................... 28 2.2 NUANCES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE PAISAGEM .................................................. 31 2.3 O GEOSSISTEMA NO ESTUDO DA PAISAGEM .................................................................. 37 2.3.1 AS ENCOSTAS COMO CATEGORIA DE ANÁLISE DA PAISAGEM .......................... 45 3.. VITÓRIA DA CONQUISTA: SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTO HISTÓRICO 50 3.1 SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS............................................ 50 3.2 DE ARRAIAL À VILA NASCE A CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA. ..................... 52 3.3 A INFLUÊNCIA DAS RODOVIAS NA EXPANSÃO URBANA DA CIDADE. .................... 54 3.4 CONEXÕES DA BR 116 COM A SERRA DO PERIPERI E AS RODOVIAS – BA 262; BA 415; BR 101 ...................................................................................................................................... 55 3.5 ANEL RODOVIÁRIO: SOLUÇÃO-PROBLEMA .................................................................... 60 3.6 VITÓRIA DA CONQUISTA E A EXPANSÃO URBANA ...................................................... 63 3.7 A. ZONA NORTE COMO ÁREA DE ATRAÇÃO À POBREZA ......................................... 65. 4. CONDICIONANTES GEOAMBIENTAIS DE VITÓRIA DA CONQUISTA E SERRA DO PERIPERI............................................................................................................................................ 67 4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS E HIDROGRÁFICOS ................................................................... 67 4.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS .......................................................... 72 4.4 ASPECTOS PEDOLÓGICOS E FITOGEOGRÁFICOS ........................................................... 76 5. O PODER PÚBLICO EM VITÓRIA DA CONQUISTA E O GERENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................................................................... 83 5.1 POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL E SEUS REFLEXOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA .................................................................................................................................... 83 5.2 O PARQUE MUNICIPAL DA SERRA DO PERIPERI ............................................................ 91 6. A SERRA DO PERIPERI E AS (INTER) RELAÇÕES COM VITÓRIA DA CONQUISTA ........................................................................................................................................................... 1033 6.1 UM BREVE OLHAR SOBRE AS ESTRUTURAS DOS SETORES AMBIENTAIS MUNICIPAIS ................................................................................................................................1033 6.2 CONFLITOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS NA SERRA DO PERIPERI .............................................................................................................................................105 6.3 AS MULTIFACES DA PAISAGEM DA SERRA DO PERIPERI .......................................... 115.

(20) 6.3.1 RESQUÍCIOS DE MATA NATIVA E DEVASTAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA SERRA DO PERIPERI ........................................................................................................ 122 6.3.2 A SERRA DO PERIPERI E SUA CONEXÃO COM O URBANO ................................. 123 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 143 8. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 150 APÊNDICES ....................................................................................................................................... 160 APÊNDICE A ................................................................................................................................. 161 Mosaico de paisagens ..................................................................................................................... 161 APÊNDICE B ................................................................................................................................. 166 Roteiro de Entrevistas ..................................................................................................................... 166.

(21) 1. INTRODUÇÃO. As metamorfoses ambientais em função das atividades realizadas pelos seres humanos sempre ocorreram, mas nos últimos tempos essas metamorfoses têm acontecido com frequência cada vez maior, e isso porque a competência dos humanos em modificar, transformar e moldar as paisagens também tem aumentado bastante. Por conta disso, a questão ambiental tem estado entre as temáticas mais discutidas da atualidade, fato que se deve às condições ambientais da qualidade de vida que o homem tem proporcionado para si e, consequentemente, para o planeta como um todo. O que se tem observado nos últimos tempos, é que o aumento do poder do homem sobre a natureza tem ocasionado mudanças em grandes proporções no ambiente, gerando problemas de diversas ordens, que, aliados ao crescimento populacional com ocupação de novas áreas, assim como a exploração de novos recursos naturais, tem causado uma pressão cada vez maior sobre o meio físico (GUERRA e MARÇAL, 2006), justificando-se, com isso, a opinião dominante de que os processos de urbanização e industrialização tem tido um papel fundamental nos danos ambientais ocorridos nas cidades, pois o rápido crescimento causa uma pressão significativa sobre o meio físico urbano, tendo as consequências mais variadas, tais como: poluição atmosférica, do solo e das águas, deslizamentos e enchentes, entre outros. Nesse sentido, o aumento crescente dos problemas ambientais tem levado a comunidade científica a conduzir seus trabalhos, nos últimos tempos, na direção de buscar soluções para os impactos ambientais oriundos das atividades humanas sobre o espaço ocupado. Por esse motivo, torna-se provável que um dos grandes desafios para as ciências, na contemporaneidade, seja o de ajustar suas metodologias ou redirecionar suas ações, na perspectiva de viabilizar mecanismos e possíveis respostas que possam levar a soluções, ou pelo menos, minimizar os impactos que ocorrem sobre a superfície terrestre, já que a questão socioambiental pode ser traduzida pela busca do equilíbrio no relacionamento entre os vários componentes que o meio natural estabelece entre si e a sua capacidade de responder aos diferentes distúrbios que lhe são impostos pelas formas de atividade da sociedade sobre a natureza.. 20.

(22) Partindo desse pressuposto, a presente investigação tem como foco avaliar a relação entre sociedade e natureza, enfatizando os aspectos geomorfológicos da Serra do Periperi e as implicações socioambientais geradas pela expansão urbana da cidade de Vitória da Conquista, uma vez que o aprofundamento da interação entre a ação antrópica e o meio natural no espaço urbano cria situações singulares e evidências específicas que devem ser analisadas em particular. Sendo assim, o desenvolvimento dessa pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender as imbricações que ocorrem no espaço geográfico da referida cidade. A urbanização desordenada é um fato que vem ocorrendo em diversas partes do globo terrestre, sobretudo em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Nesse sentido, a população também tem ciência de que a referida questão tem gerado uma gama de problemas, dentre eles, o de redução da cobertura vegetal, perda da fauna, desencadeamento de diversos tipos de danos ao solo, mudanças no microclima local, além daqueles voltados à questões estruturais do meio urbano como rede de drenagem e saneamento, entre outros, com repercussão para o relevo como um todo. Essa combinação de fatores causa impactos ambientais de diferentes naturezas nas cidades, e as encostas são as que primeiro sofrem esses reflexos, tendo repercussões sobre vários ambientes urbanos (GUERRA, 2011). Assim, o solo e os corpos líquidos existentes nas encostas serão afetados, mas não só estes como também aqueles existentes em áreas adjacentes, e é claro, a população que vive próxima a essas áreas e todos aqueles que circulam pela cidade. As transformações que o homem proporciona no meio urbano tem colocado a sua qualidade de vida em risco nas últimas décadas e, com isso, despertado o seu interesse para a sustentabilidade não só das cidades, mas da Terra como um todo, em decorrência da crise ambiental que a assola. Tal preocupação não se refere apenas à questão da preservação da natureza, por razões de civilidade e altruísmo planetário, mas, sobretudo, pela própria sustentabilidade do planeta e, no seu bojo, da civilização humana, a fim de que a vida do homem na face da Terra seja preservada de forma saudável, digna e produtiva. A leitura dessas questões, realizadas atualmente pelo viés da ciência revela, e destaca o aspecto das avarias e danificações físico-químicas sobre a natureza, por interferências inadvertidas e até impensadas do ser humano. Neste aspecto, ressalta-se a relevância do papel da ciência geográfica no estudo da relação homem-meio, uma vez que a Geografia distingue21.

(23) se no âmbito do conhecimento humano pelo caráter do seu objeto de estudo – o espaço geográfico. “Espaço que se pode analisar em suas várias metamorfoses: paisagem, território, lugar, região, cidade, campo”, entre outras (LAGE, 2004, p. 7). Segundo Ross A Geografia engloba, entre outras questões, o estudo do meio ambiente em seus aspectos naturais, bem como das sociedades; entretanto, não estabelece o modo de integrar satisfatoriamente os dois lados, sociedade e natureza. Contudo, a Geografia contemporânea encontra-se preparada, mais que outras ciências, para os estudos ambientais, pois dispõe de métodos necessários, com um imenso volume de dados científicos sobre o meio natural e seus recursos, bem como sobre o grau e as formas de sua proteção e aproveitamento econômico (ROSS, 2006, p.16).. Portanto, trata-se de uma ciência essencial, que deva ser tomada como modelo para um estudo, como o que ora se apresenta. Em Vitória da Conquista, na unidade geomorfológica Serra do Periperi, não é difícil observar o modo como a influência da ação antrópica interfere na biodiversidade desta localidade, ocasionando um efeito desastroso ao ambiente. A Serra caracteriza-se por ser detentora de aspectos biogeográficos bem marcantes como a espécie Melocactus conoideus, cacto endêmico e ameaçado de extinção. Além disso, guarda nascentes importantes como a do Rio Verruga e os minadouros do Panorama, Nossa Senhora Aparecida e Bebedouro da Onça. Em 1998, o Parque Municipal Serra do Periperi (PMSP) foi criado para proteger essa diversidade de espécies e ambientes, que são importantes para manter o equilíbrio microclimático e paisagístico urbano, além de se constituir em um refúgio para a fauna silvestre regional ameaçada de extinção. De acordo com Guerra (2004, 2011), no Brasil não há muitos estudos teóricos, conceituais e metodológicos envolvendo, especificamente, a relação das encostas e o urbano. Pesquisadores e estudiosos, como Ab’Sáber (1957) e Christofolletti (1967), já consideravam a necessidade de pesquisas geomorfológicas relacionadas à ação humana e suas consequências desastrosas. Seguindo o padrão nacional, Vitória da Conquista não foge à regra, apesar dos impactos observados por outras áreas do conhecimento de forma dispersa, insipientes são os estudos que envolvem a temática com o olhar geográfico. Entretanto, a complexidade que abarca os estudos envolvendo encostas, bem como a carência de estudos geoambientais no Planalto da Conquista, de forma especial na Serra do Periperi, que compreende o Parque Municipal da Serra do Periperi (PMSP) e o Poço Escuro, 22.

(24) unidade de preservação de grande importância para o Município de Vitória da Conquista, encetou a necessidade da realização desse estudo. Destarte, trata-se ainda de um estudo de suma importância não só no campo acadêmico, mas também na esfera governamental por diversos motivos: a) grande parte da Serra do Periperi está localizada fora do PMSP e é uma área totalmente fragilizada pela ação antrópica, por isso mesmo, carece de medidas que auxiliem na manutenção do que ainda existe como fatores de equilíbrio; b) nessas áreas ainda ocorre extrativismo vegetal e mineral, cultivos de subsistência, queimadas, pisoteio de gado, expansão urbana, depósito de entulho e alojamento de uma usina de asfalto e; c) um olhar mais específico sobre o uso e ocupação do solo, na referida área, nos últimos anos, permite aos estudiosos e autoridades locais realizarem projeções do efeito antrópico, criando condições para futuros planos estratégicos que possam auxiliar na contenção dos impactos. Pelo exposto, fica clara a dimensão e importância dessa pesquisa, a qual se consolidou a partir de algumas inquietações que nortearam o seu desenvolvimento. Desta feita, elenca-se as seguintes questões: A expansão urbana da cidade de Vitória da Conquista, em direção a unidade geomorfológica Serra do Periperi, tem contribuído para que haja aí, movimentos de massa, expondo a população local e do seu entorno aos riscos associados a esse tipo de evento? Das atividades econômicas realizadas na Serra do Periperi, qual ou quais têm contribuído para a aceleração de ocorrência do processo erosivo em suas encostas e em áreas contíguas? O poder público de Vitória da Conquista tem realizado ações mitigadoras com o objetivo de sanar os problemas ambientais gerados pela expansão urbana desordenada nesse município? A ação antrópica sobre as vertentes da Serra do Periperi têm causado prejuízos socioambientais com causas e efeitos onsite (local) e ofissite (fora do local)? Essas inquietações foram respondidas a partir de um planejamento metodológico respaldado nos seguintes objetivos: a. Analisar os tipos de danos ambientais que a expansão da cidade de Vitória da Conquista tem causado à Serra do Periperi; 23.

(25) b. Verificar se os tipos de atividades praticadas pelo homem interferem no desenvolvimento de processos erosivos na Serra do Periperi e em seu entorno, na perspectiva de buscar alternativas de recuperação das áreas degradadas; c. Avaliar o grau de interferência do poder público municipal no gerenciamento dos impactos socioambientais decorrentes da expansão da cidade de Vitória da Conquista; d. Verificar se a ação antrópica sobre a Serra do Periperi tem causado prejuízos socioambientais com causas e efeitos no local e em áreas contíguas. Assim, com o cumprimento desses objetivos resultou esta pesquisa, que está estruturada em cinco capítulos, a saber: O capítulo I, cujo título é O Estudo das Paisagens das Encostas sob a ótica da abordagem Geossistêmica, traz uma abordagem teórica sobre a decadência da Teoria Mecanicista e o consequente surgimento da Teoria Geral dos Sistemas, a qual serviu como base filosófica para o nascimento da Teoria do Geossistema. Esta base analítica consubstanciou o presente estudo na categoria de análise Paisagem. Já o capítulo II evidencia o contexto histórico do município de Vitória da Conquista, fazendo uma viagem ao longo do tempo. Nesse capítulo, evidencia-se que o processo de dilapidação da Serra do Periepri iniciou-se no período colonial e permanece até os dias atuais. No decurso do processo de urbanização da cidade, a degradação alastrou-se em função das edificações que surgiram sobre a Serra e, sobretudo, pela construção da BR 116 e rodovias que com ela se comunicam. No que tange ao capítulo III, a abordagem destaca os condicionantes geoambientais do município de Vitória da Conquista, com maior foco para a Serra do Periperi. Os condicionantes foram caracterizados, levando-se em consideração as especificidades e peculiaridades dos sistemas ambientais, com o intuito de compreender que, mesmo com suas especificidades, o funcionamento desses ambientes ocorre de forma sistêmica, dinâmica e não compartimentada. O capítulo IV refere-se ao gerenciamento ambiental no município de Vitória da Conquista, para isso, recorreu-se às políticas públicas no Brasil verificando-se os reflexos dessas políticas sobre o município em questão, o qual a partir de tais reflexos implantou-se o 24.

(26) Parque Municipal da Serra do Periperi, bem como outras políticas públicas ambientais, das quais muitas se materializam em setores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sendo aqui feito um passeio sintetizando sua estrutura. Por fim, o capítulo V faz uma análise da Serra do Periperi com o urbano, sendo avaliado o uso e ocupação desse espaço, bem como as consequências advindas para a Serra, os seus moradores e a cidade de Vitória da Conquista. Por isso, a abordagem desse capítulo começa pelos setores públicos que se encontram instalados na Serra, e posteriormente pelas diversas paisagens que o homem vem construindo ao longo do tempo sobre ela, assim como a análise da infraestrutura dos bairros que a compõem, de modo que haja uma melhor compreensão da problemática socioambiental constatada no presente estudo.. 1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. Na perspectiva de cumprir os objetivos delineados nesse estudo, apoiados na abordagem geossistêmica, através do uso da categoria de análise paisagem, utilizaram-se distintos procedimentos metodológicos, associados a duas etapas: gabinete e campo (Figura 01) Em gabinete, fez-se, inicialmente, o levantamento bibliográfico indispensável à sustentação da discussão teórico-metodológica para embasamento desse estudo, além da consulta a outras fontes secundárias em documentos impressos e digitais (livros, periódicos, CDs, trabalhos acadêmicos, entre outros), bem como de documentos cartográficos, fundamentais para a elaboração das cartas temáticas específicas do meio físico e socioeconômico. Nessa etapa, buscou-se, ainda, em órgãos da administração pública direta e indireta informações pertinentes aos aspectos socioeconômicos, priorizando as variáveis dinâmica demográfica, dinâmica econômica, e os indicadores de qualidade ambiental disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional da Bahia (CAR), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), Secretaria de Obras e Infraestrutura, entre outras. Ainda na fase de gabinete, elaborou-se cartas temáticas específicas de precipitação, geologia, geomorfologia, rede hidrográfica, solos, cobertura vegetal e uso da terra, entre 25.

(27) outras, embasados na técnica de cartografia digital e utilização da ferramenta computadorizada. Essas cartas foram elaboradas a partir de uma única base cartográfica, proveniente da Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia (2012), fazendo uso do software Arc View 9.3 e Global Mapper 13, na elaboração do perfil topográfico. Figura 01. Roteiro metodológico da pesquisa.. Levantamento Bibliográfico e Documental. Condicionantes Geoambientais:  Clima. Levantamento Socioeconômico:  Dinâmica.  Geologia  Geomorfologia  Recursos Hídricos  Flora e Fauna. Demográfica Elaboração da Base Cartográfica.  Dinâmica Social. Pesquisa in Loco. Análise dos Aspectos Socioeconômicos.  Uso e Ocupação do Solo  Elaboração de Mapas e Cartas Temáticas. Análise dos Condicionantes Geoambientais.  Indicadores de Qualidade Ambiental. Análise Socioambiental. Dissertação. Organização: Iguaraci Santos da Silva, 2013. 26.

(28) Na fase de trabalho de campo para estudo das condições geoambientais, foram feitas várias observações in loco, em oito momentos pré-estabelecidos, em alguns desses priorizando a realização de entrevistas com técnicos vinculados a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria de Obras e Infraestrutura e outros segmentos da população. Nessa fase da pesquisa utilizou-se o mapa da área de estudo como instrumento de apoio, bem como a câmera fotográfica digital, a qual registrou os diversos cenários apresentados na paisagem da Serra do Periperi. Esta etapa foi auxiliada pela caderneta de campo possibilitando a realização de anotações que descreveram o acentuado grau de degradação ambiental evidenciado pela ação antrópica ao longo dos anos. Por fim, realizou-se a análise e interpretação dos dados coletados em campo e gabinete, culminando com o relatório final.. 27.

(29) 2. ESTUDO DAS PAISAGENS DAS ENCOSTAS SOB A ÓTICA DA ABORDAGEM GEOSSISTÊMICA. 2.1 A DECADÊNCIA DA TEORIA MECANICISTA E O NOVO PARADIGMA Decorrido o primeiro decênio do século XXI, o ser humano ainda continua cometendo os mesmos erros que foram cometidos no passado. Esta postura coloca em xeque o modo de vida e de agir do homem contemporâneo, que, mesmo diante de tanto desenvolvimento tecnológico, vivencia uma crise ambiental calcada no consumismo desenfreado e na visão reducionista de que a natureza é fonte inesgotável de matéria-prima. Essa dilapidação da natureza têm como consequência o desequilíbrio ambiental e abalos na saúde física, mental, e social dos indivíduos que habitam a superfície terrestre. Neste sentido, Capra ratifica dizendo que É uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, da tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta (CAPRA, 1982, p. 19).. Ainda em consonância com Capra, a crise do modo de vida contemporâneo é apontada em sua obra “O Ponto de Mutação”, pela visão de mundo mecanicista da ciência cartesiananewtoniana. Nesta obra o autor enfatiza que [...] nossa sociedade, como um todo, encontra-se em uma crise derivada do fato de que estamos tentando aplicar os conceitos de uma visão de mundo obsoleta – a visão de mundo mecanicista da ciência cartesiana-newtoniana – a uma realidade que já não pode ser entendida em função desses conceitos. Vivemos hoje num mundo globalmente interligado, no qual os fenômenos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais são todos interdependentes. Para descrever esse mundo apropriadamente, necessitamos de uma perspectiva ecológica que a visão de mundo cartesiana não nos oferece (CAPRA, 1982, p. 45).. A visão cartesiana-newtoniana aborda o mundo de modo dividido como um sistema mecânico composto de elementos básicos característicos de uma máquina que pode ser compartimentada e descrita por fórmulas matemáticas que explicam a sua lógica de ser. Deste modo, tem-se a ideia de que a soma das partes é igual ao todo. Essa é uma compreensão 28.

(30) oriunda do conceito matemático, portanto quantitativo e não qualitativo. Por isso, o estudo das partes não caracteriza o todo, “É interessante colocar que esses procedimentos analíticos só funcionam se as interações entre as partes são inexistentes ou fracas o suficiente para serem negligenciadas em certos propósitos de pesquisa” (NUCCI, 2007, p. 78). Contudo, pode-se perceber nos fatos cotidianos que [...]tal concepção mecanicista do mundo ainda está na base da maioria de nossas ciências e continua a exercer uma enorme influência em muitos aspectos de nossa vida. Levou à bem conhecida fragmentação em nossas disciplinas acadêmicas, entidades governamentais e serviu como fundamento lógico para o tratamento do meio ambiente natural como se ele fosse formado de peças separadas a serem exploradas por diferentes grupos de interesses (CAPRA, 1982, p. 37).. Sem desmerecer o mecanicismo e a sua contribuição à ciência, essa é uma visão decadente que não permite avaliar o mundo de forma holística, sistêmica. “O sistema constitui-se no modelo mais amplo para a análise dos fenômenos da natureza” (SANTOS, 2004, p. 44). Ludwig Von Bertalanffy – “o biólogo austríaco, autor da Teoria Geral dos Sistemas e unanimente reconhecido como um dos teóricos pioneiros dos sistemas” – (VASCONCELLOS, 2002, p.186), vislumbrou a consolidação de uma “ciência geral da totalidade”, comprovando, através de seus escritos, que conceitos e princípios sistêmicos podem ser empregados em diferentes ramos do conhecimento (SANTOS, 2004), quer sejam de natureza física, biológica; quer de natureza sociológica, desenvolvendo princípios básicos e até mesmo interdisciplinares. Dentre as áreas do conhecimento em que esta teoria pode ser aplicada, de acordo com Vasconcelos (2002, p. 196), podem ser citadas as seguintes: a “Embriologia, o Sistema Nervoso, a Cognição, a Psicologia, a Ecologia, a Economia, as Ciências Sociológicas, a Organização Administrativa, os Processos de Urbanização, os Negócios, o Governo, as Políticas Internacionais” entre outras. Conforme relata Bertalanffy (1975, p. 57) Parece, portanto que uma teoria geral dos sistemas seria um instrumento útil capaz de fornecer modelos a serem usados em diferentes campos e transferidos de uns para outros, salvaguardando ao mesmo tempo do perigo das analogias vagas, que muitas vezes prejudicaram o progresso nesse campo.. Fica evidente que o paradigma holístico adotado na contemporaneidade tem seus princípios baseados em leis universais, focalizando isomorfismos em diferentes campos, ou seja 29.

(31) Há correspondências entre os princípios que governam o comportamento de entidades que são intrinsecamente de todo diferentes. Para dar um exemplo simples, uma lei exponencial de crescimento aplica-se a certas células bacterianas, a populações de bactérias, de animais ou de seres humanos e ao progresso da pesquisa científica, medida pelo número de publicações em genética ou na ciência em geral. As entidades em questão, bactérias, animais, homens, livros. São completamente diferentes e o mesmo se dá com mecanismos causais em ação. Contudo, a lei matemática é a mesma (BERTALANFFY, 1975, p. 56).. Entretanto, Bertalanffy enfatiza que se trata de uma unidade da ciência baseada na isomorfia de leis em diferentes campos, tornando-se, assim, “desnecessária a descoberta dos mesmos princípios, ou leis, em diversos campos isolados” (VASCONCELOS, 2002, p.197). A teoria “clássica” dos sistemas propôs que não só daria definições exatas dos conceitos como também os submeteria à análise quantitativa, quando isso fosse necessário, Para tanto, se aplica a matemática clássica, isto é, o cálculo, que segundo Bertalanffy (1975, p. 38) “tem por finalidade enunciar princípios que se aplicam em sistemas em geral ou subclasses definidas (por exemplo, sistemas fechados e abertos), fornecer técnicas para sua investigação e descrição e aplicar estas técnicas aos casos concretos”. Dentro dessa visão matemática, Santos (2004, p. 46), salienta que Um aspecto chave importante nos estudos sistêmicos refere-se a organização dos componentes, pois quando dizemos que “o todo é mais do que a soma das partes”, o sentido perde a ambiguidade e o mistério: o “mais do que”, aponta para a organização, que confere ao agregado características não só diferentes, mas também, muitas vezes, não encontradas nos componentes isolados; e a “soma das partes” significa não a sua adição numérica, mas a sua agregação não organizada.. Isso leva a refletir que o sistema não é um simples somatório das características dos elementos existentes em cada parte, e sim, um conjunto de elementos inter-relacionados com suas partes, pois, se não os fossem, seriam apenas um amontoado de coisas. Ainda que pareça contraditório, o mundo moderno, com todo aparato tecnológico levou a pensar, não em termos de máquinas isoladas, mas em termos de sistemas que estão presentes em todos os campos de conhecimento, nos quais se insere a ciência geográfica. A esse despeito Tomasoni (2004, p. 26) relata que A complexidade necessária na compreensão das transformações globais e o apoio na teoria sistêmica geraram profundas transformações na base da geografia física, levando a proposição de modelos que permitiram seu amplo reconhecimento por outras áreas, a exemplo da aplicação do geossistema ou 30.

(32) da ecodinâmica como princípio metodológico e organizativo de dezenas de trabalhos importantes.. Os estudos realizados à luz desses modelos podem fornecer informações sobre a dinâmica da natureza, possibilitando o planejamento para o uso prudente do espaço geográfico com fins à equidade atemporal.. 2.2 NUANCES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE PAISAGEM Desde o século XIII até a contemporaneidade, a Geografia apresentava e ainda apresenta diversas correntes de pensamento geográfico que deixaram uma vasta herança como discurso ordenador do mundo, a partir de estudos e análises das formas operadas pela natureza e pelo homem, buscando explicar suas conexões. Para tanto, o geógrafo também vem fazendo o uso de diferentes categorias ou unidades de análise espacial denominadas de espaço, região, território, lugar e paisagem, as quais lhes dão maior suporte para a compreensão do objeto que se pretende estudar. Tradicionalmente, a paisagem tem sido escolhida como objeto de observação e de estudo da Geografia Física. Dentro desse contexto, Nascimento e Sampaio (2004/2005, p. 167) entende que a Geografia Física é O estudo da organização espacial dos geossistemas, de vez que essa organização se expressa pela estrutura conferida pela distribuição e arranjo espacial dos elementos que compõem o universo do sistema, os quais são resultantes da dinâmica dos processos atuantes e das relações entre os elementos.. O estudo integrado na Geografia não é algo recente, Guerra e Marçal (2006) Freitas e Cunha (2004) e Freitas (2002), sinalizam que a Geografia tem a sua formação diretamente relacionada com a busca de uma visão integrada entre a natureza e a sociedade. No contexto, podem ser elencados exemplos de obras consagradas nas escolas geográficas clássicas da Alemanha, França e Rússia respectivamente aos seus autores: Humboldt e a influência romântica da Natur Philosophie; Reclus e Sorre, com o uso de métodos ecológicos de análise e Vernadsky na Ciência da Paisagem com suas noções de biosfera e noosfera. Deve-se ressaltar que é a partir dos anos 60 e 70 do Século XX que a construção de um conhecimento mais conjuntivo, tomando como base uma abordagem sistêmica, com o objetivo de promover uma análise integrada do espaço geográfico, toma força. 31.

(33) Neste sentido, a Geografia tem se encarregado de fazer este tipo de estudo que abarca variáveis físicas, ecológicas e sociais, elegendo a categoria paisagem como objeto de aplicação para os estudos com métodos sistêmicos (CUNHA e FREITAS, 2004). Partindo do conceito de sistema, chega-se ao conceito de geossistemas, os quais podem ser definidos como formações naturais que experimentam o impacto dos ambientes: social, econômico e técnico. Segundo Penteado (1978, p. 155) “este é o conceito mais amplo de geossistemas”. Ross, chama a atenção para a origem da base teórica do conceito de geossistema ao expor que O suporte teórico de geossistema, tanto para os russo-soviéticos como para os franceses, está na noção de “paisagem ecológica”, introduzida por Troll a partir do final da década de 1930 e na ampliação do termo e conceito de ecossistema de Tansley em 1935, que se desenvolveram nas décadas de 1940/1950 e alavancaram a Geografia Física dos russos e franceses nas décadas seguintes (ROSS, 2006, p. 28).. Autores como Bertrand (1971), Tricart (1977), Bólos (1981), Rougerie e Beroutchachvili (1991), Christofoletti (1999), entre outros apontam que, para os estudos de Geografia Física, nos últimos anos, a visão geossistêmica como abordagem metodológica, vem-se evidenciando como seu objetivo fundamental, considerando que os geossistemas correspondem a fenômenos naturais (fatores geomorfológicos, climáticos, hidrológicos e vegetação). Porém, englobando os fatores econômicos e sociais, que, juntos, representam a paisagem modificada, ou não, pela sociedade. Nessa linha de raciocínio, Nascimento (2004/2005, p. 168) contribui, afirmando que “o estudo geossistêmico considera os subsistemas naturais e todas as influências dos fatores socioeconômicos. Atua ainda em planejamentos (territoriais e regionais), no planejamento socioambiental e também no ensino”. O geossistema apresentado por Sotchava, na antiga União Soviética no início da década de 1960, marca um novo período de análise sobre a paisagem. De acordo com Cunha e Freitas (2004, p. 90), os geossistemas para Socthava são “unidades espaciais integrando os aspectos físicos, ecológicos e sociais da paisagem, com uma dinâmica relacionada aos fluxos termodinâmicos de matéria e energia”. Todavia, houve críticas sobre a definição de Socthava para o geossistema, por conta do caráter pouco dialógico e, sobretudo, pela ausência de uma maior precisão espacial (NASCIMENTO, 2004/2005). Os geossistemas foram divididos em duas categorias, “os geômeros, quando definem espaços territoriais homogêneos, e os geócoros, que definem espaços territoriais com conjuntos de unidades heterogêneas” (ROSS, 32.

(34) 2006, p. 26), Em suma, o termo geossistema não apresenta escala de grandeza definida, podendo ser aplicado em qualquer das dimensões de análise. Neste sentido, Nascimento (2004/2005), corrobora dizendo que de forma geral, Sotchava os conceituou em homogêneos ou diferenciados em três níveis: planetário, regional e topológico, de sorte que qualquer desses níveis pode ser chamado de geossistema, sem maiores critérios. Quanto às categorias, são inter-relacionadas, mas também, ponto a ponto, autônomas. A outra corrente de pensamento ligada aos estudos do geossistema, pertencente à escola francesa, focaliza o geossistema de forma diferente da escola russa, considerando o geossistema como um nível na escala espaço-temporal da análise das paisagens, sendo esta, por sua vez, resultante da integração de seus elementos. Este estudo foi adaptado em 1972 por Bertand, ao caso francês, inserindo-se unidades taxonômicas de escala mais compatível a influência humana (CUNHA e FREITAS, 2004). Segundo Bertrand (1971), geralmente o geossistema é formado de paisagens diferentes que representam estágios de sua evolução. É bom frisar que na versão de geossistema proposta pelo biogeógrafo Georges Bertand, ele não eliminou o que havia sido pensado por Sotchava, mas acrescentou novos elementos que o consolidou. Neste sentido, Nascimento (2004/2005, p. 169) diz que (...) Bertrand otimiza o conceito de Sotchava e dá à unidade geossistêmica conotação mais precisa, estabelecendo uma tipologia espaço-temporal compatível com a escala socioeconômica, enfocando os fatores biogeográficos e socioeconômicos enquanto seus principais conformadores, além de considerar a teoria da bio-restasia do pedólogo alemão Erhart, relacionando a evolução dos solos à cobertura vegetal e às condições de evolução do relevo e seus respectivos processos adjuntos.. Numa busca de sintetizar a paisagem, Bertrand estabeleceu um sistema taxonômico para o geossitema, classificando-o em função da escala. Essa classificação é composta por seis níveis, os quais de acordo com Bertand (1971) foram subdivididos em unidades superiores (zona, domínio e região) e unidades inferiores (geossistema, geofácies e geótopo). “Sendo o geossistema proporcionado pela dinâmica entre o potencial ecológico, exploração biológica e ação antrópica” (NASCIMENTO, 2004/2005, p. 169). Ressalte-se, que mesmo havendo uma hierarquia, não há exatidão da dimensão de cada unidade, variando conforme a escala de tratamento do espaço e do tempo estudados em cada caso (PISSINATI e ARCHELA, 2009).. 33.

(35) É, inicialmente, por meio de Bertrand, que o Brasil, em 1971, passa a ter conhecimento do conceito de geossistema, através de sua obra intitulada “Paisagem e Geografia Física Global: esboço metodológico” (PISSINATI e ARCHELA, 2009 e ROSS, 2006). Esta “obra foi traduzida pela professora Olga Cruz, do departamento de Geografia da Universidade de São Paulo” (PISSINATI e ARCHELA, 2009, p. 6) e causou forte impacto nos estudiosos da Geografia brasileira, sobretudo, “pela deficiência dos conhecimentos prévios que estavam sendo gerados, principalmente, na Alemanha e na ex-URSS” (ROSS, 2006, p. 28). Bertrand reelaborou seus estudos e, num passado recente, apresentou seus escritos em um curso de extensão no “VII Simpósio Nacional de Geografia Física Aplicada”, realizado na Universidade do Paraná, em Curitiba, no ano de 1997. Sua nova proposta trata a questão ambiental com base em “um sistema conceitual tripolar e interativo: o Sistema GTP – Geossistema, Território e Paisagem” (PISSINATI e ARCHELA, 2009 e ROSS, 2006). Em síntese, trata-se de uma estratégia tridimensional em três espaços e em três tempos. Além dos estudos geossistêmicos de Bertrand, outra proposta relevante que merece destaque dentro dos estudos com visão sistêmica é a proposta metodológica de Tricart (1965). Expressão máxima da geomorfologia francesa, traduz-se por um manual de pesquisa em geomorfologia, publicado com o título de "Principes et Méthodes de La Geomorphologie”, em que apresenta uma das formas mais antigas de subdividir a paisagem terrestre, classificando o Globo em oito níveis de grandeza espacial. Ele considera as quatro primeiras grandezas como global sob influência da estrutura, enquanto que as demais, como formações regionais diretamente ligadas ao clima, modeladas por erosão e sedimentação (GUERRA e MARÇAL, 2006). Ross (2000, p. 45) salienta que é “um trabalho de grande importância e que jamais poderá ser deixado de lado ao se executar uma pesquisa em geomorfologia”. As contribuições de Tricart se completam quando ele, em 1997, propõe que a paisagem seja analisada pelo seu comportamento dinâmico. Neste ano, o referido autor publicou no Brasil pelo IBGE a obra intitulada de “Ecodinâmica”, passando a ver a natureza e a sociedade no contexto do entendimento da abordagem integrada, sobretudo para as questões de natureza sob os efeitos da sociedade. Ainda conforme este autor, essa sua postura é Uma atitude dialética entre a necessidade de análise e a necessidade contrária de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação eficaz 34.

Referências

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