Segundo expõe Baroni (2010, p. 7), “O acesso ao Ensino Superior é restrito em todos os países do mundo, em maior ou menor grau”. Porém, o autor destaca que existem sistemas de educação menos excludentes, que garantem o prosseguimento dos estudos à maioria dos formandos do Ensino Médio.
Na opinião de Sturion (2001, p. 1)
A admissão ao Ensino Superior, de forma geral, é um problema que traz preocupação para os governos e responsáveis pelo sistema educacional em todos os países. Em países menos desenvolvidos, o problema se agrava, pois, além da pequena oferta de vagas para atender a um contingente cada vez maior de jovens que buscam ser admitidos ao ensino superior, os processos atuais baseados em exames vestibulares têm se mostrado discriminatórios e socialmente injustos.
Na última Conferência Mundial sobre a Educação Superior, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em julho de 2009, constatou-se que “La ampliación del acceso se ha convertido en
una prioridad en la mayoría de los Estados Miembros y el aumento de los índices de participación en la enseñanza superior es una de las grandes tendencias mundiales”. (UNESCO, 2009, p.3)
Porém, apesar dos esforços dos países membros da UNESCO para ampliar o acesso à educação superior, também se constatou que “Sin embargo, aún
subsisten considerables disparidades, que constituyen una importante fuente de desigualdad”. (UNESCO, 2009, p.3)
O acesso à educação superior é percebido pelas classes sociais menos favorecidas como uma passagem para a tão sonhada ascensão social. Esse acesso ocorre de formas distintas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento ao redor do planeta.
Os processos de avaliação do Ensino Secundário e de acesso ao Ensino Superior variam significativamente de país para país. Alguns países avaliam a vocação do candidato para o exercício da profissão pretendida. Outros, a eficácia do Ensino Secundário.
Nos quadros a seguir, elaborados a partir do estudo de Sturion (2001), são apresentadas as formas de acesso ao ensino superior em alguns países.
Quadro 07 – Acesso ao ensino superior nos países desenvolvidos
País Acesso ao ensino superior
França Existe o Baccalauréal, exame obrigatório para todos os concluintes do ensino secundário
Todo aluno aprovado nesse exame, tem garantido o acesso ao ensino superior Porém, as IES costumam empregar testes vocacionais para orientar a admissão
dos estudantes
Inglaterra O acesso ao ensino superior é por área de conhecimento
O ensino secundário contempla currículos nacionais específicos para cada área Para concluir o ensino secundário o aluno precisa ser aprovado em um exame de
conteúdos de alguma área específica
Candidatos ao ensino superior têm acesso somente ao curso da área na qual realizou o exame
Nas instituições mais concorridas somente ingressam os candidatos que atendam aos critérios e condicionantes de cada instituição
Estados
Unidos Há grande variedade de formas de admissão ao ensino superior Não há exame obrigatório para conclusão ao ensino secundário; porém, há exames facultativos realizados por instituições não governamentais que identificam a vocação dos candidatos e os candidatos mais promissores
Os resultados desses exames são utilizados de diferentes formas pelas IES na seleção de seus candidatos
Nas instituições mais concorridas os candidatos são submetidos a exames adicionais de conhecimentos específicos, semelhantes ao vestibular do Brasil Alemanha A admissão ao Ensino Superior na Alemanha exige a obtenção do certificado de
Universitatreif, que pode ser um geral, que permite acesso a todos os cursos de qualquer universidade; ou especializado, que permite acesso apenas a carreiras técnicas
Há também a possibilidade de ingresso no Ensino Superior através de um exame de admissão destinado a candidatos entre 25 a 40 anos de idade, que não possuam o certificado Universitatreife, mas que sejam recomendados por pessoas de reconhecido saber na área de especialização do curso pretendido Japão O ensino superior é orientado em função dos requerimentos do sistema produtivo
Todo candidato a qualquer universidade pública deve submeter-se obrigatoriamente a um exame de nível nacional que avalia os conhecimentos gerais e básicos adquiridos no ensino secundário
As universidades de prestígio, públicas ou privadas, costumam realizar exame específico para avaliar as habilidades e aptidões dos candidatos à admissão Rússia O processo de admissão ao ensino superior na Rússia tem duas fases
Na primeira, os conhecimentos do candidato são aferidos por seu currículo escolar; sem conhecimentos amplos, o candidato não é admitido ao ensino superior
Na segunda fase, são classificados os candidatos que atendam preferencialmente às necessidades do setor produtivo estabelecidas pelo governo
Assim, é admitido ao Ensino Superior aquele candidato que tenha forte ligação com o sistema produtivo
Quadro 08 – Acesso ao ensino superior nos países em desenvolvimento
País Acesso ao ensino superior
Argentina Os concluintes do ensino secundários são submetidos a um exame obrigatório que tem a finalidade de avaliar a eficácia do ensino secundário
As IES selecionam entre os candidatos aprovados nesse exame, aqueles que melhor atendam às suas condicionantes e critérios através de um teste seletivo Chile Os candidatos ao ensino superior são submetidos a um exame obrigatório que
combina aptidão e conhecimentos
Esse exame é aplicado em nível nacional pela Universidade do Chile Cada IES pode aplicar exames adicionais de vocação profissional Costa Rica O exame de admissão ao ensino superior é composto de duas provas
A primeira dessas provas avalia o conhecimento das matérias básicas do ensino secundário
A segunda delas mede a vocação
Cuba Processo de admissão semelhante ao russo
O ingresso no ensino superior já é permitido a todas as camadas sociais
Na primeira fase, o candidato indica três opções de curso superior, explicitando sua ordem de preferência
O candidato só tem acesso à primeira opção, se a nota média de toda a sua vida escolar estiver entre 90 e 100
Um exame vocacional, realizado através de uma entrevista que analisa hábitos, comportamentos e inserção comunitária e partidária do candidato caracteriza a segunda fase
Fonte: Elaborado a partir de Sturion (2001)
Sturion (2001) destaca que o emprego de um processo semelhante ao da Rússia foi experimentado no Brasil, mas não prosperou por razões que iam desde a falta de controle das escolas até a falsificação dos currículos de alguns candidatos.