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AGRESSÕES DA BEBIDA ALCOÓLICA AO ORGANISMO HUMANO

ano, aniversários, casamentos, formaturas entre outras festas, apresenta um maior consumo de bebida alcoólica. Com o maior consumo de álcool aumenta as possíveis conseqüências dos exageros alcoólicos como acidentes de trânsito, sexo desprotegido e violência. Vários estudos comprovam elevada quantidade de acidentes de trânsito com vítimas fatais. Destes, muitas delas estão relacionados ao uso de álcool nesses períodos. Segundo Lapham et al. (2009), os pacientes dependentes de álcool que estão em tratamento estão mais suscetíveis a ter uma recaída durante os períodos comemorativos do que em outras épocas do ano. Este fato é devido a exposição e o conjunto das relações entre celebração e bebida alcoólica.

A preocupação em torno do consumo de álcool se deve as conseqüências e as agressões que ele possa trazer ao organismo humano. Segundo Siqueira (2004), os danos oriundos do consumo de álcool, como danos à família, violência, crimes, danos no trânsito, tem se tornado um grande problema à segurança pública, seguida de conseqüências desastrosas para a saúde pública. Segundo o CISA (2011c), o etanol é uma substância depressora do sistema nervoso central e afeta diversos neurotransmissores no cerébro, entre eles, o ácido gama-amino-butírico e o glutamato. Além disso, o álcool estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como as endorfinas e serotonina que parecem contribuir para os sintomas de bem-estar presentes na intoxicação alcoólica. As alterações causadas ao sistema nervoso central podem ir de um estado de euforia até o óbito passando pelo delirium tremens quando em abstinência.

O CISA (2011c) afirma que o álcool promove desinibição, mas com o aumento da concentração de álcool, o indivíduo apresenta diminuição da respostas aos estímulos, fala pastosa, apatia e letargia, entre outros. O CISA

(2011c) ilustra os estágios da intoxicação a partir da concentração de álcool no sangue em gramas por mililitros de sangue.

Verifica-se uma escassez de estudos que relatam problemas médicos que estejam relacionados ao consumo do álcool no Brasil. O estudo de Mott et al. (1989) verificou que 93,6% dos pacientes que foram atendidos com diagnóstico de pancreatite crônica no município de São Paulo apresentavam consumo pesado de álcool. O consumo freqüente de bebida alcoólica é a principal causa de pancreatite crônica e cirrose hepática (Srauss et al., 1998). Além das agressões ja relatadas do consume do álcool, Nappo & Galduróz (1996) afirmam que o álcool é das substâncias mais comum em mortes não- naturais relacionadas à esta substância na cidade de São Paulo.

O alcoolismo é reconhecido como uma doença crônica, progressiva e letal. Alguns especialistas crêem que o alcoolismo é genético; porém, somente cerca de 20% dos alcoólatras estão ligados a um favorecimento genético que possa desencadear o vício, 80% são alcoólatras por ter abusado do consumo. Atletas podem estar mais suscetíveis ao uso excessivo de álcool pela forte associação cultural que relaciona álcool e esporte, assim como ao estilo de vida e à pressão dos esportes (SAMPLES, 1989).

O abuso e a dependência do álcool estão relacionados a muitos transtornos psiquiátricos. As já conhecidas co-morbidades psiquiátricas apresentam-se mais prevalentes entre as mulheres em relação aos homens, os transtornos de externalização (transtorno de personalidade anti-social e dependência de outras drogas) são encontrados mais comumente em homens; porém, transtornos de internalização (ansiedade e depressão) estão associados ao consumo de álcool em mulheres comparado aos seus pares (Cornelius et al., 1995). Outra agressão advinda do álcool a pessoas com transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso e dependência) são os transtornos alimentares. Segundo CISA os transtornos alimentares são perturbações severas do comportamento alimentar, identificados especialmente entre as mulheres. Dentre os transtornos alimentares, destacam-se duas síndromes como mais conhecidas: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.

A anorexia nervosa e a bulimia nervosa apresentam-se mais comumente entre adolescentes e mulheres jovens. Por volta de 0,5 a 3% das mulheres sofrem de transtornos alimentares (Jorge, 2010). Ainda, não foi encontrada a real causa fundamental da anorexia e bulimia nervosa; porém, fatores genéticos, psicológicos, socioculturais e biológicos contribuem para a sua causa. Para desencadear os chamados transtornos alimentares, não é necessária a presença de todos os sintomas já citados para que se estabeleça uma associação perniciosa ao uso de álcool, com apenas um sintoma importante, como preocupação excessiva com o peso corporal, insatisfação da própria imagem e comportamentos compulsivos ou compensatórios com a alimentação. Segundo Franko et al. (2005), o fato dos transtornos alimentares serem mais prevalentes entre mulheres jovens (entre 18 e 24 anos), as mulheres estão mais vulneráveis aos efeitos do álcool. Assim, torna-se de suma importância o diagnóstico e tratamento dos transtornos relacionados ao uso de álcool e transtornos alimentares.

O fato das mulheres serem mais vulneráveis ao efeito do álcool não esta ligado as diferenças corporais, como por exemplo, o peso corporal, e sim, as diferenças fisiológicas (NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM, 2000). Mulheres por apresentarem menor quantidade de água em seu corpo em relação ao homem, o álcool torna-se mais concentrado em seu corpo (Jones & Jones, 1976). Outro fator que agrega mais facilidade na embriagues feminina, é o fato das mulheres apresentarem menores níveis de enzimas aldeído desidrogenase e álcool desidrogenase, responsáveis pelo metabolismo do álcool; logo, o álcool permanece por mais tempo no corpo feminino (FREZZA et al.,1990)

Wurst et al., (2007); Hillemacher et al., (2007) afirmam que os indivíduos com transtornos alimentares bebem com o objetivo de minimizar a dor e a angústia de restringir a alimentação (“não poder comer”). Porém, outros que acreditam que a bebida não engorda ou que até ajuda a controlar a fome. A explicação de que o álcool diminui a fome é ocasionada em função de aumentar a liberação de leptina, substância associada à sensação de saciedade. Mas vale ressaltar que a bebida alcoólica contém calorias e poucos nutrientes. Ao se alimentar com uma dieta hipocalórica e consumir bebida

alcoólica o indivíduo pode apresentar um quadro grave de desnutrição. Entre outros problemas ocasionados por uma alimentação inadequada, o organismo desprovido de alimento fica suscetível a várias doenças. Quando permanece por longo tempo sem se alimentar, ou seja, de estômago vazio, o álcool é absorvido com maior velocidade e exercem seus efeitos mais rapidamente, além de poder ocasionar gastrites e úlcera. (LIEBER, 2003).

3.4.EPIDEMIOLOGIA DO USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM

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