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Abrangência geográfica, estabilidade e complexidade regional

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PLANEJAMENTO DA CONSERVAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA ENTRE OS PARQUES NACIONAIS DO IGUAÇU (BR) E IGUAZÚ (AR)

AMEAÇAS Pastagens

3.1.3 Abrangência geográfica, estabilidade e complexidade regional

 Oportunidades que podem acelerar ou serem geradas pelo processo de conservação transfronteiriça:

Para 64% dos entrevistados a iniciativa transfronteiriça poderia ajudar na reunificação das comunidades e/ou famílias através da fronteira (Figura IV.26).

Figura IV.26: Possibilidade de reencontro de comunidades e/ou famílias através da fronteira devido à

cooperação transfronteiriça.

 Existem riscos nas seguintes áreas: Não foram apontados riscos.

Porém, um dos relatos reflete preocupação com as atividades ilegais existentes na fronteira:

Não sei eu já conversei com policial federal da aduana e ele falou que quando tinham os guichês ali que tinham o controle de saída da brasileira disse que eles impediram muitos casos de roubo de criança, prisão de foragidos. Eles entravam no sistema com RG e CPF da pessoa e baixa a ficha às vezes o cara tá sendo procurado por roubo, por morte, sei lá. E saiu do pais e "oba oba”. E se você tem um controle que seja eficiente você impede essas coisas. Eu não seu como seria se fosse fronteira terrestre, nossa fronteira é um dificultador natural, ninguém atravessa o rio, quer dizer, a gente sabe que tem gente que atravessa, mas tem o controle disso também, aqui existe a regra. (M.X., brasileira, 37 anos)

De acordo com Carneiro-Filho (2012), há uma dinâmica de atividades ilícitas entre as três cidades que compõe a tríplice fronteira, tendo Ciudad del Este como o ponto em comum do crime e descaminho. Cita os 'brasentinos', brasileiros que possuem atividades na Argentina, desde agricultura até participação do crime organizado, efetuando contrabando de produtos de informática, fazem o transporte de carros roubados ou furtados do Brasil para o Paraguai através de rodovias da província de Misiones. Faltam políticas e acordos que favorecem a prática do crime organizado e coibição das atividades ilícitas, como, por exemplo, autorização de entrada de polícia no país vizinho em caso de perseguição de criminosos. (CARNEIRO-FILHO, 2012).

Este contexto aliado à dificuldade de trânsito de servidores brasileiros deslocarem-se à Argentina merece destaque no curso da cooperação transfronteiriça dos parques. Até mesmo uma possibilidade futura de trânsito livre entre os dois parques, condição interessante em termos de facilidade para o visitante, é prejudicada devido ao contexto inseguro da fronteira entre esses países. Em termos de expectativa, para a maior parte dos entrevistados (74%) a cooperação transfronteiriça poderia permitir livre circulação de pessoas pela fronteira, entretanto, destes, 38% consideram essa possibilidade apenas em alguma extensão (Figura

64% 26%

10% Sim

Não aplicável Não

VI.27). O mesmo ocorre para estabelecimento de infraestrutura comum de turismo, 88% consideram possível mesmo que em alguma extensão (48%) (Figura IV.28).

Figura VI.27: Possibilidade de livre circulação de pessoas pela fronteira devido à cooperação transfronteiriça.

Figura IV.28: Possibilidade para estabelecimento de infraestrutura comum de turismo através da fronteira

devido à cooperação transfronteiriça.

Por outro lado, a criação de organismos para a cooperação internacional é crescente nos últimos anos no eixo da América Latina, inspirado em parte pela União Europeia, onde o Acordo Schengen permite a passagem livre. Há 15 anos, essas experiências no continente sul- americano encontravam-se emergentes. Podemos pensar que cada vez mais haverá campo fértil para iniciativas de integração futuras, inclusive no que tange às áreas protegidas transfronteiriças. Segue relato do gestor que não observa relação do MERCOSUL para promoção de áreas protegidas transfronteiriças, mas verifica que o tratamento destas questões poderia ser dado no âmbito da UNASUL.

Eu o vejo muito distante, acho que não, porque o MERCOSUL se criou por questões econômicas, acredito que não tenha podido alcançar muito em seu objetivo principal que era o econômico, então abarcar outros aspectos que seriam secundários para esse organismo, vejo distante, difícil, porque não deveria ser uma questão econômica principalmente, isto de criar parques transfronteiriços. Então como MERCOSUL tem como seu objetivo principal, não sei facilitar o comércio entre os países, talvez o organismo mais indicado seja este outro mais novo que se chama UNASUL que é mais político. Então sim, ai pode haver políticas ambientais conjuntas, mas é muito novo também e não sei que futuro tem. (G.G., argentino, 46 anos)

3.1.4 Capacidades

 A disposição dos interessados para iniciar a conservação transfronteiriça é boa nas seguintes áreas:

a. Existem pessoas com visão e capacidade de torná-la atraente para os outros;

38%

36%

26% Até certo ponto

Sim, significantemente De modo nenhum

40% 48%

12% Sim

Até certo ponto Nenhuma

b. Existência da maior parte dos recursos para gerenciar a comunicação regular e eficaz

com parceiros na proposta área protegida transfronteiriça: Telefone, Internet, Sala de reuniões, Veículos, Rádio.

 Deve ser dada atenção especial à melhoria das seguintes áreas:

a. Na disponibilidade de recursos financeiros para as atividades relacionadas

transfronteiriços;

b. Capacidade (conhecimento e habilidades) de pessoas disponíveis para a coordenação

das atividades relacionadas à iniciativa transfronteiriça;

c. Não há experiência com gestão de projetos financiados com recursos externos;

d. Significativa necessidade de assistência em recursos financeiros e/ou equipamentos

e/ou desenvolvimento de conhecimento de fontes externas:

Neste item foram apontadas necessidade de recursos externos no planejamento e implantação da cooperação, como as do plano de manejo, em ações para nivelamento e compartilhamento de conhecimentos. Recursos financeiros foram indicados especificamente, para cobrir gastos de projetos de pesquisa, logística e compra de insumos (veículos, botes, elementos de campo, câmeras fotográficas, dentre outros). Um relato mostra o amplo espectro de necessidade de recursos:

Puxa vida... acho que as equipes teriam que ser preparadas para essa cooperação e isso demanda recurso financeiro, técnico, necessidade de deslocamento, o que depende de autorização da presidência da república para a ida de servidores brasileiros à Argentina, além de mais recurso pessoal, computadores, equipamentos de pesquisa. (M.X., brasileira, 37 anos)

 As seguintes partes podem potencialmente ajudar a aumentar a capacidade de cooperação transfronteiriça: atores e instituições do Governo da Província de Misiones, da cidade de Foz do Iguaçu e municípios envolvidos.

 As seguintes partes podem potencialmente ajudar a identificar fontes de recursos e assistência para as atividades transfronteiriças:

Órgãos Governamentais: Ministério das Relações Exteriores, Ministério de Relações Institucionais, Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Turismo, Ministério da Defesa, ICMBio, Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional Iguazú, Núcleo da Fronteira, Núcleo de Projetos da Secretaria Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu.

Organizações Não Governamentais: Brasileiras - Fundação Araucária, Polo Iguassu, Sebrae, Mater Natura, Instituto Maytenus, FIEP, FINEP; Argentinas - Fundacíon Vida Silvestre Argentina, banco dos Bosques, Aves Argentinas.

Universidades: UNIOESTE, outras universidades regionais (UNILA, UNIAMÉRICA, UDC, Anglo-Americano).

Instituições Internacionais: IUCN, UNESCO, WWF, Banco Mundial.

Outros apontamentos foram para Itaipu e Faisal Saleh. Dez pessoas não souberam responder a esta questão.

 Oportunidades que podem acelerar ou serem geradas pela conservação transfronteiriça:

b. A maior parte dos recursos para gerenciar a comunicação de forma regular e eficaz

com parceiros na área protegida transfronteiriça proposta estão disponíveis: Telefone, Internet, Sala de reuniões, Veículos;

c. Existe vontade em compartilhar recursos com os parceiros;

d. A capacidade operacional e / ou técnica pode ser melhorada através da assistência

mútua;

e. Existem disposições legais para a troca de dados entre os parceiros;

f. Iniciativas comuns para melhorar o estado do conhecimento sobre a biodiversidade e

os recursos naturais da área protegida transfronteiriça proposta poderiam ser exercidas conjuntamente;

g. Atividades comuns de pesquisa foram implementadas com sucesso;

 Existem riscos nas seguintes áreas:

a. Não existem recursos financeiros disponíveis para as atividades transfronteiriças; b. O desenvolvimento de capacidades dos recursos humanos para a coordenação das

atividades transfronteiriças é altamente necessário;

c. Há significativa necessidade para assistência em recursos financeiros e/ou

desenvolvimento de conhecimento e/ ou equipamentos de fontes externas;

d. Uma contribuição financeira para as atividades transfronteiriças não estaria disponível

pelo orçamento do Estado;

e. As fontes de informação (por exemplo, inventários de biodiversidade, mapas, bases de

dados) dos países envolvidos não são compatíveis;

f. Não há experiência com gestão de projetos financiados com recursos externos.

As capacidades disponíveis para a cooperação são baixas, tendo em vista a falta de recursos financeiros, humanos e de habilidades. A sua construção é primordial para a prática da cooperação.

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