• Nenhum resultado encontrado

Rubricas orçamentais na vertente metrológica

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.2 Avaliação e caracterização dos estabelecimentos de saúde

4.2.4 Rubricas orçamentais na vertente metrológica

As rubricas orçamentais das instituições podem ser um indicador do nível de importância atribuído a uma determinada atividade. Neste sentido, a questão nº 7 do questionário teve como propósito avaliar o esforço financeiro dos inquiridos no âmbito das seguintes operações:

46% 50% Certificados de calibração Relevancia nos conhecimentos metrologicos Relevancia na Interpretação dos certificados

Q 7.1: Manutenção preventiva Q 7.2: Manutenção curativa Q 7.3: Calibrações

Q 7.4: Verificações

A questão (variável latente) foi apresentada em quatro variáveis qualitativas com uma escala de medição ordinal (tipo Likert de 1 a 5), categorizadas em níveis de % compreendidos entre

inferior a 10 % (nível 1) e superior a 30 % (nível 5). Para a referida escala, considerou-se como

valor mediano 20 % do orçamento (valor de referência para a categoria de nível 3). Foi também inserida uma questão aberta para poder avaliar a amostra de instrumentos abrangidos pelas questões anteriores.

De acordo com os dados obtidos (Tabela H 27), a Figura 4. 18 apresenta a percentagem das frequências obtidas para cada variável, verificando-se 5 ausências de resposta para os itens relativos à manutenção curativa (Q 7.2) e às verificações (Q 7.4). Contudo, essas respostas em falta não são significativas para o resultado global.

Figura 4. 18: Representação gráfica da classificação das variáveis

inferior a

10% 10% 20% 30%

superior a 30%

Q 7.1 Ma nutençã o preventiva 27,3 13,6 59,1 0,0 0,0

Q 7.2 Ma nutençã o cura tiva 45,5 11,4 9,1 9,1 13,6

Q 7.3 Ca libra ções 75,0 9,1 0,0 6,8 0,0 Q 7.4 Verifica ções 72,7 9,1 0,0 0,0 6,8 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 % Fe Q 7.1 Manutenção preventiva Q 7.2 Manutenção curativa Q 7.3 Calibrações Q 7.4 Verificações n= 44

Constata-se que as verbas destinadas às operações de manutenção e de rastreabilidade metrológica (calibrações e verificações) apresentam um contributo pouco significativo no orçamento. Os investimentos superiores a 30 % são alocados às operações de manutenção curativa (13,6 %) e às verificações (6,8 %). A manutenção preventiva é uma variável que conta com aproximadamente 20 % da dotação orçamental para a maioria dos respondentes (59,1 %). Considerando que a escala de avaliação apresenta um intervalo de 1 a 5, em que a atribuição do valor 3 representa custos orçamentais inferiores a 20 % do orçamento da instituição, verifica-se através da média da amostra (Figura 4. 19) que esse score não é atingido por nenhuma variável. O valor do desvio padrão superior à unidade também revela uma dispersão de resultados significativa. Com valores atípicos em relação às variáveis analisadas, os coeficientes de g1 e g2

são muito elevados para as amostras das variáveis que avaliam os fatores da rastreabilidade metrológica (Q 7.3 e Q 7.4). Este sinal indica que as respostas estão localizadas à esquerda da escala de medição, ou seja, a orçamentação destes serviços tem um fraco impacte na dotação global do orçamento dos respondentes.

Figura 4. 19: Medidas de localização e de simetria

Os dados apresentados sugeriram a avaliação de correlação entre as variáveis, pelo que foi calculado o coeficiente ρS. Os resultados apresentados na Tabela 4. 22: correlações Q7 mostram a

sendo aproximadamente 50 % da variabilidade dos custos de calibrações explicados pelos custos de verificação.

Entre as variáveis relativas aos itens Q 7.4 e Q 7.2, verifica-se uma moderada correlação, sendo aproximadamente 33 % da variabilidade dos custos de verificação explicados pelos custos da manutenção curativa. Esta conclusão poderá ser interpretada à luz da necessidade de operações de verificação após o instrumento ter ser sujeito a uma reparação.

Contudo, esse procedimento também deverá ser aplicado para a calibração. Os mesmos dados revelam uma relação positiva entre os custos associados à manutenção preventiva e à curativa, sendo aproximadamente 31 % da variabilidade da 1ª explicada pelos custos da manutenção curativa.

Assim, o aumento dos custos com a reparação dos instrumentos pode induzir o investimento em operações preventivas, no sentido de minimizar a intervenção curativa. Os resultados também demostram uma aparente confluência dos conceitos de verificação e de calibração.

Tabela 4. 22: correlações Q7

Q 7.3 Calibrações Q 7.2 Manutenção curativa

Q 7.4Verificações ρρρρS p-value n 0,706 0,000 44 0,575 0,000 39 Q 7.1 Manutenção preventiva ρρρρS p-value n 0,562 0,000 39

Em complemento à análise de associação entre as variáveis, e face à importância dos indicadores em estudo, considerou-se oportuno aplicar uma avaliação complementar das variáveis através da técnica MCA.

O modelo global para as quatro dimensões encontra-se na Tabela H28, tendo-se obtido duas dimensões cujos resultados encontram-se representados na Tabela 4. 23.

Tabela 4. 23: Componentes principais extraídos da análise MCA.

Variáveis

Componentes principais (dimensões)

1 2 Q 7.1: Manutenção preventiva 0,544 0,973 Q 7.2 Manutenção curativa 0,847 0,022 Q 7.3: Calibrações 0,928 -0,306 Q 7.4: Verificações 0,938 -,0282 Eigenvalue 2,755 1,121 α de Cronbach 0,849 0,144

A Figura 4.20mostra o posicionamento das variáveis nas respetivas dimensão das componentes principais, bem como o posicionamento de cada respondente no mapa bidimensional das duas componentes retidas. Verifica-se que as três últimas variáveis encontram-se na dimensão 1, com as componentes principais próximas do valor de saturação. O respetivo α de Cronbach mostra uma boa consistência interna.

Face à representatividade das variáveis, a dimensão 2 é caracterizada pela manutenção preventiva.

Neste cenário, as operações puramente metrológicas (calibração e verificação) encontram-se numa dimensão oposta à manutenção preventiva, mas mais próximas da manutenção curativa. Provavelmente, esta conclusão reflete algum desconhecimento relativo à diferença entre os procedimentos de manutenção e as boas práticas metrológicas, cujos conceitos e definições devidamente explorados no capítulo 2.

Por forma a ser possível avaliar a existência de uma relação entre os custos orçamentados e o universo dos instrumentos existentes, foi aplicada à última questão (Q 7.5) a análise de conteúdo.

A Figura 4.21 ilustra o gráfico com a percentagem das respostas analisadas, verificando-se que 66 % dos respondentes identificaram o número de instrumentos sujeitos às operações orçamentadas nas quatro questões anteriores, e 25 % responderam que o número de instrumentos é inferior a 100 unidades. Para 18,2 %, esse valor é superior a 1100.

Figura 4. 21: % de respostas em função do número de equipamentos

A relação entre o número de instrumentos do estabelecimento de saúde (referido em Q 7.5) e a percentagem de orçamento que cabe aos equipamentos médicos encontra-se apresentada na Tabela 4. 24.

A percentagem de respostas para cada variável (coluna Q 7.1 a Q 7.4) é obtida de acordo com a ponderação da escala de Likert (inicialmente estabelecida para esta questão).

Assim, e como exemplo de leitura da tabela, observa-se que 3 % dos respondentes com uma atribuição inferior a 10 % para os custos com manutenção preventiva têm menos de 100 equipamentos sujeitos a essa operação. Idêntico raciocínio é aplicado para os outros valores.

Na mesma tabela, e em função da escala de rácio onde se insere o número de equipamentos, encontra-se assinalado os valores extremos relativos à máxima e à mínima orçamentação.

Tabela 4. 24: Q7_Frequencias (%) obtidas

Q 7.1 Q 7.2 Q 7.3 Q 7.4 Escala ordinal