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Acreditação dos serviços de saúde

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A ciência da medição

2.2.3 A Gestão da Qualidade nos serviços de Saúde

2.2.4.2 Acreditação dos serviços de saúde

De acordo com a OMS, e de uma forma muito simplificada, o termo acreditação reflete a avaliação sistemática das organizações dos hospitais, de acordo com as normas aplicáveis (WHO, 2003: pág. 58).

No âmbito do Programa Nacional de Acreditação em Saúde (PNAS), considera-se a acreditação “como um processo mediante o qual se observa, avalia e reconhece em que medida os cuidados de saúde que se prestam aos cidadãos correspondem à Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e ao modelo da qualidade adotado tendo como objetivo favorecer e impulsionar a melhoria contínua da qualidade das unidades de saúde, na atuação dos profissionais e na sua formação, com o fim último de alcançar a excelência na prestação dos cuidados de saúde” (DGS, 2011).

De acordo com o nº 10 do artigo 2º do Capítulo I do Regulamento (CE) Nº 765/2008, o termo acreditação tem a seguinte definição: ‘declaração por um organismo Nacional de acreditação de que um organismo de avaliação da conformidade cumpre, para executar as atividades específicas de avaliação da conformidade, os requisitos definidos em normas harmonizadas e, se for esse o caso, quaisquer requisitos adicionais, nomeadamente os estabelecidos em sistemas sectoriais”.

Também a norma ISO 17 000 estabelece a definição de acreditação: “Atestação de terceira parte, relativa a um organismo de avaliação da conformidade, que constitui um reconhecimento formal da sua competência para a realização de actividades específicas da avaliação da conformidade”.

Assim, apesar de coexistirem diversas definições para o mesmo vocábulo, em função do seu âmbito de aplicação e na sua génese, verifica-se a existência do mesmo conceito, ou seja, em termos gerais, através de um procedimento de acreditação, a entidade acreditadora avalia e reconhece a competência técnica para uma determinada função, de acordo com referenciais internacionalmente aceites.

Em termos cronológicos, a acreditação no sector da saúde começou a dar os primeiros passos no início do seculo XX (1917), nos Estados Unidos da América (Heaton, 2000:pág. 178), surgindo a Joint Comissiono on the Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO). Este modelo foi exportado para diversos países, tendo sido introduzido na Europa nos anos 80. Neste contexto, alguns países desenvolveram os seus próprios modelos de acreditação, adaptando-os às suas necessidades. Foi com esse propósito que o King´s Fund Institute deu início a um novo modelo com critérios adaptados. Contudo, neste âmbito, Inglaterra conta com uma experiência

centenária. De facto, a King´s Fund foi fundada nos finais do século XIX (1897), com o propósito de promover as boas práticas nos seus cuidados de saúde.

Fruto das inúmeras modificações constatadas a nível internacional, em 1998 (WHO, 2003) surgiu nos Estado Unidos a Joint Commission International Accreditation (JCI), que sucedeu à JCAHO. No seguimento de um processo de reorganização, em 1989 surgiu no reino unido a

King’s Fund Organisational Audit, que através de um processo evolutivo de âmbito

organizacional e estratégico deu origem ao King´s Fund Health Quality Service (KFHQS). A sua metodologia, atualmente em vigor, baseia-se em critérios e referenciais estabelecidos especificamente para a realidade hospitalar.

Em Portugal, nos últimos anos têm sido aplicados aos serviços de saúde dois modelos internacionais de acreditação, designadamente o KFHQS e o JCI.

Os programas de acreditação em saúde do Ministério da Saúde tiveram início com o Programa Nacional de Acreditação dos Hospitais, em 1998, que contou com o apoio do Health Quality

Sistem (HQS), baseado na metodologia King’s Fund (WHO, 2003: App. 3.24).

Em 2004, a Unidade de Missão para os Hospitais S.A48 introduziu o modelo da JCI para a acreditação desses hospitais, e em 2005, o Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS49) foi adotado pelo ministério da saúde como ferramenta preferencial no âmbito da acreditação hospitalar. Outros pogramas têm surgido contudo, em Portugal, os programas referenciados foram os que tiveram na sua génese a aplicabilidade das metodologias de acreditação em saúde. Efetivamente, foi através do Despacho nº 14 223/2009 de 24 de Junho que se procedeu à aprovação e descrição da Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde. O modelo Nacional e oficial de acreditação em saúde foi aprovado pela ministra da saúde através do Despacho nº 69/2009, através do qual o Modelo Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (Modelo ACSA), foi oficializado. Em 2011, a DGS50 implementou esse novo modelo de acreditação para as unidades de saúde, sendo atualmente o modelo oficial preconizado pelo Ministério da Saúde, de caracter voluntário.

Para o efeito, o Manual de Acreditação de Unidades de Saúde (DGS, 2011) é considerado o documento de referência, e avalia a gestão por processos, a gestão clínica e a gestão das competências, contemplando as cinco dimensões sobre as quais incide a avaliação da qualidade. Cada uma dessas dimensões inclui um conjunto de requisitos normativos que constituem o

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Informação disponível em www.dgs.pt. Acedida em 2013-01-15.

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http://www.chks.co.uk/index.php. Acedido em 2013-01-15.

50 Ao abrigo do Despacho nº 13793/ 2009, o Departamento da Qualidade na Saúde da DGS tem o papel

manual de normas, que por sua vez apresenta onze critérios, aplicados às Unidades de Gestão Clínica, designadamente:

I. O cidadão, centro do sistema de saúde

a) Utentes: satisfação, participação e direitos; b) Acessibilidade e continuidade assistencial; c) Documentação clínica.

II.Organização da atividade centrada no utente

a) Gestão de Planos e Processos Assistenciais Integrados; b) Atividades de Promoção da Saúde e Programas de Saúde; c) Direção da Unidade de Gestão Clínica.

III. Os profissionais

a) Os profissionais, desenvolvimento profissional e formação. IV. Processos de suporte

a) Estrutura, equipamento e fornecedores;

b) Sistemas e tecnologias da informação e comunicação; c) Sistema da Qualidade.

V.Resultados

a) Resultados da Unidade de Gestão Clínica.

Considerando que o cerne desta investigação baseia-se na disciplina da metrologia, considera-se de especial relevância o conteúdo relativo aos equipamentos. Esta matéria enquadra-se na dimensão dos Processos de suporte, anteriormente apresentada.

Assim, e de acordo com o que está definido no manual de acreditação (DGS, 2011), os requisitos específicos para os equipamentos (instrumentos de medição) são os seguintes:

Estrutura, equipamento e fornecedores

É estipulado níveis de cumprimento relativos ao controlo dos equipamentos e dos fornecedores.

Norma S 08.05: Estabelece os aspetos básicos necessários para garantir a utilização

segura dos equipamentos de diagnóstico e terapêutica. São definidas e atribuídas responsabilidades para as seguintes funções:

• Controlo do equipamento;

• Verificação periódica do estado do equipamento inventariado (identificação, tempo de vida útil, etc.);

• Verificação e comunicação do estado operacional do equipamento, assim como pelos circuitos internos de informação no caso de avaria ou incidentes relacionados com o funcionamento ou manutenção.

Norma S 08.06: Estabelece critérios de segurança nas especificações para a aquisição dos

equipamentos de diagnóstico e terapêutica.

Tem como propósito a exigência e avaliação, de acordo com os requisitos técnicos aplicáveis, a todos os fornecimentos de equipamento de diagnóstico e terapêutica:

• É fornecido o Manual do operador em língua portuguesa;

• É cumprido um programa de formação aos profissionais envolvidos; • Encontra-se especificada a vida útil do equipamento;

• Definição do programa de manutenção e revisões técnico-legais, com prazos, requisitos técnicos e parâmetros a avaliar e critérios de aceitação.

Norma S 08.07: Tem por objetivo garantir a utilização segura dos equipamentos de

diagnóstico e terapêutica, por parte dos profissionais de saúde e utilizadores, através de formação (ministrada pelo fabricante ou fornecedor) e informação (manuais técnicos e operativos dos equipamentos) necessárias para a sua manutenção e utilização segura.

Norma S 08.08: Garantir o cumprimento do plano de manutenção dos equipamentos, de

acordo com as orientações do fabricante ou do serviço de manutenção, através da monitorização dos equipamentos. No caso de existir incumprimento dos requisitos definidos para o equipamento ou do plano de manutenção (ou de qualquer outra ordem), dever-se-á estabelecer ações corretivas.