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Humberto Almeida de la Serna – DNPM/SP, Tel.: (11) 5549-5533, E-mail: humberto.serna@dnpm.gov.br

1 OFERTA MUNDIAL – 2009

Agregados são materiais granulares, sem forma e volume definidos, de dimensões e propriedades para uso em obras de engenharia civil. Nesta publicação, abordaremos a pedra britada, o cascalho e as areias naturais. Os agregados são, em geral, abundantes no Brasil e no mundo. As rochas utilizadas para produção de brita são, fundamentalmente, granitos e gnaisses, seguidos por calcários, dolomitos, basaltos e diabásios, normalmente utilizados em regiões em que os primeiros não são abundantes. Os principais locais de produção de areia são várzeas, leitos de rios, depósitos lacustres e mantos de decomposição de rochas. Também é possível a partir de depósitos de areia e cascalhos marinhos recentes, mas no Brasil essa modalidade ainda é pouco explorada, diferentemente de alguns países da Europa e Ásia.

A mineração de agregados para a construção civil gera grandes volumes de produção, tem beneficiamento simples, baixo preço unitário e necessita ser produzido no entorno do local de consumo, geralmente áreas urbanas, devido à alta participação do transporte no custo final. O transporte responde por cerca de 1/3 do custo final da areia, e 2/3 do preço final da brita. Este setor é o segmento da indústria mineral que comporta o maior número de empresas e trabalhadores e o único a existir em todos os estados brasileiros. As reservas podem ser consideradas abundantes, mas o acesso a elas depende de fatores como legislação ambiental restritiva, da expansão urbana, que esteriliza áreas para aproveitamento, e a distância, pois nada adianta uma jazida de boa qualidade, mas localizada distante demais do mercado consumidor.

O ano de 2009 foi de continuidade dos efeitos da crise iniciada no setor imobiliário dos EUA. Naquele país, a produção de rocha britada caiu 22,9%. Sendo a maior retração anual desde 1932, época da grande depressão econômica. No Brasil, onde a retração no PIB foi de -0,6%, a produção de rocha britada também foi afetada negativamente. Enquanto em 2007 e 2008 a produção tinha crescido 12% e 14% respectivamente, em 2009 desacelerou bruscamente para -0,7%. Tabela 1 Produção de areia em países selecionados

Países

Produção de areia em países selecionados

2006 2007 2008 2009

106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$

Estados Unidos * 1.320 8.540 1.230 8.622 1.040 7.779 800 6.160

Reino Unido * 92,1 nd 93,2 nd 85,5 nd nd nd

Canadá * 238,5 1.124 243,1 1.392 241,6 1.370 216,1 (p) 1.047(p)

Fontes: EUA: USGS-Minerals Yearbook / Mineral Commodity Summaries - 2010; Reino Unido: BGS- United Kingdom Minerals Yearbook 2009; Canadá:

NRCan-Canadian Mineral Yearbook; * Areia e cascalho. (p) Preliminar; nd - não disponível.

Tabela 2 Produção de rocha britada e cascalho em países selecionados Países

Produção de Rocha Britada e Cascalho em países selecionados

2006 2007 2008 2009

106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$

Estados Unidos * 1.780 14.300 1.650 14.100 1.440 13.400 1.110 10.780

Reino Unido * 145,6 nd 148,5 nd 128 nd nd nd

Canadá * 153,8 1.372 149,8 1.305 153,4 1.206 135,9 (p) 932 (p)

Fontes: EUA: USGS-Minerals Yearbook / Mineral Commodity Summaries - 2010; Reino Unido: BGS- United Kingdom Minerals Yearbook 2009; Canadá:

NRCan-Canadian Mineral Yearbook; * Rocha Britada; (r) Revisto, (nd) - não disponível.

2 PRODUÇÃO INTERNA

Tabela 3 Produção de areia(e) Brasil

Produção de areia(e)

2006 2007 2008 2009

106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$

202,6 670,6 229,4 911,3 258,6 1.446,2 255,8 1.510,3

Fonte: DNPM - Anuário Mineral Brasileiro. Densidade: 1,64t/m³; (e) estimado através do consumo de cimento e de cimento asfáltico de petróleo Tabela 4 Produção de brita(e)

Brasil

Produção de brita(e)

2006 2007 2008 2009

106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$ 106 t 106 US$

164,9 1.159,2 185,2 1.621,4 216,8 2.500,6 216,3 2.648,6

AGREGADOS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

3 IMPORTAÇÃO

O comércio exterior brasileiro de agregados é fortuito ou inexistente. O baixo valor unitário dos produtos inviabiliza o comércio entre grandes distâncias.

4 EXPORTAÇÃO

O comércio exterior brasileiro de agregados é fortuito ou inexistente. O baixo valor unitário dos produtos inviabiliza o comércio entre grandes distâncias.

5 CONSUMO INTERNO

Em milhões de toneladas, os maiores estados consumidores são: São Paulo (129,1), Minas Gerais (56,6), Rio de Janeiro (37,1), Paraná (26,6), Santa Catarina (25,7) e Bahia (23,6). A variação do consumo entre 2006 e 2009 foi, em ordem crescente, de 70% no Espírito Santo, de 67% na Paraíba, 59% no Paraná e Piauí, 58% no Maranhão e 49% em Pernambuco. No período considerado, a variação foi de 22% em São Paulo, 21% em Minas Gerais e 8% no Rio de Janeiro.

Por ser o cimento o principal produto complementar aos agregados, as alterações no consumo de cimento afetam diretamente o consumo de rocha britada e areia. Nesse ano de 2009, embora a quantidade total de cimento pouco tenha mudado em relação a 2008, aumentou aquela fração consumida por concreteiras, enquanto o canal representado por revendedores e varejo, diminuiu sua participação no consumo. Para agregados de construção isso significa um aumento da utilização de concreto pré-fabricado.

6 PROJETOS EM ANDAMENTO E/OU PREVISTOS

Nas capitais que sediarão jogos do campeonato mundial de 2014, podemos esperar um ritmo de obras públicas mais intensas, para satisfazer as exigências de adequação da infraestrutura, e melhorias para acomodar visitantes e imprensa.

Continua em ascensão o mercado de areia de brita para utilização em concreto e argamassa, impulsionado pela crescente escassez da areia natural, por bloqueio de jazidas, devido tanto a desordenada ocupação urbana quanto pelas restrições ambientais, fazendo com que a areia artificial passe a ser viável economicamente.

7 OUTROS FATORES RELEVANTES

Por operarem em função do consumo das cidades, a busca por escala e por crescimento horizontal e vertical é o destino de longo prazo na mineração de brita. A medida que as áreas urbanas crescem, mudanças provocadas por um setor consumidor cada vez mais amplo, mais disperso territorialmente e que consome agregados de construção em larga escala, acaba por induzir o lado da oferta a se organizar em formas que aproveitem os ganhos de escala. Exemplifica essa tendência, o surgimento dos conglomerados verticalizados, que atuam desde a extração mineral, fabricação do cimento, até preparação e entrega do concreto pré-misturado na obra, agregando valor pela venda de produto e serviço ao mesmo tempo. Espera-se para os próximos anos que escalas maiores de produção acarretem concentração da produção em menor número de empresas.

Algumas características do setor cimenteiro e de concreto pré-misturado os fazem favoráveis à ocorrência de integração vertical: a) são produtos relativamente homogêneos (a competitividade volta-se mais para aspectos de produção e preço do que para diferenciação do produto); b) permite redução de custos provocada pela eficiência tecnológica do novo arranjo produtivo (integrado), com subaditividade de custos (o custo da produção conjunta é menor que da produção especializada). Ademais, a verticalização também é um modo eficaz de garantir constante suprimento dos insumos minerais, evitando assim estrangulamento nos elos da cadeia. Isso porque a fabricação do concreto envolve uma tecnologia de coeficientes fixos, assim o fator de produção com menor oferta determina a plena capacidade. Entretanto, tal movimento de consolidação de mercado não exclui a existência de produtores individuais de brita nos centros menores.

Com relação à crise que se estabeleceu em 2008, é possível observar trajetórias distintas na produção de agregados nos EUA e no Brasil. Naquele país, o ano de 2009 acusou a maior queda na produção de rocha britada e areia já registrada desde a grande depressão dos anos 30. No Brasil, diferentemente, observou-se manutenção dos patamares, colaborando para tal fato uma maior intensidade de obras de infraestrutura proporcionadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).