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O Sistema de Saúde Português

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A ciência da medição

2.2.1 O Sistema de Saúde Português

Em Portugal, a regulamentação do sistema de saúde foi implementada no início da década de 90, através da Lei de Bases da Saúde (Lei nº 48/90) e do Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (Decreto-Lei nº 11/93), permitindo a corresponsabilidade, em termos de financiamento, de outras entidades para além do Estado. Assim, a Lei de Bases da Saúde reconhece a prestação de serviços públicos e privados de saúde.

A atual legislação (Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 27/2002, de 8 de Novembro), através da Base XII, define que “O sistema de saúde é constituído pelo Serviço Nacional de Saúde e por todas as entidades públicas que desenvolvam actividades de promoção, prevenção e tratamento na área da saúde, bem como por todas as entidades privadas e por todos os profissionais livres que acordem com a primeira prestação de todas ou de algumas daquelas actividades”.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi legislado pela 1ª vez em 1979, através da Lei n.º 56/79, em que o Estado assume o compromisso de assegurar aos cidadãos o direito à proteção da saúde. Posteriormente, foram publicados diplomas complementares41, tendo a última (6ª) alteração ao Estatuto do SNS sido publicada em 2007, através do Decreto-Lei n.º 276-A/2007, de 31 de Julho.

Em 2002, assiste-se a uma reforma estrutural do sector da saúde, em que o modelo tradicional de gestão hospitalar em vigor no SNS foi revisto, tendo sido suportado pela Lei n.º 27/2002 de 8 de Novembro. Este diploma veio regulamentar a empresarialização dos hospitais e o lançamento de Parcerias Público Privado (PPP) para a saúde. Neste contexto, os hospitais integrados na rede de prestação de cuidados de saúde puderam ser convertidos em uma das seguintes figuras jurídicas (artigo 2º do Capítulo I da Lei 27/2002):

a) “Estabelecimentos públicos, dotados de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, com ou sem autonomia patrimonial”;

b) “Estabelecimentos públicos, dotados de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e patrimonial e natureza empresarial”;

c) “Sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos”;

d) “Estabelecimentos privados, com ou sem fins lucrativos, com quem sejam celebrados contratos”.

41 Para mais informações, consultar http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/Leis_area_saude.aspx,

Este procedimento legislativo marcou o início de um novo ciclo na natureza dos hospitais, com reflexo nas políticas de gestão implementadas, significando também uma evolução na estratégia Nacional para a saúde.

2.2.1.1 O subsistema hospitalar

Ao longo dos últimos anos, e ao nível dos hospitais que integram o SNS, tem sido visível a descentralização da sua estrutura funcional e uma maior capacidade diretiva da gestão hospitalar através da responsabilização dos conselhos de administração. De acordo com o Artigo 3º da Secção I do Capítulo II do Decreto-Lei n.º 188/2003, a estrutura e órgãos dos hospitais do sector público administrativo devem desenvolver a sua ação por centros de responsabilidade descentralizada, com unidades munidas de recursos materiais e humanos, permitindo ao responsável do centro desempenhar as suas funções com a maior autonomia possível. Esse mesmo artigo refere ainda que “A organização do hospital em centros de responsabilidade deve refletir um organograma de gestão que sistematize a divisão de responsabilidade ao longo da cadeia hierárquica”. No mesmo diploma, o Artigo 19º da Secção I do Capítulo III, identifica a seguinte estrutura para os serviços, departamentos e unidades funcionais:

O hospital estrutura-se em serviços, departamentos e unidades funcionais. O serviço é a

unidade básica da organização, funcionando autonomamente ou de forma agregada em

departamentos. As unidades funcionais são agregações especializadas de recursos humanos

e tecnológicos, integradas em serviços ou departamentos, ou partilhadas por departamentos e serviços distintos. São serviços do hospital:

a) Serviços de ação médica;

b) Serviços complementares de diagnóstico e terapêutica; c) Serviços de apoio.

Os instrumentos de medição, objeto fulcral da presente investigação, existem em toda a estrutura da organização, sendo a responsabilidade dos mesmos, habitualmente atribuída aos serviços de apoio. Os serviços de Instalações e Equipamentos dos hospitais são unidades de apoio que desempenham funções muito importantes no domínio da metrologia da saúde, que passam, entre outras atribuições, pelo apoio técnico na aquisição de equipamentos e pelo planeamento da sua manutenção sendo mesmo, em alguns casos, essa operação executada pelo próprio serviço.

Considerando a importância da natureza e da organização hospitalar nos sistemas de saúde, importa referenciar as diferentes tipologias de hospitais existentes em Portugal, e que fazem parte integrante do sistema de saúde português.

Tipologias de Hospitais

Os hospitais são organizações com características próprias e específicas. Por definição42, designa-se por hospital, “estabelecimento de saúde dotado de internamento, ambulatório e meios de diagnóstico e terapêutica, com o objetivo de prestar à população assistência médica curativa e de reabilitação, competindo-lhe também colaborar na prevenção da doença, no ensino e na investigação científica”.

Os critérios estabelecidos para a classificação dos hospitais enquadram-se em abordagens diversas, designadamente: área de influência/diferenciação técnica; hierarquização de valências; número de especialidades/valências; regime de propriedade; ensino universitário; situação na doença e tipo de ligação entre hospitais.

Classificação dos hospitais em função da área geográfica de influência ou intervenção/diferenciação ou capacidade de intervenção técnica43:

a) Hospital Central : Hospital público caracterizado por dispor de meios humanos e técnicos altamente diferenciados, com responsabilidades de âmbito Nacional ou inter-regional. b) Hospital Distrital: Hospital público caracterizado por possuir recursos inerentes às

valências básicas, podendo ter, quando se justifique, outras relacionados com valências intermédias e diferenciadas, e só excecionalmente altamente diferenciadas, com responsabilidades no âmbito da sub-região onde se inserem. Por sua vez, o hospital distrital pode apresentar-se com valências básicas, com valências básicas e intermédias e com valências básicas, intermédias e diferenciadas.

Classificação dos hospitais em relação ao número de especialidades ou valências/áreas de patologia:

a) Hospital Geral: hospital que integra diversas valências;

b) Hospital Especializado: Hospital em que predomina um número de camas adstritas a determinada valência ou que presta assistência apenas ou especialmente a utentes de um determinado grupo etário.

42

Informação disponível no glossário de termos do Instituto Nacional de Estatística através do seguinte acesso: http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=522&cnc_ini=03-12-2002. Acedido em 2013-02-11.

43 Fonte de informação (acedida em 2013-01-17):

http://portalcodgdh.minsaude.pt/index.php/Hospital:_defini%C3%A7%C3%A3o_e_classifica%C3%A7C3%A3o http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=523&cnc_ini=03-12-2002 http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=525&cnc_ini=03-12-2002. http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=3531&cnc_ini=23-09-2002 http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=526&cnc_ini=03-12-2002. http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=528&cnc_ini=03-12-2002

Classificação dos hospitais de acordo com o regime de propriedade/origem do financiamento:

a) Hospital oficial: Hospital que é tutelado administrativamente pelo Estado, independentemente da propriedade das instalações. Pode ser:

a1) Público – se tutelado pelo Ministério da Saúde ou Secretarias Regionais de Saúde, cujo

acesso é universal;

a2) Militar - se tutelado pelo Ministério da Defesa Nacional;

a3) Paramilitar - se tutelado pelo Ministério da Administração Interna;

a4) Prisional - se tutelado pela Ministério da Justiça.

b) Hospital privado (Hospital particular): Hospital cuja propriedade e administração são pertença de instituição privada, com ou sem fins lucrativos.

Classificação dos hospitais de acordo com a figura jurídica: a) Hospitais como Sociedades Anónimas (SA);

b) Hospitais do Setor Público Administrativo (SPA); c) Hospitais do Setor Empresarial do Estado (EPE) .