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4 PADRÕES INTERNACIONAIS PARA A TROCA E COMUNICAÇÃO DE

4.2 ESFORÇOS DE PADRONIZAÇÃO PARA A TROCA E COMUNICAÇÃO DE

4.2.5 Os padrões na indústria AEC baseados em XML

XML é o acrônimo de Extensible Markup Language, definida como uma linguagem de marcação de dados (meta-markup language) que provê um formato para descrever dados estruturados. Isso facilita declarações mais precisas do

conteúdo e resultados mais significativos de busca através de múltiplas plataformas. O XML é um padrão para troca de dados, via rede internet, de baixo custo.

XML como o HTML deriva do SGML. A grande diferença é que o HTML descreve a aparência e as ações em uma página na rede, enquanto o XML não descreve nem aparência, nem ações, mas sim o que cada trecho de dados é ou representa. Em outras palavras, o XML descreve o conteúdo do documento.

Os arquivos XML são arquivos texto, mas não são tão destinados à leitura por um ser humano como o HTML. Os documentos XML são arquivos texto porque facilitam que os programadores ou desenvolvedores "debuguem" mais facilmente as aplicações, de forma que um simples editor de textos pode ser usado para corrigir um erro em um arquivo XML. Mas as regras de formatação para documentos XML são muito mais rígidas. As especificações oficiais do XML determinam que as aplicações não podem tentar adivinhar o que está errado em um arquivo, mas sim devem parar de interpretá-lo e reportar o erro.

O XML permite a definição de um número infinito de tags. O XML provê um sistema para criar tags para dados estruturados. Um elemento XML pode ter dados declarados como sendo preços de venda, taxas de preço, um título de livro, ou qualquer outro tipo de elemento de dado. Como as tags XML são adotadas por intranets de organizações, e também via Internet, haverá uma correspondente habilidade em manipular e procurar por dados, independentemente das aplicações onde são encontrados. Uma vez que o dado foi encontrado, ele pode ser distribuído pela rede e apresentado em um browser de várias formas possíveis, ou então esse dado pode ser transferido para outras aplicações para processamento futuro e visualização.

Em suma, O XML vai permitir o surgimento de uma nova geração de aplicações de manipulação e visualização de dados via internet.

O desenvolvimento de XML consiste na criação de vocabulários que serão processados por programas. O vocabulário consiste em tags como as do HTML e as aplicações ocorrem simplesmente com o browser. A diferença está na possibilidade de customização deste vocabulário conforme a necessidade, criando padrões para várias indústrias. Têm-se exemplos como a Chemical Markup Language usada no

intercâmbio de descrições de fórmulas ou moléculas e a Mathematical Markup Language usada para descrever e trocar fórmulas e símbolos matemáticos (JACOSKI, 2003).

Na indústria da construção, a linguagem baseada em XML é utilizada para representar a informação dos setores da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC). Essas informações incluem projetos, documentos, materiais, componentes, organizações, profissionais e atividades como propostas, design, estimativas, cronogramas e construção. O objetivo principal é a troca de informação do setor da AEC na internet, podendo-se destacar os seguintes padrões baseados em XML: bcXML, aecXML, ebXML, IFCXML, cujas funções são descritas a seguir.

a) building construction taxonomy and dictionary (bcXML)

Na comunidade européia, foi criado um projeto chamado E-construct contendo um esquema de taxonomia e um dicionário em XML chamado Building Construction eXtensible Mark-up Language (bcXML) que é focado em produtos, recursos, métodos de trabalho e regulamentos da construção (E-CONSTRUCT, 2002).

Esta nova tecnologia da informação ajuda a prover a indústria com uma infra- estrutura de comunicação de baixo custo que suporta negócios eletrônicos entre clientes, arquitetos, engenheiros, fornecedores (de componentes, sistemas e serviços), empreiteiros e sub-empreiteiros. Eles integrarão com “E-commerce” e aplicações de projeto e engenharia e darão suporte às empresas de construção virtuais, além dos limites dos estados europeus.

b) architecture engineering construction eXtensible Mark-up Language (aecXML)

Linguagem baseada em XML usada para representar informações na indústria AEC. As informações podem ser recursos, tais como projetos, documentos, materiais, partes, organizações, profissionais e atividades como propostas, projeto, estimativa e construção. A linguagem aecXML objetiva facilitar a troca de informação de dados da indústria AEC usando-se a Internet. Esta iniciativa está aliada à International Alliance for Interoperability (IAI). Sua missão é usar a tecnologia da informação nas fases de projeto, construção e operação das edificações e desenvolver um ambiente no qual os programas de computador

possam compartilhar e trocar dados automaticamente (sem intervenção e tradução humana), independente do tipo de software ou onde os dados possam estar residindo (AECXML, 2002).

c) electronic business eXtensible Mark-up Language (ebXML)

O departamento das Nações Unidas UN/CEFACT- United Nations Centre for Trade Facilitation and Electronic Business e a Organization for the Advancement of Structured Information Standards (OASIS) juntaram esforços para iniciar um projeto de padronização de especificações em XML. A iniciativa ebXML foi criada para desenvolver uma estrutura técnica que possibilite usar XML de uma maneira consistente para a troca de dados em meio eletrônico, objetivando criar um mercado eletrônico único global (EBXML,2002).

d) IFC em formato XML (IFCXML)

A meta desse projeto (a extração ifcXML e avaliação de projeto) é a provisão de conteúdo e estrutura acordados internacionalmente de especificação IFC2x (e qualquer subconjunto válido) para a comunidade XML. Os seguintes casos de uso devem ser considerados: Capacitar a troca de arquivos de dados IFC, alternativamente, como exemplo, documentos XML; Capacitar o reuso de conteúdo e estrutura IFC dentro de iniciativas baseadas em XML para troca e compartilhamento na indústria da construção e no gerenciamento de obras.

e) International Framework for Dictionaries (IFD)

O IFD foi desenvolvido pelo comitê ISO TC 59/SC 13/WG 6 - Framework for object-oriented information exchange. O IFD representa um modelo padronizado em Express (linguagem parecida com arquivo de texto que permite abrir arquivos tanto no formato texto como no modelo 3D, dependendo do software utilizado) de acordo com a ISO/DIS 12006-3/2001 - Organization of information about construction works - Part 3: Framework for object-oriented information exchange, também conhecida como modelagem de produto. Ele consiste na modelagem do objeto descrevendo suas características sem uma preferência de grupo ou uma ordem de especialização. O objeto aqui é central, concentrando todas as suas características. Um objeto pode ser agrupado com o auxílio de sistemas de classificação que utilizam uma ou mais características deste para sua classificação.

Assim, a IFD especifica um modelo de informação, numa linguagem independente, que pode ser usada para o desenvolvimento de vocabulários na construção civil. Biblioteca de dados baseados na ISO 12006-3/2001 - Organization of information about construction works - Part 3: Framework for object-oriented information exchange capacita sistemas de classificação, modelos de objetos e de processos serem referenciados numa estrutura comum.

Diversos países têm iniciado a construção de dicionários baseados no modelo de informação do IFD. Na Holanda, tem-se uma iniciativa da indústria da construção que criou a BARBI - The Norwegian Building Industry’s Reference Data Library, que consiste numa biblioteca de dados de referência numa linguagem neutra, orientada à objeto. E na Noruega, tem-se o LEXICON, que foi desenvolvido pelo STABU (Instituto de Especificações da Holanda) e que se constitui num conjunto de conceitos, agrupados em categorias. Os conceitos no Lexicon representam a linguagem da indústria da construção (BARBI,2000).

Atualmente, os dois maiores esforços de padronização na indústria da construção civil são o ISO STEP e o IFC. No padrão ISO STEP, o critério mais importante, de como manter a integridade semântica do projeto na base de dados, ainda não está encaminhado. O desafio de se decifrar a imensa quantidade de informações contidas no padrão é também apontado como responsável pela grande resistência a sua adoção. O padrão IFC possui um escopo bastante limitado, apenas para edifícios. Possui poucos recursos financeiros, tornando o progresso lento, porém muito mais ágil do que o STEP. O IFC tem seu foco direcionado quase que exclusivamente para as aplicações em CAD (MICALI, 2000).

Os protocolos para transferência eletrônica de dados, tais como o STEP e o EDIFACT, que possibilitam a troca de informação entre distintos sistemas computacionais sem intervenção humana são desenvolvidos por organizações importantes como a ISO e a ONU, respectivamente, por serem considerados instrumentos fundamentais na reorganização mundial do comércio.

Com o crescente uso de linguagens texto como a XML, os vocabulários adquiriram uma grande importância na troca e comunicação de dados, ao permitirem padronizar a semântica da nomenclatura usada pelos diversos agentes da cadeia da

construção civil. Os padrões bcXML, aecXML, ebXML e IFCXML desenvolvidos no setor refletem esse fato.

Os diversos países do mundo apresentam seus modelos de sistemas únicos para estruturar as informações válidas em seu território, em contrapartida, a International Standard Organization (ISO) visando uma melhoria do fluxo da informação nas trocas comerciais no setor da construção civil, publicou os padrões ISO TR 14177/1994 e ISO DIS 12006-2/1998 com o intuito de definir as diretrizes para classificar a informação em todo o ciclo de vida do processo da construção. Na seqüência, analisam-se os padrões ISO TR 14177/1994 e ISO DIS 12006-2/1998.

4.3 PADRÕES INTERNACIONAIS DE CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO DA