• Nenhum resultado encontrado

2. Ensino Superior no Brasil

2.3 A Universidade no Brasil: Colônia, Império, República

O desenvolvimento do sistema de educação superior, no Brasil, possui peculiaridades em relação ao cenário latino-americano. Desde o século XVI, já existiam universidades nas colônias espanholas da América, em geral instituições religiosas. O Brasil Colônia, por sua vez, não criou instituições de ensino superior em seu território até início do século XIX, ou seja, quase três séculos mais tarde.

Para estudar os filhos da elite colonial portuguesa, nascidos no Brasil, tinham de ir até a metrópole. Na Colônia, o ensino era tarefa da Companhia de

Jesus. Os jesuítas cuidavam da evangelização dos indígenas nas aldeias, da formação do clero, em seminários teológicos e da educação dos filhos da classe dominante nos colégios reais, onde se tinha uma educação medieval latina com elementos de grego, a qual preparava seus estudantes, para frequentar a Universidade de Coimbra, em Portugal. Esta, segundo Anísio Teixeira, foi a “primeira universidade: nela se graduaram, em Teologia, Direito Canônico, Direito Civil, Medicina e Filosofia, durante os primeiros três séculos de nossa história, mais de 2.500 jovens nascidos no Brasil” (OLIVEN, 2002, p. 24-25).

O início das preocupações com a questão da instrução no âmbito nacional pode ser remetido, segundo Loureiro (1975), à vinda do primeiro governador geral, Tomé de Souza, em 1549. Como é sabido, os padres da Companhia de Jesus tomaram a frente, durante muitos anos, da educação e de um projeto educacional nas mais diversas situações e locais. Isto leva a autora a reafirmar que, pelo menos até meados do século XVII, excetuando-se a atuação da ordem, pouco se tem a registrar em termos de criação de centros e localidades educacionais (1975, p. 417- 418).

Em relação às ações desenvolvidas pelos jesuítas, no entanto, também há controvérsias, uma vez que autores como Carneiro (1984, p. 63) asseguram que mesmo “[...] o ensino primário que se propala como tendo sido dos jesuítas, na realidade nunca existiu. Os jesuítas ensinavam aos seus elementos, e talvez alguém eventualmente pudesse aproveitar desse ensino”.

No entanto, há relatos de que as primeiras movimentações para a criação de instituições de ensino superior partiram realmente dos próprios jesuítas. Alguns princípios da ordem preconizavam a orientação do indivíduo (convertido) voltada não só para questões religiosas, mas uma formação mais abrangente que envolvesse o domínio das artes, de técnicas e de uma consciência básica de organização social.

Além disso, ao contrário das Américas Espanhola e Inglesa, que tiveram instituições de ensino superior ainda no período colonial, somente no final do século XIX surgem no Brasil as primeiras organizações culturais e científicas deste nível, quando da chegada da família real. Porém, a primeira universidade efetivamente

com esse status surgiu somente em 191230 – o que por si só caracteriza certa lentidão em relação mesmo a outras colônias.

Esses antecedentes ajudam a elucidar como o ensino superior se consolidou com um modelo de localidades isoladas e de natureza, muitas vezes, profissionalizante. Além de elitista, pois só atendia aos filhos da aristocracia colonial, que não poderiam mais ir à Europa, em função do bloqueio napoleônico e dos negócios familiares na colônia, o fato de os cursos que surgiram terem se voltado para o ensino prático – engenharia militar e medicina – e serem ministrados em faculdades isoladas, marcou de forma contundente o nosso ensino superior. Isto explica muitas distorções que ainda prevalecem em nosso sistema e provoca novas impressões – além daquela predominante, que afirma que a Universidade está sempre em crise.

A expansão da economia cafeeira e a construção de ferrovias, estradas, portos e fábricas de tecido no final do século XIX, trouxe uma onda progressista, que teve como consequência o surgimento de uma camada média ligada ao comércio e formada por operários nas cidades, que passaram a contar com uma série de serviços públicos, especializados. Esse conjunto de mudanças aumentou a demanda por profissionais capacitados tecnicamente. O governo imperial passou a normatizar e restringir o acesso aos cargos públicos, condicionando-os a formação superior, criando uma cultura da valorização dos bacharéis, o bacharelismo, aumentando a demanda por vagas nas faculdades.

Com isso, o Imperador sofreu pressões tanto por parte dos barões do café, quanto por parte da classe média urbana para a ampliação do acesso às faculdades. Todos queriam garantir que os filhos se tornassem bacharéis para ter acesso aos cargos públicos ou para poder entrar na política.

O número de faculdades começou gradualmente a aumentar e cátedras se juntaram originando novas academias e faculdades.

30

Assim como acontece com as datas de criação das primeiras universidades no mundo, as datas das primeiras instituições brasileiras com status de universidade variam – geralmente há certo consenso na data de 1912 com a Universidade Federal do Paraná, mas algumas fontes citam a Escola Universitária Livre de Manáos, criada em 17 de janeiro de 1909, hoje, Universidade Federal do Amazonas.

Em 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, iniciaram-se algumas movimentações para a criação de universidades no Brasil. Em Salvador, os comerciantes locais se dispuseram a contribuir financeiramente para que o então Príncipe Regente, Dom João VI, instaurasse uma universidade no Brasil. Assim, a capital baiana passou a sediar o Curso de Cirurgia, Anatomia e Obstetrícia. Com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro, foram criados, nessa cidade, uma Escola de Cirurgia, além de Academias Militares e a Escola de Belas Artes, bem como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Jardim Botânico.

Assim, a gênese da educação superior no Brasil está relacionada à vinda da família real e da corte portuguesa, em 1808, quando o ensino superior passou a objetivar a formação de profissionais para atuar no setor público e de profissionais liberais nos mais diversos setores. Porém, até 1900, a implementação ainda era tímida e não existiam mais do que 24 escolas de ensino superior no País. Por outro lado, a trajetória da educação nacional, possui caráter descontínuo com reformas e mudanças em planos, novos projetos, o que dificulta não só a produção razoável desta história, mas os caminhos de reconstrução dessa narrativa, visto que somente uma parte muita específica da população teria acesso ao ensino básico (situado em um plano privado e/ou religioso) e superior (com poucas variantes públicas).

Não obstante, a partir de 1808 foram assinaladas a instalação de várias Escolas Superiores e, desde a proclamação da República, diversas Faculdades àquelas se somaram como estabelecimentos de Ensino Superior, dentre as quais pode-se citar: Escola Médica da Bahia (1808); Escola de Comércio (1808); Escola de Medicina do Rio de Janeiro (1809); Escola Nacional de Engenharia (1810); Escola de Belas Artes (1816); Faculdade de Direito de Olinda (Recife) (1827); Faculdade de Direito de São Paulo(1827); Escola Politécnica da Bahia (1887); Faculdade de Medicina de São Paulo (1891); Faculdade de Direito de Fortaleza (1903); Faculdade de Direito de Manaus (1910); Faculdade de Direito de Goiânia (1921); Faculdade de Direito de Maceió (1931); Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (São Paulo – 1934), entre outras.

Porém, como assinala Loureiro (1975, p. 431) “[...] de 1553 até 1920, numerosas foram as iniciativas tendentes à criação de uma Universidade em nosso país”, mas todas elas fracassadas. A autora enumera cerca de trinta tentativas desta

instauração em solo brasileiro. Além dos problemas de ordem acadêmica e, em alguns casos, epistemológica, já apontados em Portugal, as várias polêmicas da segunda metade do século XVIII reverberaram e impediram o desenvolvimento acadêmico nas colônias. Depois da vinda da Coroa e a consequente Independência em 1822, no século XIX, ainda havia a prática do bacharelismo31 na corte. Além do status propiciado pelos anos de estudos em Portugal, esta prática minava qualquer emancipação educacional em solo nacional.

Quando o Brasil tornou-se independente, em 1822, assumiu o poder o Imperador Dom Pedro I, novo Príncipe Regente, da Família Real Portuguesa, que mais tarde, renunciou ao trono brasileiro para assumir, como Dom Pedro IV, o reino de Portugal. Em seu lugar, permaneceu no Brasil, seu primogênito ainda criança Dom Pedro II.

Durante o período da Regência, foram criados, em 1827, dois cursos de Direito: um em Olinda, na região nordeste, e outro em São Paulo, no sudeste. Além desses cursos, a Escola de Minas foi criada na cidade de Ouro Preto que, embora tenha sido implantada em 1832, só foi de fato instalada 34 anos mais tarde.

As primeiras faculdades brasileiras – Medicina, Direito e Politécnica – eram independentes umas das outras, situavam-se em cidades centrais e possuíam uma orientação profissional elitista. Seguiam o modelo das Escolas francesas, instituições seculares mais voltadas ao ensino do que à pesquisa. Sua organização didática e sua estrutura de poder fundavam-se nas cátedras vitalícias: o professor catedrático, era quem dominava um campo de saber, escolhia seus assistentes e permanecia no topo da hierarquia acadêmica durante toda a sua vida.

No período imperial, apesar das várias propostas apresentadas, não foi criada uma universidade no Brasil. Isto talvez se deva ao alto conceito da Universidade de Coimbra, o que dificultava a sua substituição por uma instituição no jovem País. Assim sendo, os novos cursos superiores de orientação profissional que foram se estabelecendo no território brasileiro eram vistos como substitutos à universidade (OLIVEN, 2002, p. 26).

31

Conforme explanado anteriormente, trata-se da supervalorização da formação e do diploma de bacharel especialmente em algumas áreas de conhecimento como Direito e Medicina, desde o período colonial.

Exemplo disso o curso de engenharia só foi desvinculado de instituições militares em 1874, quando D. Pedro II passou a responsabilidade da administração para o Ministro do Império, originando a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, destinada a formar engenheiros não militares. Até então, as elites optavam por enviar os filhos para Portugal, França e Inglaterra para estudar. Uma tendência que se manteria ao longo do século XIX e inicio do XX. Porém, o governo imperial foi gradualmente mudando o panorama, a partir do incentivo ao surgimento de faculdades isoladas.

Em relação às formas de acesso, desde 1808, os candidatos tinham de ser aprovados nos “exames preparatórios” em cada estabelecimento de ensino. A partir de 1837, os estudantes vindos do Colégio Pedro II passaram a ter a prerrogativa de se matricular em qualquer escola superior do Império sem passar por exames. No mesmo ano, em virtude de pressões das elites esses “exames” passaram a ser realizados por comissões especiais e a ter validade permanente. O resultado foi que, em alguns anos, a admissão às escolas superiores foi facilitada não apenas para as elites, mas para outros que intentassem o nível universitário. Isso permaneceu até a proclamação da República, em 1889.

Com o advento da República, propagou-se o ideal de livre acesso a todos os níveis de ensino público e gratuito a todos os cidadãos. Incentivou-se a criação de novas escolas públicas nos moldes do Colégio Pedro II e de novas escolas superiores.

A partir de 1901, o privilégio do acesso sem “exames preparatórios” foi estendido aos concluintes dos colégios privados, o que gerou uma grande demanda por novas vagas. O resultado foi o surgimento de vários centros de ensino superior privados, que não tinham nem mesmo o estatuto de faculdade.

Contudo, a busca de status por meio do diploma, somado à simplificação do acesso, trouxe um problema: um número de diplomados muito acima da capacidade do mercado de absorver esta mão de obra. Na tentativa de conter o acesso ao nível superior, a reforma Rivadário Corrêa, com o decreto 8.659 de 5 de abril de 1911, veio normatizar o ensino médio e superior. A primeira e mais óbvia mudança foi a extinção do acesso direto ao ensino superior aos concluintes do ensino médio. A sistemática dos exames de admissão também foi modificada, passando a constar de

uma única forma escrita sobre línguas e ciência, tendo novamente validade apenas imediata.

Arabela Campos Oliven (2002, p. 26) afirma que o ideário positivista influenciou aqueles que proclamaram a República e que esse teria sido um fator que contribuiu para o atraso na implementação de universidades no Brasil. O positivismo considerava a universidade como uma espécie de centro metafísico e, ao invés disso, preferiam cursos laicos de orientação técnico-profissionalizantes, capazes de proporcionar a verdadeira “ordem” para o “progresso”.

Prova disso é que a empreitada só logrou êxito em 1920 por meio do Decreto nº 14. 343 de 7 de setembro daquele ano, que instituía a Universidade do Rio de Janeiro. Destaca-se que ela não iria além da reunião de outras organizações já existentes: a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Porém, a partir de então, “[...] estava lançada a base de que se irradiariam as demais Universidades em nosso país” (LOUREIRO, 1975, p. 436). A união de vários núcleos despertou, de certo modo, a possibilidade e consolidação de um Ensino Superior e motivou, por outro lado, o aumento do número de pessoas concentradas para o mesmo fim. Isto não só fortaleceu os campos profissionais, mas gerou uma consciência acadêmica efetiva no século XX.

Portanto, foi no período republicano que surgiram os primeiros estabelecimentos de ensino superior do Brasil. Embora, em sua maioria, tenham tido curta duração, aparecem como retratos de uma tentativa de consolidação do Ensino nacional. Foram criadas entre 1909 a 1912, três dessas “instituições passageiras”: a Universidade de Manaus, fundada em 1909, sobreviveu onze anos; a Universidade de São Paulo, criada em 19 de novembro de 1911, durou até 1917; a Universidade do Paraná, fundada em 19 de dezembro de 1912, extinta em 1915. Também mereceria um estudo à parte a ascensão e o declínio destas tentativas localizadas de Ensino Superior e o impacto destes curtos períodos em suas respectivas localidades e, principalmente, no âmbito nacional.

A despeito disso, não há consenso sobre qual teria sido a mais antiga universidade no Brasil e tampouco em que data isso teria acontecido. A data mais mencionada para tal feito aparece como 1920, com a instauração da Universidade

do Rio de Janeiro (URJ) por se tratar da primeira instituição criada a partir da esfera federal, já que as três supracitadas configuravam-se em fundações “livres”, ou seja, criadas em âmbito estadual e/ou municipal. Ressalte-se, ainda, o fato desta organização acontecer na (antiga) Capital Federal o que oferecia um status considerável.

Além de implementar as instituições de ensino superior, era necessário estabelecer qual modelo seria adotado. Sguissardi resume as questões centrais dos debates à época:

[...] pode-se afirmar que o que se tem feito nestas terras do Novo Mundo são verdadeiros transplantes ou adaptações autóctones de estruturas universitárias europeias, principalmente de viés confessional até a Revolução Francesa, e vazadas nos conhecidos modelos clássicos – no caso do Brasil, primeiro, o francês/napoleônico ou pombalino/coimbrão; depois, alemão ou humboldtiano – após a laicização da sociedade e da vida universitária sob a égide da revolução burguesa. O limiar do século XX viu nascer um novo modelo denominado universidade de massas ou americano [...] (SGUISSARDI, 2006, p. 351).

Esses modelos jamais ficaram determinados na universidade brasileira e ainda hoje estão ligados à confusão que cerca a definição do papel da universidade, conflito que se acentua ainda mais com a massiva entrada das instituições privadas no mercado.

Dentre os debates sobre o assunto, vale destacar o pensamento de Anísio Teixeira, para quem “uma das funções primordiais da Universidade é cultivar e transmitir a cultura comum nacional: não havendo o Brasil criado a universidade, mas apenas escolas profissionais superiores, o órgão deixou de ser matriz da cultura nacional” (2005, p. 151). Assim sendo, o Brasil não logrou, para Anísio, criar uma cultura nacional por meio da universidade, pois o Ensino Superior no País privilegiou as escolas profissionalizantes, tal como o modelo francês. As preocupações de Anísio eram (são) as mesmas encontradas no pensamento de outros autores:

Nesse sentido os Estados Unidos já tratavam o progresso científico como questão de progresso nacional, enquanto o Brasil ficava atrelado a diversos obstáculos, muitos deles calcados num modelo francês-napoleônico. Um modelo enciclopédico e profissionalizante,

politicamente centralizado e cientificamente dividido, sem vida comum, com um ensino medíocre, teórico e mal adaptado que deu, finalmente, uma degradação semelhante à que conheceram as faculdades das universidades medievais (DEBESSE & MIALARET, 1977, p. 219).

A despeito da necessidade de se definir um modelo e de se atribuir um papel à universidade brasileira, é preciso ressaltar que o objetivo dessas delimitações seria principalmente o de designar a cada instituição a função primordial de ensino ou de pesquisa, de modo que ela pudesse desenvolver essa função com desempenho satisfatório, sendo devidamente avaliada por isso. As distorções que ocorrem atualmente estão justamente ligadas ao fato de a instituição assumir uma função que não tem condições de desempenhar e como consequência ser mal avaliada por não ter desenvolvido (bem) as atividades a que se propôs. Por outro lado,

Os hoje denominados modelos napoleônicos e humboldtiano são conceitos que dificilmente encontrariam correspondência real em qualquer instituição universitária, seja na França, seja na Prússia de então. Conceitos bastante genéricos, contudo, há quase dois séculos servem de parâmetro e referência. De um lado, o modelo francês que, revolucionário quanto foi a Revolução, livrando-se ao máximo de heranças do Antigo Regime, fez da universidade a formadora dos quadros necessários ao Estado, cuja formação se daria em conformidade com a nova ordem social e com a “tirania do diploma do Estado”. Numa palavra, era e é a especialização e a profissionalização. [...]. De outro lado, o denominado modelo alemão ou humboldtiano, constituídos a partir das ideias de Von Humboldt, Fichte e Schleiermacher – liberdade de pesquisar, de aprender e de ensinar, e enciclopedismo – experimentadas em especial na Universidade de Berlin, na primeira metade do século XIX, constituiu- se em inspiração, primeiro para uma Alemanha que precisava recuperar o tempo perdido no campo da industrialização e, depois, afirmar sua independência cultural e científica em relação a seus vizinhos, adversários históricos. É a produção do saber e a formação livre, reconciliadas nos mesmos espaço e tempo (SGUISSARD, 2009, p. 286-287).

Como se vê, ainda no século XX, a influência dos modelos europeus no ensino superior do Brasil, ao mesclar um e outro, fez com que a pesquisa acadêmica não desenvolvesse todo o seu potencial e, por outro lado, o ensino profissionalizante ficasse estigmatizado como uma educação “de segunda categoria”, voltada “apenas” para o mercado. Esse argumento, repetido ad infinitum, contribuiu também para o

enfraquecimento das escolas técnicas voltadas para o ensino profissionalizante durante anos. Todos parecem ter se esquecido de que: 1) os recém-graduados também vão para o “mercado” (embora esse não seja exatamente o propósito de uma universidade fundamentada no modelo alemão); 2) o “mercado” padeceria de carência de mão-de-obra (especializada), para preencher as vagas ociosas.

O que se tem hoje é que permanece a mesma situação. As instituições de ensino superior continuar sendo credenciadas, os cursos superiores autorizados, todos com propostas de “desenvolver pesquisas”, além das atividades de ensino. O sistema de avaliação continua balizado nessa lógica e o ranking das melhores instituições mostra uma realidade em que as universidades públicas (especialmente as federais) habitam um Olimpo de excelência em pesquisa e as privadas, “reles mortais”, muito aquém, contentam-se com as notas mínimas para continuar em funcionamento. Uma nova Reforma Universitária parece urgente.