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3.1 Iniciativas e critérios de avaliação de desempenho da responsabilidade

3.1.5 Agenda 21 Global, Brasileira e Local

Como fruto da Rio-92, criaram-se as convenções sobre Biodiversidade e Alterações Climáticas, foi idealizada a Carta da Terra24, elaborado o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global25 e apresentado um grande plano de ação da

24 Carta da Terra – Compromisso idealizado na Eco-92 e lançado na Holanda em 2000. É uma declaração de

princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica, oferecendo um conceito claro sobre o que é sustentabilidade e desenvolvimento sustentável (STAUB, 2008).

25 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global – Documento aprovado

na Jornada Internacional de Educação Ambiental que considera a urgência da educação ambiental como forma de gerar mudanças na qualidade de vida e maior consciência de conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com outras formas de vida. (STAUB, 2008).

comunidade internacional para o cumprimento dos objetivos em prol do desenvolvimento sustentável fixados no evento. Esse documento, denominado Agenda 2126, traduz um planejamento de ações não só ambientais, mas que promovam um novo padrão de desenvolvimento, o sustentável.

O enfoque desse plano de ação é inovador, amplia a preocupação dominante nas últimas décadas com a predominância da questão ambiental. Contempla questões estratégicas como a geração de trabalho e renda, aliadas à justiça social; as mudanças nos padrões de produção e consumo; a conservação dos recursos naturais; a construção de cidades sustentáveis e a adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

Coerente a esse entendimento foi o endosso que a Rio-92 concedeu à publicação do livro de Stephan Schmidheiny, Changing Course (Mudando o Curso), percebido como uma proposta para implementar a Agenda 21 no setor privado. A declaração no início do documento reconhece que “o mundo se move em direção à desregulação, às iniciativas privadas e aos mercados globais. Isto exige que as empresas assumam maior responsabilidade social, econômica e ambiental ao definir seus papéis e ações” (STAUB, 2008).

No Brasil, com o propósito de cumprir o compromisso assumido, foi criada a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Brasileira (CPDS) por meio de Decreto Presidencial de 26/02/97. A criação ocorreu às vésperas da Rio+5, evento organizado por instituições ambientais, realizado para avaliar os resultados e as metas não cumpridas da Rio 92. A construção da Agenda 21 Brasileira, conduzida pela CPDS teve como objetivo redefinir o modelo de desenvolvimento do país, introduzindo o conceito de sustentabilidade e qualificando-o com as potencialidades e as vulnerabilidades do Brasil inclusive no quadro internacional.

Com essa intenção foram produzidos seis documentos temáticos que enfocam: • a agricultura sustentável;

• as cidades sustentáveis;

• a infra-estrutura e integração regional; • a gestão dos recursos naturais;

26 O termo “Agenda 21” - foi usado no sentido de expressar as intenções de se caminhar para a realização desse novo

modelo ao longo do século XXI. É um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes regiões do planeta, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. A Agenda 21 Local é um instrumento para o planejamento participativo e multissetorial de construção de um programa de ação estratégico, para transformar a realidade local no cenário desejado por todos os atores envolvidos. Fonte: Agenda 21. Disponível em: <http//www.meioambiente.gov.br>. Acesso em: 14 Out. 2009.

• a redução das desigualdades sociais, e

• a ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.

A consolidação do processo de construção da Agenda 21 Brasileira apresentou como resultado a necessidade prioritária de realizar ações que promovam:

• a economia da poupança na sociedade do conhecimento; • inclusão social para uma sociedade solidária;

• estratégia para a sustentabilidade urbana e rural;

• recursos naturais estratégicos: água, biodiversidade e florestas, e

• governança ética para a promoção da sustentabilidade. (STAUB, 2008).

A Agenda 21 Brasileira foi organizada em dois volumes e seu lançamento ocorreu em julho de 2002:

• Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias – estabelece os caminhos preferenciais da construção da sustentabilidade brasileira como sendo ampliada e progressiva. Ampliada porque preconiza a ideia de sustentabilidade permeando todas as dimensões da vida: a econômica, a social, a territorial, a científica e tecnológica, a política e a cultural. Já a sustentabilidade progressiva significa que não se deve aguçar os conflitos a ponto de torná-los inegociáveis, e sim, fragmentá-los em fatias menos complexas, tornando-os administráveis no tempo e no espaço.

• Agenda 21 Brasileira – Resultado da Consulta Nacional - apresenta o produto das discussões realizadas em todo o território nacional.

Em 2003, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em comum acordo com a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS), definiu como prioridade incentivar e apoiar a construção de Agendas 21 Locais, como estratégia de elevar o padrão de sustentabilidade socioambiental às gestões municipais (STAUB, 2008).

O governo brasileiro incorporou a Agenda 21 Brasileira ao Plano Plurianual (PPA 2004- 2007), Lei Federal nº 10.933, de 11/08/2004, instrumento que estabelece as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública para operar despesas e programas de duração continuada. O objetivo do Programa Agenda 21 no PPA 2004-2007 está assim definido:

Promover a internalização dos princípios e estratégias da Agenda 21 Brasileira na formulação e implementação de políticas públicas nacionais e locais, por meio do planejamento estratégico, descentralizado e participativo, que estabeleça as prioridades a serem definidas e executadas em parceria governo-sociedade, na perspectiva do desenvolvimento sustentável (STAUB, 2008).

Para Salomão (2007), é cada vez maior a importância da responsabilidade socioambiental das organizações no sentido de viabilizar e propiciar às gerações futuras uma oportunidade de usufruir do planeta em iguais ou melhores condições do que as atuais. Além desta questão, o item a seguir, trata da necessidade que para tais instituições, em especial, as financiadoras, a agricultura sustentável seja vista como um modelo que promove a sustentabilidade da própria atividade agrícola.

No item, a seguir serão analisados as medidas e critérios de sustentabilidade para a produção de soja no cerrado brasileiro, no intuito de atingir o objetivo deste trabalho.