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Fábio Lúcio Martins Júnior - DNPM/TO, Tel.: (63) 3215-5051, E-mail: fabio.junior@dnpm.gov.br

1 OFERTA MUNDIAL - 2009

As principais entidades que publicam informações sobre a produção mineral mundial, como o United States

Geological Survey (USGS), através do Mineral Commodity Summaries ou British Geological Survey, dentre outros, não

divulgam estatísticas mundiais específicas sobre as reservas e produção de calcário para fins agrícolas, em parte devido à falta de estatísticas fornecidas pelos respectivos países, e em parte, devido à dificuldade de caracterização da produção de calcário diferenciada da produção de outras rochas comumente consideradas como calcário. Ainda assim, o USGS (Mineral Commodity Summaries, 2010) sugere que as reservas mundiais de calcário e dolomito, mesmo não sendo estimadas especificamente, seriam adequadas para atender a demanda mundial durante muitos anos. Estima-se que as maiores reservas estejam com os maiores produtores mundiais.

Todas as rochas carbonáticas compostas predominantemente por carbonato de cálcio e/ou carbonato de cálcio e magnésio (calcários, dolomitos, mármores, etc.), independente da relação CaO/MgO, são fontes para a obtenção de corretivos de acidez dos solos, portanto, as reservas brasileiras de calcário agrícola podem ser consideradas como as mesmas reservas brasileiras de calcário, independentemente de sua aplicação. A análise de Relatórios Anuais de Lavra (RAL) de 171 empresas produtoras forneceram reservas medidas de calcário agrícola (calcários dolomíticos, calcários magnesianos e dolomitos) superiores a 2 bilhões de toneladas.

Tabela 1 Reservas e produção mundial

Discriminação Reservas (103 t) Produção (103 t)

Países 2009 2006(a) 2007(b) 2008(c) 2009(c) (%)

Brasil Reservas de calcários, dolomitos, mármores e outros,

superiores a 2 bilhões de toneladas 16.736 21.844 22.255 14.565 34,5

Outros países nd nd nd nd nd nd

TOTAL nd nd nd nd nd nd

Fontes: (a) ABRACAL/SINDICALC-RS ; (b) CFIC/SDA/MAPA; (c) DNPM (nd) dados não disponíveis

2 PRODUÇÃO INTERNA

Os dados sobre a produção brasileira de calcário destinado a corretivo da acidez dos solos foram obtidos para os anos base de 2008 e 2009 através das informações prestadas anualmente ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A produção interna em 2009 não manteve o pequeno crescimento observado no ano de 2008 em relação a 2007, mas, pelo contrário sofreu acentuado declínio de aproximadamente 34% em relação a 2008, o que já era esperado em razão da crise financeira mundial que se instalou a partir de setembro de 2008.

A estrutura da produção foi alterada em relação ao ano de 2008, apontando, o Centro-Oeste como a região maior produtora, 36,9%, seguida do Sul com 26,3%, Sudeste com 24,6%, Norte com 7,0% e o Nordeste com 5,2%, fato este provocado por uma queda acentuada na produção da região Sudeste.

Em 2009, os principais Estados produtores, responsáveis por quase 70% da produção nacional, foram: Mato Grosso, com 22,9%, Paraná, 18,5%, Minas Gerais, 13,4% e São Paulo, 10,7%.

3 IMPORTAÇÃO Inexistente 4 EXPORTAÇÃO

Em 2009, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (ABRACAL), foram exportados 33.200 toneladas de calcário agrícola para o Paraguai, provenientes do Estado do Paraná.

5 CONSUMO INTERNO

O calcário é o principal produto utilizado para corrigir a acidez dos solos. A qualidade do calcário agrícola é medida por um índice conhecido como “Poder Relativo de Neutralização Total” (PRNT). Para se corrigir a acidez do solo, deve-se usar tanto menos calcário quanto maior for o seu PRNT.

O consumo de calcário agrícola não tem acompanhado a evolução do consumo dos fertilizantes agrícolas, os quais somente são plenamente potencializados quando o solo recebe calagem adequada, o que não ocorre, em geral, na agricultura brasileira. Isto sugere que o consumo de calcário agrícola está muito abaixo do ideal, e, caso o setor desenvolva uma maior consciência da importância e dos benefícios da calagem o consumo de calcário agrícola poderá crescer significativamente.

CALCÁRIO AGRÍCOLA

Tabela 2 Principais estatísticas – Brasil

Discriminação Unidade 2006 (a) 2007 (b) 2008 (c) 2009 (c)

Produção (103 t) 16.736 21.844 22.255 14.565

Importação (103 t) - - - -

Exportação (103 t) - - - 33,2

Consumo Aparente (103 t) 16.849 21.187 22.000 14.022

Preço Médio de Venda (R$/t) 22,74 25,43 23,00 23,76

Valor Total da Produção (R$ Milhões) 383.146 538.785 506.000 333.000

Fontes: (a) ABRACAL/SINDICALC-RS; (b) CFIC/SDA/MAPA; (c) DNPM; (-) indicação de que a rubrica assinalada é inexistente.

6 PROJETOS EM ANDAMENTO E/OU PREVISTOS

O setor produtor, sob a coordenação da ABRACAL e por solicitação do Ministério da Fazenda, elaborou na segunda metade da década de 90 o Plano Nacional de Calcário Agrícola (PLANACAL) que permanece, apesar do tempo, inalterado. O Plano objetiva, entre outros, esclarecer aos agricultores os benefícios da calagem à agricultura e os ganhos de rentabilidade que podem ser atingidos com seu racional uso.

A Resolução n° 3.588/2008 do Banco Central do Brasil instituiu no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (PRODUSA), tendo como alguns dos objetivos os de disseminar o conceito de agronegócio responsável e sustentável, o de assegurar condições para o uso racional e sustentável das áreas agrícolas e de pastagens e, o de aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos (calcário, gesso agrícola e adubos para correção).

7 OUTROS FATORES RELEVANTES

Apesar de o calcário agrícola ser um produto extremamente importante para a produção agrícola, há relativa falta de dados sobre a sua produção e comercialização no Brasil. Boa parte desta dificuldade se deve ao fato de que as informações sobre o calcário agrícola acabam sendo englobadas nos dados sobre o calcário com vários usos, dificultando um acompanhamento estatístico. Esta dificuldade se estende às informações em nível mundial, e mesmo importantes agências e serviços geológicos, como o USGS, não apresentam relatórios dirigidos especificamente à produção e consumo de calcário agrícola, nos EUA ou no mundo.

Em relação às perspectivas para a intensificação do consumo do calcário agrícola, o que tem sido observado é que os diversos planos governamentais para estimular o uso do calcário agrícola no Brasil não têm obtido êxito em seus objetivos. Ainda há pouca disseminação da prática de calagem dos solos brasileiros, que são, especialmente, carentes de correção de seu pH, por serem, geralmente, ácidos.

Um importante aspecto da indústria de produção de calcário agrícola é a sua associação, principalmente, à demanda de commodities agrícolas, que por sua vez, dependem dos seus preços internacionais.

Embora o preço do calcário agrícola seja considerado acessível, principalmente, quando comparado com outros insumos utilizados na agricultura, o frete é um dos fatores que desestimulam a sua aquisição pelos produtores agrícolas. O valor do frete é determinado pela distância da região produtora. Entretanto em certas regiões do país (ex: Centro- Oeste) o escoamento da produção de grãos facilita o uso do frete de retorno para reduzir os custos finais do calcário agrícola.