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Aldea do Minho, e junto ão rio deste nome à huma legoa de Melgaço no Couto

desta Provincia de Portugal e Conquistas e de suas Missões Ultramarinas 1836.

Fiães 99 Aldea do Minho, e junto ão rio deste nome à huma legoa de Melgaço no Couto

de Valadares, da Comarca de Valença [ 56 v. ] e do Arcebispado de Braga de 1381 para ca: dantes porem do Bispado de Tuy, que se estendia ate as margens do rio Lima. / S.

Maria / . = –

Dizem, que tivemos aqui um mosteiro fundado por Eremitas Augustinianos em 870; e porque se arruinou e foi abandonado dos nossos, Affonso Paes com dous Irmãos o repararão ja em tempo dos Reis Portuguezes, dotarão, e derão à Ordem de Cister. Oiçamos o Carvalho100 = “Sobre huns altos montes e ão pe d’outros mais altos está

o Convento de Fiães, fundado em tempo de Ramiro I e sua mulher D. Paterna. Foi de Monges Bentos com a invocação de S. Christovão de que se acha noticia pelos

98 Ver sobre o assunto: MATTOSO, José – Ferreira de Aves, Santa Maria. In DHGE. [Paris]. 1967, vol.

16, p. 1237-1239. Abadia beneditina feminina em Sátão (Viseu); ALVELOS, Manuel da Cunha e – O

Mosteiro de Santa Eufémia de Ferreira das Aves. Viseu 1970; RIBEIRO, Maria José Homem – Edição dos documentos medievais do cartório de Santa Eufémia de Ferreira de Aves. Lisboa, 1994. Tese mestrado

Universidade de Lisboa. MATTOSO, José – Ferreira de Aves, Santa Maria. In DHGE. [Paris]. 1967, vol. 16, p. 1237-1239. Abadia beneditina feminina em Sátão (Viseu).

99 Ver sobre o tema: MARQUES, José – O Mosteiro de Fiães: notas para a sua história. Braga 1990;

IDEM – O cartulário de Fiães foi maltratado: recensão crítica. Revista da Faculdade de Letras: história. Porto. 12 (1995) 605-614; PINTO, Luís de Magalhães Fernandes – O Mosteiro de Fiães: um românico beneditino. Estudos Regionais. 18 (1997) 7-25.

annos de 851, e hum dos primeiros que desta Ordem houve em Hespanha. Depois que passou à Cister em 1150, mudou d’invocação, chamando-se Santa Maria de Fiães”.

V. Lorvão e Rates.

Fins / S.101 / ou Felix: Couto à 3 legoas dos Arcos entre Norte e Poente unido ão Couto

de Coura da Comarca de Valença e Arcebispado de Braga. =

Hum mosteiro da Ordem tivemos aqui, diz o Purificação102, edificado em 604. Passou

ãos Cluniacenses, que o habitarão ate o reinado de D. João III pelo qual foi unido ão Collegio [ 57 ] da Companhia de Jesus de Coimbra. O P. Carvalho103 tambem o aponta,

e fundado pelos annos de 566, / não havião em Portugal Frades Bentos / com o nome de S. Fins das Frestas. Chamaselhe S. Fins, ajunta elle, d’huma Ermida de S. Felix Martyr de Girona, pouco acima do mosteiro, que nomeão S. Fins o Velho. V. Lorvão, e Cat. ano 427.

Fonte Real: Aldea à 2 legoas ão Sul d’Atouguia da Balea. = –

Nesta tivemos antigamente hum mosteiro com a invocação de N. Senhora do Desterro. Todavia diz o Purificação104, que não acha tradição sufficiente. Em 1628, sendo Provincial

e Visitador Apostolico da Provincia o P. Mestre Doutor Fr. Manoel de Lacerda, neste sitio se fundou hum Conventinho, que não existe presentemente; mas não acho escripto nem o motivo, nem o anno da ua extinção. Porem acho escripto, que he este hum dos dous Conventos com que o dito Provincial augmentou a Provincia, e nos Livros das Profissões leio muitos Frades nelle perfilhados. Pode affirmar-se, que o antigo de que falla o Purificação, e para o qual não descobriu sufficiente autoridade, estivera no mesmo sitio deste Segundo; porque na abertura dos alicerces [ 57 v. ] apareceo huma pedra com hum coração asseteado lavrado de relevo.

Funchal: V. Madeira.

Forojulio: Frejus / Forum Julium, Frejulium / Cidade antiga da França na Provença, e hoje no Depart. - du Var - à 6 legoas de Toulon. Servia de porto ãos Romanos. O aqueducto e amphitheatro mostrão ainda magnificiencia. = “Forum Julium oppidum Narbonensis

Provinciae Octavianorum Colonia, hodie Trejulium = Fuit et Carnorum sive lapidum oppidum ejusdem nominis: – Carnorum regio est totius Galliae mediae. Druidum Sedes, et ea pars Italiae, quae Timavo irrigatur, lapida dicta”. Calepino105. [ 58 ]

101 Ver COSTA, Avelino de Jesus da – A comarca eclesiástica de Valença do Minho: antecedentes da Diocese

de Vian do Castelo. In COLÓQUIO galaico-minhoto. Actas. Ponte de Lima, 1981, p. 107-108.

102 PURIFICAçÃO – Chronica. 103 COSTA – Corografia portugueza. 104 PURIFICAçÃO – Chronica.

105 Trata-se de CALEPINO, Ambrogio, 1435-1511 – autor do Dictionarium latinum e do Lexicon, com

G.

Galiza: / Galicia, Galaecia / Provincia da Hespanha, limitada ão Nord ouest pelo occeanno, ao Sul por Portugal, e ão Est pelas Asturias. Octaviano dividiu a Galiza em 3 Provincias – Tarraconense com 294 Cidades principaes, sendo Tarragona a Capital – Betica com 175 Cidades principaes, e Sevilha sua Capital – Lusitania com 45 Cidades, cuja Capital era Merida. Abrangia por tanto todo o territorio dos dous Conventos Juridicos Braga e Lugo, e a Provincia Tarraconense debaixo do nome de Galiza, sendo d’antes huma Comarca de Galegos / Callaici / acima de Braga, e tudo o mais Lusitania. Adriano separou-a da Tarraconense, e ficou sobre si; e com esta demarcação, incluindo Tralosmontes, / Callaici Braciarii / esteve ate a expulsão dos Romanos, e entrada dos Bárbaros. Novas demarcações no tempo destes: e chegarão suas balizas ate os montes de Lorvão na Provincia da Beira = “Ad Fratres, qui in ipso militant monasterio, quod

fundatum est subtus monte Lauribano in finibus Galleciae.” Doac. de Ramiro II de 933.

Ganfey106: Aldea da Comarca de Valença do Minho e do Arcebispado de Braga, / S.

Salvador / na raia defronte de Tuy. = [ 58 v. ] – O mosteiro de Ganfey, de que fiz menção

no artigo – Azere – querem alguns, escreve o P. Carvalho107, que seja fundação de S.

Martinho Dumiense, e outros de S. Fructuoso. / Quer d’hum quer d’outro não era então da Ordem de S. Bento. / Mas não ha duvida, continua elle, de que no anno 691 era ja fundado; / ainda não havião Bentos em Portugal; / porque neste anno deu para Prior do mosteiro d’Azere à Fr. Sisnando. Foi destruido por Almançor em 997, e reedificado em 1018 por D. Ganfrido, Ganfeyros ou Ganfey, Cavalleiro Francez de quem tomou o nome. / D’então para a Benedictina / Gualdiz, que foi Monge Cluniacense e aqui Abbade, e qual que era elle Ermitão. = “Donde se quiz valer a Chronica d’antiga Provincia dos Eremitas de S. Agostinho de Portugal para fazer o mosteiro originariamente desta Ordem, e Instituto.” = Não seria; mas não produzem provas convincentes do contrario, maximente para ser da Regra de S. Bento naquella epocha, e ja existente antes da perda da Hespanha. V. Lorvão e as Remiss. Em 691 sahiu de Ganfey Fr. Sisnando para Prior do mosteiro d’Azere, tem o Carvalho por induvitavel; erão portanto hum e outro do mesmo Instituto. Mas o d’Azere he do tempo de S. Martinho de Dume, e ja fundado em 567, confessa o mesmo Corografo. Ora a Religião de S. Bento [ 59 ] começou a vogar em 567, / menos nas Hespanhas que só vogou de 910 por diante, e na Reforma de Cluni primeiramente / e teve a primeira Confirmação no anno 7º do Papa Zacharias, isto he, em 749. S. Bento nasceo em 541, e morreo em 603: conceda-se embora que nascesse em 480, e finasse em 543, como quer Mabillon, não foi Ganfey originariamente do seu Instituto: pois que o mesmo Mabillon108 no § 6º da Prefação ãos Ann. Bened. tom. 1º

106 Ver o trabalho sobre época recente: ROSAS, Lúcia Maria Cardoso – As obras seiscentistas no Mosteiro

de S. Salvador de Ganfei. Revista da Faculdade de Letras. Porto 8 (1991) 319-326; SILVA, Célia Maria Taborda da – O Mosteiro de Ganfei. Lisboa Ed. Fragmentos, 1994.

107 COSTA – Corografia portugueza.

108 MABILLON, Jean, 1632-1707 – Annales Ordinis S. Benedicti occid. Monachorum patriarchae. 1730-

duvida, que no Seculo 6º estivesse estendido nas Hespanhas, e todos os Hespanhoes com Tamayo109 dizem abertamente, que da Ordem de S. Bento apenas havia noticia nas

Hespanhas no Seculo 7º. Gaya: V. Villa Nova de Gaya.

Giraldos: Povoação dependente da Villa e Concelho d’Atouguia da Balea, e huma e outra, hoje da Comarca de Torres Vedras. = –

No Cartorio da Camera d’Atouguia ha documentos de 1159, que fazem menção d’hum mosteirinho à meia legoa da dita Villa no Sitio chamado – Siraldos – e outros, que o dão permanentemente no tempo de D. Affonso IV. Ora este Monarcha reinou de 1325 à 1357. Suppoem-se ser huma das fundações ou eremitorios de Santo Ancirado, [ 59 v. ] ou dos nossos Eremitas de Penafirme, ou dos que residião por aquellas visinhanças em outros Conventos, tantas vezes obrigados, pelas frequentes incursões d’inimigos, a mudar de sitio e moradia, e a viver como d’alevanto. A fundação de Penafirme, tocante ao seu local, não he duvida à outra causa: pois das margens do Tejo junto à Santarem d’estancia, ali foi parar.

Goa110: assim chamada do Idolo Goubut, dizem: Cidade Arcebispal das Indias Orientaes

situada sobre o rio Manduá na Costa do Malavar, isto he, no meio da Costa occidental do Indostan no Paiz d’antiga Canará aquem do Ganges, n’ huma Ilha de 9 legoas de circuito, que os naturaes denominão Tissoun ou Tissoar; / 30 lugares / ão Norte separada da Provincia de Bardez por hum braço de mar, e por outro ão Sul, da Provincia de Salsete. A Cidade he grande, e notavel a rua direita de 1500 passos de comprimento, com bons edificios tanto publicos, como particulares; mas depois dos estabelecimentos Hollandezes pouco povoada. Edificada em 1479 por Maliquiocem Mahomet, Rey d’Onor, e conquistada e tomada por Affonso de Albuquerque em 25 de Novembro de 1510. Tem 9 Parochias, cujos Oragos ignoro: a [ 60 ] Cathedral he da invocação de S. Catharina, em honra do dia 25 de Novembro: Sée Episcopal por Paulo III em 1534, e D. Francisco de Mello. Seu primeiro Bispo, nomeado por D. João III; mas assaltado da morte não chegou a tomar posse. Metropoli, à instancia d’El Rey D. Sebastião, por Paulo IV em 1557, tendo por Suffraganeos os Bispados de S. Thome, Malaca, cuja Sede se transferio à Timor, Macao, Nankim e Cochim à cujos Bispos he concedida por Bulla de Gregorio XIII de 1572 o Governo do Arcebispado de Goa em tempo da Sée vaga, para onde devem passar-se deixando Governador na sua Igreja. O primeiro Arcebispo foi D. Gaspar de Leão. Celebrarão-se nesta Cidade 4 Concilios: o primeiro congregado

109 TAMAYO DE VARGAS, Tomás, 1588-1641 - Historia general de España del P. D. Iuan de Mariana

defendida por el doctor Don Thomas Tamaio de Vargas contra las advertencias de Pedro Mantuano.

En Toledo: por Diego Rodriguez, 1616.

110 Ver CATÃO, Francisco Xavier Gomes - Crucifixo milagroso do Real Mosteiro de Santa Mónica. Boletim

Eclesiástico da Arquidiocese de Goa. 21 (1962) 196-203; 245-250; 277-292. HERÉDIA, Manuel Godinho

de, 1558?-1623 – Historia de serviços com martírio de Luis Monteiro Coutinho [1527-1588] [Manuscrito] Goa 1615. 30 f.

em 1567 e presidido pelo Bispo D. Jorge de Themado, o qual Concilio approvou Pio V em Bulla do 1º de Janeiro de 1570 – Certiones facti – e foi tresladado do Latim em linguagem, e impresso em 1568 em casa de João de Edem111. Logo depois o 2º em 1575,

e o 3º à 9 de Junho de 1581, junto na Cathedral e convocado, e presidido por D. João Vicente de Fonseca, Arcebispo Primaz da India. Convocou o 4º, e nelle presidiu, o Snr D. Fr. Aleixo de Menezes antes de partir para [ 60 v. ] a visita da Serra do Malavar. Todos sobre os meios de augmentar e manter as conversões dos Mouros e Gentios, e prover de Pastores aquella Christandade espalhada por tamanha extensão de terreno112.

– Congregação da India –

Nos, he verdade, que não fomos os primeiros Missionarios da India. Esta primazia pertence ãos Religiosos [ 61 ] de S. Francisco, que la pregarao o Evangelho em 1518. Seguirão-se os Jesuitas em 1541, e os Dominicanos em 1548. Mas desamparando elles o campo, principalmente no reino d’Ormuz, paiz doentio, e onde por isso a morte os arrebatava primeiro que chegassem a colher fruto sazonado dos seus trabalhos Apostolicos, nos os fomos substituir no mesmo campo, e lavoira. Condoido El Rey D. Sebastião do desamparo daquella Christandade propos tamanha desgraça ao Snr. Fr. Agostinho de Jesus, então Provincial desta Provincia. Em consequencia desta insinuação e lastima d’El Rey, na Congregação Interm., tida em Santarem e composta delle Provincial, e o P. Fr. Pedro de Villa Viçosa, Prior da Graça, e o P. Mestre Fr. Sebastião Toscano, Prior de Coimbra, e o P. Fr. Dionisio de S. Miguel Prior d’Arronches, e o Padre Fr. Antonio da Paixão, com os Diffinidores, se consultou e decidiu este negocio, e = “se determinarão

e ordenarão as cousas necessarias para a nova instituição e fundação da nossa Religião na India, que por mandado d’El Rey D. Sebastião N. S. este Março que embora vem de 1572, se vai desta Provincia começar”. = O Capitulo Interm. he de 26 de Outubro

de 1571. [ 61 v. ] Logo se offerecerão, impavidos ão Clima e à morte, 12 Religiosos para Ormuz, com proposito de fundar aqui, como fundarão, hum Seminario d’homens espirituaes, donde sahirão dous à dous à pregar o Evangelho de Christo em qualquer parte, que lhes dessem entrada, e os recebessem. Devem passar à posteridade os nomes destes 12 primeiros Apostolos, que mandou à India a minha Religião Eremitica. E são elles: – O P. Fr. Antonio da Paixão por Vigario Provincial, o P. Fr. Pedro da Conceição, o P. Fr. Manuel dos Reys, o P. Fr. Domingos da Piedade, o P. Fr. Luiz de S. Maria, o P. Fr. Simão de Jesus, para Prior de Goa, o P. Fr. Jorge de S. Maria ou Gueimado, o P. Fr.

111 Trata-se do impressor alemão João de Endem, activo em Goa entre 1561 e 1573.

112 V Com os cuidados desvelados destas Assembleas, porque não faltassem Ministros e doutrina àquellas

Christandades, que tantos trabalhos e tanto suor e sangue custarão ãos nossos Missionnarios, muitas despezas ate a Coroa, confrontem os Portuguezes a indicação; que acaba de fazer o seu Governo Const. para que na India haja hum só Bispo! E porque o S. P. Gregorio XVI acudiu vigilante com a nomeação d’alguns Bispos, prevenindo o abandono total e funesto daquellas Igrejas e Christãos, chama-se à isto –

Insolencia da Corte de Roma!! He contra a Religião, ou não he? “Totum quod sumus nituntur evertere”.

= Pelo menos (direi com hum Escriptor do tempo) destes factos / da protecção, que todos os Governos Europeos prestão na Asia à Religião Catholica: e seus Ministros / se induz a ignorancia do Governo nas suas projectadas economias, e o quanto se afasta dos interesses da Nação em vez de os promover” etc.

Simão da Conceição, alias de Moraes para Prior d’Ormuz, o P. Fr. Anselmo do Paraizo, o P. Fr. João da Graça, o P. Fr. João de S. Monica, e o Irm. Leigo Fr. Manoel de S. Pedro. O M. Reverendo P. Provincial Fr. Agostinho de Jesus deu-lhes seu Regimento, que foi lido em 16 de Março de 1572 à elles Missionarios juntos no Capitulo; e ahi disserão: = “que de sua propria vontade renunciavão todo o direito, que tinhão para eleger do

modo e forma, que nesta Provincia costumão, e que se sujeitavão à tudo o que de ca lhe fosse mandado, [ 62 ] e ordenado; e bem assim renunciavão qualquer licença e isenção que tivessem do Papa, ou Geral, ou de qualquer outro Superior, que os libertasse das Leys e commum regimento desta Provincia: e que promettião, que de quanto na India estivessem não procurarião nenhuma destas licenças, nem as aceitarião ainda que lhas mandassem, nem usarião delas publica nem secretamente e querião e erão contentes, que se o contrario fizessem, fossem castigados por desobedientes e fementidos”. = E

porque isto assi se passou na verdade, elles todos 12 assinavão e assi o fizerão no mesmo dia e anno. O Snr D. Sebastião deu todo o auxilio, socorros e meios para a execução desta grande obra, que elle anciosamente procurou. Consta dos Alvarás e Cartas ãos Vice-Reys e Capitães do Oriente, transcriptas no Livr. Gr. do Reg. à fol. 271 verso, e seguintes. Não as tenho copiadas.

Postos em Ormuz, aonde se dirigirão, não só pela razão apontada, senão tambem por melhor paragem para abrir as Missões da Persia e Arabia, como logo convinha, com despesas Reaes fundarão aqui o primeiro Convento, que tivemos no Oriente, que chegou a conter e sustentar 20 Religiosos de familia. Porem como não podessem [ 62 v. ] subsistir sem os Socorros do Rey e do reino, por então, e estes só da Capital daquelles Estados podião vir regularmente, edificarão em Goa hum grande Convento da invocação de N. Senhora da Graça, para lhes servir como de centro e ponto de reunião daquellas Missões, que se estenderão por mais de 600 legoas para o Norte e Estreito d’Ormuz, ou Sino Persico. E para mutua correspondencia e auxilio das mesmas, e utilidade dos povos fundârão-se outros em differentes paragens destas vastissimas Regiões, como nesta Geografia se verá em seus lugares respectivos.

O da Graça de Goa foi principiado pelo Ven. P. Fr. Antonio da Paixão, Vigario Provincial da India; mas concorreo muito para o seu acabamento e perfeição o Snr D. Fr. Aleixo de Menezes. Este grande homem, não satisfeito com isto, fundou junto ão Convento hum Collegio de Estudos regulares, para educação dos Missionarios, e na mesma Ilha hum Seminario com ensino de primeiras Lettras, e de Musica. Ouçamolo à elle mesmo acerca destas fundações e seu resultado, na carta, que escreveo da India para a Provincia hum anno antes do seu [ 63 ] regresso ão reino. = “A nossa Ordem ca esta hoje melhor

olhada, que todas: com o Collegio, que ordenamos, cresceo em Letras, e pregação. Nestes dous pontos estamos muy acreditados, e, o que mais he, em observancia e recolhimento. Os mosteiros todos tem o necessario, sustentão os Frades com muita largueza, e fazem suas obras com que todos se vão acabando com perfeição. O Convento e Collegio desta Cidade são das melhores Casas que nella há; e o Noviciado he o melhor, que eu vi na Ordem: e posto que custou 6 mil pardáos / 1800$ à 300 r cada hum / dêra eu outros tantos pelo ver no estado, em que está. As empresas, que temos, são das mais honrosas, e avultadas da India: agora vai outra vez para a Persia o P. Fr. Belchior dos Anjos

para com outro Companheiro andarem sempre em Companhia do Xa, e para isso veio nomeado nas instruções do Estado por S. Magestade.113 =

Com effeito de Goa sahião Missões para a Costa dos reinos de Melinde e Mombaça, e para as Ilhas de Zanguebar, Pate e Empaya, em cada huma das quaes terras residião pelo menos dous Religiosos continuos. Caminhando ão Sul [ 63 v. ] tinhamos no reino e Cidade de Cochim Convento com o Curato da Christandade de Vaypim, e outro na Cidade de Meliapour. Na ilha de Ceylam o famoso Convento de Columbo com o governo espiritual primeiramente de 5 e logo de 13 Vigairarias à que subirão, abrangendo mais de 30 legoas de terreno. Nos reinos de Bengala, e Sinde, e no Gr. Mogol as residencias de Siripur, Orixà, e Arracan, que occupavão 14 Religiosos, alem dos Parochos e Vigario da Vara no reino de Sinde. Dos 12 Religiosos acima nomeados partiu para a Persia o Ven. Fr. Simão de Moraes, que foi bem recebido do Rey e Grandes do Imperio, e principiou a Missão com prosperos auspicios; mas por ora não pode fundar, reservando-se esta gloria para o incomparavel Varão Apostolico Fr. Jeronimo da Cruz, como digo no Diccionário. Entre Bassorá e Ormuz fica a Christandade de S. João / Scismatica / estendida pelas terras do Turco e do Persa, e principalmente nas do Rey de Bombareca, Arabe de Nação. Ficou esta Christandade subordinada ão Convento de Bassorá, cujos Religiosos são os seus Pastores e Padres espirituaes, depois que os P. P. Fr. Mathias do Espirito [ 64 ] Santo Inglez, e Fr. Francisco da Presentação, Indiano, e arrezoado Theologo, como lhe chama o Snr Aleixo que la os mandou, a encaminharão e reduzirão à unidade catholica por meio d’huma Profissão publica da Fe, segunda a norma, que lhes deu por escripto em lingua Caldea o dito Snr Aleixo de Menezes.

Daqui finalmente, para arrematarmos este bosquejo, penetramos o Japão e a China, fazendo nestes dilatados imperios inumeraveis conversões, e selando muitos com o seu sangue a verdade do Evangelho, como dirá o Diccionnario que relata os nomes e acções gloriosas dos que a Caridade Christã, e nada mais, levou à tamanhas empresas: empresas

com effeito das mais honrosas e avultadas: Em Mação, no Convento que nos ficou dos

Hespanhoes, residião os P. P., que entendião nas Missões do Paiz.

Segue-se a fundação do em tudo grande e magnifico convento de Freiras da Ordem, intitulado de S. Monica, com casa destinada para educar Meninas em todas as prendas proprias do seu sexo. Nesta obra pos o Snr D. Fr. Aleixo, seu fundador, todo o esmero, para que ficasse grande espiritual e temporalmente como ficou. D. [ 64 v. ] Philippa Ferreira, e sua filha D. Maria de Sá, e depois de Professas, aquella Sor Philippa da Trindade, esta Sor Maria do Espirito Santo, tiradas do Recolhimento da Serra, forão às fundadoras, e as primeiras pedras vivas deste Edificio. Entrarão no Convento, ainda po acabar, na Dom.a infra oitava da Festividade do N. Padre do anno de 1606, e veio a concluirse em 1612 ainda em vida da Ven. Sor Phillipa da Trindade. O Snr. D. Fr. Aleixo lhe deu Estatutos, pela maior parte tirados das nossas Constituições accomodadamente ão Sexo feminino, os quaes forão confirmados por Paulo V em Breve de 27 de Novembro de 1613 = Ut ea, quae pro Religione =

Tem Goa mais, e do mesmo Autor, Convento para Convertidas e Penitentes, vestidas do nosso habito, e com a nossa Regra. Mas à respeito d’hum e outro tornemos à ouvir o seu fundador. = “No mosteiro das Freiras recolhem muitas pessoas nobres

suas filhas, que foi grande remedio deste Estado: porque como todas havião de casar, e todas não podia ser bem, havia muitas perdidas e casamentos de mil affrontas, e as que querião servir a nosso Senhor não tinham aonde. E como Deos sempre nos