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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

LIMITES DE ATTERBERG

4.2.2 Avaliação da incorporação através de análises realizadas nos blocos cerâmicos.

4.2.2.2 Absorção de Água

Absorção de água é a capacidade que um bloco cerâmico possui de absorver um determinado percentual de água proveniente das mais diversas origens, como a umidade natural, a imersão durante a construção das alvenarias, a água existente nas argamassas das juntas e dos revestimentos, a água das chuvas, a água que sobe por capilaridade e por condensações (FAULT, 2003). Os blocos cerâmicos produzidos com a incorporação de borras oleosas foram submetidos à análise de absorção de água, conforme método de ensaio da NBR 8947 (ABNT, 1985), indicado na NBR 7171 (ABNT, 1992). Os dados originais estão apresentados no Anexo C.

A Tabela 15 apresenta os valores obtidos na análise de variância de absorção de água em função da utilização das borras das duas caixas SAO, com os mesmos teores de incorporação, também não apresentando diferença estatística significativa entre os locais de coleta da borra, SAO de Santa Bárbara e SAO de Nova Magalhães.

TABELA 15: Análise de variância dos valores médios de absorção de água (AA) em função da utilização das borras dos SAO's das Estações de Santa Bárbara e de Nova Magalhães para os teores de incorporação utilizados. São Cristóvão, 2003.

Absorção de água (AA)

Fontes de variação GL Quadrado médio F Significância

Local 1 0,2450001 0,231 ns Borra (5) 6,4232 14,047 (P<0,01) Linear 1 24,4804 72,594 (P<0,01) Quadrática 1 0,7125 2,11 (P<0,17) Resíduo 12 0,3372 CV (%) 3,71 ns – não significativo

Observa-se, na Tabela 15, que não houve efeito significativo pelo teste F para o parâmetro absorção de água (AA), notadamente quanto ao local de coleta das borras. Aplicando o mesmo raciocínio utilizado para o parâmetro resistência mecânica (RM), pode-se inferir que a borra oleosa de qualquer um dos doze SAO's parece ser adequada para este tipo de incorporação. Foi também identificado um coeficiente de variação (CV%) relativamente baixo, indicando menos problemas quanto à utilização deste resíduo, em função do propósito estudado, uma vez que não se espera grandes variações entre materiais provenientes de diferentes separadores SAO. Por outro lado, constatou-se que quando se efetuou o desdobramento dos teores de borra, houve efeito significativo (P<0,01) pelo teste F para absorção de água (AA).

Os resultados dos ensaios de absorção de água executados nos blocos confeccionados com incorporação de 0% (testemunho), 10%, 15%, 20% e 25% da borra proveniente do SAO da Estação de Santa Bárbara (Figura 12 e Anexo C) apresentam um comportamento linear crescente da absorção de água (%) em resposta aos níveis de teor de borra incorporado (P<0,05).

* significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Student

FIGURA 12: Comportamento da absorção de água (%) em função dos teores de borra incorporada (%) – São Cristóvão, 2003

Verificou-se, ainda, que houve um incremento na ordem de 24 % na capacidade de absorção de água pelos blocos, em função do teor máximo de borra incorporada, com 75,46% de capacidade preditiva, se ajustando muito bem no modelo de regressão linear. Tal fato permite inferir que um percentual maior de incorporação de borra aumenta a porosidade do bloco cerâmico e, conseqüentemente, diminui a sua resistência mecânica, ou seja, quanto menor a absorção de água, menor a porosidade e maior a resistência mecânica do bloco cerâmico (Figura 12).

Os tratamentos (P<0,05) conferiram aos blocos uma capacidade de absorção de água situada entre 8% e 25%, limites inferiores e superiores permitidos na NBR 7171 (ABNT, 1992). Percentuais de absorção de água superiores a 25% indicam que a parede construída com tais blocos pode sofrer aumento de carga quando exposta à chuva, podendo acarretar problemas estruturais à construção, implicando em mais consumo de energia para a manufatura de novos materiais, e conseqüentemente, uma pressão maior sobre o uso de recursos naturais envolvidos na sua fabricação. Neste caso, parece que a incorporação da

r2=0.75459452 DF Adj r2=0.59099087 FitStdErr=0.80089236 Fstat=12.299555

a=13.971429 b=0.13428571

0 10 20 30

Teor de borra incoporada (%) 13 13.5 14 14.5 15 15.5 16 16.5 17 17.5 A bs or çã o de á gu a (% ) y = 13,97143+0,13428* x R2= 0,7546

borra não traz prejuízos, no que diz respeito à absorção de água nos tijolos e conseqüente resistência mecânica, a depender do percentual de sua incorporação.

4.2.2.3 Eflorescência

Entre os inconvenientes resultantes da ação da água nos tijolos está a formação de eflorescências. Os blocos cerâmicos contêm sais solúveis, sendo os mais comuns os sulfatos de cálcio, magnésio, sódio e potássio. Tais sais podem existir na argila, geralmente sob a forma de gesso, resultar da formação das piritas durante a cozedura, serem provenientes do enxofre contido no combustível ou serem provocados por sais solúveis existentes nas argamassas ou nos materiais incorporados durantes a fabricação do material. Os movimentos da água nos blocos cerâmicos dissolvem os sais e trazem-nos à superfície, onde se cristalizam em contato com o ar, provocando o aparecimento de manchas brancas e, sobretudo, contribuindo para a deterioração dos revestimentos (Petrucci, 1978; Verduch & Solana, 2000; Junginger & Medeiros, 2002; FAULT, 2003).

Os blocos cerâmicos produzidos com a incorporação de borras oleosas dos SAOs de Santa Bárbara e de Nova Magalhães foram submetidos à análise de formação de eflorescência, conforme método de ensaio previsto na Norma Portuguesa NP 80 (IGPAI, 1964). Este ensaio, por não ser exigido nas Normas Brasileiras, não é usualmente realizado, porém, torna-se essencial neste trabalho para a verificação da qualidade do bloco cerâmico produzido com a borra oleosa, em razão da alta salinidade desta, pois o aparecimento de eflorescências indica que o teor de sais solúveis está acima do aceitável para garantir suas características essenciais, como a resistência mecânica e a porosidade, sofrendo influência direta da absorção de água.

A Figura 13 mostra visualmente que todos os blocos cerâmicos ensaiados apresentaram arestas ou vértices dos blocos revestidos parcial ou totalmente de sais, cobrindo área superior a 5 cm2. A partir da confirmação da formação de eflorescência e seguindo recomendação da Norma citada, realizou-se uma análise do teor total de sais solúveis nos blocos cerâmicos produzidos, visando uma melhor compreensão sobre a possibilidade de incorporação da borra oleosa em blocos cerâmicos de vedação.

FIGURA 13 – Blocos apresentando eflorescência (manchas esbranquiçadas). Novembro 2002