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CAPÍTULO 3 PERCURSO METODOLÓGICO

3.1 Abordagens da pesquisa

Realizar uma pesquisa nos tempos atuais requer a aquisição sistemática de conhecimentos, buscando especialmente que seja estabelecida a forma de análise e interpretação dos dados achados, bem como deve se propor a questionar o método utilizado na investigação como forma de abranger as diferentes situações-problemas suscitadas em uma investigação.

Nossa pesquisa trata de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, cujos dados qualitativos complementam a análise. A integração de dados quantitativos e qualitativos podem apresentar ligações entre diferentes fontes, além de poder tornar a pesquisa mais forte, reduzindo a adoção exclusivamente de apenas uma dessas duas abordagens.

Para Bauer, os métodos quantitativos e qualitativos são complementares, ou seja, não se excluem, afirmando ainda que não existe quantificação sem qualificação, ou seja, não existe análise estatística sem interpretação, pois “nós nunca realizamos nenhuma pesquisa numérica sem enfrentar problemas de interpretação. Os dados não falam por si mesmo, ainda que sejam processados cuidadosamente, com modelos estatísticos sofisticados” (BAUER, 2002, p. 24).

Toda pesquisa busca ter indícios verdadeiros estabelecendo os caminhos para compreensão da situação investigada de determinada conjuntura e grupos específicos. Demo afirma que a realidade é o grande problema da ciência, “já que por isso pesquisamos, porque a realidade nunca estará suficientemente estudada” (DEMO, 1995, p. 13). De modo mais específico, Gatti aborda a pesquisa em educação a partir de alguns pormenores, ou seja,

“pesquisar em educação significa trabalhar com algo relativo a seres humanos ou com eles mesmos, em seu próprio processo de vida” (GATTI, 2007, p. 12). Logo, é de difícil controle frente às pessoas e diversidades sociais onde a educação se processa, podendo abranger questões voltadas ao campo do processo ensino-aprendizagem até fatos procedentes das relações sócias, situação muito pertinente na atualidade. A autora afirma que: “a pesquisa educacional, tal como ela vem sendo realizada, compreende, assim, uma vasta diversidade de questões, de diferentes conotações, embora todas relacionadas complexamente ao desenvolvimento das pessoas e das sociedades” (GATTI, 2007, p. 13).

Podemos dizer que a pesquisa faz parte do nosso cotidiano, sendo essa afirmativa referendada por Booth et al (2000) ao afirmarem que os problemas do dia a dia podem suscitar problemas de pesquisa, porque nos fazem questionar algo que ainda não sabemos, não conhecemos e que, por meio da investigação, poderia ser solucionado. Segundo os autores, tal situação requer do pesquisador que ele tenha iniciativa, criatividade e dedicação para estudar os fenômenos ou grupos em suas diversidades. Daí, optamos pela realização de um estudo descritivo com o emprego das abordagens quantitativa e qualitativa.

Como estudo descritivo percebemos o que é afirmado por Pineda, Alvarado e Canales (1994) ao revelarem que esse tipo de estudo objetiva determinar “como é” e “como está” a situação das variáveis que será estudada em uma determinada população. Sob esse ponto de vista, Cervo e Bervian confirmam também que “esse é o tipo de estudo que descreve as características, as propriedades ou as relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada [...]. Trabalha dados ou fatos colhidos da própria realidade” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 87).

Nesse sentido, é comum que conflitos se manifestem, pois se trata de dados colhidos entre sujeitos e realidades que diferem em seu meio social. Por essa razão, acatamos o que sugere Goldenberg ao referir que a pesquisa em Ciências Sociais, entre outras situações, deve promover o debate entre a sociologia positivista e a sociologia compreensiva, como forma de ser estabelecido um consenso entre as situações de cunho quantitativo e qualitativo.

Enquanto os métodos quantitativos pressupõem uma população de objetos de estudos comparáveis, que fornecerá dados que podem ser generalizáveis, o método qualitativo pode observar, diretamente, como cada indivíduo, grupo ou instituição experimenta concretamente, a realidade pesquisada. (GOLDENBERG, 1999, p. 63)

Dessa maneira, é necessário instituirmos a importância e diferenças da pesquisa quantitativa e qualitativa no estudo que ora nos propomos a realizar.

De acordo com Landim et al, podemos perceber pontos divergentes entre o positivismo metodológico, ou seja, a objetividade e a subjetividade da pesquisa social. “Em sua forma de expressão epistemológica mais estereotipada, o positivismo recusa possibilidades de compreensão subjetiva dos fenômenos, pautando-se em critérios de consolidação da ciência como modo legítimo de produzir conhecimento” (LANDIM et al, 2006, p. 55).

Demo (2004) defende a fusão dos métodos quantitativo e qualitativo sempre que o pesquisador considerar necessária a análise dos dados estatísticos vinculados a uma realidade social. Dessa forma, levamos em consideração o uso da abordagem quantitativa e abordagem qualitativa que, embora apresentem perspectivas diferentes, acabam por se complementarem, fortalecendo-se, conseguindo, nesse caso, mais detalhes do que se os métodos fossem trabalhados isoladamente.

Além das considerações já estabelecidas, Duffy (1987) descreve os benefícios da associação dos métodos quantitativos e qualitativos:

[...] 1 – possibilidade de congregar controle dos vieses (pelos métodos quantitativos) com a compreensão da perspectiva dos agentes envolvidos no fenômeno (pelos métodos qualitativos); 2 – possibilidades de congregar identificação de variáveis específicas (pelos métodos quantitativos) com uma visão global do fenômeno (pelos métodos qualitativos); 3 – possibilidade de completar um conjunto de fatos a causas associados ao emprego da metodologia quantitativa com uma visão da natureza dinâmica da realidade; 4- possibilidade de enriquecer constatações obtidas sob condições, controladas com dados obtidos dentro do contexto natural de sua ocorrência; 5 – possibilidade de reafirmar validade e confiabilidade das descobertas pelo emprego de técnicas diferenciadas. (DUFFY, 1987, p. 131)

Em uma pesquisa na área da educação precisamos estar atentos para que o foco privilegiado não seja apenas a quantidade encontrada como resultado. Na verdade, precisamos ir além do quantificável mundo numérico, penetrando e decifrando o outro e as suas realidades. Para tanto, temos a possibilidade e a cautela de não estarmos presos a situações reducionistas dos problemas estabelecidos na pesquisa em pauta; é necessário o olhar abrangente do pesquisador para que as abordagens da pesquisa circundem, assim, o contexto social, o pesquisador e o objeto de estudo onde a dinâmica desse processo acaba por produzir a influência entre as partes.

A questão não é colocar a pesquisa qualitativa versus a pesquisa quantitativa, não é decidir-se por uma ou pela outra. A questão tem implicações de natureza prática, empírica e técnica. Considerando os recursos materiais, temporais e pessoais disponíveis para lidar com

uma determinada pergunta científica. É necessário colocar para o pesquisador e para a sua equipe a tarefa de encontrar e usar a abordagem teórico-metodológica que permita, em um mínimo de tempo, chegar a um resultado que melhor contribua para a compreensão do fenômeno e para o avanço do bem-estar social (GUITHER, 2006).

Assim, pelas diversas razões anteriores, comungamos da ideia de que a metodologia adotada, ou seja, o emprego da abordagem quantitativa e qualitativa para a consecução das questões propostas neste estudo, seja capaz de atender às expectativas de uma elaboração científica pautada em resultados de origem estatística, racional, intuitiva e real, contribuindo para melhor elucidação dos fenômenos apresentados com base em uma reflexão aprofundada dos dados.