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5. SISTEMAS ÚNICOS DE CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO DA INDÚSTRIA

5.7 OS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO E AS ESPECIFICAÇÕES DE

5.7.1 As especificações de produtos e serviços no Brasil

Atualmente, as especificações de produtos e serviços para a construção civil brasileira carecem de regras que permitam uma boa acuidade. Ao consultarmos referências a um mesmo produto em diversos pontos da cadeia de produção da construção, seja no momento do projeto, na compra, ou no controle, verificamos que ele pode estar sendo descrito de modos diversos. Esta variabilidade leva a erros e re-trabalho, bem como perdas em busca e detalhamento da informação. É necessário compatibilizar esse conjunto de informações de modo a que a leitura por estes diferentes sistemas seja coerente, algo que ainda não acontece (GETICON, 2002).

Outro ponto importante nesta avaliação é a qualidade do conteúdo, pois a falta de referências mínimas implica situações nas quais as informações relevantes não são fornecidas, dificultando a seleção e uma decisão bem embasada. A responsabilidade sobre o conteúdo também é variada, sendo às vezes o fabricante que fornece os dados, outras o próprio responsável pelo sistema de comércio ou divulgação. Não existindo uma referência neutra, cabe ao usuário pautar-se pelo seu próprio conhecimento ou pela relação de confiança que pode ser gerada com o fornecedor da informação (GETICON, 2002).

Portanto, o cenário ideal para a especificação de produtos e serviços da construção civil é aquele em que os códigos e as descrições dos itens são uniformes internamente na construtora e também perante seus fornecedores e fabricantes, eliminando erros de compreensão. Além disso, a tipificação exata dos produtos para

a construção oferece condições para que o comprador selecione as melhores alternativas para cada situação enfrentada por sua empresa, inclusive, empregando normas técnicas e certificações quando oportuno.

Alguns problemas foram identificados em construtoras brasileiras com relação à especificação de materiais, conforme relatório final das Oficinas de Compras apresentado pelo Sindicato da Indústria da Construção (SINDUSCON) do Distrito Federal, que são:

a) falta de padronização de unidades (metro, kg, un, etc.);

b) especificações técnicas dos fabricantes diferentes para um mesmo produto (similaridade);

c) especificações técnicas internas à empresa (uso de apelidos);

d) especificações técnicas mal formuladas por parte dos órgãos licitadores;

e) deficiência de dados técnicos nos sites dos fabricantes;

f) ausência de informações em meio eletrônico a fim de localizar dados técnicos relacionados a produtos e não só de fabricantes;

g) informações técnicas sobre o produto não detalhadas devidamente pelo solicitante;

h) falta de treinamento técnico padronizado para o Comprador e Solicitante;

i) não observância dos produtos/fabricantes das normas técnicas;

j) falta de conhecimento sobre especificações técnicas por parte do vendedor;

k) orçamentos enviados ao comprador sem especificações completas do produto (marca, linha, classificação, rendimento);

l) falta de conhecimento sobre especificações e normas técnicas de produtos por parte dos engenheiros, mestres de obra e demais envolvidos no processo de compra (obra e escritório);

m) falta de recursos informatizados na comunicação obra – escritório;

n) falta de especificações sobre as condições de entrega e recebimento de materiais na obra;

o) falta de treinamento pelos responsáveis pelo manuseio, estocagem e acondicionamento de materiais;

p) especificação de itens fora de linha.

Em síntese, nesse capítulo foi demonstrado que hoje existe um enquadramento internacional e nacional que permite a otimização dos recursos empregados na execução do processo construtivo, por meio de uma linguagem comum a todos os agentes, criada com base em modelos de representação de todo o processo construtivo, que possibilite a utilização da tecnologia de informação já disponível, e que a sua divulgação generalizada é possível através de protocolos de comunicação abertos e internacionalmente aceitos.

Verificou-se que, nos últimos anos, foram produzidos documentos fundamentais para o desenvolvimento da referida linguagem comum, que são:

a) Classification of information in the construction industry (ISO TR 14177/94);

b) Organization of information about construction works — Part 2: Framework for classification of information (ISO CD12006-2/98) ;

c) United Classification for the Construction (UNICLASS,1997) ;

d) European Product Information Co-operation (EPIC,1999)

Para um país como o Brasil, que não tem tradição na utilização de instrumentos padrão para a troca de informação no processo construtivo, algumas dificuldades existentes terão que ser enfrentadas para a implementação de um sistema de classificação único e generalizado para todos os agentes.

Assim, acredita-se que o CDCON deve propor um modelo intermediário, mais simples, que permita iniciar de forma mais rápida a produção de tabelas nacionais. Dentre elas, considera-se emergente para o Brasil um sistema de classificação único de produtos e serviços.

Um sistema de classificação único de produtos proporcionaria, à curto prazo, uma significativa economia de recursos e a definição de um padrão mínimo de qualidade para a indústria da construção, pois tornaria possível, entre outras coisas: associar aos produtos os processos de certificação em vigor; o conhecimento das propriedades e características dos produtos de forma mais aprofundada, a

harmonização das nomenclaturas usadas e a transferência eletrônica de dados nas relações comerciais.

Um sistema de classificação único de serviços possibilitaria: a definição de especificações exigenciais para o conjunto das atividades de construção; a definição de graus de risco para cada uma das atividades e as conseqüentes medidas de prevenção; a elaboração de planos de inspeção para cada grupo de atividades; a definição das regras de medição de cada uma das atividades; a elaboração de estatísticas de custos; a diminuição de custos e dos prazos na preparação de orçamentos.

No capítulo 6, de metodologia, empregam-se no assunto cerâmica para revestimento, os princípios teóricos abordados no capítulo 2, as diretrizes estabelecidas pela ISO para classificação da informação na indústria da construção descritas no capítulo 4 e os sistemas de classificação como o Uniclass enfatizado no capítulo corrente.

6 METODOLOGIA DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO FACETADA