• Nenhum resultado encontrado

Existem diversas formas de provar a paternidade, podendo ser acolhido qualquer tipo de provas em Direito admitidas, ou seja, todos os meios devem ser utilizados. Pinho (2020, p. 742) esclarece que as provas constituem “os instrumentos técnicos aptos a demonstrar a veracidade de determinadas alegações controvertidas e relevantes para o julgamento da causa.”. Por sua vez, o artigo 369, do Código de Processo Civil confirma que: “As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não

especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz” (BRASIL, 2015). No mesmo sentido, o artigo 5º, LVI, da Constituição Federal dispõe que “[...] são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos [...]” (BRASIL, 1988). Neves (2018, p. 751) ainda afirma que “A ilicitude se daria quando o próprio meio de produção da prova é injurídico ou imoral, como as gravações clandestinas de conversas telefônicas ou filmagens também clandestinas sem a devida autorização judicial.”. Por fim, Cardin (2012, p. 119) informa que “A impugnação à filiação não deve restringir-se às diretrizes traçadas pelo Diploma Civil, mas, sim, permitir que sejam utilizados outros meios de provas que solucionem todas as questões oriundas da filiação”.

Ante o exposto, é de se entender que as provas dentro da ação de investigação de paternidade são muito importantes, uma vez que com elas a definição da paternidade pode ser confirmada, pois as provas não são meios, e sim a resolução do problema principal da ação. Como aduz Pinho (2020, p. 738) “O objeto da prova é o conjunto de alegações controvertidas das partes, sendo relevante para o julgamento da causa. A prova incide sobre fatos, ou seja, o objeto da prova são os fatos litigiosos.”. Para tanto o juiz responsável pela ação poderá dar provimento a ação assim que este acreditar que seja inequívoca, eficiente e absoluta.

A prova documental, conforme Gonçalves (2020, p.85) constitui a “representação material que sirva para provar um determinado fato ou ato. Costuma-se reservar essa qualificação à prova literal, isto é, à escrita. Mas o conceito de documento abrange também outras formas de representação”, ou seja podem ser apresentados escritos, fotografias, sendo públicos ou particulares, desde certidões até bilhetes, uma vez que conste informações necessárias e relevantes relacionadas a relação existente entre a genitora e o investigado, podendo ser, muitas vezes, uma declaração de vontade deste.

Existe a possibilidade de se utilizar a prova testemunhal. Contudo, segundo Medina (2017, p. 470) “É, indubitavelmente, a menos confiável das provas. Não se chama a atenção, aqui, apenas a questões atinentes ao risco de que o depoente minta, deliberadamente [...] Referimo-nos, sobretudo, ao elevado risco de falseabilidade das lembranças do depoente”. Entretanto, havendo a necessidade de inquerir testemunhas, essas terão os seus depoimentos colhidos sobre os fatos que lembram e que acreditam ser indispensáveis para a ação. Geralmente, as testemunhas se deixam levar pelas amizades, pois para este tipo de ação é necessário que tenha um grau avançado de convivência com as partes. Além disso, o valor que

esta prova tem é menor que as demais, porém, não deixa de ser uma peça fundamental para auxiliar na decisão do juiz.

Também se pode contar com a prova pericial. Segundo Neves (2018, p. 800) “É o meio de prova mais complexo, demorado e caro do sistema probatório, de forma que o seu deferimento deve ser reservado somente para as hipóteses em que se faça indispensável contar com o auxílio de um expert”. Este tipo de prova serve para demonstrar fatos de percepção mais precisa, de forma técnica e científica, devendo ser realizado por um perito e por assistentes técnicos. Destaca-se que esse sistema de estudo do DNA e HLA realizados em ações de investigação de paternidade pertencem a esta modalidade de prova, aceita em razão da elevadíssima probabilidade de que o resultado apontado corresponde à realidade. Desse modo, com a utilização do exame de DNA, a confirmação da paternidade tornou-se indiscutível. Para Coelho (2012 p. 407):

[...] a partir do exame de uma única célula do organismo de uma pessoa, é possível afirmar-se com certeza quase absoluta se ela é pai ou mãe de outra, ou não é. A única margem de dúvida diz respeito à possibilidade de o examinado ter um irmão gêmeo univitelino, cuja estrutura de ADN imagina-se seja idêntica à dele. Emvista disso, o exame emADN é capaz de fornecer informações com a precisão científica de 99,9999%.

O exame de DNA não tem limitações quanto a idade. Desse modo, é possível realizar em recém nascidos ou até mesmo durante a gestação. O material genético utilizado não tem prazo de validade, ou seja, pode ser colhido em dias ou até mesmo em anos. Isso acontece, pois o DNA é uma molécula estável que pode ser extraída e congelada por muitos anos. Em casos em que o pai já tenha falecido ou se negue a realizar o exame, é possível ser testado em avós, irmãos ou por exumação. Destaca-se que nada altera o padrão de DNA do indivíduo, nem mesmo drogas, álcool, alimentação, idade, estilo de vida, tatuagens, cirurgias e nem mesmo se faz necessário estar de jejum no momento da realização do exame. Um obstáculo que dificulta a execução, é o valor do exame, que tem um custo elevado e nem todos têm condições de custear, fazendo com que seja solicitada a justiça gratuita. Assim, em sendo o resultado positivo, a sentença determina o reconhecimento da paternidade, encaminhando-se o termo ao Registro Civil para averbação na certidão de nascimento do autor. Se o resultado for negativo, arquiva- se o processo e a mãe pode ser consultada, de forma sigilosa, sobre a possibilidade de indicação de outo indivíduo para a investigação da paternidade.

3.5 ALTERNATIVAS DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM