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2.3 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO FACETADA

2.3.3 Etapas para construção do sistema de classificação facetada

2.3.3.8 Acrescentar a notação

Notação é um conjunto lógico de símbolos que representam os conceitos de um sistema de classificação, mostrando a seqüência e organização deste. Tem como finalidade traduzir, em uma linguagem codificada, as características dos documentos.

A função primária da notação é traduzir o esquema usado na classificação das diversas classes. Através dela pode-se representar, de forma mais simples e curta, o conceito a que está associada. Permite, ainda, a localização mais fácil e rápida da informação, seja por indicar a sua localização nas tabelas, seja por permitir o processamento automatizado dos dados. Utiliza-se geralmente uma representação alfanumérica. Embora a notação seja fundamental na classificação, qualquer que seja a sua complexidade, é importante referir que a mesma deverá sempre ser subsidiária em relação aos conceitos. Num processo de classificação, o que está em evidência é ordenar ou agrupar conceitos, a notação deverá surgir dessa ordenação, conforme ressalta Langridge (1977).

Portanto, a notação é um instrumento de codificação para facilitar o arranjo dos itens em um sistema de classificação. É a última parte antes do índice, usada para mecanizar o arranjo. Precisa-se de um conjunto de símbolos, de preferência internacionalmente conhecidos, com uma ordem convencional que possa representar os assuntos do sistema.

A notação deverá ser elaborada a partir de valores ordinais intuitivos. Isto quer dizer que só se deve utilizar o abecedário romano e ou números árabes na estrutura principal das tabelas. A numeração árabe poderá ser tratada como frações decimais (isto é, colocando um ponto decimal imaginário antes do número que determina a ordem), de onde resultará a seguinte ordenação:

1...11...12...13...131...2...21...22...23..231....3...etc. Ou, em alternativa, poder-se-á usar os números árabes como inteiros, o que dará origem à seguinte ordenação:1...2...3...11..12..13...21..22...23...131...231...etc. Ambas as abordagens apresentam aspectos positivos: como inteiros é mais intuitivo, enquanto o uso como decimais possibilita a criação de classes subordinadas, pela simples adição de mais um número ao existente.

As notações deverão apresentar algumas características principais, como:

Ser expressiva: a notação deverá revelar facilmente a estrutura do sistema de

classificação. Por Exemplo:

U1 Elementos

U1 Paredes

U11 Paredes internas e externas

U12 Paredes internas

U13 Paredes externas

Ser hospitaleira: a notação deverá permitir a inclusão de novos assuntos no lugar

correto à medida que eles apareçam sem obrigar a revisão geral da classificação. Os números inteiros não são hospitaleiros, pois desde que um grupo de números tal como 1,2,3,4 tenha sido fixado, é impossível acrescentar-se alguma coisa entre 1 e 2, 2 e 3, 3 e 4. Os números decimais são obviamente muito mais hospitaleiros.

Ser mnemônica: deve ser fácil de memorizar. Os artifícios mnemônicos são

apresentados principalmente para garantir que o conceito, mesmo isolado, seja sempre representado pela mesma notação, independentemente do contexto no qual ocorre.

Além de sua função obrigatória de preservar a ordem, uma notação pode mostrar também algumas relações dentro de e entre assuntos. No primeiro caso, pode mostrar a estrutura facetada dos assuntos. A associação entre e dentro das facetas pode ser expressa através de símbolos de conexão.

Os símbolos usados para introduzirem as facetas são conhecidos como indicadores de facetas. Uma notação pode também mostrar a relação gênero/espécie dentro das facetas. Isso é feito por meio do princípio decimal

(aplicável tanto letras quanto a números) no qual a divisão decimal implica a subordinação da espécie ao gênero. Exemplo:

U3 Edificações

U31 Edificações para infra-estrutura quanto à finalidade

U313 Edificações para transportes

U31301 Edificações ferroviárias

U31302 Edificações rodoviárias

Alguns sinais têm sido utilizados para indicar as associações entre facetas na construção de tabelas compostas. O mais utilizado tem sido o sinal de dois pontos

(:) para a construção de tabelas compostas a partir de tabelas simples.

O sistema de classificação UNICLASS(1997), que será abordado no capítulo 5, apresenta uma sofisticada e eficiente proposta de uso dos sinais indicadores de facetas, baseada em três sinais principais e dois sinais especialistas, que são:

Sinal de adição ( + ) indica coordenação, sendo usado para descrever assuntos

não consecutivos9 na mesma classe, funcionando como “e”, isto é, se na tabela de Edificações D32 = escritórios e D52 = igreja, então D32+D52 representará “escritórios e igreja”.

Sinal de divisão ( / ) indica seqüência, sendo utilizado para descrever assuntos

consecutivos10 na mesma classe, seja D32 os referidos escritórios, D33, Edificações de comércio e D34, Lojas, então, D32/D34 é equivalente a D32+D33+D34 e representará edificações de escritórios, comércio e lojas.

Sinal de dois pontos ( : ) é usado para correlacionar idéias diferentes por meio da

combinação de facetas, sejam da mesma tabela ou de tabelas diferentes. Logo, ele é utilizado para permitir a representação de conceitos complexos, tais como os que resultam da elaboração de uma tabela composta. O sinal de dois pontos não especifica qual assunto influencia o outro e a ordem dos assuntos não afeta o significado das classes combinadas.

9 Classes não consecutivas são classes não subordinadas hierarquicamente, indicam coordenação e são mutuamente exclusivas.

Por conseguinte, dois números de classes combinadas com o sinal de dois pontos sempre representam um assunto mais específico do que uma classe em si mesma.

Sinais de menor e maior que ( < , > ) os sinais de menor que e maior que, são

usados para indicar que um objeto faz parte do outro. São os dois sinais usados para mostrar que uma construção em si ou um elemento desta está inserido numa outra de maior escala. A ordem dos números de classes é importante para este caso. Exemplo do sistema Uniclass: D32<D41 significa um escritório que faz parte de um hospital. Já D41<D32 significa um hospital que faz parte de um escritório.

Quando se deseja arquivar uma informação sobre um objeto mais amplo, mas preservando o significado, usa-se o sinal de maior que (>) no lugar de menor que (<). Exemplo do sistema Uniclass: D41>D32 ainda significa “um escritório que faz parte de um hospital”, mas agora ele é arquivado mais na seção hospital do que na seção escritório.

Exceptuando os sinais de “<” ( menor que) e “ >” ( maior que) , todos os demais são usados no Sistema de Classificação Decimal Universal (CDU) com o mesmo significado.