Diagnóstico Local

A partir da imersão em campo realizada na Horta Comunitária do Cajuru, além das visitas à Feira de Orgânicos da UFPR e à SMAB, e da fundamentação

teórica trazida para embasar o presente trabalho, foi possível identificar, demandas e potencialidades que o designer, em sua função de promover, facilitar e otimizar os sistemas de inovação, pode contribuir com soluções.

A principal demanda diz respeito à necessidade de uma identificação da iniciativa, tanto para gerar o reconhecimento e valorização da atividade desenvolvida, quanto para facilitar a venda do excedente de produção.

Nesse sentido, com as contribuições que o Design para o Território proporcionam, foi possível identificar as PANCs como elementos distintivos da Horta do Cajuru, elementos estes que podem ser trabalhados na identidade da iniciativa.

As PANCs na Horta também desempenham importante papel frente a garantia de Segurança e Autonomia Alimentar, pois proporcionam o aumento das espécies de alimentos disponíveis, corroborando para a independência da Horta quanto a produção de alimentos para subsistência.

Contudo, identificou-se que as espécies cultivadas, mesmo sendo adaptadas, são majoritariamente estrangeiras, com exceção da ora-pro-nóbis, que é uma espécie brasileira, e portanto, dada a importância das espécies nativas para a preservação da biodiversidade local, bem como para a valorização do território, percebe-se aí uma deficiência no sistema de produção e consumo de alimentos da Horta, que pode ser otimizado.

Além do mais, foi percebida uma dificuldade dos beneficiários em identificar as espécies PANCs e suas aplicações culinárias, o que dificulta que as mesmas sejam percebidas como espécies que aumentam a diversidade de alimentos disponíveis, e por consequência, compromete o desafio de se alcançar a Autonomia Alimentar da comunidade.

Em forma de síntese, o diagnóstico será apresentado a seguir na Figura 48, sendo dividido por local onde foram feitas as análises, quais as demandas e as potencialidades identificadas:

Figura 48. Diagnóstico.

Fonte: AUTORA (2018)

Nesse sentido é que o problema deste trabalho pôde ser delimitado, sendo este o papel do Design Estratégico para comunicar o potencial das PANCs nativas na Horta Comunitária do Cajuru, e incentivar seu cultivo e consumo sustentáveis.

A partir do diagnóstico, pode-se pontuar as soluções a serem desenvolvidas para cada demanda e potencialidade identificada. Desta forma, abaixo, na Tabela 1 são apresentadas sugestões à serem desenvolvidas:

Tabela 1. Demandas x Soluções.

LOCAL DEMANDAS SOLUÇÕES

SMAB

- Identidade Visual e aplicações básicas; - Desenvolver Identidade Visual e aplicações básicas de acordo com a necessidade;

- Dificuldade do estabelecimento de parcerias;

- Promover parcerias e interações entre beneficiários de diferentes Hortas, iniciativas públicas e privadas; - Resistência de alguns beneficiários à

auto-gestão;

- Promover mais atividades em comunidade, enfatizando a

importância da autonomia da iniciativa para o bem comum;

Horta Comunitária do Cajuru

- Não cultiva espécies PANCs nativas; - Incentivar o consumo de espécies nativas;

- Os próprios beneficiários mantém a Horta financeiramente;

- Incentivar o desenvolvimento da Horta como um empreendimento social difuso, e assim, uma fonte de renda para a manutenção da própria Horta;

- Enfrenta-se dificuldade quanto ao depósito de lixo nas redondezas da Horta;

- Delimitação precisa do espaço com cercas vivas;

- Há pouco conhecimento sobre o potencial culinário das PANCs;

- Promover oficinas culinárias, oficinas de degustação, palestras, workshops, e trocas de informação sobre receitas, por meio de materiais de divulgação, mas também por meios informais, como em conversas, redes sociais, etc.

- Há pouco conhecimento sobre o potencial nutricional das PANCs;

- Promover troca de informações por meio de cursos, palestras, workshops, bate-papos, materiais de divulgação, grupos de estudo, e trocas de informação em geral.

- Não são espécies largamente consumidas;

- Promover a inserção destas nos hábitos alimentares locais por meio de informação a respeito dos potenciais culinários e nutritivos destas espécies; Feira de

Orgânicos da UFPR

- Falta informação sobre o potencial nutritivo e alimentício das PANCs, em especial as nativas.

Fonte: AUTORA (2018)

Da mesma forma são apresentadas (Tabela 2) as potencialidades identificadas, junto as soluções propostas:

Tabela 2 . Diagnóstico x Potencialidades. DIAGNÓSTICO

LOCAL POTENCIALIDADES SOLUÇÕES

SMAB

- Há interesse em estimular parcerias colaborativas;

- Promover novas parcerias e

interações entre beneficiários, Hortas, e iniciativas públicas e privadas; - Têm-se buscado expandir o cultivo de

de PANCs nas Hortas; - Incentivar o cultivo e consumo de espécies PANCs nativas;

Horta Comunitária do Cajuru

- Cultiva espécies PANCs; - Faz a reutilização de materiais descartáveis;

- Reiterar a importância da reutilização de resíduos orgânicos ou não;

- Reutiliza resíduos orgânicos (compostagem);

- É gestionada por associação de moradores;

- Promover mais atividades comunitárias;

- Os beneficiários são capacitados por meio de pequenos cursos;

- Utilizar estes espaços (dentre outros) para informar sobre as PANCs nativas; - As PANCs cultivadas possuem alto

valor agregado;

- Incentivar que após dado período de consolidação das atividades da Horta, a mesma se desenvolva como um empreendimento social difuso e comercialize as PANCs nativas; - Há interesse em expandir o

conhecimento e cultivo de PANCs;

- Promover oficinas, workshops, palestras, degustações, bate papos, circulação de materiais de divulgação em geral, a respeito das PANCs, em especial as nativas.

- Há espaço disponível para cultivar mais espécies PANCs;

- Utilizar o espaço disponível na Horta para cultivo de PANCs nativas;

Feira de Orgânicos da UFPR

- Há surgido mais interesse por parte dos consumidores em conhecer e consumir PANCs;

- Instigar a curiosidade dos consumidores a respeitos destas espécies e sua importância para o meio ambiente, para a Autonomia e Segurança Alimentar.

- Existem espécies PANCs nativas da região sul brasileira;

Fonte: AUTORA (2018)

4.5 Conjunto de recomendações e indicações para a comunicação dos potenciais e