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3.1 BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÃO

3.3.1 Panorama das usinas de reciclagem

3.3.1.3 Procedimentos operacionais

Nas usinas de reciclagem de RCC, a produção de AR inicia-se com a deposição das caçambas coletoras de RCC no pátio de triagem, pelas empresas transportadoras de resíduos (Figura 9). Em seguida, os RCC são espalhados em camadas (Figura 10) para triagem manual dos agentes contaminantes (vidro, madeira, aço, papel, resíduo orgânico e outros) realizada pelos funcionários da usina. Esses resíduos podem ser reciclados ou reaproveitados em outros setores da economia.

Conforme o grau de contaminação específico de cada usina (entre 5 e 10%), esses resíduos podem ser destinados, diretamente, para aterros sanitários. Dessa forma, verifica-se que a falta de gerenciamento de RCC na fonte geradora obriga a triagem de forma intensiva de RCC nas usinas, encarecendo, assim, a reciclagem. Conforme Duran; Lenihan; O’Regan (2006), caso os RCC não sejam triados na fonte geradora, as usinas deveriam cobrar uma taxa extra para seu recebimento.

Usina AN Usina AR Usina híbrida (AN + AR)

Fixa Semimóvel Móvel Fixa Semimóvel Móvel Fixa Semimóvel Móvel

Figura 9 - Deposição de RCC no pátio de triagem

da usina Proguaru, em Guarulhos

No entanto, devido à falta de conscientização dos agentes geradores e transportadores, os contaminantes, denominados por Nunes; Mahler; Valle (2005) como refugos, são coletados em grandes quantidades nas usinas brasileiras (Tabela 9). Esse procedimento é necessário visto que o teor de agentes contaminantes presentes nos AR, conforme as normas técnicas vigentes, deve ser inferior a 3% (ABNT, 2004 d,e).

Tabela 9: Percentuais de refugos coletados em usinas de reciclagem brasileiras

Municípios Situação dos pontos de coleta Rejeitos

(%)

Rio de Janeiro 42 Ecopontos implantados -

Salvador 22 Pontos de descarga de entulho (PDE) em operação -

São Paulo Previsão de implantação de 96 pontos 30

Ribeirão Preto Não possui n.d.

São José dos Campos 5 Entulhódromos para pequenos geradores 50

Piracicaba 3 em operação e previsão de implantação de mais 18 n.d.

Vinhedo Não possui 10(1)

Guarulhos 1 em operação, 4 em construção, 6 em processo de

licitação, 9 em projeto, com previsão de 24 pontos 3

Ribeirão Pires Não possui 40

São José do Rio Preto 6 em operação e previsão de implantação de mais 8 9

Belo Horizonte-Estoril 22 Unidades de recebimento de pequenos volumes em operação

15

Belo Horizonte-Pampulha 15

Londrina Não possui 10

Brasília – Aterro/ Jóquei n.d. n.d.

Brasília-Ceilândia n.d. -

Macaé Não possui 20

Fonte: Adaptado de Nunes; Mahler; Valle (2005).

Nota: (1) Possuíam dentro da central de reciclagem, cooperativa de catadores que reciclavam outros materiais

Figura 10 - Triagem de contaminantes no pátio da

Após a triagem dos agentes contaminantes, os RCC são levados pela pá carregadeira para o britador, onde ocorre a redução de seu volume inicial (Figura 11). Conforme o tipo de equipamento e a granulometria do produto final, os resíduos podem sofrer uma nova britagem para produção de partículas/grãos menores. O material obtido nesse processo é então encaminhado para um conjunto de peneiras, no qual é classificado em agregado graúdo ou miúdo (Figura 12), segundo sua granulometria.

Figura 11 - Transporte de RCC, após a triagem,

para o britador na usina Proguaru

Cabe ressaltar que grande parte das usinas brasileiras não possui um conjunto de peneiras. Dessa forma, a produção dessas unidades limita-se a agregado para pavimentação de vias. Posteriormente, os AR são transportados por correias até as pilhas de estocagem (Figura 13). Nas usinas desprovidas de peneiras, os AR do tipo bica corrida são encaminhados, diretamente, para pilhas de armazenamento.

Figura 13 - Fluxograma da produção de AR

Fonte: Adaptado de Carrijo (2005)

Figura 12 - Conjunto de peneiras vibratórias AR,

As investigações de Cunha (2007) e Melo (2011) concluem que a limitação do espaço físico dificulta o armazenamento da matéria-prima (RCC) nos pátios e a ampliação da produtividade da usina já que o fluxo de matéria-prima deve ser intermitente. Soma-se a isso, a garantia da operação constante por meio da manutenção preventiva e do estoque de peças.

No Brasil, foram realizados poucos estudos para avaliar a influência dos impactos ambientais e ocupacionais, incluindo os riscos à saúde e a segurança dos trabalhadores, em usinas de reciclagem. No entanto, de acordo com Silva (2006), os principais riscos relacionam-se à exposição ao ruído, radiação ultravioleta, intempéries, poeira contaminada com agentes tóxicos e cancerígenos e ruídos provenientes de máquinas e equipamentos.

Alfaro; Alfaro; Pereira Filho (2005) analisaram a interferência dos ruídos sobre a saúde auditiva dos funcionários e dos moradores do entorno, na usina de Piracicaba. Considerando que a máxima exposição diária permitida ao nível de 85 dB equivale a oito horas (BRASIL, 1978), os resultados obtidos pelos autores assemelham-se ao turno de trabalho das usinas. Entretanto, Alfaro; Alfaro; Pereira Filho (2005) verificaram valores superiores a esses junto à peneira vibratória, ao britador de mandíbula e o moinho de martelo.

Enquanto isso, Silva (2006) avalia o sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho (SST) e o nível exposição ocupacional a ruídos em algumas usinas públicas do Estado de São Paulo (Tabela 10), a partir do levantamento da percepção dos funcionários dessas usinas. Tabela 10: Análise da percepção ambiental dos funcionários quanto ao local de trabalho em usinas paulistas

Usinas A B C D E

Aspectos gerais

Volume reciclado diário (m³) 120 80 100 15 95

Total de funcionários 15 17 10 2 15

Efetivos 6 12 1 1 7

Terceirizados 9 5 9 1 8

Levantamento das percepções

Percepção de poeira Não Sim Sim *(1) Sim

Sistema de controle de poeira Sim Sim Não Não Sim

Carro pipa - Sim - - Sim

Instalação de água Sim - - - -

Percepção de ruído Sim Sim Sim * Sim

Sistema de controle de ruído Sim Não Não Não Não

Fonte: Adaptado de Silva (2006)

3.4 O PAPEL DOS AGENTES INTERVENIENTES NA RECICLAGEM