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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA

A investigação foi desenvolvida através de uma pesquisa ação realizada em campo empírico de uma sala de aula do ensino fundamental, contando com a participação da professora / pesquisadora e dos alunos, na perspectiva da abordagem qualitativa que analisa os dados coletados a partir da interpretação dos significados atribuídos pelos participantes (BOGDAN e BILKEN, 1994). No que se refere à pesquisa ação, tomamos como fundamentos teóricos e metodológicos o estudo de Thiollent (2011, p. 20) que a concebe como

Um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Nesse sentido, a escolha desta tipologia de pesquisa deveu-se ao fato de que a mesma se ajusta ao objetivo de propor uma intervenção pedagógica na qual os alunos e a professora/pesquisadora estejam assumindo o papel de participantes.

Diante da constatação de certa dificuldade dos professores em trabalhar as variáveis linguísticas nas aulas de Língua Materna, haja vista que estão focados em ensinar uma única forma correta e aceita de nossa língua, bem como na impressão equivocada dos alunos em relação à mesma em nosso cotidiano escolar é que adotamos essa metodologia de pesquisa ação que foi

vista como uma das possibilidades para a realização para o desenvolvimento desse trabalho.

Vale salientar que a decisão em propor uma atividade que minimizasse as dificuldades dos alunos em relação às múltiplas variedades da língua foi motivada por uma inquietação em relação a três questões principais: a) a forma como a Língua Materna é trabalhada cotidianamente nas escolas; b) como professores vêm desenvolvendo o trabalho voltado para as variáveis linguísticas no contexto escolar e c) a visão que os estudantes têm em relação à própria língua.

Aos professores e alunos foram aplicados questionários diferentes, com o intuito de se fazer uma coleta de dados que viesse contribuir com a reunião de informações relacionadas ao(s) problema(s) detectado(s). Nos questionários aplicados ao professor levantamos dados que serviram como norte (diagnóstico) para a investigação da problemática inicial detectada e base para a construção da intervenção pedagógica que viesse contribuir com o trabalho docente.

Inicialmente, levantamos dados com os alunos a partir da aplicação de um questionário, sobre o processo de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no que se refere aos seguintes aspectos:

 A disciplina deveria ser ensinada aos usuários da língua materna?

 Como deveriam ser ministradas as aulas?

 Na sua opinião, você domina os conteúdos de Língua Portuguesa?

 Para você o que são considerados erros de Português?

A partir das respostas dos alunos aos referidos questionamentos e da realização de rodas de conversa onde eram discutidas e analisadas as ideias e opiniões colocadas, foi sugerido o tema que abordaria as variáveis linguísticas através do gênero Cordel a partir de uma intervenção pedagógica.

O questionário dos alunos continha indagações que possibilitavam aos mesmos expressarem suas opiniões em relação ao estudo da Língua Materna:

sua relevância, as dificuldades e/ou facilidades em relação à mesma, opiniões sobre a forma como as aulas de Português são conduzidas e ministradas e como gostariam que realmente fossem, enfim, como compreendiam e encaravam a questão do “acerto” e do “erro” após as atividades de leitura, escrita e oralidade.

Segundo Gil (2008, p. 121), o questionário pode ser definido como uma técnica de investigação social composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado. Dessa forma, a escolha do questionário se deu pela possibilidade de que o mesmo pudesse reunir informações, ideias, pontos de vista, sugestões que possibilitariam nortear a pesquisa e a tomada de decisões para a construção de ações em prol da proposta de intervenção pedagógica, em busca do alcance dos objetivos propostos.

Além da enquete com os alunos, foi aplicado um questionário com os professores de escolas municipais e estaduais, com o propósito de elaborar um diagnóstico sobre as práticas pedagógicas realizadas em sala de aula de Língua Portuguesa, contendo perguntas sobre:

 Qual a concepção de língua / a linguagem adotada?

 Qual a importância de se abordar nas aulas de Língua Português o tema “variáveis linguísticas”?

 Que metodologia de ensino utiliza na abordagem da diversidade linguística?

 Qual estratégia você utiliza quando percebe que seus alunos falam “errado”?

Nesse sentido, a consulta aos professores constituiu-se como uma forma de analisar como as ações docentes estavam sendo planejadas em favor de um ensino de língua pautado na diversidade linguística.

A pesquisa e a análise das respostas fornecidas foram instrumentos fundamentais que subsidiaram a elaboração de uma proposta pedagógica,

direcionada aos professores, abordando o tema variáveis linguísticas e seus usos no gênero cordel.

Após a coleta dos dados através dos questionários, foi elaborada uma sequência didática, conforme fundamentos teóricos propostos por Dolz, Noverraz e Schneuwly, (2004, p. 97), que a definem como “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito.”.

Construímos uma proposta de intervenção pedagógica, a partir de uma sequência didática, que atendesse aos anseios dos discentes em relação a uma metodologia de ensino que favorecesse o aprendizado das variáveis linguísticas, voltada especialmente aos estudantes que mostraram suas preferências por aulas dinâmicas, diferenciadas e atrativas o que, de fato, possibilita uma maior motivação para o tema de estudo proposto e maior envolvimento nas atividades desenvolvidas, dissolvendo o mito de aulas de Língua Portuguesa difíceis, inacessíveis e incompreensíveis.

3.2. AMBIENTE DA PESQUISA

A proposta de intervenção pedagógica foi desenvolvida em uma das turmas do 9º ano de uma escola da rede estadual de ensino localizada na zona urbana, do centro da cidade de Nova Floresta, no Estado da Paraíba.

O município de Nova Floresta situa-se na região do Curimataú Ocidental no Estado da Paraíba, Mesorregião Agreste Paraibano, limitando-se com os municípios de Cuité, Picuí, Jaçanã-RN e Pedra Lavrada, abrangendo uma área de 58,839 km.

A escola tem um bom espaço físico e dispõe de 10 salas de aula, 1 diretoria, 1 secretaria, 1 sala de professores, 1 biblioteca, laboratório de informática, laboratório de ciências, 9 sanitários, 1 cozinha, 1 quadra de esportes e 1 área descoberta para recreação.

Mantém, atualmente, o Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano, o Ensino Médio regular, Educação de Jovens e adultos (EJA), Programa Mais Educação,

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