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CAPÍTULO 4 – ESCOLA DE BELAS ARTES: DIÁLOGO EM PROL DE UMA

4.2 Os acervos de imagem em movimento da EBA

4.2.1 Acervo do Midia@rte

72 Todos os filmes possuem um frame no livro do prof. José Américo, citado acima, e a maioria deles foi telecinada – passagem da película para arquivo digital – pelo técnico Nelson Barraza Aspeé, bastando procurá-lo para ter acesso.

73 É importante mencionar que, além do acervo de película da EBA, também existem acervos na Escola de Veterinária e na Escola de Educação Física da UFMG. Esses dois acervos mencionados são em sua maioria originados da exposição de filmes específicos de cada área em sala de aula para ilustrar alguma disciplina ou de observação do corpo humano ou animal ao longo de pesquisas desenvolvidas nas unidades.

109 O Midia@arte é um laboratório ligado ao Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema da EBA-UFMG. Foi criado pelo prof. Dr. Heitor Capuzzo Filho – na época docente da EBA- UFMG e atualmente aposentado – para atuar em projetos de ensino, pesquisa e extensão que utilizassem novas tecnologias digitais de ambiente interativos e virtuais, e de animação clássica à experimental.

Atualmente o Laboratório é coordenador pelo prof. Arttur Ricardo de Araújo Espíndula e subcoordenador pela profa. Ana Lúcia Menezes de Andrade, tendo o Espaço Memória do

Cinema ligado à Rede de Museus da UFMG.

No Espaço Memória do Cinema, existem laserdisc74 com ilustrações de animações, livros essenciais ao ensino de animação, VHS, DVDs, equipamentos como câmeras super 8, e computadores para edição de imagens – estes conseguidos através do colegiado do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais. As câmeras super 8 estão funcionando e foram retiradas da caçamba de descarte pelo prof. Arttur quando algum departamento da EBA resolveu descartá- las. O acervo foi catalogado por monitores bolsistas – cedidos ao Laboratório pela EBA. O espaço está aberto a visitas mediante agendamento por e-mail.

Figuras 19 e 20 – À esquerda, tanque de revelação de películas de filmes. À direita, projetor de filmes. Ambos

foram confeccionados pelo realizador Igino Bonfioli. Fotos: Arquivo pessoal Camila Silva.

Um dos projetos desenvolvidos pelo Laboratório é Publicação de animações da EBA-

UFMG criado e coordenado pelo prof. Arttur e pelo prof. Dr. Maurício Gino em 2012. Tem 74 Discos que antecederam o CD e o DVD e foram lançados na década de 1990. Possuíam aproximadamente o dobro do tamanho de um DVD e dois lados de gravação/leitura.

110 como objetivo publicar e divulgar a produção discente do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais.

O processo de seleção é feito a partir dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos, que consistem

na elaboração de um projeto audiovisual ou de arte digital desenvolvido individualmente ou em grupo (desde que fique evidenciada a participação de cada membro para avaliação individual), acompanhado de monografia (relatório reflexivo sobre o processo de produção do produto final – filme, jogo, web, instalação etc.) (VIDIGAL et al, 2011, p. 63).

Os trabalhos finalizados e selecionados, relacionados à animação são depositados no Acervo. No início, os professores Arttur e Maurício chamavam os demais docentes do curso para opinar e selecionar os filmes, com o passar do tempo, apenas eles se ativeram a essa atividade.

em um segundo momento, eu estava lecionando a disciplina que justamente finaliza esses filmes, que era a disciplina de Ateliê IV, no curso antigo de Artes Visuais, e no curso atual é Ateliê III de Cinema de Animação. As duas disciplinas, em ambos os cursos, são as que correspondem à finalização e pós-produção dos filmes. Na época, eu estava dividindo a disciplina com Virgílio Vasconcelos, que é outro professor, e como nós estávamos terminando os filmes com eles, eu falei para que colocássemos isso como um pré-requisito da disciplina, quando eles fossem entregar o filme em DVD, nós já cobraríamos a mídia digital, com a ficha técnica do filme, tudo isso valendo ponto. E isso facilitou muito, esse ano nós colocamos ainda mais forte, porque antigamente nós só pedíamos para que fizessem isso, mas não cobrávamos ponto, e acabava que os alunos não entregavam. Agora se você não entregar, você fica sem ponto, então eles entregam, senão perdem bastante ponto. Nós recebemos isso na disciplina e sempre chega à minha mão, porque eles são armazenados aqui dentro [no Midia@rte]. Ali tem alguns e na sala de baixo nós temos mais alguns filmes. Quando eles chegam aqui, nós organizamos todos, independendo da qualidade, se gostamos ou não, para participar também da mostra anual que nós fazemos. Inclusive eles [os monitores] estão ali fazendo um cronograma de atividades para esse ano. O que acontece é que esses filmes, independentemente de estarem realmente concluídos ou não, eles são apresentados na mostra, salvo algumas exceções, por exemplo, se precisa passar em um festival, o aluno pede para que segure um pouco para passar lá primeiro, e às vezes nós conseguimos fazê-lo. Mas quando nós fazemos essas mostras, nós projetamos os filmes dos alunos para que eles também tenham a ciência de que eles também estão conseguindo ter resultado e tal. Então o único pré-requisito da mostra é que ele tenha feito parte e sempre que possível nós mostramos alguns filmes mais antigos. Agora nós vamos passar o Ogum, que é do Ricardo Souza, ele foi aluno aqui e hoje é dono da Poeira Estúdio; e também vai passar o filme do André Reis.75

111 O upload desses filmes é feito na plataforma Vimeo. Segundo o prof. Arttur, inicialmente, eles criaram um padrão simples de catalogação por ano de divulgação ou ano de conclusão do filme. Atualmente,

Nós estamos criando tags dentro do próprio Vimeo, para que consigamos colocar stop motion, por exemplo, animação recorte ou coisa desse tipo. Só que essa conta simples é bem simples, eu até já pensei em tirar isso e criar uma conta no YouTube, até para ter uma visibilidade maior, só que eu não tive nem condição de sonhar em fazer isso agora.76

A descrição dos vídeos disponibilizada pela plataforma Vimeo é básica: por título, conteúdo, idioma, categorias e marcadores (tags), classificação de conteúdo (para todas as idades/adulto), créditos, miniaturas (imagens do vídeo), status do vídeo (critérios de privacidade). Normalmente além das informações, os professores colocam a ficha técnica dos filmes com as informações enviadas pelos alunos.

Além dessa dificuldade, segundo o prof. Maurício Gino, essa plataforma fica a cargo apenas de dois professores que têm outras atividades para serem desenvolvidas ao longo do semestre. Então a alimentação

depende muito da nossa disponibilidade. Tanto que tem época, por exemplo, final de semestre, que a gente nunca tem tempo para atualizar a página, mas também é a época que os alunos estão entregando os filmes. Aí, no início do semestre, é o momento normalmente que a gente tem um pouco mais de disponibilidade para poder fazer novos uploads. Funciona dessa forma, de uma maneira até um pouco improvisada.77

Figura 21 – Página no Vimeo do CAAD UFMG, perfil do Projeto.

76 Ibid.

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O projeto é muito importante não só para guardar a produção discente do curso de Cinema de Animação, mas também para viabilizar a difusão do acervo em grande escala, permitindo que os filmes realizados pelos alunos sejam inclusive selecionados para exibição em festivais de animação. Com autorização prévia dos realizadores, é possível enviar o arquivo em alta resolução para download aos organizadores dos festivais que solicitarem um filme.

Semelhante à categorização feita no Canal do MISBH no Youtube, essa organização mostrada na Figura 21, facilita a busca pelo usuário de filmes produzidos em determinados períodos.

Figura 22 – Coleções de filmes por décadas de produção - Página no Vimeo do CAAD UFMG.

Além disso, o usuário pode efetuar a busca por palavras-chave (tags) e visualizar além da descrição do filme, quantas pessoas acessaram (►), gostaram (♥) e comentaram cada vídeo, como mostrado na Figura 23.

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Figura 23 – Descrições, acessos, curtidas e comentários em cada vídeo - Página no Vimeo do CAAD UFMG.

O dono do perfil pode, ao fazer o login, visualizar gráficos com quantidade de plays (visualizações) dos vídeos, curtidas e comentários por dia ou período.

O ideal é que fosse criado um repositório arquivístico digital, que possibilitasse a migração de suporte, não fosse pago e seguisse as normas arquivísticas de descrição – campos e vocabulário controlado. Entretanto, isso atualmente não é possível devido à realidade da EBA. A plataforma condiz com as iniciativas individuais, isoladas de professores em preservar e dar acesso aos acervos em um local em que não há uma política de preservação institucionalizada. Na falta de um servidor dedicado ao backup diário do material, ele é feito de forma improvisada na nuvem em

uma conta do Gmail onde nós fazemos o upload desses filmes para a nuvem, de modo que nós tenhamos uma senha, temos uma conta para cada mostra para não ficar acumulando, já que filme ocupa muito espaço.78

Segundo o prof. Maurício, outra dificuldade apresentada é que, como a universidade não é uma produtora, não tem CNPJ de produtor, muitas vezes não é possível concorrer aos editais da ANCINE, por exemplo.

114 embora seja um projeto da Universidade, a gente tem que fazer como pessoa física. Eu atualmente estou com um projeto assim, lá para o Espaço do Conhecimento, que foi aprovado pelo Filme Minas, que era aberto para pessoa física ou jurídica. Com o CNPJ da Universidade a gente não poderia porque não é uma produtora, então eu tive que entrar pelo meu CPF. Então fica essa situação que eu acho que é um pouco complicada de um professor se responsabilizando por um projeto que é institucional.79