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ANÁLISE ELEMENTAR ORGÂNICA

3.2.2 Incorporação da borra oleosa em blocos cerâmicos

3.2.2.3 Avaliação dos blocos cerâmicos após a incorporação da borra oleosa

Os blocos cerâmicos produzidos com a incorporação de borras oleosas foram testados quanto às suas propriedades físico-mecânicas e os dados gerados foram submetidos a testes estatísticos visando a obtenção de modelos de regressão que melhor se ajustassem aos parâmetros estudados. Os programas utilizados para execução das análises estatísticas foram o SAEG 8.0 desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa e o Table Curve 2D da Jandel.

A verificação da conformidade dos blocos cerâmicos com as Normas Brasileiras foi realizada através das análises de resistência mecânica, absorção de água, eflorescência, teor de sais solúveis e capacidade de retenção de metais pesados, medida através de ensaios de lixiviação e solubilização, descritos a seguir:

a) Resistência mecânica

As análises de resistência mecânica foram realizadas conforme a NBR 6461 (ABNT, 1983) pela Empresa Sonda Engenharia e Construções Ltda. Esse ensaio verifica a capacidade de carga que os blocos cerâmicos suportam quando submetidos a forças exercidas perpendicularmente sobre suas faces opostas e determina se as amostras oferecem resistência mecânica adequada, simulando a pressão exercida pelo peso da construção sobre os tijolos. O não atendimento aos parâmetros normativos mínimos indica que a parede poderá apresentar problemas estruturais como rachaduras e, conseqüentemente, oferecerá riscos de desabamento à construção (Pianca, 1974). A resistência foi determinada a partir dos resultados obtidos pelas amostras durante o ensaio. No caso de blocos cerâmicos com largura (L) inferior a 90 mm, a resistência mínima à compressão exigida é de 2,5 MPa. Independentemente da classificação, todas as amostras de blocos cerâmicos têm que atender ao requisito mínimo de 1,0 MPa.

b) Absorção de água

As análises de absorção de água foram realizadas conforme a NBR 8947 (ABNT, 1985), pela Empresa Sonda Engenharia e Construções Ltda. O ensaio de determinação de absorção de água verifica o percentual de água absorvido pelo bloco cerâmico obtido a partir da diferença entre a massa seca e a massa úmida da amostra. De acordo com a metodologia de ensaio descrita pela Norma Brasileira, primeiro determina-se a massa do bloco cerâmico após ter sido colocada em estufa para secagem. Em seguida, mergulha-se a amostra em água, deixando-a submersa por um determinado período de tempo e mede-se a massa do bloco úmido. Através da diferença entre os dois valores encontrados, obtém-se o percentual de água absorvido pela amostra. A absorção de água não deve ser inferior a 8% nem superior a 25%.

c) Eflorescência

O fenômeno da eflorescência representa o depósito de sais sobre uma superfície qualquer. Para que ela ocorra são necessários e suficientes três fatores simultâneos: água,

gradiente hidráulico e sais solúveis. A umidade, atravessando um corpo poroso, dissolve os sais nele presentes e os transporta até a superfície, onde ocorre a evaporação da água e a conseqüente precipitação dos sais, que se depositam na forma de pó ou manchas, geralmente brancas, sobre a superfície (Junginger & Medeiros, 2002).

A Norma Brasileira NBR 7171 (ABNT, 1992) não prescreve nenhuma condição de formação de eflorescência em blocos cerâmicos. Na ausência de uma condição normativa de ensaio e por considerar este assunto de extrema relevância na determinação das características qualitativas do produto, optou-se por adotar a condição imposta pela Norma Portuguesa NP 80 (IGPAI, 1964) que trata das características e ensaios em tijolos para alvenaria e estabelece ensaios e limites para a formação de eflorescências.

O ensaio foi realizado pelo Laboratório da PETROBRAS/UN-SEAL e consiste em colocar os blocos cerâmicos verticalmente num recipiente de fundo chato. Enche-se de água destilada até o nível de 1,0 a 1,5 cm do bloco, sendo a água renovada até que o bloco cerâmico fique saturado. As amostras são deixadas secar e, se o bloco cerâmico contem sais solúveis, estes afloram à superfície para formar eflorescências brancas. A formação de eflorescência é avaliada pela extensão dos depósitos salinos nos blocos cerâmicos. O resultado do ensaio deve mostrar a aresta ou vértice do bloco cerâmico, revestido parcial ou totalmente de sais, não provocando o alastramento da zona de deposição salina para as faces de forma que ultrapassem uma área superior a 5 cm2.

d) Teor total de sais solúveis

A análise dos sais solúveis indica a possibilidade dos blocos cerâmicos, sob persistentes condições de umidade, poderem vir a deteriorar as argamassas das juntas e rebocos, devido ao ataque dos cimentos pelos sulfatos, o qual pode ser provocado mesmo pelo relativamente insolúvel sulfato de cálcio e, de certo modo, mais rápido e mais intenso, se os sulfatos de magnésio, sódio e potássio estão presentes em qualquer quantidade (IGPAI, 1964). A Norma Brasileira NBR 7171 (ABNT, 1992) não prescreve nenhuma condição de teor total de sais solúveis em blocos cerâmicos. Na ausência de uma condição normativa de ensaio e por considerar este assunto de extrema relevância na determinação das características qualitativas do produto, optou-se por adotar a condição imposta pela Norma Portuguesa NP 80 (IGPAI, 1964), que estabelece o limite de 0,5% em massa para o teor total de sais solúveis

em blocos cerâmicos, cuja análise só é executada quando o bloco é reprovado no ensaio visual de eflorescência.

O ensaio foi realizado pelo Laboratório da PETROBRAS/UN-SEAL e consiste em misturar 250 ml de água destilada a 10 g do bloco cerâmico pulverizado. O bloco é agitado mecanicamente por 30 mim, filtrado, lavado, submetido a evaporação e levado à estufa para secagem. O teor em sais solúveis é relacionado com a percentagem pelo quociente da massa do filtrado seco pela massa do bloco cerâmico ensaiada. Também foram identificados os principais sais solúveis presentes nos blocos cerâmicos, através da respectiva metodologia citada na Tabela 6.

TABELA 6: Métodos utilizados para identificação dos principais sais solúveis

SAIS SOLÚVEIS METODOS UTILIZADOS

Cálcio % Titulação EDTA

Magnésio % Titulação EDTA

Sódio % Absorção Atômica

Potássio % Absorção Atômica

Sulfato % Absorção Molecular

Cloreto % Titulação Argentométrica

e) Lixiviação

Os ensaios de lixiviação são utilizados para determinar ou avaliar a estabilidade química dos resíduos tratados, quando em contato com soluções aquosas que podem ser encontradas em um aterro, permitindo assim verificar o grau de mobilização dos contaminantes. De acordo com Moreira-Nodermann, apud Casarini et al (2001) o solo atua freqüentemente como um ‘filtro’, depurando e mobilizando grande parte das impurezas nele depositadas, porém essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da disposição de resíduos sólidos.

De acordo com a Norma Brasileira NBR 10005 (ABNT, 1987b) lixiviação é a operação de separar certas substâncias contidas nos resíduos industriais por meio de lavagem ou percolação. As análises de lixiviação foram realizadas conforme a Norma citada, pelo INNOLAB, visando verificar se os blocos cerâmicos com incorporação de diferentes teores de borra oleosa causariam algum risco ao meio ambiente e aos futuros usuários do produto, quando expostos às condições de intemperismo.

f) Solubilização

De acordo com a Norma Brasileira NBR 10006 (ABNT, 1987b) solubilização é o ensaio utilizado para diferenciar resíduos Classes II e III e é aplicável somente a resíduos sólidos. As análises de solubilização foram realizadas conforme a Norma citada pelo INNOLAB. Os resíduos são mergulhados em água destilada e sofrem agitação por 5 minutos ficando depois imersos por sete dias em repouso. A análise dos teores de metais é feita no filtrado e comparada com os padrões definidos na Listagem 8: ‘Padrões para o teste de solubilização’ da NBR 10004 (ABNT, 1987a).

3.3 INDICADORES AMBIENTAIS PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS