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3.1 Iniciativas e critérios de avaliação de desempenho da responsabilidade

3.1.3 Global Reporting Iniciative (GRI)

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição global independente que desenvolve uma estrutura mundialmente aceita para relato de sustentabilidade. Foi criada em 1997 como uma iniciativa conjunta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da organização não-governamental CERES (sigla em inglês para Coalizão por Economias Ambientalmente Responsáveis), com o objetivo de elevar as práticas de Relatórios de Sustentabilidade a um padrão de qualidade equivalente ao nível de comparação possível entre os relatórios financeiros. Essa estrutura, chamada Diretrizes GRI, permite às empresas e outras organizações prepararem relatórios sobre seu desempenho econômico, ambiental e social, comparáveis entre si. (BANCO DO BRASIL, 2008).

Trata-se de uma rede internacional que elaborou o modelo para Relatórios de Sustentabilidade mais usado no mundo atualmente. O conjunto de princípios, protocolos e indicadores desenvolvido pela GRI torna possível gerir, comparar e comunicar o desempenho das organizações nas dimensões social, ambiental e econômica. Mais de 1000 empresas no mundo adotam o seu modelo hoje, incluindo um número crescente de empresas brasileiras. Na última década surgiu uma proliferação de ferramentas para ajudar organizações, especialmente de negócios, a gerenciar seu desempenho econômico, ambiental e social. (GLOBAL REPORTING INITIATIVE, 2009).

Conforme a Global Reporting Initiative (2009), a Estrutura de Relatórios consiste em Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade, Suplementos Setoriais e Protocolos de Indicadores. Juntos, esses documentos são conhecidos como a Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade. Seus elementos contêm princípios de relatório, orientação, e um modelo de conteúdo do relatório geralmente aplicáveis a todos os negócios, organizações sem fins lucrativos, órgãos públicos e outras organizações grandes ou pequenas, por todas as áreas geográficas e regiões. O Conteúdo do Relatório consiste em três tipos:

• Perfil - Essas informações ajudam a organização a estabelecer o contexto para que os leitores compreendam as questões de sustentabilidade e sua abordagem. As informações sobre perfil incluem: Estratégia e Análise, Perfil Organizacional, Parâmetros para o Relatório e Governança, Compromissos e Engajamento dos Stakeholders;

• Forma de Gestão - Essas informações ajudam a organização a estabelecer o contexto para a compreensão de seus resultados de desempenho. As informações sobre a Forma de Gestão incluem: Objetivos e Desempenho; Política; Responsabilidade Organizacional; Treinamento e Conscientização; Monitoramento e Acompanhamento; Certificações;

• Indicadores de Desempenho - Essas informações são usadas para comunicar os resultados de desempenho. Os Indicadores são organizados por categoria de sustentabilidade – econômico, ambiental e social – para facilitar a consulta.

As Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade são o elemento fundamental da Estrutura de Relatórios. Elas apresentam o conteúdo considerado relevante para organizações de qualquer porte, setor ou localidade. Todas as organizações que pretendem elaborar relatórios aplicando a estrutura da GRI deveriam começar pelas Diretrizes.

Os Suplementos Setoriais são desenvolvidos para superar as limitações de uma abordagem padronizada e ajudam a abarcar o conjunto específico de questões referentes à sustentabilidade enfrentadas por setores diferentes da indústria (como vestuário, financeiro). Os Suplementos complementam, mas não substituem as Diretrizes. Os Indicadores de versões finais de Suplementos Setoriais são considerados essenciais, pois são pertinentes à maioria das organizações relatoras e de interesse para a maioria dos stakeholders.

Essas ferramentas surgiram em várias formas, desde códigos de conduta a sistemas de gestão e metodologias de avaliação interna de desempenho. A GRI é uma estrutura externa de relato que permite às organizações comunicar:

• as ações desenvolvidas para melhorar o desempenho econômico, ambiental e social; • os resultados de tais ações;

• as estratégias futuras para melhoria.

A adesão ao modelo internacional é voluntária e não se faz de maneira intempestiva. É preciso planejamento, estruturação e comprometimento não apenas da equipe encarregada da publicação do relatório, mas de toda a empresa. Ao adotar o padrão internacional, a gestão das empresas é impactada positivamente, pois a GRI permite que o negócio seja olhado de maneira transversal e gera um conhecimento valioso na coleta de informações, que será utilizado na gestão dos processos. O conjunto de princípios, protocolos e indicadores desenvolvidos pela GRI torna possível gerir, comparar e comunicar o desempenho das organizações nas dimensões social, ambiental e econômica, reflete os aspectos positivos e negativos do desempenho da organização de modo a permitir uma avaliação equilibrada do desempenho geral.

Este relatório permite que se hierarquizem as empresas em função de sua utilidade social e ambiental e que as pessoas possam, por exemplo, fazer aplicações financeiras em função desse diferencial, ou comprar de empresas que comercializem apenas alimentos orgânicos e assim por diante. A opção pela apresentação de relatórios dessa natureza, normalmente é precedida pela elaboração de diagnósticos que têm o objetivo de retratar o estágio em que as empresas encontram-se em relação a estas questões. (STAUB, 2008).

O programa inclui e conta com estudos de caso, exercícios e depoimentos que demonstram como as organizações implementaram processos de reporte e se beneficiaram da estrutura GRI para desenvolver seus relatórios de sustentabilidade, conforme relacionados abaixo:

Introdução - Preparando sua organização para desenvolver o Relatório de Sustentabilidade:

• Importância e benefícios do Relatório de Sustentabilidade para organização e sociedade; • Identificação e discussão a respeito dos maiores desafios no desenvolvimento dos

Relatórios de Sustentabilidade;

• A contribuição da estrutura de Relatórios GRI para a credibilidade dos processos de comunicação organizacional;

• O modelo de Relatório GRI.

Diálogo com stakeholders e credibilidade na coleta e seleção de informações para o relatório:

• Como os stakeholders são identificados e priorizados;

• As melhores práticas para engajar stakeholders e aumentar credibilidade; • Como selecionar o conteúdo do Relatório de Sustentabilidade;

• Como selecionar e testar os principais temas e indicadores a serem publicados (teste de materialidade).

Definição, coleta e monitoramento do conteúdo do relatório:

• Seleção de indicadores-chave para o relatório e identificação de fontes de informação; • Aplicação dos princípios GRI para assegurar a qualidade da informação;

• O papel dos tomadores de decisão no processo de coleta e monitoramento do conteúdo. Fechamento do relatório e comunicação de seus resultados:

• Etapas na consolidação da informação requerida no Relatório de Sustentabilidade GRI; • Melhores práticas na comunicação dos resultados;

• Alinhamento estratégico entre objetivos organizacionais e o Relatório GRI, e o processo de comunicação dos resultados.

Para a Global Reporting Initiative (2009), o desenvolvimento sustentável emerge hoje como o mais importante desafio global. Neste cenário, o sucesso das organizações depende de uma nova forma de pensar e de um novo modo de gerir, uma vez que os resultados econômicos estão cada vez mais atrelados aos impactos ambientais e sociais causados por suas decisões e ações. O relatório de sustentabilidade é resultado de um processo que visa identificar, mensurar, divulgar e prestar contas sobre as ações das organizações com vistas à sustentabilidade. Por meio desse relatório, as organizações e todos os seus públicos têm em mãos um instrumento que possibilita dialogar e implantar um processo de melhoria contínua do desempenho rumo ao desenvolvimento sustentável.