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3.1 Iniciativas e critérios de avaliação de desempenho da responsabilidade

3.1.1 Instituto Ethos de Responsabilidade Socioambiental

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não- governamental caracterizada como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público), criada em 1998 por empresários e executivos originados do setor privado. Tem a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. Oferece às empresas brasileiras uma ferramenta que as auxilia não só a diagnosticar, mas também a gerir

o processo de aprimoramento da responsabilidade socioambiental empresarial de maneira que possam observar seus avanços, desafios e oportunidades de evolução, alinhados às premissas do desenvolvimento sustentável. (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL, 2009).

Nessa conjuntura, as organizações financeiras também foram desafiadas a aprimorar suas práticas administrativas e negociais a fim de alinhá-las às novas exigências impostas pela sociedade. Um desafio muitas vezes percebido como um dilema, em função da natureza dessas organizações, é a necessidade de concretizar estratégias em consonância com o paradigma da sustentabilidade, ao mesmo tempo em que se fazem presentes em suas estruturas organizacionais os tradicionais valores que focam no reducionismo custo-benefício (em curto prazo).

Citando a avaliação de Müller e Vianna (2007 apud STAUB, 2008) Staub confirma que esta equação é realmente complexa, pois “a busca por resultados imediatos não se aplica quando se pensa em sustentabilidade”. De fato, as muitas formas de expressão da sustentabilidade no meio corporativo deveriam convergir para o entendimento de que a sustentabilidade implica a capacidade das empresas em construir condições para garantir a continuidade dos seus negócios, gerenciando os impactos de curto e longo prazo de suas ações sobre o meio ambiente, a economia e a sociedade como um todo.

Para Staub (2008) em referência ao Instituto Ethos, o caminho rumo à sustentabilidade pode ser classificado em três estágios básicos:

1. O primeiro deles é o da pré-responsabilidade social, no qual a organização não se dá conta da importância dessa questão;

2. O segundo é o da cidadania corporativa, que ocorre quando ela desenvolve alguns planos de ações socioambientais;

3. O terceiro e mais elevado é alcançado somente por empresas que incorporam a responsabilidade socioambiental como parte do seu negócio.

3.1.1.1 Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial

Em 2000, a organização disponibilizou para os seus associados os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, que são uma ferramenta de autodiagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciarem os impactos sociais e ambientais decorrentes de

suas atividades. Contava em 2008 com 1390 associadas – empresas de diferentes setores e portes com faturamento anual correspondente a aproximadamente 35% do PIB brasileiro e empregam cerca de 2 milhões de pessoas. (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL, 2009).

Os indicadores Ethos foram construídos com visão sistêmica, de forma a manter correlação com iniciativas relevantes como o Pacto Global, os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, as Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI) e a Norma SA800020. Para a definição dos indicadores o Instituto Ethos considerou dentre outras:

• questões relacionadas aos direitos humanos, direitos do trabalho e promoção da saúde; • princípios de sustentabilidade e proteção ambiental;

• princípios contra a corrupção;

• ações que contribuam para a erradicação da fome e da miséria; • ações que favoreçam o acesso à educação básica;

• ações de cooperação para o desenvolvimento mundial e aspectos de natureza econômica e institucional. (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL, 2009).

Estes assuntos foram categorizados em sete áreas principais com os objetivos de:

1 valorizar o público interno, não apenas por meio do salário, mas também criando condições para o desenvolvimento profissional e pessoal de seus empregados oferecendo oportunidades iguais para homens, mulheres, minorias e pessoas com deficiência;

2 negociar com os fornecedores de forma ética e exigir deles também um comportamento ético na produção de bens e serviços;

3 interagir com a comunidade em que está inserida apoiando projetos de inclusão social local;

4 respeitar os consumidores e clientes oferecendo produtos e serviços de excelente qualidade e que não causem nenhum tipo de dano a seu usuário;

5 proteger o meio ambiente de forma que seus produtos e serviços gerem o menor impacto ambiental possível, tanto na esfera da produção como de seu consumo e descarte final;

20 Norma SA8000: é a primeira norma voltada para a melhoria das condições de trabalho. Abrange os principais

direitos dos trabalhadores - saúde e segurança, liberdade de associação, limite de horas de trabalho, compensação e garantias contra trabalho infantil, trabalho forçado e discriminação – e certifica seu cumprimento por meio de auditorias independentes (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL, 2009).

6 cumprir todas as leis e relacionar-se de forma ética com o governo e sociedade;

7 ser transparente, definir e disseminar valores e princípios éticos e adotar práticas de

governança corporativa dando visibilidade à sociedade da evolução das ações de

responsabilidade socioambiental adotadas pelas empresas. (DEMAJOROVIC, 2007 apud STAUB, 2008).

Isso demonstra que os indicadores Ethos foram construídos com a atenção de observar toda a cadeia de valor das empresas, os diversos públicos de relacionamento e o meio ambiente. Cada categoria é dividida em um conjunto de indicadores que têm o objetivo de investigar em diferentes perspectivas como a empresa pode aprimorar sua performance naquela dimensão. Os indicadores são estruturados em:

• questões de profundidade – têm a finalidade de avaliar o estágio atual da empresa em relação à determinada prática. Apresenta opções nas quais a empresa pode se manifestar alegando não haver tratado do assunto antes ou que não vê aplicação de determinado aspecto em seu ambiente. Nesse caso, as questões adicionais serão consideradas como não aplicáveis;

• questões binárias – são respondidas com sim ou não e qualificam a resposta escolhida no indicador de profundidade. Contribuem para identificar quais práticas devem ser incorporadas à gestão dos negócios;

• questões quantitativas – se propõem a realizar o levantamento sistemático de alguns dados específicos que podem ser avaliados anualmente e cruzados com outros. Não são todos os indicadores que são quantificáveis, no entanto aqueles que apresentam essa possibilidade serão úteis para o diagnóstico, para o acompanhamento interno da empresa e para o planejamento de ações de melhoria. (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL, 2009).