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A vida acima da produção

No documento Administracao II (páginas 164-169)

Você acaba de ler sobre a Revolução Industrial. Com ela, a escala da produção deu um verdadeiro salto: as fábricas podiam gerar grandes quantidades de cada produto e, assim, atingir um público consumidor muito mais amplo.

Com ela ocorreu também a absorção do trabalho feminino pelas indústrias. Nesse período da Revolução Industrial, como forma de baratear os salários, a mulher foi inserida no mundo da produção. Só que, em muitos casos, a ânsia de produzir aca- bou ficando acima da valorização do trabalhador. No caso da mulher, por exemplo, a exploração era, sob certos aspectos, mais desumana: ela teve que conviver com jornadas de trabalho que chegavam a até dezessete horas diárias, em condições inadequadas, às vezes inclusive submetidas a espancamentos e ameaças sexuais. Seus salários chegavam a ser 60% menores que os dos homens.

também na comparação com maio de 2005. Entre janeiro e maio as vendas foram de 352 mil toneladas, com retração de 15,2% e receita de US$ 342 milhões, resultado 11,2% inferior ao do mesmo período no ano anterior.

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Explorações semelhantes aconteciam inclusive com as crianças. Elas começavam a trabalhar aos seis anos de idade, também vítimas do afã de aumentar a produção, associado às necessidades das famílias pobres, que não tinham outra opção. Não havia qualquer garantia contra acidente, nem indenização ou mesmo pagamento dos dias em que ficavam em casa, por conta dos acidentes.

Um exemplo típico do ambiente fabril na época era a tecelagem Tydesley, em Man- chester, na Inglaterra, onde se trabalhava catorze horas diárias a uma temperatura de 29º C, num local úmido, com portas e janelas fechadas, e, na parede, um cartaz afixado proibia, entre outras coisas, ir ao banheiro, beber água, abrir janelas ou acender as luzes.

Durante essa fase, também era comum os patrões fornecerem bebidas de graça aos seus empregados, para deixá-los mais contentes e fazer o trabalho render. Al- guns ricos patrões britânicos chegaram a afirmar que “a bebida era útil para calar a boca dos operários rebeldes e eliminar os homens mais fracos e imoderados numa época de excesso de mão-de-obra”.

Felizmente, o respeito à dignidade humana e condições justas de trabalho tomaram o lugar dessas práticas desumanas devido ao crescimento da cons ciência política e cidadã dos trabalhadores. Tais práticas são atualmente ilegais, e o trabalhador deve exigir condições favoráveis de trabalho em troca de sua produtividade e compro- metimento.

A vida humana deve estar sempre acima dos interesses com a produção. Mas, como você vê, nem sempre se pensa assim.

Reflita a respeito do tema: exploração feminina e infantil no mundo do trabalho. Con- verse com seus amigos e parentes. Mesmo tantos anos depois da Revolução Indus- trial, você conhece ou já ouviu falar dealgum caso de exploração neste sentido? Pesquise sobre como nasceu o Dia Internacional da Mulher (celebrado anualmente em 8 de março). Você verá que ele tem origem num fato histórico marcante, fruto da situação de extrema exploração de mulheres operárias, submetidas a péssimas condições de trabalho e de segurança.

Você conhece ou soube de alguma empresa que coloca o interesse na produtivi- dade acima da própria vida dos trabalhadores, pondo em risco sua segurança ou a preservação do meio ambiente? Como você considera que uma empresa assim é julgada pelo seu mercado consumidor? Quais são as consequências para os funcio- nários e para a própria empresa?

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Intertextos

lIVROs

A emoção e a regra, de Domenico de Masi, Editora José Olympio, 1997.

Domenico de Masi estudou a relação entre trabalho e criatividade. Essa relação é bem analisada neste livro, que coloca o foco nos trabalhadores de 1850 a 1950. Em entrevista, o próprio autor explica: “Estudei primeiro o trabalho dos operários; depois o trabalho dos empregadores. Com o aumento do trabalho intelectual no sis- tema produtivo, notei que havia uma distinção cada vez mais tênue entre o trabalho propriamente dito e a criatividade. E, sendo a criatividade a principal ferramenta do trabalho, fica difícil distinguir os momentos em que estamos de fato trabalhando duro ou os momentos em que, mesmo usufruindo de tempo livre, estamos criando coisas. Isso acontece comigo: não sei quando estou trabalhando ou me divertindo – estou sempre tendo ideias, criando. Então, estudando esses grupos de trabalho sustentados pela criatividade, percebi que todos trabalhavam com o auxílio de jo- gos, brincadeiras, atividades lúdicas. Demonstrei que todos os grupos de criativida- de trabalham como se fosse lazer. Sobre esse estudo, escrevi o livro ‘A emoção e a regra’.” (Entrevista ao portal Educacional – http://www.educacional.com.br)

História da riqueza do homem, de Leo Huberman, Editora Guanabara, 1986.

O livro traz uma visão crítica da história europeia, a partir de um olhar inspirado no pensamento de Marx e de outros seguidores que constitui o que se chama de “ma- terialismo dialético”. A abordagem vai desde a Idade Média até o nascimento do nazi-fascismo. O livro é considerado um clássico da história moderna e é indicado para todos os que desejam se aprofundar nas questões históricas apresentadas, de forma breve anteriormente.

A Revolução Industrial, de Letícia Bicalho Canêdo, Editora Atual, 2001.

A Revolução Industrial trouxe melhoria para a vida cotidiana? O que mudou com ela? E qual foi o papel da máquina no processo de transformação? Neste livro, a autora dis- cute temas fundamentais do período da Revolução Industrial, como a difusão de téc- nicas, o nascimento da grande indústria, a adaptação da economia e da sociedade a um mundo industrializado. Vale a pena ler para completar o entendimento sobre os te- mas deste capítulo, pois fornece uma visão mais ampla. No capítulo, você teve acesso a conhecimentos pontuais ligados sobretudo aos teóricos que deram origem a muitos processos de produção. No livro, você encontra subsídios para compreender todas es- sas mudanças de modo mais abrangente e contextualizado.

167 A formação da classe operária, de Paul Singer, Editora Atual, 2001.

Neste livro, Paul Singer parte do conceito de classe operária para chegar ao modo como ela se formou. É um material valioso para conhecer as transformações histó- ricas desde o século XIII até o final do século XX. E “classe burguesa”, você conhe- ce bem esse termo? No livro, ele também é analisado. Além disso, o texto ainda traz uma abordagem sobre o caso brasileiro, mostrando como esses fenômenos se deram em nossa sociedade.

FIlMes

Metrópolis (Metropolis), de Fritz Lang, Alemanha, 1927.

A história se passa no século XXI, em Metrópolis, uma grande cidade governada por um empresário que detém o poder político absoluto. Lá, a classe privilegiada, grande colaboradora do Governo, vive em uma espécie de mundo da fantasia, en- quanto os trabalhadores são escravizados pelas máquinas. O filme faz uma crítica à mecanização da vida industrial nos grandes centros urbanos, questionando a im- portância do sentimento humano, perdido no processo.

Vida de inseto (A bug’s life), de John Lasseter, EUA, 1998.

Flik é uma formiga cheia de ideias que, em nome dos “insetos oprimidos de todo o mundo”, contrata guerreiros para defender sua colônia de um faminto bando de gafanhotos exploradores. O filme apresenta uma nova e surpreendente visão de trabalho de equipe, motivação e determinação, abordando alguns conceitos básicos de Administração.

Glossário

Insumo

Bem empregado na produção de outros bens.

Equitativo

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O que você estudou:

O que é Administração da Produção e Operações.

E OPERAÇÕES II

Pedro, um operário que trabalha em uma fábrica de automóveis, acabou de

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