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7.5 ADUBAÇÃO DE CORREÇÃO TOTAL

A recomendação de adubação de correção total foi a alternativa utilizada a partir do final da década de 60, em toda a década de 70 e até meados da década de 80. Ela visava elevar os teores dos nutrientes fósforo e potássio no solo até o teor crítico, cujo valor foi estabelecido para um rendimento de aproximadamente 90% do rendi- mento máximo da cultura. O rendimento que confere máximo retorno econômico, em geral, situa-se próximo a esse valor (entre 85 e 95% ). Em solos com valores de análise maiores do que o teor crítico, a resposta das plantas à adição de nutrientes é pequena ou nula, bastando adicionar as quantidades retiradas pelos grãos ou pela massa verde mais as perdas do sistema, que são variáveis: maiores no sistema convencional (entre 20 e 50% ) e menores no sistema plantio direto (entre 20 e 30% ).

A adubação de correção total é a alternativa mais indicada quando os solos são muito deficientes em fósforo e em potássio e quando há disponibilidade de recursos financeiros para investimento. Essa opção consiste em aplicar todo o fertilizante fosfa- tado ou potássico de uma só vez. Quando os resultados da análise indicarem teores de P ou de K "Alto" ou "Muito alto" (Figura 7.1), a adubação de correção não é indicada. Neste caso, adicionam-se somente as quantidades de manutenção ou o que for expor- tado pelas culturas (grãos ou massa verde), pois o teor do nutriente no solo é conside- rado adequado ou está na faixa de teor "Muito alto". Na Tabela 7.1 são apresentados os valores da correção de fósforo e de potássio para as faixas de teores desses nutrien- tes no solo. Em relação à retirada de nutrientes do solo pelas culturas, essas quantida- des representam a "sobra" do sistema, cuja finalidade é elevar o teor de P e de K no solo até o teor crítico (Gianello & Wiethölter, 2004).

A aplicação dos fertilizantes destinados à correção do solo é feita a lanço, com incorporação no sistema convencional de cultivo. No sistema plantio direto esta aplica- ção pode ser feita na linha de semeadura ou distribuída a lanço e o fertilizante mantido na superfície do solo. Quando o teor no solo for muito baixo e a adubação for indicada para uma expectativa de rendimento muito alta, a dose será também muito alta. Por exemplo, para milho semeado em solo com teor de P na faixa "Muito baixo" e com a expectativa de rendimento de 9 t/ ha, a quantidade de P2O5a aplicar será: 120 kg/ ha de correção total + 45 kg/ha para um rendimento de 4 t/ha de grãos + (5 x 15) kg/ha (que é a quantidade por tonelada adicional: 9 - 4 = 5). A dose a aplicar no cultivo do milho será, portanto, de 240 kg de P2O5/ ha. Nesse caso, é conveniente aplicar cerca de dois terços

a lanço e um terço na linha de semeadura. Procedimento semelhante deverá ser ado- tado no caso de potássio, porém, devido ao efeito salino dos fertilizantes potássicos, a dose máxima a aplicar na linha de semeadura é menor; no máximo 80 kg/ ha para milho e soja.

Teores altos de fósforo e de potássio

Quando a faixa de teor do nutriente no solo for "Muito alto", e a quantidade indicada na tabela de recomendação for menor ou igual (£) à dose de manutenção, pode-se diminuir também as quantidades a acrescentar por tonelada adicional de grãos (ou massa seca) a serem produzidos. Por exemplo, na cultura do milho em segundo cultivo da seqüência, para um rendimento de 6 t/ ha e com teor de P "Alto", a quantidade de P2O5a adicionar seria 45 + 30 (expectativa adicional de rendimento de 2 t/ ha de grãos), igual a 75 de P2O5/ ha. Se o valor de P for "Muito alto", a recomenda- ção pode ser igual ou menor. Com isso, seria adequada (dependendo dos outros fato- res de produção) a adição de 25 kg para as 4 t/ ha e de 8 a 10 kg por tonelada adicional de grãos a serem produzidos. Neste exemplo (2 t/ ha a mais), seriam de 16 a 20 kg/ ha, que somados aos 25 kg corresponderiam a uma aplicação de 40 a 45 kg de P2O5/ ha, ao invés dos 75 kg indicados anteriormente para a faixa de teor "Alto".

Tabela 7.1. Quantidades de fósforo e de potássio a serem adicionadas ao solo para a adu- bação de correção total(1)

I nterpretação do teor de P

ou de K no solo Fósforo Potássio

kg de P2O5/ ha kg de K2O/ ha

Muito baixo 120 120

Baixo 60 60

Médio 30 30

(1)Quando a opção for a adubação corretiva total, devem ser adicionadas também as quantidades de

manutenção indicadas na Tabela 7.2 (colunas 3 e 4) para os rendimentos de referência da cultura. Para rendimento maior do que o indicado na tabela, adicionar por tonelada adicional de grãos a serem produzidos, as quantidades indicadas nas colunas 5 e 6 para fósforo e potássio, respectiva- mente.

No estabelecimento das doses da Tabela acima, considerou-se a capacidade tampão dos solos em P e K (kg de P2O5ou K2O necessários para aumentar, na análise, 1 mg de P ou K/ dm³ de solo) e a quanti-

Adubação corretiva em solos arenosos

A adubação corretiva total não é indicada para solos de classe textural 4, princi- palmente quando os teores de P ou de K forem muito baixos ou baixos, pois as quanti- dades de adubo de correção somadas àquelas de manutenção poderão ser muito altas. I sso pode acarretar, eventualmente, perdas de nutrientes por lixiviação. A recomenda- ção para esses casos é a utilização da adubação corretiva gradual.

Tabela 7.2. Valores de adubação de manutenção de fósforo e de potássio das culturas de grãos para os rendimentos especificados e quantidades a serem adicionadas por tonelada de grãos produzidos acima do rendimento de referência

Cultura Rendimento referência Valores de manutenção (M) para o rendimento referência(1) Quantidade a acrescentar por tonelada adicional de grãos a serem produzidos t/ ha kg de P2O5/ ha kg de K2O/ ha kg de P2O5/ ha Kkg de 2O/ ha Amendoim 2 30 40 15 20 Arroz irrigado 4 20 20 10 10 Arroz de sequeiro 2 20 20 10 10 Aveia branca 2 30 20 15 10 Aveia preta 2 30 20 15 10 Canola 1,5 30 25 20 15 Centeio 2 30 20 15 10 Cevada 2 30 20 15 10 Ervilha seca e Ervilha forrageira 1,5 30 40 15 20 Ervilhaca 1 20 30 20 25 Feijão 1,5 25 30 15 20 Girassol 2 30 30 15 15 Linho 1,5 30 40 15 15 Milho 4 45 30 15 10 Milho pipoca 3 35 25 15 10 Nabo forrageiro 2 30 40 15 20 Painço 1,5 20 15 15 10 Soja 2 30 45 15 25 Sorgo 3 35 25 15 10 Tremoço 2 25 45 15 25 Trigo 2 30 20 15 10 Triticale 2 30 20 15 10

(1)Os valores de manutenção (M) podem ser diferentes do resultado da multiplicação do rendimento

referência (coluna 2) pelos valores das colunas 5 e 6, pois os valores destas colunas foram ajustados para se enquadrarem em meia ou na dezena inteira.