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5.3 ETAPA 3: EXPLORANDO USINAS DE RECICLAGEM EM SÃO

5.3.2 Caracterização da amostra das usinas

5.3.3.1 Agrupamento 1 – Identificação da usina

De acordo com os gestores, durante a implantação e operação das usinas ocorreram várias dificuldades, segundo os gestores (Quadro 30).

Quadro 30 – Síntese das dificuldades durante a implantação e operação inicial das usinas analisadas Usina Dificuldades durante a implantação

MG 2

• Falta de capacitação técnica dos funcionários da usina

• Baixo controle do material particulado gerado no processo de reciclagem

• Falta de elaboração da rotina operacional

MG 3

• Desenvolvimento do material tipo B (vermelho), e posteriormente, material tipo A (cinza)

• Baixo desempenho dos materiais produzidos na usina

• Renovação do quadro de funcionários

• Parceria com laboratórios para realização de ensaios no materiais MG 1 • Solicitação dos moradores para instalação da usina

• Área disponível para instalação da usina situada em zona residencial SP 6

• Falta de recursos para investimentos em equipamentos

• Uso de equipamentos de mineração adaptados

• Preconceito do munícipe em relação ao material reciclado (pedreiro) SP 1

• Falta de conscientização ambiental das empresas transportadoras de resíduos e grandes construtoras

• Realização de palestras educativas junto aos geradores durante um ano

• Aplicação de multa e prisão de um proprietário de empresa transportadora

• Disputas comerciais entre algumas empresas de transporte (competitividade)

SP 3 • Dificuldade para venda do material reciclado, levando à empresa a aterrar parte da produção inicial.

SP 2

• Seleção de área adequada as condicionantes de projeto

• Funcionamento deficiente, após a instalação, devido a problemas operacionais

• Excesso de material particulado produzido na reciclagem, gerando reclamação dos munícipes

SP 4

• Aquisição de equipamentos antes da realização do diagnóstico de geração de RCC

• Falta de capacitação técnica dos funcionários

• Inexistência de logística para recepção e triagem de resíduos

• Inexistência de programa municipal para utilização de agregados reciclados SP 5

• Blocos de concreto para reciclagem com grandes dimensões

• Problemas operacionais com o transporte dos blocos (canteiro-usina)

• Contaminação dos blocos de concreto com solo, dificultando a reciclagem

Além disso, um conjunto de fatores levou à operação intermitente das usinas desde a implantação: supressão de investimentos; ausência de políticas relativas ao gerenciamento de RCC; indisponibilidade do equipamento de reciclagem e condicionantes meteorológicos. Ainda assim, o tempo médio em operação das usinas foi sete anos e três meses.

Vários condicionantes provocaram a paralisação superior a sete dias, excluindo

condicionantes, os gestores destacaram:

indisponibilidade dos equipamentos (42,9%) e incerteza sobre investimentos futuros ( De acordo com a intensidade da chuva ocorre mudanças na rotina

podem reduzir ou paralisar sua produção pátio, devido à suspensão das obras

30% do volume diário de RCC. Por sua vez, a usina SP 6 consegue reciclar nesse período, pois possui um galpão para abrigar parte dos

Durante a visita na usina MG 1, as fortes chuvas impediam a triagem e a reciclagem de RCC (Figura 59), resultando no acúmulo de grande quantidade de AR no pátio de

(Figura 60). Nesse dia percebe

falta de planejamento para realização de outras atividades na usina. Diante disso, no período chuvoso os gestores poderiam

realizar a cobertura do britador

concreto e (d) realizar a manutenção preventiva nos equipamentos Figura 59 - Pilha de RCC, aguardando triagem no

pátio na usina MG 1 Período

Chuvoso

Chuva escassa

Chuva torrencial

Figura 58 – variação da rotina operacional das usinas conforme a intensidade da chuva

provocaram a paralisação de 77,8% das usinas, por um período , excluindo-se desse contexto somente as usinas SP 3

condicionantes, os gestores destacaram: condições meteorológicas inadequadas (85,7% indisponibilidade dos equipamentos (42,9%) e incerteza sobre investimentos futuros (

rdo com a intensidade da chuva ocorre mudanças na rotina da usina (

podem reduzir ou paralisar sua produção. Na SP 2, por exemplo, os AR ficam acumulados no das obras da Prefeitura. Enquanto isso, a usina MG 1 recebe

de RCC. Por sua vez, a usina SP 6 consegue reciclar nesse período, pois possui um galpão para abrigar parte dos estoque de RCC e equipamentos de reciclagem.

nte a visita na usina MG 1, as fortes chuvas impediam a triagem e a reciclagem de RCC , resultando no acúmulo de grande quantidade de AR no pátio de

Nesse dia percebeu-se que uma parte dos funcionários estava ociosa, devido à falta de planejamento para realização de outras atividades na usina. Diante disso, no período chuvoso os gestores poderiam: (a) armazenar parte da matéria-prima em áreas cobertas; (b)

obertura do britador; (c) direcionar os funcionários para fabricação de artefatos (d) realizar a manutenção preventiva nos equipamentos de reciclagem

Pilha de RCC, aguardando triagem no

Figura 60 - Pilha de AR molhado no pátio de

armazenamento da usina MG 1 Chuva escassa torrencial Recebimento deficiente Triagem contínua Reciclagem paralisada Distribuição/comercialização deficiente Recebimento deficiente Triagem paralisada Reciclagem paralisada Distribuição/comercialização deficiente/paralisada ariação da rotina operacional das usinas conforme a intensidade da chuva

usinas, por um período SP 3 e SP 5. Dentre esses es meteorológicas inadequadas (85,7%), indisponibilidade dos equipamentos (42,9%) e incerteza sobre investimentos futuros (14,3%). da usina (Figura 58), que os AR ficam acumulados no . Enquanto isso, a usina MG 1 recebe apenas de RCC. Por sua vez, a usina SP 6 consegue reciclar nesse período, RCC e equipamentos de reciclagem.

nte a visita na usina MG 1, as fortes chuvas impediam a triagem e a reciclagem de RCC , resultando no acúmulo de grande quantidade de AR no pátio de armazenamento se que uma parte dos funcionários estava ociosa, devido à falta de planejamento para realização de outras atividades na usina. Diante disso, no período prima em áreas cobertas; (b) para fabricação de artefatos de

de reciclagem.

Pilha de AR molhado no pátio de armazenamento da usina MG 1

Distribuição/comercialização deficiente

Distribuição/comercialização deficiente/paralisada ariação da rotina operacional das usinas conforme a intensidade da chuva

O período de tempo para manutenção e a indisponibilidade dos equipamentos de reciclagem (42,9%) apresentam variações conforme a usina: “A gente já parou por 20 dias para fazer manutenção de equipamento” (G 4) e “Ficamos praticamente 90 dias parados, por conta de uma quebra no rotor do britador. Causado por quê? Por um desgaste é excessivo. Foi uma falta de conhecimento nosso com relação ao equipamento” (G 8). A paralisação da produção de AR ocasionou acúmulo de RCC, nos pátios das usinas SP 2 (Figura 61) e SP 1 (Figura 62).

Figura 61 - Pilhas de RCC, aguardando reciclagem,

na usina SP 2

Figura 62 - Crescimento de vegetação sobre pilha

de RCC na usina SP 1

Isso pode ser observado na SP 4, única usina que buscou diminuir o tempo de paralisação das atividades em virtude da falta de peças de reposição, pois segundo G 8: “Hoje nós temos um programa com uma manutenção preventiva. [...] A gente tem tudo sobressalente pra que a gente possa operar de forma contínua”. Nesse contexto, somente G 1 relatou a realização de contrato para manutenção dos equipamentos das usinas de Belo Horizonte. Durante a visita, a usina MG 2 estava com a operação suspensa (Figura 63), devido a manutenção planejada pelo gestor, realizada por técnicos especializados (Figura 64).

Figura 63 - Equipamentos de reciclagem

inoperantes na usina MG 2

Figura 64 - Realização de manutenção nos

Além da manutenção, cerca de 88,9% das usinas já trocou alguma peça ou equipamento de reciclagem, essencial a operação. De acordo com 66,7% dos gestores, as placas dos britadores e dos jogos de martelos dos moinhos são substituídas a cada trimestre ou semestre. Segundo G3 e G5, o desgaste dessas peças reduz a produtividade e a vida útil dos britadores e moinhos. Em geral, os equipamentos ou peças mais substituídos relacionam-se à reciclagem e o transporte de agregados (martelos, correias, raspadores). A substituição faz parte da rotina operacional, visto que em algumas usinas os equipamentos possuíam um período de uso superior a dez anos. Na usina móvel SP 5, os conjuntos de equipamentos de reciclagem móveis foram substituídos duas vezes, visando o aumento da produtividade.

Em algumas usinas a substituição ou troca de equipamentos de reciclagem ocorreu em função da competitividade com o mercado de AN, dentre outros fatores listados na Tabela 47. No entanto, para G 6, a aquisição de equipamentos na SP 3, ocorreu para atender a demanda do mercado, após a identificação da necessidade de um novo produto – a brita graduada simples. Tabela 47: Motivos para troca de equipamentos de reciclagem nas usinas, segundo gestores

Motivos apontados f %

Depreciação e/ou desgaste dos equipamentos 6 66,7 Aumento da demanda por AR na região 2 22,2 Demanda por AR com granulometrias diversificadas 2 22,2

Outro motivo 2 22,2

Novo sistema e/ou tecnologia para reciclagem 1 11,1

Verificou-se que as usinas SP 5 e MG 1 realizaram a expansão da calha do britador em virtude do aumento do volume da pá-carregadeira e do tamanho dos blocos destinados a reciclagem. Enquanto isso, a usina SP 6 está substituindo gradativamente todos os equipamentos, por meio de um projeto de pesquisa junto a FAPESP, para reaproveitar, nas olarias da região, o filer oriundo da lavagem da areia reciclada.

O uso de equipamentos projetados para o setor de mineração na reciclagem de RCC é comum em todas as usinas. Devido à fase inicial do mercado de AR, o desenvolvimento e a venda de equipamentos específicos para reciclagem de RCC está muito aquém do mercado de mineração, cuja cadeia produtiva encontra-se consolidada:

“O entulho tem outras características de granulometria, de absorção de água,

formato das partículas, do grão. Tudo é diferente! [...] O cara fala: ‘O meu equipamento britador produz 20 t/h’. Com o que? Com pedra britada. Aí vem com o entulho ele só produz 5. Então, os fornecedores eles estão acostumados, são gabaritados para fornecer equipamentos para mineração, mas pro resíduo às vezes você tem que fazer certas adaptações” (G 4).