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5 ESTUDO DE CASO

5.2 ADAPTAÇÃO DO MÉTODO

Definido que o critério a ser utilizado para avaliação dos projetos será a ACE é necessário definir a operacionalização do método ao estudo de caso e fazer as adaptações necessárias para se aplicar esse critério em função das peculiaridades das ferrovias. Ressalta-se que ao se selecionar um projeto como necessário devem-se sempre definir quais as metas e objetivos e se definir qual padrão de eficiência se espera alcançar com seu desenvolvimento.

A operacionalização desse método para a tarefa de comparar opções de projetos ferroviários é ilustrada na Figura 5.1 e em seguida cada uma de suas etapas são discriminadas de forma a melhor apresentar cada uma das atividades necessárias ao desenvolvimento de um estudo prático.

Atividades:

1. Identificar quais os envolvidos pelas conseqüências de cada projeto;

2. Listar qual o efeito sobre essas pessoas ou entidades, os efeitos serão também os índices utilizados para a análise. Para as ferrovias verificou-se que os índices que geram maior impacto para a economia e para sociedade foram: o aumento do volume e produção, medidos em TU e TKU, respectivamente; a redução do número de acidentes e a redução do número de PNs.

3. Somar os efeitos totais durante o intervalo de tempo e verificar qual o impacto anual;

4. Definir qual a forma de quantificar cada efeito, em unidade “comum” ou próxima para permitir a comparação dos efeitos entre os projetos ou dos índices entre si. Essa definição de indicadores foi feita da seguinte forma: • Produção: aumento total de toneladas por quilômetro útil - TKU

(anual) do projeto dividido por milhão de R$ investido;

• Volume: aumento total de tonelada útil - TU (anual) do projeto dividido por milhão de R$ investido;

• Acidente: redução do número de acidentes por ano, conseguido com a realização do projeto, dividida por milhão de R$ investido; e

• PN: redução do número de passagens em nível, advindo pelo projeto, dividida por milhão de R$ investido.

5. Dar um peso para cada um desses índices de forma a se identificar quanto cada indicador representa para o benefício total do projeto. Os indicadores de produção e volume são os que dão a melhor resposta do ganho para a economia, já que o aumento da produção multiplicado pela diferença entre o transporte rodoviário e o ferroviário resulta na redução do Custo Brasil em transportes, e os indicadores de acidente e PNs são mais representativos como um retorno social. Além disso, destaca-se que o volume, medido em TU é derivado do TKU, já que a TKU é medida multiplicando-se o volume (TU) pela distância percorrida. Adicionalmente o indicador de acidente é mais representativo que o de PNs já que para a sociedade é mais interessante que haja uma redução de acidentes, principalmente para as

comunidades que vivem a margem da faixa de domínio que são as mais “prejudicadas” com os acidentes. Assim, quando se deseja dar um maior enfoque ao retorno social, PNs e acidentes terão maior peso e quando a intenção for verificar o retorno econômico os indicadores de volume e produção terão maior peso. O somatório dos pesos deve sempre chegar a 100%, representando todo retorno do investimento.

6. Multiplicar o peso pelo valor do indicador gerando uma mensuração do benefício daquele indicador para o benefício total e somar todos os benefícios de cada critério analisado que juntos resultarão no benefício total;

7. Priorizar os projetos segundo o valor final do benefício total.

Para exemplificar o exposto nas atividades 5, 6 e 7, considere dois projetos chamados de A e B. O projeto A (p. ex. construção de um viaduto) representa um ganho de 10 TU e 5 TKU por R$ Milhão investido; redução de 2 acidentes por R$ Milhão investido e diminuição de 1 PN por R$ Milhão investido. Já o projeto B (p. ex. construção de um contorno) representa um ganho de 12 TU e 7 TKU por R$ Milhão investido; redução de 1 acidente por R$ Milhão investido e diminuição de 1 PN por R$ Milhão investido. Desta forma seria possível montar a Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Ilustração da definição dos retornos de um Projeto – Critério 1

Projeto Aumento da produção (TU) / R$ Milhão investido Aumento da produção (TKU) / R$ Milhão investido Redução do Número de acidentes / R$ Milhão investido Redução do Número de PNs / R$ Milhão investido Total Projeto A 10 5 2 1 Projeto B 12 7 1 1 Peso 1 2,5 3,5 3 10 Benefício A 10 12,5 7 3 32,5 Benefício B 12 17,5 3,5 3 36

Como se verifica na Tabela 5.2, o projeto A teria um benefício total de 32,5 e o projeto B um benefício de 36. Assim, se o objetivo fosse priorizar entre os dois projetos, o projeto B deveria ter prioridade 1 e o projeto A prioridade 2. Na existência de projetos C, D e E, eles seriam priorizados de acordo com seu benefício total.

Faz-se em seguida a análise de sensibilidade, que consiste em variar os pesos dos critérios analisados. Essa análise pode ser usada para verificar se uma mudança na importância dos indicadores altera a avaliação final do projeto. Nesse caso é possível validar a proposta dando mais coerência a mesma e verificando qual o impacto dos pesos na priorização de um projeto.

No exemplo, caso o objetivo fosse verificar apenas o benefício social, sem importar o ganho econômico poderia excluir-se o benefício da produção e do volume e considerar apenas os outros 2 indicadores. Uma opção seria dar peso 6 ao acidente, 4 às PNs. Operacionalizando-se a análise para essa opção de pesos, ter-se-ia os resultados encontrados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Ilustração da definição dos retornos de um Projeto – Critério 2

Projeto Redução do Número de acidentes / R$ Milhão investido Redução do Número de PNs / R$ Milhão investido Total Projeto A 2 1 Projeto B 1 2 Peso 6 4 10 Benefício A 12 4 16 Benefício B 6 8 14

Observando-se a Tabela 5.3 nota-se que para esse novo critério de pesos o projeto A tem um benefício total de 16, enquanto o B de 14. Logo, o projeto A seria o prioritário. Assim, nota-se que alterando os pesos dos indicadores se alterou os valores dos benefícios totais e a escolha de qual critério adotar vão depender do objetivo do decisor.

Como foi possível observar pelas Tabelas 5.2 e 5.3, no critério 1 o benefício do projeto A foi de 32,5 e no critério 2 foi de 16. Da mesma forma ocorreu com o projeto B que teve seu benefício total variando de 36 para 14. Ora, isso significa que um projeto se analisado por vários critérios terá um benefício final diferente em cada um deles. Isso implica que não se pode comparar o benefício total de um mesmo projeto para critérios diferentes. Logo, a comparação deve ser feita apenas entre projetos e dentro de um mesmo critério de análise.