• Nenhum resultado encontrado

3.6 Delimitação do Campo de Pesquisa

3.6.6 Agricultura Urbana em Curitiba

Todas as informações a respeito da Agricultura Urbana em Curitiba foram retiradas de um texto disponibilizado pelo superintendente da SMAB, mas que não está públicado, pois trata-se de um material que será inscrito em um prêmio da ONU, ainda neste ano.

Em 1986 e 1989 foram iniciados, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB), dois programas da Prefeitura de Curitiba voltados à implementação da agricultura urbana em Curitiba, sendo estes o Programa Lavoura e Programa Nosso Quintal, respectivamente.

O Programa Lavoura era caracterizado como uma atividade agrícola periurbana, por ser realizada em grandes extensões territoriais (como sob linhas de transmissão de energia elétrica ou terrenos ociosos e pequenas propriedades), e estar próximo do centro urbano, a uma distância limite que pode variar de 10 km até 90 km. Já o Programa Nosso Quintal era qualificado como uma atividade agrícola intraurbana, pois contemplava pequenos espaços, e está localizada dentro e entre os contornos das cidades.

O objetivo de ambos os projetos estava em promover o uso racional dos vazios urbanos por meio do plantio de alimentos, que por sua vez melhora a alimentação das famílias envolvidas.

Há 32 anos estes programas vêm ocorrendo na cidade de Curitiba, e em 2018, em função de necessidades internas da SMAB, foram reestruturados e compilados em um único programa denominado “Programa de Agricultura Urbana”, que está vinculado ao Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional 2016/2019, Decreto Municipal nª 1.361/2016, eixo 6.

Para implementação do Programa foi elaborada e seguida uma metodologia, como descrita a seguir:

a) Sensibilização e mobilização das comunidades para a formação de grupos familiares urbanos, denominados horticultores;

b) Realização de reuniões técnicas para regramento do funcionamento do projeto e eleição de monitores, responsáveis pelos horticultores;

c) Mutirão de trabalho, envolvendo os participantes, para construção das hortas (limpeza e estruturação física);

d) Dimensionamento e divisão dos lotes (horta por família); e) Amostragem de solo para análise;

f) Reposição da camada de solo agricultável (somente em áreas degradadas); g) Preparo mecanizado de solo para o plantio;

h) Capacitação teórica e prática sobre cultivo;

i) Recomendações sobre preparação e uso de adubos e corretivos; j) Capacitação sobre a prática da compostagem;

l) Acompanhamento técnico;

m) Realização de dias de campo e eventos técnicos; n) Fornecimento de material impresso.

Também, atualmente existem três projetos associados ao Programa, os quais juntos ocupam 181.153m2 de área antes considerada um vazio urbano:

a) 22 Hortas Comunitárias Urbanas (HCU): área total de 166.172m2; b) 31 Hortas Escolares (HE): área total de 4.685m2;

c) 14 Hortas Institucionais (HI): 10.296m2;

As áreas são mantidas com apoio técnico sistêmico do poder público e entidades do 2ª setor (empresas), que contribuem com insumos, maquinário, e pessoal qualificado para determinadas atividades. O terceiro setor atua na sustentabilidade econômica das hortas, adquirindo e consumindo o excesso de produção.

No total, o Programa de Agricultura Urbana atende 5601 pessoas que estão envolvidas diretamente trabalhando no cultivo e manutenção das hortas, e 15.841 pessoas que se encontram envolvidas de forma indireta, ou seja, se beneficiam dos alimentos cultivados. Deste total, 29% consome toda sua produção; 55% consome e doam o excedente e 16% consomem, doam e também vendem.

Os beneficiários do Programa são os moradores das redondezas onde a horta está instalada, que se organizam em forma de associação de moradores para gerir o trabalho. É importante enfatizar que faz parte da metodologia implementada o incentivo à autonomia dos produtores, que são capacitados para dar continuidade a atividade sem auxílio da Prefeitura após um período de adaptação.

Na Figura 9 e Figura 10 a seguir é possível visualizar a mudança significativa que ocorreu na região onde uma das Hortas Urbanas Comunitárias foi instalada, no Tatuquara:

Figura 9. Área antes da implementação da Horta, no Tatuquara.

Fonte: SMAB (2018)

Fonte: SMAB (2018)

Dentre as dificuldades de implementação do Programa, listadas pela Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba, estão:

a) Atendimento das demandas: desde 2014, o quadro de profissionais técnicos e operacionais (SMAB) tem diminuído;

b) Dificuldades no estabelecimento de parcerias: falta de apoio financeiro e de pessoal para apoio organizacional, controle e fiscalização do uso adequado das áreas, principalmente em grandes espaços de vazios urbanos;

c) Metodologia de atendimento: realização das atividades sob a responsabilidade direta e única da equipe técnica (SMAB), sem o comprometimento efetivo dos parceiros em áreas objeto de cooperações técnicas;

d) Dificuldades burocráticas e legais: autorização do uso de áreas de terceiros, seja de uso privado ou públicos, referente à formalização de Termos de Cessão de Uso, diretamente com a Sociedade Civil organizada; e

e) Resistência de grupos comunitários no processo de autogestão das hortas, no momento em que a Prefeitura passa a responsabilidade pela aquisição e distribuição de insumos para os beneficiários.

Por outro lado, a Agricultura Urbana já é considerada uma prática consolidada em Curitiba, com demanda de expansão e participação efetiva da população em projetos já instalados. Desta forma, a SMAB (2018) listou as respostas positivas do Programa e os cenários promissores:

a) Novos técnicos estão sendo previstos (concurso público);

b) O estímulo à participação de parcerias, o envolvimento da sociedade e a introdução do conceito de economia circular estão desencadeando uma transformação/renovação no desenvolvimento participativo das HCU;

c) Abertura do programa de estágio para estudantes de áreas afetas, mediante Termo de Cooperação com as Universidades PUC/PR, UFPR, UTFPR e Universidade Positivo;

a) Estabelecimento de papéis mais ativos das instituições/convênios no repasse de recursos para a operacionalização e apoio, estão permitindo a revitalização/expansão da prática; e

b) Aprovação da proposta de Lei para a Agricultura Urbana em Curitiba.

Documentos relacionados