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5 ESTUDO DE CASO

5.1 ESCOLHA DO MÉTODO

Todas as metodologias apresentadas possuem vantagens e desvantagens. Cabe então avaliar as críticas de cada uma dessas técnicas a fim de escolher a que traga melhores resultados para um determinado objetivo. Vale ressaltar que a escolha do método utilizado nessa dissertação parte da prerrogativa que se deseja analisar projetos ferroviários e logo, a decisão terá esse viés.

Inicialmente se apresentará a justifica da não escolha pela Análise Multicriterial. Entre as principais desvantagens apresentadas no Capítulo 4 destaca-se a necessidade de um número grande de informações para cada alternativa, gerando dificuldade no estabelecimento de metas e o conflito na seleção de preferência de uma alternativa sobre outra. Assim, essa técnica se mostrou complexa e trabalhosa.

Na avaliação de eficiência, os procedimentos mais utilizados para o estabelecimento de uma relação entre o custo do projeto e os resultados obtidos são a análise custo-benefício e a análise custo-efetividade (TRIPODI et al., 1975, COHEN & FRANCO, 1998 apud PEREIRA, 1999). A análise custo-benefício compara os benefícios e os custos de um projeto, que são expressos em unidades monetárias. Sua aplicação em projetos de cunho social exige que os benefícios do projeto, que muitas vezes são intangíveis, sejam traduzidos em termos monetários, o que dificulta a implementação deste tipo de análise.

A análise custo-efetividade, por sua vez, também compara os benefícios e os custos de um projeto; no entanto, os benefícios não são expressos em unidades monetárias, mas em unidades de resultado. Este tipo de análise demonstra ser a técnica que melhor se adequa a projetos sociais, já que a maior parte dos benefícios, representados por serviços que satisfazem as necessidades básicas da população, não pode ser expressa em unidades monetárias. Neste caso, o avaliador simplesmente apresenta os resultados aos responsáveis pelo projeto, que então decidem se os resultados valem o custo sacrificado (KEE, 1994 apud PEREIRA, 1999).

Vale destacar que esses dois métodos (ACB e ACE) são bastante úteis, pois servem como guia para ajudar na tarefa da escolha entre opções ou para determinar o custo e/ou o benefício de uma certa opção de política e, ainda, para justificar a decisão do investimento para a sociedade (PEREIRA, 1999). Sendo que a ACE tem a prerrogativa de não necessitar de uma coleta de dados exaustiva. Nota-se ainda que a ACE não ordena opções para definir prioridades, devendo ser encarada como um instrumental para definição de ações, tendo em vista que a prioridade já foi devidamente definida. “Haverá também situações de decisão nas quais os custos institucionais da avaliação do projeto excedem aos ganhos de eficiência com uso de ACB ou ACU e, portanto, a ACE terá assim um papel importante na orientação de ações de gestão” (SEROA DA MOTTA, 1998).

Quanto a Análise Custo Utilidade, os principais autores consideram essa uma abordagem muito custosa e, assim, estaria acima da capacidade institucional, do compromisso político e da aceitação social nos países em desenvolvimento. Com base neste juízo de valor, existem algumas sugestões na análise de custo-viabilidade onde a capacidade institucional, o compromisso político e a aceitação social são critérios adicionais para se avaliar projetos que englobam benefícios sociais e econômicos (MCNEELEY et al., 199132 MCNEELEY, 199733 apud SEROA DA MOTTA, 1998).

Levin (1983) também salienta que tanto a ACB quanto a ACE requerem tipos específicos de dados quantitativos para construir a estrutura da avaliação, enquanto que a ACU demanda uma gama de dados quantitativos e qualitativos para orientar a decisão. Assim, a estrutura da ACE e da ACB é mais rígida na escolha das variáveis, tendo menos subjetividade na seleção.

Para Freitas (2006), quando a questão geral for do tipo: “quanto se deve gastar para alcançar um determinado benefício?” as técnicas de avaliação econômica mais adequadas são a ACU e ACB. Já em questões mais específicas, do tipo “deve-se usar qual alternativa para solucionar o problema?” o autor recomenda o uso da ACE.

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McNEELEY, J. A. (1997) Assessing methods for setting conservation priorities. Investing in Biological Diversity: The Cairns Conference. Paris: OECD.

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McNEELEY, J. A., MILLER, W. V., REID, R. A. (1991) Conserving the world’s biological diversity. Switzerland: IUCN.

Portanto, o método de avaliação de projetos que melhor se adapta aos projetos ferroviários indicados na Tabela 3.8, repetidos na Tabela 5.1, é a Análise Custo-Efetividade. Além das diversas vantagens apontadas, esse método necessita de poucos dados, que são de difícil coleta na prática, por serem poucas e grandes as empresas concessionárias do transporte ferroviário de cargas, por não necessitar de complexas análises, além de apresentar os ganhos do projeto em função do seu valor prático. Uma vez coletados os dados para o estudo de caso, verificou-se ainda que os mesmos apresentavam os benefícios quantitativamente pelo resultado alcançado, o que veio a reforçar a escolha do método.

Tabela 5.1 – Projetos prioritários indicados pelas Concessionárias

PROJETOS FERROVIÁRIOS Valor Estimado

(Milhões R$)

Ferroanel de São Paulo - Tramo Norte (PPP) 850,00

Travessia de Barra Mansa/RJ 32,00

Remoção de invasões de faixa de domínio (Rio, Santos e BH) 81,00 Solução de interferências nos perímetros urbanos (Passagens em Nível) 115,00 Segregação de linha de carga na Região Metropolitana de São Paulo 150,00

Acesso ao Terminal Marítimo Ignácio Barbosa/SE 80,00

Variante Perdizes - Prudente (Serra do Tigre/MG) 1.498,00 Contorno Ferroviário São Félix - Cachoeira /BA 110,00

Variante Camaçari - Aratu/BA 140,00

Contorno de Aracaju 50,00

Travessia de Belo Horizonte 137,00

Desvio Guarapuava - Ipiranga /PR 450,00

Contorno Ferroviário de Curitiba /PR (PPP) 150,00

Contorno Ferroviário de Jaraguá do Sul, Joinville e São Francisco do Sul – SC 150,00 Duplicação da Serra do Mar (Variante Curitiba - Paranaguá/PR) 450,00

Travessia de Araraquara/SP 36,00

Acesso ao Porto de Santos 16,00

Viaduto/ trincheira em Criciúma /SC 18,00

Total Geral 4.513,00

Fonte: ANTF, 2006.