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2.2 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

2.2.4 Sistema de Governança e Governabilidade dos Recursos Hídricos no

2.2.4.3 Agências de Água

As agências de Água ou de bacia, são entidades técnicas e executivas dotadas de personalidade jurídica, constituídas para dar suporte administrativo, técnico e financeiro aos Comitês de bacia, visando efetivar a gestão da água na bacia, sendo, desse modo, o financeiro por meio da arrecadação e gerência dos recursos provenientes da cobrança pelo uso de recursos hídricos. Parte integrante do SINGREH, as Agências de Água são criadas mediante solicitação de um ou mais COBHs e autorização do CNRH ou dos CERHs. Por sua vez, são requisitos essenciais para a instituição da Agência de Água, a prévia existência do Comitê de bacia e a viabilidade financeira, assegurada pela cobrança do uso de recursos hídricos (ANA, 2011).

As agências de Água têm atribuições que estão preconizadas na Lei das Águas, algumas de caráter técnico-operacional no âmbito do SINGREH – manter balanço atualizado da disponibilidade de água na área de atuação; promover os estudos necessários para a gestão das águas na área de atuação; elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do Comitê de Bacia Hidrográfica; propor o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso e encaminhar ao Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de acordo com o domínio (BRASIL, 1997).

Além das atribuições de apoio técnico, a Lei das Águas definiu outras, especificamente relacionadas à cobrança – efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso das águas; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados por meio dos valores arrecadados com a cobrança pelo uso das águas e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos; acompanhar a administração financeira dos valores arrecadados com a cobrança pelo uso das águas na área de atuação; propor os valores a serem cobrados pelo uso das águas; propor o plano de aplicação dos valores arrecadados com a cobrança pelo uso das águas (BRASIL, 1997).

Por outro lado, outras atribuições foram definidas que se relacionam a outorga, ao sistema de informações e outros fins – manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências; elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Conselhos de Bacia hidrográfica; propor o rateio de custos das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo (BRASIL, 1997).

De acordo com a ANA (2014, p. 19),

as atribuições das Agências de Água são locais, técnicas e multiespecializadas, além de terem que manter contínuo apoio ao funcionamento do comitê da respectiva bacia. Portanto, deve articular sinergicamente suas funções para que as decisões tomadas sejam adequadamente embasadas em estudos técnicos, permitindo a harmonização dos usos da água na bacia. Na função de secretaria executiva do CBH, a agência de água é responsável pelo suporte administrativo para o funcionamento do colegiado. Deve, para isso, organizar as reuniões, efetuar a divulgação prévia de estudos subsidiários às tomadas de decisão, comunicá-las à sociedade e manter atualizada e disponível informação sobre a execução dessas deliberações. (ANA, 2014, p. 19).

Segundo a ANA (2017), as agências de água ainda não foram regulamentadas pelo Governo Federal. Entretanto a Lei Federal nº 10.881 de 2004, que trata dos contratos de gestão entre a ANA e entidades delegatárias14 das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União, possibilita que as funções de competência das agências de água sejam exercidas por organizações sem fins lucrativos – consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de

14 Entidades delegatárias são organizações civis sem fins lucrativos, previstas na Lei Federal nº 10.881/2004, que recebem delegação de funções de agência de água pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e, assim, podem celebrar contrato de gestão com a ANA. Por meio desse último instrumento, são a elas transferidos os recursos financeiros arrecadados pela cobrança pelo uso em rios de domínio da União. As entidades delegatárias têm sido criadas, também, no âmbito da gestão estadual, porém com especificidades estaduais que podem não ser as mesmas da fixada pela legislação federal.

recursos hídricos; organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos CERHs, por prazo determinado, mediante delegação desses conselhos.

Nos casos onde a cobrança pelo uso de recursos hídricos não está implementada, a estruturação do apoio aos comitês é realizada por meio da celebração de termos de parceria, conforme dispõe a Lei Federal nº 9.790 de 23 de março de 1999 ou termos de colaboração de a acordo com a Lei Federal nº 13.019 de 31 de julho de 2014. Nesses casos, a entidade de apoio exerce, apenas, funções de secretaria executiva.

Nesse ponto, o Brasil dispõe de entidades delegatárias ou de apoio, exercendo funções de competência das Agências de Água: Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP); Agência Peixe Vivo; Fundação Agência PCJ; Instituto BioAtântica (IBIO); Associação Multissetorial de Usuários de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas (ABHA) Gestão de Águas, ou secretaria executiva: Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (ADESE); ABHA Gestão de Águas para o CBH Grande; ABHA Gestão de Águas para o CBH Paranapanema (Quadro 3).

Quadro 3 – Entidades delegatárias que exercemfunções de competência das Agências de Água ou secretaria executiva de Comitê de Bacia Hidrográfica, com contratos de gestão firmados com a Agência

Nacional de Águas (ANA) Bacia

hidrográfica

Comitê de Bacia Hidrográfica Entidade

Delegatária ou de Apoio

Instrumento de Parceria

Paraíba do Sul Comitê de Integração da Bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP)

AGEVAP CG n.º 014/2004

São Francisco Comitê da Bacia hidrográfica do Rio São Francisco – CBH São Francisco

Agência Peixe Vivo CG n.º 014/2010 PCJ Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBHs PCJ)

Fundação Agência PCJ

CG n.º 003/2011 Doce Comitê da Bacia hidrográfica do Rio Doce

(CBH Doce)

IBIO CG n.º 072/2011

Paranaíba Comitê da Bacia hidrográfica do Rio Paranaíba (CBH Paranaíba)

ABHA Gestão de Águas

CG n.º 006/2012 Verde Grande Comitê da Bacia hidrográfica do Rio

Verde Grande (CBH Verde Grande)

Agência Peixe Vivo CG n.º 083/2017 Piancó-

Piranhas-Açu

Comitê da Bacia hidrográfica do Rio Piancó (CBH Piranhas-Açu)

ADESE TP n.º 001/2015

Grande Comitê da Bacia hidrográfica do Rio Grande (CBH Grande)

ABHA Gestão de Águas

TP n.º 003/2016 Paranapanema Comitê da Bacia hidrográfica do Rio

Paranapanema (CBH Paranapanema)

ABHA Gestão de Águas

TC n.º 001/2017 Fonte: ANA (2017).

A Agência de Água detém uma função estratégica no gerenciamento dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. No que se refere ao estado de Pernambuco, enquanto as Agências de Água dos COBHs não são criadas, as atribuições têm sido exercidas por meio da

Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), cuja missão é executar a política de estado relacionada aos recursos hídricos.