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A teoria da base econômica

A teoria da base econômica teve início com o estudo de Nor- th (1977a) para explicar como se dá o processo de desenvolvimento econômico via base econômica das atividades produtivas. Esse estudo é considerado o primeiro a dar uma formulação do conceito de base aplicado ao contexto regional.

Essa teoria possibilita a forma mais simples de modelo de ren- da regional e a sua importância está no fato de que serve como es- trutura teórica para estudos empíricos de regiões (RICHARDSON, 1975). Ela explica as relações inter-regionais que envolvem o fluxo de mercadorias, de pessoas e de serviços, bem como avalia as impli- cações desses fluxos entre a região e o restante da economia mundial. Partindo da teoria da base econômica, Schwartzman (1975) explica que o desenvolvimento de uma região depende do dinamis- mo da base e da sua difusão para o resto da economia regional, ou seja, deve apresentar duas condições necessárias para o desenvolvi- mento: 1) manutenção do dinamismo do produto de exportação; 2) difusão do dinamismo para outros setores da economia (Figura 5).

A primeira condição para haver desenvolvimento econômico é o crescimento da renda real de uma economia. Sendo assim, é ne- cessário que a venda dos produtos de exportação cresça a uma taxa expressiva para que condições necessárias ao desenvolvimento sejam criadas na região.

Figura 5 - Fatores que condicionam a capacidade de uma região se desenvolver a

partir de uma base econômica

Fonte: Schwartzman, (1975), adaptado pelo autor.

A segunda condição ocorre quando a difusão do produto de exportação desenvolve outros setores da economia e, para que isso aconteça, é necessário que outras atividades produtivas surjam, que a distribuição de renda atinja um número elevado de pessoas e que outras bases de exportações sejam criadas.

Para manter o dinamismo dos produtos de exportação, dois fa- tores são importantes: 1) a elasticidade-renda da demanda é que de- termina a possibilidade de a região manter o dinamismo por meio de um só produto de exportação, ou seja, se o produto tiver baixa elas- ticidade-renda, não haverá tendência para o aumento de suas vendas

Encadeamentos p/ frente e p/ trás e

demanda final Diversificação e difusão

do dinamismo da Base para industria, comercio e serviços Diversidade dos recursos naturais do Tocanstins Características do produto de exportação agropecuária Distribuição da

renda setorial e dos ramos de atividades Desenvolvimento regional do Tocanstins Exportações Agropecuárias Dinamismo da Manutenção da Base de Exportação da Agropecuária e seus ramos de atividades Aumento da elasticidade renda da procura Redução do custo de Produção Redução do custo de transferência (rede de transportes) Aumento de Produtividade Inovação tecnológica (Know-How) Matriz Institucional Fluxo de Fatores de Produção (K, MO, RN) Governança

do custo do produto de exportação provoca o aumento da capacidade competitiva, via aumento da rede de transporte.

Schwartzman (1975) também considera quatro variáveis estra- tégicas para o desenvolvimento regional, são elas:

1. a propensão a importar contida na análise do multiplica- dor, a qual depende da função de produção do produto de exportação, da distribuição de renda e das características tecnológicas da base ao requerer mais ou menos insumos que podem ser produzidos na região a preços competitivos; 2. a propensão a consumir e a poupar, que também será influen-

ciada pela função de produção, via distribuição de renda; 3. os custos de transferência;

4. as variações na produtividade, que constituem os fatores que influenciam o custo de produção da base e são influen- ciadas pelas variações tecnológicas e pelos fluxos de fatores de produção escassos que a região consegue atrair.

A atividade total de uma região apresenta uma dicotomia bas- tante nítida, de um lado constam as atividades básicas (exportação); de outro, as atividades locais (mercado interno). Na concepção de North (1977b), a região só se desenvolve a partir da sua base exporta-

dora e do ambiente institucional6 para fortalecê-la. As rendas geradas

pela procura externa de bens e de serviços impulsionam as atividades locais e diminuem os custos de transação. Esse conceito de base eco- nômica ou de exportação pode ser empregado para a análise tanto de 6 North (1991; 1994) acredita que o ambiente institucional ocupa lugar central na análise do processo de desenvolvimento regional, porque define as relações em que funciona a economia e promove a interação entre as pessas, definindo a maneira como a sociedade evoluiu no tempo e no espaço.

regiões como de setores ou de ramos de atividades urbanas.

A base econômica pode condicionar a capacidade de o Tocan- tins promover o desenvolvimento dos pequenos municípios que es- tão fora do núcleo do centro dimânico de base diversificada. Quan- do realmente efetivadas, determinadas ações podem influenciar no processo de desenvolvimento regional; é o caso de políticas públicas do governo federal, estadual e municipal que incentivem a interação setorial e a inovação, principalmente com financiamentos e conces- são de crédito. Além de outras políticas, como construção e melhoria da rede de transporte, melhoria dos pequenos corredores estaduais e municipais ligados ao grande corredor do estado, a BR-153, teleco- municações, políticas agroindustriais, entre outras.

A seguir, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para alcançar os objetivos propostos e responder aos ques- tionamentos levantados.

CAPÍTULO 3

Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa caracteriza-se pela análise exploratória, estrutu- ralista e de percepção e pelo método quanti-quali. Em decorrência das questões do problema de pesquisa, tornou-se útil o emprego de dados quantitativos e qualitativos; por isso, primeiramente, aborda- -se o método quantitativo do Índice de Desenvolvimento Regional (IDR); na sequência, apresenta-se o método qualitativo do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).

Existem diferentes métodos para se obter resultado de uma pesquisa, cada um faz referência aos procedimentos utilizados para aqueles que buscam entender ou explicar algo. O método pode ser entendido como “um sistema especial de regras, que se organiza para priorizar a consecução de novos conhecimentos e a prática transfor- mação da realidade” (LAKATOS, 1989, p. 34).

Assim, o método de pesquisa pode ser visto como um conjunto de procedimentos que lança mão de instrumentos e de técnicas ne- cessárias com o objetivo de buscar respostas ao problema. Na concep- ção de McGuigan (1976) e de Meyer (1981), os métodos podem ser classificados em três tipos: 1) o raciocínio dedutivo; 2) o raciocínio indutivo; e 3) o hipotético-dedutivo ou indutivo-dedutivo. Essa clas- sificação está relacionada com a trajetória da ciência.

Dessa forma, objetivando demonstrar o método adotado nesta investigação, é necessário adentrar no campo da história econômi- ca para entender a divisão territorial do norte de Goiás, bem como apreender como se encontra o processo de desenvolvimento regional do Tocantins.

O primeiro objetivo foi respondido por abordagem histórica, por meio de revisão de literatura sobre o processo de divisão do norte de Goiás. No segundo, em um contexto positivista, foram analisados dados quantitativos e estimadas as desigualdades dos municípios do Tocantins pelo método IDR. Para alcançar o terceiro objetivo, foi necessária abordagem qualitativa, por meio de entrevista a atores- -chaves (Stakeholders) que participaram do processo de criação e das decisões relacionadas ao desenvolvimento regional do Tocantins. O método de análise foi o DSC.

Método do Índice de Desenvolvimento