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4.1.1 Diagnóstico da fertilidade do solo (análise básica)

A uniformização da metodologia analítica é essencial para a correta interpreta- ção dos resultados. Os métodos utilizados nas análises de caracterização da fertilidade do solo com a finalidade de recomendar corretivos e fertilizantes estão sendo aperfei- çoados desde a criação da ROLAS, em 1968. Uma das principais modificações foi a inclusão da determinação rápida do teor de argila em 1987, sendo necessária para a interpretação do teor de fósforo. O método da resina de troca aniônica em lâminas para a determinação de fósforo (Bissani et al., 2002) é recomendado para solos

adubados com fosfato natural nos últimos dois anos. Detalhes referentes aos proto- colos dos procedimentos analíticos a seguir relacionados constam em Tedesco et al. (1995) e em Gianello et al. (2005).

As seguintes determinações compõem a análise básica (ou de rotina) e são feitas por todos os laboratórios integrantes da ROLAS:

Teor de argila:a determinação do teor de argila do solo é feita pelo método do densímetro, após dispersão com álcali (Tedesco et al., 1995; Gianello et al., 2005), sendo expressa em % (m/ v). Essa determinação é necessária para estabelecer a classe textural e a interpretação do teor de fósforo do solo extraído pelo método Mehlich-1 (item 5.3.1.a). Na análise usam-se 10 cm3 de solo.

pH do solo: é determinado por potenciômetro na suspensão solo-água, na proporção de 1:1. Na análise usam-se 10 cm3 de solo e 10 mL de água.

Necessidade de calcário: é determinada pelo método SMP (Shoemaker et al., 1961), adaptado por Wayne Kussow e descrito por Mielniczuk et al. (1969a). O método baseia-se no uso de uma solução tamponada a pH 7,5. Como forma de medida da acidez potencial do solo, determina-se o pH de equilíbrio dessa solução quando em contato com o solo, denominado índice SMP. O pH de equilíbrio da mistura solo:solu- ção SMP é relacionado à quantidade de calcário necessária para a correção da acidez do solo. O índice SMP pode ser utilizado para indicar as quantidades de calcário neces- sárias para elevar o pH do solo a 5,5, 6,0 ou 6,5 (Tabela 6.2). Na análise utiliza-se a mesma amostra da determinação do pH em água.

Acidez potencial (H+Al): é estimada pelo índice SMP, sendo o valor obtido pela equação (Kaminski et al., 2001):

H+ Al = e( ,10 665 1 1483, SMP) 10 -

O valor é expresso em cmolc/ dm3.

Fósforo extraível pelo método Mehlich-1: é a fração extraída por uma solução composta pela mistura de ácido clorídrico (0,05 mol/ L) e ácido sulfúrico (0,0125 mol/ L), conhecida como solução de Mehlich-1 (Nelson et al., 1953). O teor obtido representa o P na solução, o P adsorvido na superfície de óxidos e hidróxidos de Fe e de Al e, em menor quantidade, o P ligado ao Ca. A determinação é feita por colori- metria, empregando molibdato de amônio e uma solução redutora. Os teores são expressos em mg/ dm3. Na análise usam-se 3 cm3 de solo.

Potássio extraível: é quantidade composta pelo potássio da solução do solo e o K adsorvido às cargas negativas do solo (K trocável). Utiliza-se também o extrator de Mehlich-1. O teor de potássio no extrato é determinado por fotometria de chama. A quantidade extraída é semelhante ao teor de potássio trocável, extraído com acetato de amônio. O teor é expresso em mg/ dm3. Neste extrato pode ser também determi- nado o sódio trocável, por fotometria de chama. Na análise utiliza-se a mesma amostra da determinação de fósforo.

Matéria orgânica: é determinada por combustão úmida, utilizando-se dicro- mato de sódio e ácido sulfúrico. A matéria orgânica é oxidada e o dicromato é reduzido, ocorrendo modificação na cor da solução, que é proporcional ao teor de matéria orgâ- nica do solo. A determinação da intensidade da cor da solução é feita por colorimetria. Com base no teor de matéria orgânica, avalia-se, indiretamente, a disponibilidade de nitrogênio do solo. Os valores são expressos em % (m/ v). Na análise usam-se 1,5 cm3 de solo.

Cálcio, magnésio e alumínio trocáveis: são extraídos por cloreto de potás- sio 1 mol/ L. Numa fração do extrato, o alumínio é titulado com hidróxido de sódio, na presença de azul de bromotimol (ou fenolftaleína). Em outra fração, o cálcio e o mag- nésio são determinados por espectrofotometria de absorção atômica. Alguns laborató- rios determinam os teores de Ca e de Mg por titulação, ambos com EDTA. Neste caso, primeiro é feita a titulação de Ca+ Mg e, depois, a do Ca, calculando-se o teor de Mg por diferença. Os teores são expressos em cmolc/ dm3. Na análise usam-se 2,5 cm3de solo.

Capacidade de troca de cátions (CTC): é calculada pela soma dos cátions de reação básica trocáveis (K+; Ca2+; Mg2+ e, às vezes Na+) e dos cátions ácidos (H++ Al3+). Para o cálculo da CTC ao pH natural do solo (na análise), denominada CTC efetiva, é somado o cátion Al3+ aos cátions de reação básica:

CTCefetiva= Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ + Al3+.

A capacidade de troca de cátions a pH 7,0 é calculada por: CTCpH 7,0= Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ + (H+ + Al3+). Observações:

a) o teor de Na+nos solos ácidos em geral é baixo e normalmente não é incluído no cálculo;

b) para expressar o teor de K+ em cmolc/ dm3, utiliza-se a seguinte equação: cmolcde K+/ dm3= mg de K+/ 391.

Os valores da CTCefetiva e da CTCpH 7,0 são utilizados para os cálculos da saturação por alumínio e por bases, obtidos da seguinte maneira:

Saturação da CTCefetivapor Al

A saturação por Al (valor m) é calculada por: m = Al

CTCefetiva ´100

Saturação da CTCpH 7,0por bases

A fração da CTC (calculada a pH 7,0) ocupada pelos cátions de reação básica representa a porcentagem das cargas negativas do solo neutralizadas por cátions de reação básica, denominada saturação por bases (valor V), sendo calculada por:

V = S CTCpH

´100 7 0, em que:

S = soma dos cátions de reação básica (Ca2++ Mg2++ K++ Na+) em cmolc/dm3.

Relações entre cátions: os laudos podem conter também diversas relações entre cátions tais como: Ca/ Mg; Ca/ K; Mg/ K e K/ (Ca + Mg)½. Estas relações devem ser calculadas utilizando-se unidades iguais de expressão de resultados.

Determinação alternativa de fósforo por resina de troca aniônica: essa determinação é recomendada para solos adubados com fosfato natural nos últimos dois anos. Em solos não adubados com fosfatos naturais, os coeficientes de correlação determinados entre as quantidades de fósforo absorvido pelas plantas e as extraídas pelo método Mehlich-1 ou por resina de troca aniônica são semelhantes (Kroth, 1998; Bissani et al., 2002). Por isso, não é necessário determinar o P pelo método da resina. A utilização de resina de troca em lâminas, em vez de em esfera (Raij & Quaggio, 1983), dispensa a etapa de moagem úmida da amostra para a separação da resina do solo; a lâmina de resina é simplesmente retirada da suspensão com pinça, sendo o teor de P determinado por colorimetria na solução ácida da extração da resina (Gianello et al., 2005).