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Acórdão 3 Agravo interno no agravo em recurso especial nº 1492432 – São

4.1 APRESENTAÇÃO DAS DECISÕES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

4.1.3 Acórdão 3 Agravo interno no agravo em recurso especial nº 1492432 – São

Trata-se de acórdão proferido na data de 11 de abril de 2017, tendo como relator o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, estando a ementa do presente acórdão, bem como os entendimentos da decisão, colacionados a seguir:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM. SÚMULA 301/STJ. INTERPRETAÇÃO. CARGA DINÂMICA DA PROVA. RECONHECIMENTO, COM BASE NO

ARCABOUÇO PROBATÓRIO E, AINDA, NA PRESUNÇÃO DECORRENTE DA NEGATIVA DE REALIZAÇÃO DE EXAMES, DA PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. 1. A presunção de paternidade reconhecida no enunciado nº 301/STJ não se limita à pessoa do investigado, alcançando, do mesmo modo, os réus (familiares) que a ela se contrapõem, negando-se à realização de exame que poderia trazer definitivas luzes acerca da controvérsia. 2. Análise da questão também sob viés da doutrina da carga dinâmica da prova. 3. Reconhecida a impossibilidade de realização da prova pericial nos restos mortais do investigado, não só porque falecido há mais de trinta anos, mas, também, porque morrera carbonizado, não tem esta Corte como afastar a premissa sem revisitar as provas produzidas. 4. A probabilidade de extração de material do corpo do falecido, se é que existente, não afasta, como sustentam as recorrentes, a conclusão de que a sua negativa de realizar o exame faria afastada a presunção de paternidade que decorre do enunciado 301/STJ. 5. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (BRASIL, 2017).

O presente caso trata de um agravo interno provido pelos familiares do falecido, que em razões recursais aduziram que a Súmula 301 do Superior Tribunal de Justiça estava restrita ao pai e não aos filhos, não podendo neste caso ser utilizada. Afirmaram que mesmo que o pai tivesse morrido carbonizado, além de já ter sido a mais de trinta anos, era sim possível a realização do DNA com materiais deste, não houve contrarrazões.

Em seu voto, o Ministro Relator negou o acolhimento, pois afirmou em dupla conformidade, pois o Egrégio Tribunal do Estado de São Paulo julgou procedente o pedido de investigação e desta forma foi anulado a partilha dos bens deixados pelo falecido.

O recurso especial foi devolvido por nulidade do processo por ausência de citação dos maridos das demandadas, pela presunção de paternidade com fulcro na Súmula 301 do Superior Tribunal de Justiça. Entretanto, em agravo interno somente havia controvérsia quanto a prova da paternidade e consequentemente com a Súmula citada. O Ministro relator enalteceu o fato das filhas se recusarem a realizar o teste de DNA, com aparente intuito procrastinatório na diligência requerida e a dificuldade em realizar o dito teste no corpo do falecido devido a forma que veio a óbito.

Em prova oral, a autora demostrou o relacionamento amoroso que sua mãe e o suposto pai tinham à época da concepção, confirmando as informações contidas na petição inicial. Sua genitora foi ouvida como informante, esclarecendo que conheceu o genitor em 1978, e que ele parou de carro para conversar com ela. Relatou que não tinha outros namorados na época, ela saia todas as semanas com ele e passou posteriormente a frequentar um apartamento duplex, sendo que o relacionamento durou em média quatro meses. Foi ouvido como testemunha, um conhecido da genitora, que relatou ter visto os pais da autora juntos umas duas ou três vezes, sendo esses também ouvidos como informantes, relatando que a genitora namorou um rapaz

com o mesmo nome do investigado. E da parte ré a testemunha, que era secretária pessoal do falecido não soube afirmar com era a vida pessoal dele, pois só tinha contato durante o expediente. Com estes relatos notou-se que havia um relacionamento amoroso entre eles, pois além da boate ela também frequentava o apartamento dele, e ressaltou que a negativa das filhas em realizar o DNA tem efeitos relevantes no caso.

Sendo assim, por unanimidade, da Terceira Turma, ao apreciar o processo, decidiu negar o provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

4.1.4 Acórdão 4. Agravo interno no agravo em recurso especial nº 1686433 – Rio Grande do Sul

Trata-se de acórdão proferido na data de 02 de abril de 2018, tendo como relator o Ministro Marco Aurélio Bellizze, da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, estando a ementa do presente acórdão, bem como os entendimentos da decisão, colacionados a seguir:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. POST MORTEM. 1. CERCEAMENTO DE DEFESA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA (EXUMAÇÃO). TRIBUNAL DE ORIGEM QUE ALEGOU SER O EXAME PERICIAL INCONCLUSIVO E DISPENSOU NOVA PRODUÇÃO DE PROVA POR SE MOSTRAR DESNECESSÁRIA. CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. PECULIARIDADES DO CASO. NECESSIDADE DE RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA OPORTUNIZAR A PRODUÇÃO DA PROVA PRETENDIDA. 2. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está sedimentada no sentido de que não configura cerceamento de defesa o julgamento da causa sem a produção da prova solicitada pela parte, quando devidamente demonstrado pelas instâncias de origem que o feito se encontrava suficientemente instruído, afirmando-se a presença de dados bastantes à formação do seu convencimento. Os princípios da livre admissibilidade da prova e da persuasão racional, nos termos do art. 130 do CPC/1973 (correspondente ao art. 370 do CPC/2015), autorizam o julgador a determinar as provas que entende necessárias à solução da controvérsia, bem como o indeferimento daquelas que considerar dispensáveis ou meramente protelatórias. 1.1. Na hipótese ora em foco, os agravados alegam que inexiste nos autos laudo capaz de afastar definitivamente a paternidade pretendida, assim, a solução do litígio dependeria da exumação do investigante e da investigada para realização do exame de DNA. 1.2. À vista das premissas apresentadas, entendo caracterizado o cerceamento de defesa, pois, não obstante o recolhimento do material genético para realização de exames de DNA em duas oportunidades, não foi possível obter resultado conclusivo da investigação de paternidade, portanto, deveria o magistrado deferir a produção probatória requerida pelos demandantes, o que não fez. 1.3. Além disso, em se tratando de investigação de paternidade post mortem, deve ser proporcionado aos investigantes todos os meios de prova existentes para a solução da questão pretendida. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (BRASIL, 2018a).

O presente caso trata de um agravo contra decisão monocrática que deu provimento ao recurso especial apresentado pela parte agravada que teve resultados inconclusivos no exame pericial e teve a dispensa de novas provas por achar desnecessário e retorno dos autos a origem para a produção de provas, com isso teve o recurso provido.

A parte agravante em suas razões pretendia a reforma da decisão, agravando que a decisão não deveria nem se quer ser admitida, pela ausência de prequestionamento e à impossibilidade de revisão de matéria fática, diz que não atacou os fundamentos da decisão proferida em origem. Além disso, alegou que não havia provas quanto a relação amorosa entre a mãe da investigante e o investigado, nem mesmo que tinham se conhecido ou que houvesse alguma relação empregatícia, acreditando que a investigação estava ligada a interesses meramente patrimoniais.

O Ministro relator afirmou que o recurso não comportava provimento, pois a decisão agravada foi mantida por fundamentos próprio. Deu provimento ao recurso especial a fim de retornar à origem e produzir a prova requerida – exumação – para assim conseguir o material genético e realizar o exame. Entretanto ficou inviável a realização da exumação, levando-se em conta que fazia quarentas anos, desde a morte do investigado. Não houve nenhuma prova de que este e a mãe da investigante tiveram um romance. A mãe da investigante também já estava morta há sete anos, ficando ainda mais difícil comprovar algo. Além do mais, o investigado deixou sete filhos, o que dificultava realizar o exame de DNA, dada a similaridade entre as pessoas. Ressaltou que a investigante já tinha um pai registral, que o criou e educou desde tenra idade; e que somente depois de sete décadas tinha resolvido acionar a justiça para a presente investigação. Conforme análise de um laboratório, seria sim possível a realização da exumação e teste de DNA, porém o juiz equivocou-se em sua decisão e com isso não esgotou todas as possibilidades de provas.

Sendo assim, por unanimidade, da Terceira Turma, ao apreciar o processo, decidiu negar o provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.