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Prevalência de uso de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens brasileiros

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

PREVALÊNCIA DE USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM

ATLETAS-JOVENS BRASILEIROS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

COM ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA

MAGNUS DE SOUSA

Orientador: Prof. Doutor Dartagnan Pinto Guedes

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PREVALÊNCIA DE USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM

ATLETAS-JOVENS BRASILEIROS

MAGNUS DE SOUSA

Orientador: Prof. Doutor Dartagnan Pinto Guedes

UTAD Vila Real – 2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

!

! Sousa, Magnus de.

Prevalência de uso de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens brasileiros. Vila real: [s.n], 2012.

Orientador: Professor Doutor Dartagnan Pinto Guedes

Dissertação (Mestrado) Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Álcool, Comportamento de Risco, Esporte, Adolescentes, Jovens.

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto com Especialização em Avaliação e Prescrição de Atividade Física ma Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Realizar o sonho de ser mestre é uma vitória da qual sem o apoio de muitas pessoas de infinita importância em minha vida não seria possível. Se hoje cheguei até aqui é porque fui educado e preparado com exemplos de ternura e fé vindo de minha mãe Lenir, de garra e força vindos de meu pai Valdomiro. Agradeço a compreensão e paciência da minha amada esposa Francieli demonstrando como o amor respeita e apoia, a compreensão e torcida de meus irmãos Marlom e Marlise, assim como o empenho e ajuda da minha sogra Claudete, o qual sem eles o fruto deste trabalho não seria possível realizar.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS pela minha vida, força e saúde para vencer mais uma etapa de minha vida.

Agradeço ao meu orientador Professor Doutor Dartagnan Pinto Guedes e sua esposa Professora Joana Elisabete Pinto Guedes por ter me acolhido durante esta jornada, onde passei de admirador a orientando do Professor Dartagnan, e que a partir de agora passo admirá-lo como ser humano e a tê-lo como modelo profissional devido a sua sabedoria e humildade, o qual nunca esquecerei, carregando comigo o sentimento de dívida com a ciência e a educação física nacional pela sua brilhante colaboração.

Agradeço aos meus amados pais, Valdomiro e Lenir que me deram vida, exemplo e todo o incentivo para concluir esta jornada e souberam entender os momentos de ausência o qual me dedicava a este trabalho.

A minha encantadora esposa Francieli, que me acompanha desde o inicio desta jornada, suportando a distância afetiva e em alguns momentos de saudades para conseguirmos vencer esta etapa o qual idealizamos e planejamos juntos.

Agradeço a família Rockenbach o qual também me acolheu e me apoio em boa parte das etapas vencidas da minha vida. Em especial ao compadre, colega e amigo Professor João Carlos Donadel, o qual me proporcionou o privilégio de trabalhar em sua equipe, dando o exemplo ético, moral e honesto sem abrir mão de seus valores.

Ao meus amigos que de certa forma colaboram com críticas e sugestões. Aos meus clientes de Personal Trainer pela paciência nos momentos de minha ausência. Aos meus colegas professores de ensino superior por trocar experiências e nos apoiar. Aos nossos funcionários colaboradores que em certos momentos tiveram que suprir minha ausência, mas de forma eficiente conseguiram dar conta. Agradeço aos colegas de mestrado o qual tive o prazer de conviver e trocar experiências profissionais discutindo ciência. Agradeço ao compadre e amigo Professor Belmar Ramos Júnior que sempre me incentivou a ler e estudar. E ao professor João Pussi, que foi meu exemplo de professor como primeiro professor de Educação Física.

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ÍNDICE GERAL

1.INTRODUÇÃO ... 1

2.OBJETIVOS ... 4

3.REVISÃO DA LITERATURA ... 6

3.1.CARACTERIZAÇÃO DO TABACO E DA BEBIDA ALCOÓLICA ... 7

3.2.AGRESSÕES DO TABACO AO ORGANISMO HUMANO ... 18

3.3.AGRESSÕES DA BEBIDA ALCOÓLICA AO ORGANISMO HUMANO ... 22

3.4.EPIDEMIOLOGIA DO USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM JOVENS ... 25

3.4.1.ESTUDOS BRASILEIROS ... 25

3.4.2.ESTUDOS INTERNACIONAIS ... 31

3.5.USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM ATLETAS JOVENS ... 38

3.6.FATORES ASSOCIADOS AO USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA ... 52

4.METODOLOGIA ... 62

4.1.SELEÇÃO DA AMOSTRA ... 63

4.2.COLETA DOS DADOS ... 65

4.3.TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS ... 65

5.RESULTADOS ... 67

6.DISCUSSÃO ... 77

7.CONCLUSÃO ... 90

8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 93

9.ANEXOS ... 117 ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE COMPORTAMENTOS DE RISCO EM

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação quanto ao uso na vida de bebida alcoólica entre as cinco capitais brasileiras. ... 30 Tabela 2 - Proporção de entrevistados relatando uso na vida de álcool nos quatro levantamentos realizados pelo CEBRID. Tabela reproduzida de

Galduróz e Caetano, 2004. ... 56 Tabela 3 - Proporção de entrevistados relatando uso pesado (20 vezes ou mais no mês) de álcool nos quatro levantamentos realizados pelo CEBRID. Tabela reproduzida de Galduróz e Caetano, 2004. ... 56 Tabela 4 - Característica da amostra de atletas-atletas selecionada no estudo. ... 64 Tabela 5 - Distribuição de atletas-jovens por modalidades esportivas

participantes do estudo. ... 64 Tabela 6 - Prevalências quanto ao uso de tabaco em atletas-jovens de acordo com sexo. ... 68 Tabela 7 - Prevalências quanto ao uso experimental, habitual e à idade de início do uso de tabaco de acordo com a modalidade esportiva praticada pelos atletas jovens. ... 70 Tabela 8 - Prevalências quanto à quantidade e à frequência de uso habitual de tabaco de acordo com a modalidade esportiva praticada pelos atletas jovens. 71 Tabela 9 - Prevalências quanto ao consumo de bebida alcoólica em atletas jovens de acordo com sexo. ... 72 Tabela 10 - Prevalências quanto ao consumo experimental, regular, pesado episódico e idade de início do consumo de bebida alcoólica de acordo com a modalidade esportiva praticada pelos atletas jovens. ... 74 Tabela 11 - Prevalências quanto à frequência de consumo regular e pesado esporádico de bebida alcoólica de acordo com a modalidade esportiva

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Tabela 12 - Prevalência (%) de consumo experimental de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens de acordo com sexo. ... 88 Tabela 13 - Prevalência (%) de consumo regular de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens de acordo com sexo. ... 88 Tabela 14 - Prevalência (%) de frequência de consumo regular de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens de acordo com sexo. ... 89 Tabela 15 - Idade em que atletas jovens tiveram seu primeiro contato com tabaco e bebida alcoólica. ... 89

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Prevalência de uso na vida de tabaco em jovens de diferentes

países. ... 11 Figura 2 - Prevalência de uso na vida de bebida alcoólica em jovens de

diferentes países. ... 17 Figura 3 - Comparação entre os três principais estudos com uso experimental de tabaco. ... 80

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RESUMO

Prevalência de uso de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens brasileiros

A adolescência é um período em que os jovens estão suscetíveis a fatores que influenciam a adoção de comportamentos relacionados à saúde. Determinados comportamentos podem colocar em risco a saúde do jovem e acarretar graves consequências na idade adulta. O uso de drogas lícitas como consumo excessivo de bebidas alcoólicas e tabagismo estão associados a outros comportamentos de risco extremamente agressivos a saúde dos jovens. Assumindo o pressuposto de que o esporte possa ser um agente transformador, apontado por muitos especialistas como uma opção saudável em qualquer fase da vida, o objetivo do presente estudo foi identificar informações referentes ao uso de tabaco e bebida alcoólica em atletas-jovens brasileiros. O estudo envolveu levantamento descritivo de corte transversal, incluindo atletas-jovens do Estado do Paraná, Brasil, de ambos os sexos, com idades entre 12 e 17 anos participantes dos Jogos da Juventude do Paraná. A amostra foi constituída por 2144 sujeitos (929 moças e 1215 rapazes), representando 25% do universo de participantes da competição. A coleta dos dados foi realizada mediante instrumento de medida constituído de duas seções: indicadores sociodemográficos e comportamento de risco para saúde em atletas-jovens. Na seção relacionada aos indicadores sociodemográficos foram levantadas informações quanto ao sexo, à idade e à classe econômica familiar. As informações quanto aos comportamentos de risco para a saúde foram obtidas mediante a aplicação do instrumento Youth Risk Behavior Survey Questionnaire (YRBS) – Versão 2007. Foram estimadas as prevalências pontuais e respectivos intervalos de confiança (α = 0,05) estratificadas de acordo com sexo e modalidade de prática do esporte. O tratamento estatístico foi realizado mediante o pacote computadorizado Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 17.0. Os resultados apontaram diferenças significativas entre ambos os sexos quanto ao uso de tabaco (33,8% versus 24,9%; p<.001) e ao consumo de bebida alcoólica (33,5% versus 28,6%; p<.001). A idade média de experimentação de tabaco e de bebida alcoólica foi entre 13 e 15 anos. A modalidade que apresentou maior prevalência quanto ao uso de tabaco foi o Ciclismo (43,5%), e a modalidade que apresentou maior prevalência de consumo de bebida alcoólica foi o Handebol (84,2%). Os achado encontrados sugerem que a prevalência de uso de tabaco e consumo de bebida alcólica é bastante similar aos valores encontrados em jovens brasileiros de mesma idade não-atletas, o que aponta, possivelmente, para o fato da pratica de esporte não contribuir para que o jovens se afaste desses dois comportamentos de risco para a saúde.

Palavras-chave: Tabagismo, Álcool, Comportamento de Risco, Esporte, Adolescentes, Jovens.

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ABSTRACT

Prevalence of tobacco use and alcohol consumption in young Brazilian athletes.

Adolescence is a period in which young people are susceptible to factors that influence the adoption of health-related behaviors. Certain behaviors may endanger the health of young people and have serious consequences in adulthood. The use of licit drugs such as excessive consumption of alcoholic beverages and smoking are associated with other risk behaviors extremely aggressive to young people’s health. Assuming the assumption that the sport can be a transforming agent, pointed out by many experts as a healthy option at any stage of life, the goal of this study was to identify information regarding the use of tobacco and alcohol in young Brazilian athletes. The study involved a descriptive cross-sectional survey, including young athletes, form Parana State, Brazil, from both sexes, aged between 12 and 17 years old who took part in (Jogos da Juventude) the Youth Games in Parana State. The sample was constituted by 2144 people (929 girls and 1215 boys), representing 25% of the universe of participants in the competition. Data collection was performed by a measuring instrument consisting of two sections: sociodemographic indicators and behavioral risk for the health of young athletes. In the section related to sociodemographic indicators were raised information on gender, age and family (economic class). Information regarding risk behaviors for health were obtained by applying the instrument Youth Risk Behavior Survey Questionnaire (YRBS) – Version 2007. Punctual prevalence and respective confidence intervals (α = 0,05) stratified according to sex and type of sport. Statistical analysis was performed by the computer package “Statistical Package for the Social Science (SPSS), version 17.0. The results showed significant differences between both sex regarding the use of tobacco (33.8% versus 24.9%, p<.001) and alcohol consumption (33.5% versus 28.6%, p<.001). The average age of experimentation of tobacco and alcohol was between 13 and 15 years old. The mode with the highest prevalence regarding the tobacco use was Cycling (43.5%), and the mode with the highest prevalence of alcohol consumption was Handball (84.2%). The findings suggest that the prevalence of tobacco use and consumption of alcohol is very similar to those values found in non-athlete young Brazilians of the same age, which point, possibly, to the fact that the practice of sport does not contribute to the young people away from these two risk factors for health.

Keywords: Smoking, Alcohol, Risk Behavior, Sports, Adolescents, Young people.

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1.INTRODUÇÃO

1

INT

RODUÇÃ

O

PREVALÊNCIA DE USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM ATLETAS-JOVENS BRASILEIROS

(14)

1.INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações da sociedade moderna é a aquisição e a manutenção de hábitos saudáveis visando preservar a qualidade de vida. A adoção de um estilo de vida saudável é tema dos meios de comunicação como instrumento para entreter, informar e alertar a população quanto à prevenção e ao controle de doenças crônico-degenerativas, incluindo cardiopatias, artrites, diabetes, câncer, osteoporose, doenças pulmonares crônicas, acidente vascular cerebral e obesidade. O CDC (1998) aponta que o sedentarismo e a obesidade entre jovens apresentam grande possibilidade de perpetuarem na idade adulta. Estima-se que, em 2020, 73% dos adultos poderão apresentar disfunções orgânicas decorrentes da aquisição de hábitos alimentares e de prática de atividade física insuficientes.

O estilo de vida saudável está relacionado a menores fatores de risco para a saúde de crianças e adolescentes. No entanto, atualmente, verifica-se que os jovens precocemente passam a ingerir bebida alcoólica e a fazer uso do tabaco preocupando pais, professores, entidades e sociedade em geral. Segundo Warren et al. (2000), por volta de 90% dos adultos fumantes iniciou o uso de tabaco antes dos 18 anos de idade. Quanto a aptidão física relacionado à saúde de jovens e adultos, parece existir uma relação ou influência do meio ambiente a que estes estão inseridos (Glaner, 2002).

Ao verificar a necessidade de uma intervenção positiva para tentar efetivamente transformar o comportamento de crianças e adolescentes, acredita-se que apenas a informação seja insuficiente para tal feito. Ao mesmo tempo acredita-se que a prática de esporte seja um agente transformador para uma vida mais saudável em idades jovens, considerada por muitos como sinônimo de hábitos saudáveis.

O crescente interesse pelo uso de tabaco e álcool desperta grande preocupação com relação às possíveis consequências negativas para a prática de esporte que, de acordo com Peretti-Watel et al. (2003), é suspeito de aumentar os riscos para uso futuro de outras drogas.

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A prática de esporte pode ser definida como “todas as formas de atividade física que, através de uma participação organizada ou não, tem por objetivo a melhoria da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados em competições de todos os níveis” (Conselho da Europa, 1995).

Identificar comportamentos, ou mesmo dados antropométricos, de maneira clara, objetiva e uniforme entre jovens tem se tornado tarefa complexa pela comunidade científica, dado os diferentes métodos de coleta, critério de cortes e padronização dos procedimentos. Analisar comportamentos que oferecem riscos para a saúde em adolescentes é visto como um campo de pesquisa contraditório entre os autores, considerando a não disponibilidade de ferramentas padronizadas com critério científico estabelecido.

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2.OBJETIVOS

2

OB

JET

IVO

S

PREVALÊNCIA DE USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM ATLETAS-JOVENS BRASILEIROS

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2.OBJETIVOS

O presente estudo foi delineado para identificar informações referentes ao uso de tabaco e consumo de bebida alcoólica em atletas-jovens brasileiros. A fim de que as metas estabelecidas para o estudo pudessem ser alcançadas em toda a sua plenitude, foram definidos os objetivos específicos:

• Estimar a prevalência de uso de tabaco e consumo de bebida alcoólica de acordo com sexo e modalidade de prática do esporte; e • Estabelecer comparações entre a prevalência de uso de tabaco e

consumo de bebida alcoólica encontrada na amostra de atletas-jovens selecionada e informações disponibilizadas na literatura envolvendo estudos realizados em outras regiões do Brasil e de outros países.

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3.REVISÃO DA LITERATURA ! ! !

3

REVI O D A L IT ER A T U R A

PREVALÊNCIA DE USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM ATLETAS-JOVENS BRASILEIROS

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3.REVISÃO DA LITERATURA

3.1.CARACTERIZAÇÃO DO TABACO E DA BEBIDA ALCOÓLICA

Entre as várias correntes para definir promoção da saúde, educação para a saúde e prevenção de doenças, a definição mais apropriada relacionada à promoção da saúde é o processo que capacita a população a exercer e aumentar o controle sobre a saúde, relativa ao bem-estar individual. A prevenção de doenças serve para minimizar a probabilidade do risco de morte ou se tornar doente, e a educação para a saúde esta alicerçada em informar questões relacionadas à saúde com o objetivo de obter mudanças de comportamento para a adoção de um estilo de vida saudável (Organização Mundial da Saúde, 1985).

O estilo de vida inativo fisicamente, com alimentação inadequada, hábito de fumar, estresse elevado, uso de drogas, abuso de álcool e outras situações afetam a saúde e a qualidade de vida, utilizado aqui como comportamento de risco. Esses comportamentos têm gerado grande preocupação na população em geral e, especificamente, em autoridades governamentais responsáveis por questões de saúde pública.

Para abordar as questões relacionadas ao consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, passaremos anteriormente pela aptidão física relacionada à saúde, principalmente em relação aos componentes que estão relacionados ao melhor estado de saúde, seja nos aspectos de prevenção e redução dos riscos de aparecimento e desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais, como a disposição para realização das atividades diárias do indivíduo, além das questões relacionadas ao estilo de vida, onde os vícios como o tabagismo e alcoolismo acabam interferindo na saúde como um todo, necessárias à sobrevivência saudável (ACSM, 2006; Nahas, 2003).

A aptidão física e o estilo de vida estão relacionados e tendem a influenciar a qualidade e questões ligadas a saúde de forma macro (Bouchard et al., 1990). Também, pode-se observar que a aptidão física e a saúde estão reciprocamente relacionadas. A relação entre atividade física, aptidão física e saúde pode ser influenciada por fatores como: hereditariedade, estilo de vida,

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ambiente físico e atributos pessoais, em que o tabagismo e o uso de bebida alcoólica são fatores agravantes e de risco para a população.

As drogas podem ser classificadas conforme o efeito que gera no sistema nervoso central, sendo depressoras (ex.: álcool, inalantes, ansiolíticos), estimulantes (ex.: tabaco, cocaína, anfetaminas) e perturbadoras ou alucinógenas (maconha, ecstasy). Apesar do tabaco ser uma das substâncias mais agressivas ao ser humano, ainda é uma das mais consumidas no mundo. Não obstante a dependência e os graves transtornos causados aos seus usuários, o cigarro é considerada uma droga lícita cultivado em todo mundo, sendo responsável por uma econômica milionária. Alguns estudos identificam o elevado consumo de tabaco, mesmo em culturas diferentes, como na Grécia (KIRLESY et al., 2007), no Canadá (HUBLET et al., 2006), no Equador (CHAVEZ; O’BRIEN e PILLON, 2005) e na Austrália (PIRKIS et al., 2003).

Segundo relatos da literatura, o consumo de tabaco remonta há mais de dois mil anos. Originário das Américas, o tabaco era usado pelos nativos para fins cerimoniais e medicinais e a sua importação para a Europa marcou uma nova etapa na sua história. A partir do século XV, o seu consumo cresceu constantemente. No século XVIII, o tabaco já havia sido incorporado à maioria das culturas e comercializado internacionalmente. No século XIX, os cigarros começaram a superar o uso do tabaco em cachimbos, para mascar e em rapé. Em 1880, após a invenção de uma máquina eficiente, capaz de produzir até 200 cigarros por minuto, foi que surgiu a moderna indústria do tabaco. A produção em série assinalou uma queda nos preços dos cigarros, possibilitando o seu consumo em massa (PHILIP, 2006).

Cada vez mais o uso de tabaco associa-se à qualidade de vida diminuta, às doenças, à incapacidade laboral e à morte prematura. O tabagismo é causa direta ou causa provável de diversas formas de câncer, afeta o sistema cardiovascular, o sistema respiratório, o sistema digestivo e o sistema urinário, provoca problemas pediátricos (feto e crianças), polui o ambiente e é causa de acidentes diversos (fogo, condução, etc.). Há ainda que contar com o impacto social destes problemas, nomeadamente, os elevados custos econômicos (custos de saúde, absentismo e incapacidade precoce) e afetivos das doenças provocadas pelo tabaco (OMS, 2002). O tabaco há muito tempo deixou de ser

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consumido apenas por adultos, estima-se que a população de adolescentes fumantes chega próximo a 15%, variando conforme sexo e idade (GLOBAL YOUTH TOBACCO SURVEY COLLABORATIVE GROUP, 2002).

Identificar os comportamentos que oferecem risco à saúde ao mesmo tempo em que define o estilo de vida da população jovem é de grande importância em estratégias para ações visando a promoção da saúde. O uso de tabaco leva a óbito milhares de pessoas a cada ano sendo grande parte na faixa etária entre 35 e 69 anos, em plena capacidade de produção. Existem 50 tipos de doenças ligadas ao tabagismo como câncer de pulmão, de boca e de faringe, além de cardiopatias. Outro fator negativo do tabagismo é o fato de causar dependência e acarretar conseqüências à saúde. Segundo Shaper, Wannamethee & Walker, (2003) o uso do trabaco aumenta os riscos de doenças coronarianas, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças respiratórias agudas, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão, de laringe, de faringe, da cavidade oral e do pâncreas.

Conforme dados do Ministério da Saúde ligado a Secretaria de Atenção à Saúde, órgão que coordena ações relacionadas à prevenção e ao controle de câncer no Brasil, revelou que no país existem mais de 30 milhões de fumantes, e que o fumo esta ligado a 90% de casos de câncer de pulmão, fato que origina tumores malignos em oito órgãos (pâncreas, boca, laringe, rins e bexiga, além do colo do útero, esôfago e pulmão). Entre os 6 tipos de câncer com maior índice de mortalidade no Brasil, metade tem o cigarro como um de seus fatores de risco (BRASIL - INCA, 2008).

Aproximadamente ⅓ da população adulta mundial é fumante e por volta de 80 a 100 mil jovens iniciam o hábito do consumo de cigarro por dia. Nos Estados Unidos um milhão de pessoas vão a óbito por ano em conseqüência de doenças cardiovasculares. Destes, 600 mil estão relacionados à aterosclerose e 200 mil ao tabagismo. Esses números têm uma relação com a quantidade consumida, o tempo de consumo e a idade em que se iniciou essa prática (CORDEIRO, 2005)

O fumo tem provocado preocupação crescente nos organismos internacionais. Pesquisas apontam que aproximadamente 47% da população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Nos países em

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desenvolvimento, os fumantes somam 48% da população masculina e 7% da população feminina. No entanto, em países desenvolvidos verificam-se três vezes mais a participação de mulheres fumantes, somando um total de 42% dos homens e 24% das mulheres (OPAS, 2000). No Brasil, 18,8% da população é fumante, sendo 22,7% de homens e 16% de mulheres (BRASIL - INCA, 2008).

Segundo estudos epidemiológicos realizados no Brasil, 24,9% dos estudantes já experimentaram tabaco em algum momento de sua vida. Essa prevalência é do que em outros países sul-americanos (Figura 1). Porém, afirmar que o fenômeno observado no Brasil está relacionado à legislação de proibição de propagandas pode ser uma conclusão precipitada, principalmente pela falta de estudos amplos antes de se instituir a proibição (CARLINI et al., 2004).

Combater a morbimortalidade associada ao consumo de fumo tem se tornado um dos maiores desafios de saúde pública na atualidade (OPAS, 2005). Segundo dados do BRASIL - INCA, de 2004 até 2030, o Brasil terá 10 milhões de mortes anuais. Esse dado tem como base a progressão dos números atuais de 4,9 milhões de mortes por ano, correspondente a 10 mil mortes por dia, levando a óbito uma pessoa a cada 8 segundos.

O cigarro é a maior causa de morte e doenças pulmonares nos Estados Unidos. Segat et al. (1998) verificaram que 30% das mortes por câncer e 20% das mortes por doença cardiovascular podem ser atribuídas ao tabagismo. Esses danos têm conseqüências não somente em adultos, pois os danos a saúde infantil são percebidos a partir da vida intra-uterina, associando-se a maiores incidências de baixo peso ao nascimento, natimortalidade e mortes neonatais precoces, além dos efeitos perniciosos da exposição passiva ao fumo durante a infância, acarretando riscos de infecções respiratórias e asma.

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Tabaco 13,8% 31,8% 32,2% 37,3% 43,3% 49,9% 50,0% 56,0% 56,3% 57,0% 58,0% 60,0% 61,0% 61,4% 62,0% 64,0% 64,0% 68,0% 70,0% 75,0% 77,0% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% EUA Venezuela BRASIL Paraguai Panamá Guatemala Grécia Uruguai Nicarágua Holanda RerinoJUnido Suécia Bélgica Equador Portugal Dinamarca Itália França Finlândia Chile Alemanha Pa íses ! Figura 1 - Prevalência de uso na vida de tabaco em jovens de diferentes países.

Fonte: Adaptada de CARLINI. et al (2004) - V Levantamento Nacional sobre consumo de drogas

Psicotrópicas entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio na Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras.

Esses resultados nos mostram os efeitos nocivos e destrutivos que o cigarro acarreta ao mesmo tempo em que se torna o primeiro passo de uma caminhada ao consumo de outras drogas e comportamentos de riscos. A preocupação não esta apenas voltada ao consumo dessa droga, mas também com a faixa etária em que a população passa a experimentá-la e consumi-la, verifica-se dentre as estratégias de combate ao fumo, programas eficientes para este público que provavelmente se tornará fumante com as conseqüências deletérias causada pelo tabagismo quando adulto

Vários países têm aumentado os esforços para controlar a pandemia do tabagismo, pois o fato de que a prevalência do consumo de fumo e as doenças relacionadas ao mesmo continuam crescendo. Outro problema do consumo de

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fumo é o fator econômico, estes incidem custos para tratar de fumantes enfermos, custos por perda de produtividade devido a óbito ou até mesmo a incapacidade relacionada ao consumo do tabaco, incêndios, desflorestamentos e danos gerais em terras agrícolas.

No ano de 1999 foi criada a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco durante a 52ª Assembléia Mundial da Saúde, sendo este o primeiro tratado internacional de saúde pública da história da humanidade. Passado quatro anos de discussão em 2003 na 56ª Assembléia Mundial da Saúde, o texto foi aprovado por todos os países onde se comprometeram a colocá-lo em prática. A Convenção-Quadro passou a propor padrões internacionais para controlar o tabaco, com estratégias relacionadas à propagandas, impostos, rotulagem, comércio ilícito, tabagismo passivo e outras medidas. O objetivo do tratado não é substituir ações regionais para o controle do consumo do cigarro em nenhum país, porém visa padronizar ações mínimas (BRASIL – INCA, 2004)

Algumas das ações adotadas pelo Brasil foi a Lei 9.294, aprovada em 1996, e dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas. Essa lei proibiu o uso de cigarros ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente, incluindo as repartições públicas, os hospitais e postos de saúde, as salas de aula, as bibliotecas, os recintos de trabalho coletivo, as salas de teatro, cinema, as aeronaves e demais veículos de transporte coletivo, além de inserir imagens de pacientes com câncer em maços de cigarro (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1996). A Lei causou grande polêmica entre donos de estabelecimentos comerciais, consumidores e não consumidores de cigarro, porém esta ação é vista como uma forma de criar obstáculos para seu consumo.

O Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Fatores de Risco de Câncer, objetiva preparar profissionais das Secretarias de Saúde em estados e municípios, visando orientar a população sobre os efeitos nocivos do tabagismo em escolas, hospitais, empresas envolvendo os órgãos federais,

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estaduais e municipais, que apóia os 5.527 municípios brasileiros no gerenciamento e desenvolvimento de estratégias do programa nas áreas da educação, legislação e economia. (BRASIL - INCA, 2008).

Além dos problemas causados pelo tabaco, verifica-se que o consumo de bebida alcoólica no Brasil e no mundo não é algo recente. Acredita-se que a bebida alcoólica teve origem na Pré-História, em meados do período Neolítico, quando houve a aparição da agricultura e a invenção da cerâmica. Partindo de um processo de fermentação natural o homem passou a consumir e atribuir outros significados ao uso do álcool. No período da Grécia Antiga o dramaturgo grego Eurípedes relata duas divindades de primeira grandeza para os humanos: Deméter, a deusa da agricultura que proporciona alimentos sólidos para alimentar os humanos, e Dionísio, o Deus do vinho e da festa (Baco para os Romanos). Apesar de o vinho estar presente ativamente nas celebrações sociais e religiosas greco-romanas, o abuso de álcool e a embriaguez alcoólica já era censurado pelos povos da época (VIALA-ARTIGUES E MECHETTI, 2003).

O álcool é um grande grupo de compostos orgânicos derivados dos hidrocarbonetos que contém uma ou mais hidroxilas (-OH). Etanol (CH3CH2OH, álcool etílico) é exemplo de um composto dessa categoria e é o principal ingrediente psicoativo nas bebidas alcoólicas (CISA, 2011a). Os registros afirmam que os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios consumiam e produziam bebidas alcoólicas. Em Gênesis, 9:20-21 da Bíblia Sagrada, verifica-se o relato do primeiro caso de excesso de consumo de bebida alcoólica narrada no Antigo Testamento, onde Noé, agricultor produtor de uvas, após ter bebido uma grande quantidade de vinho apareceu nu no meio de sua tenda.

A embriaguez era considerada pecado pela igreja na idade média (Viala-Artigues & Mechetti, 2003). Já a partir do século XX alguns países estabelecem que para consumir álcool o indivíduo precisava alcançar maior idade (> 18 anos). Verifica-se que há muito tempo o álcool acompanha o desenvolvimento da humanidade com suas conseqüências para a saúde e cofres públicos. O consumo do álcool na história da humanidade tem vivenciado um lado de apreciação da população e em contrapartida problemas de saúde causados pelo seu abuso (ROOM et al., 2005).

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Outro fator importante a destacar é que, ha muito tempo que o álcool é consumido pelo ser humano em forma de medicamento no combate à angústia, depressão e às preocupações do dia-a-dia. Os indivíduos sempre procuravam substâncias estimuladoras ou depressoras do sistema nervoso central, encontrando no álcool um grande aliado (Santos & Tinicci, 2004). As análises de resultados secundários apontam o alcoolismo como a segunda causa de internação psiquiátrica, sendo uma das principais causas de aposentadoria por invalidez (CABERNIT, 1982).

Com o livre comércio até hoje, o álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo incentivado e admitido pela sociedade. Apenas em 1967 é que o conceito de doença foi relacionado ao alcoolismo pela OMS à Classificação Internacional das Doenças (CID - 8). Segundo Ramos & Woitowitz (2004), cerca de 90% da população acidental adulta consome bebida alcoólica. Destes 10% devem ter um uso nocivo de álcool, 10% tornan-se dependentes. Logo, de maneira geral, em cada cinco pessoas, uma delas terá problema de saúde por ingerir bebida alcoólica.

Preocupada com o consumo de bebida alcoólica da população, a OMS preconizou um limite para diminuir os riscos atribuídos a bebida, estabelecendo duas doses por dia para mulheres e três doses por dia para os homens, estabelecendo aceitável até 10 doses por semana para mulheres e 15 doses por semana para os homens, sendo que, uma dose contém entre 8 e 13 gramas de etanol (Pillon e Corradi-Webster, 2006). Segundo Room et al. (2005), foi nos últimos 30 anos que o consumo de bebida alcoólica teve maior atenção científica. Este fato se deve aos problemas inerentes do consumo abusivo de álcool. Vários países têm adotado estratégias para intervenção do consumo de álcool, porém poucas avaliações foram realizadas para identificar a eficácia de medidas tomadas. Tal fato dificulta o direcionamento de algum tipo de intervenção ou direcionar novas estratégias para combatê-lo.

O National Institute of Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) refere-se ao termo "beber moderado" o consumo com limites onde não há prejuízos ao indivíduo e a sociedade (Gunzerath et al 2004). Para esclarecer o conceito "beber moderado", o NIAAA descreve a freqüência e a quantidade do uso de álcool comparado ao não uso de álcool (abstinência), ou mesmo com o abuso

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do consumo de álcool. A dúvida entre pesquisadores esta a cerca de que a definição de “consumo moderado” varia de acordo com o indivíduo e contexto, sendo possível verificar estudos que apontam consumo moderado de 1 a 5 doses/dia. Segundo o NIAAA, a dificuldade relacionada à definição de uso moderado de bebida alcoólica se deve ao resultado das diferenças individuais, ou seja, a quantidade de bebida alcoólica que uma pessoa pode consumir sem estar intoxicada, depende de algumas variáveis como: experiência, tolerância, metabolismo, vulnerabilidade genética, estilo de vida e espaço de tempo em que o álcool é consumido entre outras.

A bebida alcoólica tem forte contribuição para o surgimento de problemas sociais, econômicos e de saúde enfrentados hoje em dia em nosso país (GALDURÓZ & CAETANO, 2004). Quem está mais vulnerável ao consumo de bebida alcoólica parece ser o público jovem. Stempliuk et al. (2005) fizeram levantamentos populacionais com estudantes universitários e compararam a prevalência do uso de bebida alcoólica entre estudantes da Universidade de São Paulo em amostra aleatória selecionada nos cursos de graduação entre os anos de 1996 e 2001. Observaram que ocorreu um aumento no consumo de bebida alcoólica no período da pesquisa de 88,5% e 91,9%, respectivamente, entre os entrevistados. A bebida alcoólica é a substância mais consumida entre os jovens, a idade de iniciação de uso tem sido cada vez menor, assim como tem aumentado o risco de dependência futura. O consumo de bebida alcoólica na adolescência está associado a uma série de comportamentos de risco como: participação em gangues, envolvimento em acidentes, violência sexual e relação sexual desprotegida. O consumo do álcool causa modificações neuroquímicas, com prejuízos na memória, aprendizado e controle dos impulsos. (PECHANSKY, SZOBOT E SCIVOLETTO, 2004)

Os órgãos governamentais e sociedade civil tentam encontrar soluções para os problemas em torno do abuso e uso indevido do álcool que acarreta a sociedade. O governo junto à sociedade civil criou programas de prevenção e educação, conscientização, tratamento de dependentes químicos entre outros, que alicerçados por pesquisas científicas e estatísticas fornecem dados importantes para criar estratégias visando diminuir os danos causados pelo

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abuso do consumo do álcool. O Centro de Informação sobre Saúde e Álcool - CISA, situado no Brasil, tem prestado relevantes serviços dentro do binômio: saúde e álcool.

Miranda et al. (2007) investigaram em seus estudos a predisposição para o consumo de bebida alcoólica em estudantes de um curso de Graduação em Enfermagem. Mesmo se tratando de profissionais da área de saúde 50% da amostra selecionada relatou consumir bebida alcoólica. Dentre os pesquisados, 34% sentem-se fisicamente mal após beberem, 33% tropeçam, trançam as pernas e cambaleiam, 33% sentem calor e transpiram. No que se refere aos sintomas emocionais e mentais, 50% referiram lentidão de raciocínio, 25% sensações estranhas e assustadoras quando bebem e 25% perda da memória.

Para tentar reverter esse quadro preocupante em torno do consumo abusivo de bebida alcoólica, a OMS (2008) sugere que medidas de saúde pública sejam implementadas a fim de combater os danos causados pelo consumo de bebida alcoólica, como também o aumento da taxação das bebidas alcoólicas. Evidências mostram que o preço das bebidas alcoólicas exerce influência no consumo dessa substância. Analisando por esse prisma verifica-se uma relação inversamente proporcional entre custo para aquisição da bebida e consumo. A OMS sugere também a diminuição do acesso à bebida alcoólica, a maioria dos países apresenta leis restringindo tanto quem pode consumir, quanto quem pode comercializar bebida alcoólica. Estudos mostram que quanto menor o acesso às bebidas alcoólicas, menor será o consumo e os problemas relacionados a essa substância (CISA, 2011b).

De acordo com Carlini (2006), 75% da população brasileira já consumiu bebida alcoólica pelo menos uma vez na vida e quase 39% fazem uso freqüente no mês. Estes dados foram apresentados no II Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas, realizado pelo CEBRID em 2005. O mesmo levantamento realizado em 2002 mostrou que 15% faziam uso freqüente de bebida alcoólica. O CEBRID em 1996 apresentou também dados importantes para analisar as conseqüências do consumo indiscriminado do álcool. Das 19 mil autópsias realizadas para as mortes não naturais, 95% tinham vestígios de álcool no sangue entre os anos de 1986 a 1993 (CEBRID,

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2002). Grande parte dos acidentes de trânsito é provocado por motoristas que haviam ingerido bebida alcoólica antes de dirigir e que a dependência e uso abusivo do álcool parece ser uma condição freqüente, atingindo cerca de 5 a 10% da população adulta brasileira (CEBRID, 2008). Na Figura 2 são apresentadas comparações do uso na vida de bebida alcoólica entre jovens brasileiros e de outros países.

Álcool 36,0% 46,0% 50,4% 58,0% 59,1% 60,0% 62,0% 62,6% 63,8% 64,2% 65,5% 69,9% 73,7% 75,1% 76,0% 76,0% 78,6% 78,6% 83,9% 89,0% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0% Portugal França Guatemala Grécia Nicarágua Holanda Guiana Equador Panamá EUA Venezuela Paraguai Belize BRASIL ReinoMUnido Finlândia Chile Uruguai Barbados Dinamarca Pa ís es ! Figura 2 - Prevalência de uso na vida de bebida alcoólica em jovens de diferentes países.

Fonte: Adaptado de CARLINI E.A. et al. (2004) - V Levantamento Nacional sobre consumo de drogas

Psicotrópicas entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio na Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras.

Os dados da Figura 2 apresenta uma visão do consumo de bebida alcoólica entre jovens no cenário nacional assumindo a sétima colocação entre os países pesquisados. Infelizmente o ingresso no consumo de bebida

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alcoólica inicia-se por muitas vezes na própria residência, freqüentemente estimulado pelos próprios pais (Galduróz & Carlini, 1997).

Em cinco anos o consumo de bebida alcoólica cresceu 30% entre os jovens de 12 a 17 anos e 15% entre jovens de 18 a 24 anos (Carlini et al., 2004). Além de dados do crescimento do consumo abusivo de bebida alcoólica pela sociedade, assim como os problemas relacionados a ela, a OMS estima que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo consumam algum tipo de bebida alcoólica e por volta de 76 milhões tenham diagnóstico de alcoolismo. Acompanhado das doenças crônicas que podem afetar os usuários após vários anos de consumo abusivo do álcool, a bebida alcoólica contribui para a morte ou deficiência de pessoas relativamente jovens, considerando que existe uma relação causal entre o consumo de bebida alcoólica e mais de 60 tipos de doenças (UNODC, 2006).

O consumo abusivo de bebida alcoólica entre jovens parece de certa forma um meio de inclusão social; logo, verifica-se que os abstêmios acabam por ter dificuldade de inserção e ocupação de espaço. A busca pela afirmação entre grupos ou mesmo vista como válvula de escape para questões inibitórias ou rebeldia, pode estar relacionada ao uso e abuso no consumo de bebida alcoólica, afetando negativamente o público jovem em fase de construção de sua personalidade e apresentando comportamentos de risco para a saúde. 3.2.AGRESSÕES DO TABACO AO ORGANISMO HUMANO

Esta substância se caracteriza pela inalação, emque o fumante realiza a absorção da nicotina através dos pulmões, sendo imediatamente distribuída pelos tecidos, chegando ao cérebro em aproximadamente nove segundos. Outro efeito do tabaco é a diminuição na contração estomacal, dificultando a digestão, causando ainda, aumento da vaso-constrição e da força dos batimentos cardíacos, levando a uma taquicardia. Por outro lado, estes efeitos tendem a provocar melhora do perfil do humor, além de efeitos anorexígenos com a diminuição do apetite, sendo reconhecida como uma substância estimulante do sistema nervoso central. Contudo, não menos agressiva, a fumaça do cigarro contém grande quantidade de substâncias tóxicas ao organismo, como o monóxido de carbono e o alcatrão (CEBRID, 2003).

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Os radicais livres constantes no tabaco favorecem a oxidação do LDLc e diminuem o aporte de oxigênio arterial. A nicotina aumenta a freqüência cardíaca, que acarreta aumento do débito cardíaco e do consumo de oxigênio em repouso, devido à liberação de adrenalina e noradrenalina, bem como vaso-constrição periférica, que eleva a pressão arterial sistólica e diastólica e a contratibilidade do miocárdio. O tabagismo altera também os mecanismos de coagulação, aumenta a adesividade e agregação plaquetária, aliada ao fato da nicotina provocar lesões nas células endoteliais. A abstinência pode reduzir o risco de eventos coronarianos para quem nunca fumou em até 10 anos em pessoas assintomáticas, para pessoas que apresentam doença aterosclerótica coronariana 2 a 3 anos (MARTINEZ, 2004).

A maior parte dos fumantes adquire o hábito de fumar e a dependência à nicotina na adolescência, iniciando-se com a experimentação de cigarros, sendo este fator um dos mais fortes preditores da adição ao tabaco na vida adulta (Da SILVA et al., 2006). Verifica-se que o tabaco (nicotiana tabacum) é cultivado e comercializado legalmente em várias regiões no mundo. Nos países em desenvolvimento houve aumento do seu consumo no final do século XX, sobretudo entre homens e jovens (OMS, 2002). Segundo o CEBRID, no tabaco encontra-se mais de 4.700 substâncias tóxicas, como por exemplo, amônia, formol, naftalina, terebentina, cetonas, formaldeído, partículas de nicotina, alcatrão e outras mais. Como o cigarro é composto por tabaco na forma ácida, para que a nicotina seja absorvida pelos pulmões o usuário precisa tragar, ao contrário do cachimbo composto pela forma alcalina do tabaco, absorvendo a nicotina através da mucosa bucal. A primeira agressão ao organismo do tabaco é a fumaça. No caso do fumante, este inala a fumaça por vontade própria. Porém, no caso do fumante passivo, inala a fumaça de forma indireta, e por fim também é acometido pelos efeitos nocivos do tabaco.

Balfour (2004) e Sena & Ferret-Sena (2004) afirmam que, uma vez absorvida a nicotina, chega ao cérebro em menos de dez segundos. Os receptores colinérgicos nicotínicos situados no mesencéfalo, na área ventral do teto, leva a produção de dopamina e a sua liberação através de neurônios axonais, no núcleo accumbens, ou estriado ventral situado na zona cerebral, a mesma responsável na aprendizagem, em particular na atenção e na memória,

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bem como na motivação dos comportamentos, devido às suas ligações com o sistema de recompensa e com outras regiões do córtex pré-frontal. A nicotina por ser uma substância psicoativa produzida e comercializada de forma lícita, sua a venda para menores de 18 anos é proibida por lei, pois gera dependência, quando inalada a nicotina provoca a sensação de relaxamento, sensação de prazer e motivação. O monóxido de carbono (CO) tem afinidade com a hemoglobina (Hb) que está presente nos glóbulos vermelhos do sangue, estes, transportam oxigênio para os órgãos do corpo humano. A ligação do CO com a hemoglobina resultam o composto chamado carboxihemoglobina, este composto prejudica a oxigenação sanguínea e, conseqüentemente, prejudica alguns órgãos, causando doenças como a aterosclerose. Para Watkins (2000), a estimulação nicotinergética, para além da ação sobre o sistema dopaminérgico e o núcleo accumbens, ela age sobre outras áreas cerebrais, uma delas é o hipocampo, provocando melhoria da atenção e da memória, sobre o cortex pré-frontal, que age sobre as funções de comportamento social e sobre o sistema noradrenérgico do locus coeruleus, na protuberância, apresenta relação com as respostas ao stresse e depressão. Este efeito é muito semelhante ao produzido por outras substâncias como a cocaína ou as anfetaminas.

As formas mais comuns de consumir o tabaco é por inalação ou fumar através de cigarro, cachimbo, charuto, rapé e mascar. Estudos revelam que todas as formas de tabaco são viciantes e letal. Fumantes estão mais propensos a riscos significativamente maiores de óbitos por câncer (principalmente câncer de pulmão), doenças respiratórias e cardíacas, derrame e outras mais condições fatais. Ao contrário de que algumas pessoas imaginam, cigarros anunciados como baixo alcatrão, não reduz os riscos do tabagismo. Os indivíduos que mascam tabaco tem elevados riscos para os cânceres da cavidade oral, especialmente de faringe, palato, língua e lábio. O tabagismo e exposição ao fumo passivo impõe também riscos à saúde de mulheres grávidas, bebês e crianças. O ato de fumar durante a gravidez se torna perigoso não só para a saúde de mulheres grávidas como também para o feto e a criança, podendo trazer transtornos de desenvolvimento entre as crianças expostas. Segundo Agarwal, Prabakaran & Said (2005), existem cada

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vez mais evidências de que os compostos nocivos do tabagismo destroem células espermáticas (os espermatozóides). Desta maneira, alguns governos exigem que os fabricantes informem em suas embalagens sobre este risco.

Pollock & Schimidt (2003) analisaram através de dados epidemiológicos que o tabagismo, somado aos níveis elevados de lipídios e hipertensão, oferece risco superior para doenças cardiovasculares e óbito. Segundo Bini (2004), os componentes do cigarro promovem um efeito arritmogênico nas fibras cardíacas, promovem também efeito pró-coagulante (alterações no fibrinogênio, nas hemácias e nas plaquetas); hipoxemia tecidual (diminuição de oxigênio nos tecidos); descarga adrenérgica; diminuição do HDLc; oxidação do LDLc; e lesão e/ou disfunção endotelial (decorrente dos radicais livres que aumentam a degradação de óxido nítrico). As conseqüências cardiovasculares dependem da quantidade do consumo, sendo, quanto mais cigarros consumidos por dia, maior será o risco de afecções.

Além dos males já citados o tabaco causa dependência e sérias conseqüências que podem ser previamente evitadas como: doenças pulmonares obstrutivas crônicas, acidente vascular cerebral, aumento dos riscos de doenças coronarianas, câncer de pulmão, faringe, laringe, cavidade oral, pâncreas e do estômago (Shaper, Wannamethee & Walker, 2003). De acordo com Matos & Gaspar (2003), os jovens que já experimentaram tabaco e os consumidores regulares afirmam ser menos felizes e referem com mais freqüência ter uma alimentação menos saudável, sintomas de mal estar físico e psicológico, assim como, desagrado com a imagem do seu corpo.

O ato de parar de fumar pode diminuir o risco de mortalidade em até 70% em indivíduos portadores de doença isquêmica do coração, reforçando a importância do combate enérgico no hábito de fumar (Santos Filho & Martienz, 2002). Bini (2004) verificou a influência de outros fatores de risco para as coronariopatias, afirmando que a descontinuidade no uso do tabaco reduz a morbimortalidade. Inversamente, a sua sustentação induz a uma maior morbidade por coronariopatias. Pollock & Schimidt (2003) demonstraram em seus estudos que, existe diminuição significativa no risco primário e periódico de infarto agudo do miocárdio e de óbitos por doenças cardiovasculares entre ex-fumantes, diante dos primeiros anos após o abandono do tabagismo. Os

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mesmos autores afirmam ainda que, tanto a nicotina quanto o monóxido de carbono cooperam para aumento na incidência de infartos e morte súbita em fumantes, atuando de forma sinérgica com os grandes fatores de risco para a progressão de doenças cardiovasculares.

3.3.AGRESSÕES DA BEBIDA ALCOÓLICA AO ORGANISMO HUMANO Verifica-se que em datas comemorativas como carnaval, passagem de ano, aniversários, casamentos, formaturas entre outras festas, apresenta um maior consumo de bebida alcoólica. Com o maior consumo de álcool aumenta as possíveis conseqüências dos exageros alcoólicos como acidentes de trânsito, sexo desprotegido e violência. Vários estudos comprovam elevada quantidade de acidentes de trânsito com vítimas fatais. Destes, muitas delas estão relacionados ao uso de álcool nesses períodos. Segundo Lapham et al. (2009), os pacientes dependentes de álcool que estão em tratamento estão mais suscetíveis a ter uma recaída durante os períodos comemorativos do que em outras épocas do ano. Este fato é devido a exposição e o conjunto das relações entre celebração e bebida alcoólica.

A preocupação em torno do consumo de álcool se deve as conseqüências e as agressões que ele possa trazer ao organismo humano. Segundo Siqueira (2004), os danos oriundos do consumo de álcool, como danos à família, violência, crimes, danos no trânsito, tem se tornado um grande problema à segurança pública, seguida de conseqüências desastrosas para a saúde pública. Segundo o CISA (2011c), o etanol é uma substância depressora do sistema nervoso central e afeta diversos neurotransmissores no cerébro, entre eles, o ácido gama-amino-butírico e o glutamato. Além disso, o álcool estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como as endorfinas e serotonina que parecem contribuir para os sintomas de bem-estar presentes na intoxicação alcoólica. As alterações causadas ao sistema nervoso central podem ir de um estado de euforia até o óbito passando pelo delirium tremens quando em abstinência.

O CISA (2011c) afirma que o álcool promove desinibição, mas com o aumento da concentração de álcool, o indivíduo apresenta diminuição da respostas aos estímulos, fala pastosa, apatia e letargia, entre outros. O CISA

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(2011c) ilustra os estágios da intoxicação a partir da concentração de álcool no sangue em gramas por mililitros de sangue.

Verifica-se uma escassez de estudos que relatam problemas médicos que estejam relacionados ao consumo do álcool no Brasil. O estudo de Mott et al. (1989) verificou que 93,6% dos pacientes que foram atendidos com diagnóstico de pancreatite crônica no município de São Paulo apresentavam consumo pesado de álcool. O consumo freqüente de bebida alcoólica é a principal causa de pancreatite crônica e cirrose hepática (Srauss et al., 1998). Além das agressões ja relatadas do consume do álcool, Nappo & Galduróz (1996) afirmam que o álcool é das substâncias mais comum em mortes não-naturais relacionadas à esta substância na cidade de São Paulo.

O alcoolismo é reconhecido como uma doença crônica, progressiva e letal. Alguns especialistas crêem que o alcoolismo é genético; porém, somente cerca de 20% dos alcoólatras estão ligados a um favorecimento genético que possa desencadear o vício, 80% são alcoólatras por ter abusado do consumo. Atletas podem estar mais suscetíveis ao uso excessivo de álcool pela forte associação cultural que relaciona álcool e esporte, assim como ao estilo de vida e à pressão dos esportes (SAMPLES, 1989).

O abuso e a dependência do álcool estão relacionados a muitos transtornos psiquiátricos. As já conhecidas co-morbidades psiquiátricas apresentam-se mais prevalentes entre as mulheres em relação aos homens, os transtornos de externalização (transtorno de personalidade anti-social e dependência de outras drogas) são encontrados mais comumente em homens; porém, transtornos de internalização (ansiedade e depressão) estão associados ao consumo de álcool em mulheres comparado aos seus pares (Cornelius et al., 1995). Outra agressão advinda do álcool a pessoas com transtornos relacionados ao uso de álcool (abuso e dependência) são os transtornos alimentares. Segundo CISA os transtornos alimentares são perturbações severas do comportamento alimentar, identificados especialmente entre as mulheres. Dentre os transtornos alimentares, destacam-se duas síndromes como mais conhecidas: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.

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A anorexia nervosa e a bulimia nervosa apresentam-se mais comumente entre adolescentes e mulheres jovens. Por volta de 0,5 a 3% das mulheres sofrem de transtornos alimentares (Jorge, 2010). Ainda, não foi encontrada a real causa fundamental da anorexia e bulimia nervosa; porém, fatores genéticos, psicológicos, socioculturais e biológicos contribuem para a sua causa. Para desencadear os chamados transtornos alimentares, não é necessária a presença de todos os sintomas já citados para que se estabeleça uma associação perniciosa ao uso de álcool, com apenas um sintoma importante, como preocupação excessiva com o peso corporal, insatisfação da própria imagem e comportamentos compulsivos ou compensatórios com a alimentação. Segundo Franko et al. (2005), o fato dos transtornos alimentares serem mais prevalentes entre mulheres jovens (entre 18 e 24 anos), as mulheres estão mais vulneráveis aos efeitos do álcool. Assim, torna-se de suma importância o diagnóstico e tratamento dos transtornos relacionados ao uso de álcool e transtornos alimentares.

O fato das mulheres serem mais vulneráveis ao efeito do álcool não esta ligado as diferenças corporais, como por exemplo, o peso corporal, e sim, as diferenças fisiológicas (NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM, 2000). Mulheres por apresentarem menor quantidade de água em seu corpo em relação ao homem, o álcool torna-se mais concentrado em seu corpo (Jones & Jones, 1976). Outro fator que agrega mais facilidade na embriagues feminina, é o fato das mulheres apresentarem menores níveis de enzimas aldeído desidrogenase e álcool desidrogenase, responsáveis pelo metabolismo do álcool; logo, o álcool permanece por mais tempo no corpo feminino (FREZZA et al.,1990)

Wurst et al., (2007); Hillemacher et al., (2007) afirmam que os indivíduos com transtornos alimentares bebem com o objetivo de minimizar a dor e a angústia de restringir a alimentação (“não poder comer”). Porém, outros que acreditam que a bebida não engorda ou que até ajuda a controlar a fome. A explicação de que o álcool diminui a fome é ocasionada em função de aumentar a liberação de leptina, substância associada à sensação de saciedade. Mas vale ressaltar que a bebida alcoólica contém calorias e poucos nutrientes. Ao se alimentar com uma dieta hipocalórica e consumir bebida

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alcoólica o indivíduo pode apresentar um quadro grave de desnutrição. Entre outros problemas ocasionados por uma alimentação inadequada, o organismo desprovido de alimento fica suscetível a várias doenças. Quando permanece por longo tempo sem se alimentar, ou seja, de estômago vazio, o álcool é absorvido com maior velocidade e exercem seus efeitos mais rapidamente, além de poder ocasionar gastrites e úlcera. (LIEBER, 2003).

3.4.EPIDEMIOLOGIA DO USO DE TABACO E BEBIDA ALCOÓLICA EM JOVENS

3.4.1.ESTUDOS BRASILEIROS

O tabagismo é a principal causa de morte que poderia ser evitada em todo o mundo. Cerca de 1 bilhão de indivíduos da população eram fumantes até 1996 (BINI, 2004). A busca de estratégias de redução e abandono ao cigarro tem como líderes os EUA e o Canadá. No Brasil o foco de intervenção é a prevenção da iniciação do tabagismo através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Além de prevenir a iniciação do tabagismo, o programa estimula fumantes a abandonar o vício e proteger a saúde dos não fumantes, proibindo através de decreto, fumantes de consumir cigarros em ambientes fechados, protegendo os não fumantes de ficar expostos a fumaça do cigarro (BRASIL, 2003).

Quanto à prevalência de fumantes no Brasil, dados obtidos através da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição realizado em 15 capitais e Distrito Federal, demonstra que as ações do Programa Nacional de Controle do tabagismo vêm reduzindo a proporção de fumantes no Brasil sendo: 32% em 1989, para 19% em 2003 (BRASIL, 2003).

Galduróz et al. (2004) publicaram os dados do V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas em estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino das 27 capitais brasileiras. Ao investigar as doenças psicotrópicas (aquelas que atuam no cérebro alterando alguma maneira o psiquismo, ou seja, o que sentimos, fazemos e pensamos) em uma amostra de aproximadamente 50 mil estudantes, sendo: 27,1% idades 10-12 anos; 36,3% idades 13-15 anos; 20,3% idades 16-18 anos; 7,5% idades

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> 18 anos, apontou que 24,9% dos estudantes relataram ter utilizado tabaco na vida, 19,6% afirmaram ter usado tabaco no ano que foi realizado o levantamento, 14,8% afirmaram ter usado tabaco naquele mês. O uso freqüente, definindo como o fumar 6 vezes ou mais no mês, encontrou 3,8%, 2% faziam uso pesado, definido como fumar 20 ou mais vezes no mês antecedente à pesquisa. Os rapazes apresentaram diferença significativa em relação as moças referente ao uso de tabaco na vida (23,5% e 21,7% respectivamente) e, quanto à faixa etária, prevalecem as idades de 16-18 anos, com 29,6% dos estudantes e acima de 18 anos, com 34,9% dos estudantes. Ao verificar a prevalência de tabaco entre as regiões do país, a região sul apresentou maior número de estudantes com uso freqüente de tabaco com 4,6%. Porto Alegre foi a capital que obteve a maior proporção: 7,2%, também maior consumo pesado de tabaco com 4,8% dos estudantes das capitais investigadas.

Um estudo conduzido por Souza e Filho (2007) investigou a prevalência do uso recente de tabaco, álcool e drogas entre estudantes adolescentes que trabalhavam e que não trabalhavam. Os estudantes estavam matriculados na rede pública da área urbana de Cuiabá – MT, do total de alunos investigados 798 trabalhavam e 1.493 não trabalhavam. Verificou-se no estudo a necessidade de planejar intervenções estratégicas de prevenção do uso, levando em consideração se o adolescente é ou não trabalhador. Tendo como exemplo o uso de tabaco uma ou mais vezes no período de 30 dias, a prevalência foi de 13,6% nos jovens trabalhadores e de 7,3% dos jovens não trabalhadores. A chance de um jovem trabalhador fazer uso recente de tabaco dobrou em relação ao jovem não trabalhador. Resultados semelhantes foram encontrados também para álcool e drogas.

Horta et al., (2007) conduziram uma pesquisa em Pelotas no estado do Rio Grande do Sul situado na região sul do país no ano de 2002. O objetivo da pesquisa era fazer um levantamento sobre uso de tabaco, álcool e outras drogas entre adolescentes. A investigação envolveu 960 jovens com idades entre 15 e 18 anos. Destes, 43% informaram ter feito uso na vida ou experimentado (uso de pelo menos uma vez na vida) cigarro, já 16,6% informaram fazer uso recente ou contínuo (uso pelo menos uma vez na

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semana no mês que antecedeu a investigação). Neste estudo o público feminino prevaleceu entre os que fazem uso recente ou contínuo, chegando a 19,5%, já os rapazes chegou a 13%. O consumo de tabaco foi mais freqüente entre jovens com mais de 17 anos, vindos de classe D e E e com menor escolaridade. O consumo na vida de tabaco foi equivalente entre os gêneros, verificando também que, de cada 2,6 jovens que experimenta cigarros, um deles permanece fumante futuramente. O dado apresentado aponta maior consumo de tabaco entre meninas em relação e meninos, indicando uma tendência futura de consumo de tabaco.

Ao dimensionar o consumo antes de depois da proibição das propagandas de cigarro, Galduróz et al. (2007) compararam os levantamentos de consumo de drogas entre estudantes do ensino fundamental e médio. Ambos os levantamentos utilizaram mesma metodologia, um foi realizado em 1997 e o outro em 2004, após a proibição das propagandas de cigarro, pela Lei nº 10.167, de 27 de dezembro de 2000. Verificou-se que o uso do tabaco diminuiu em 7 das 10 capitais. Assim, entende-se que a diminuição significativa no consumo de tabaco entre os estudantes do ensino fundamental e médio está relacionada a ações de políticas públicas no Brasil.

No Brasil verifica-se o inicio de uso do cigarro em idades por volta dos 15 anos. O INCA, (2004) pesquisou as principais características associadas ao tabagismo entre pessoas com mais de 15 anos de idade e encontrou uma prevalência de tabagismo entre 12,9 a 25,2% nas cidades estudadas, visto que os avaliados do gênero masculino apresentaram prevalências mais elevadas em relação os avaliados do gênero feminino, a prevalência de experimentação e uso de cigarro em jovens variou entre 36 e 58% no gênero masculino e entre 31 e 55% no gênero feminino, já a prevalência de escolares fumantes atuais variou de 11 a 27% no gênero masculino e entre 9 e 24% no gênero feminino (BRASIL – INCA, 2008)

Um estudo muito interessante sobre o impacto do uso de tabaco no perfil lipídico-lipoproteico plasmático realizado por Guedes et al. (2006) relata que 15,4% das jovens moças entre 15 e 18 anos eram fumantes, já entre os rapazes subiu para 20,9%. Também, o estudo verificou níveis séricos de colesterol total, LDL-colesterol e triglicerídeos significativamente mais elevados,

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enquanto os níveis séricos de HDL-colesterol significativamente menores entre fumantes em comparação com os não-fumantes. Esse estudo demonstrou que os adolescentes fumantes dobravam a probabilidade de chances de apresentarem risco de alteração nos níveis de lipídios-lipoproteínas plasmático quando comparados aos não-fumantes, apresentando maior predisposição ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Avaliar e eficiência dos programas de prevenção no uso de tabaco têm sido uma tarefa muito difícil e complexa. Uma revisão realizada por Lima (1999) sobre os programas que previnem o tabagismo na adolescência apontou que os programas baseados na transmissão de conhecimentos objetivando a conscientização dos malefícios ao organismo advindos do uso de tabaco foram os menos eficientes. Mais estudos relacionados ao tabaco e comportamento de risco se faz necessário. Até o momento bons trabalhos já foram apresentados em âmbito nacional (GALDURÓZ et al., 2004; INCA, 2010) e regional (SOUZA e FILHO, 2007; HORTA et al., 2007; GUEDES et al., 2007).

A preocupação em torno do abuso de consumo de bebida alcoólica tem levado pesquisadores a identificar em que idade as pessoas iniciam o consumo de bebida alcoólica, de onde vem o fornecimento de bebida alcoólica e as conseqüências que acarretam para quem faz uso abusivo do álcool.

Algumas conseqüências do abuso de bebida alcoólica na população jovem, como é o caso de acidentes de trânsito e violência, são advindos do denominado alcoolismo, que inicialmente promove efeitos estimulantes associados à desinibição e à euforia; porém, mais tarde com maior consumo, verificam-se efeitos depressores, descontrole, falta de coordenação, sono e até estado de coma. Ainda, vale ressaltar que tal comportamento é aceito socialmente. Pessoas alcoólatras (dependentes do álcool) estão propensas a várias doenças oriundas do abuso do álcool, entre elas as mais freqüentes acometem o fígado, sistema digestivo e cardiovascular (CEBRID, 2003).

Entre os estudos sobre bebida alcoólica, verifica-se a pesquisa de Vieira et al., (2007), envolvendo jovens com idades entre 11 e 21 anos de ambos os gêneros, matriculados em escolas públicas e privadas com o propósito de analisar a disponibilidade e facilidade de acesso às bebidas alcoólicas, as conseqüências do consumo, entre outros dados. O estudo apontou que a

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Figura 1 - Prevalência de uso na vida de tabaco em jovens de diferentes países.
Figura 2 - Prevalência de uso na vida de bebida alcoólica em jovens de diferentes países
Tabela 1 - Comparação quanto ao uso na vida de bebida alcoólica entre as cinco capitais brasileiras
Tabela 3 -  Proporção de entrevistados relatando uso pesado (20 vezes ou mais no mês) de álcool nos  quatro levantamentos realizados pelo CEBRID
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Referências

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