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desta Provincia de Portugal e Conquistas e de suas Missões Ultramarinas 1836.

Aguias 11 S Amaro/ Freguezia do Isento do mosteiro de S Pedro das Aguias na Comarca

de Trancozo, e Concelho de Paradela; sitio montanhoso, em cujos limites corre o rio Tavora.=

He aqui o mosteiro de S. Pedro das Aguias da Ordem de S. Bernardo; mas foi antigamente nosso, não obstante a omissão do Catalogo e do Exame das Antiguidades. O Livro 5º

8 BRANDÃO, António, 1584-1637 – Quarta parte da Monarquia Lusitana. Lisboa: Pedro Crasbeeck,

1632.

9 Santa Maria dos Açores – Celorico da Beira. As pinturas são atribuídas a Frei Carlos. 10 PURIFICAçÃO – Chronica.

11 Ver IGREJA de S. Pedro das Águias, (Boletim da Direcção Geral dos Edificios e Monumentos Nacionais,

n. 75). Porto, 1954 ; COCHERIL, Maur – Routier des abbayes cisterciennes du Portugal. Nouvelle

ed., Paris, 1986, p.109-118 ; CARRILO LISTA, Maria del Pilar – Una iglesia anexionada al Cister en Portugal : São Pedro das Águias. In CONGRESSO internacional sobre el Cister en Galicia y Portugal, 2 – Actas. Vol 3 Orense 1998, p.1187-1196.

d’Alem Doiro à fol. 88, citado por Lousada, falla em Pandulfo. Eremita de S. Pedro

das Aguias em 987. He sabido, que pelo Capitulo 1º da Regra de S. Bento, não compete

aos seus Frades o nome d’Eremitas, e que lhe he defeso. Fr. Bernardo de Brito attribuiu a fundação deste mosteiro à D. Pedro Ramires e D. João Ramires, descendentes de D. Thedon, e D. Rausendo. Porem Fr. Joaquim de S. Rosa de Viterbo, citado pelo nosso Fr. Joaquim de S. Agostinho, hoje Abbade de Lustosa, vio em 1790 no archivo daquelle mosteiro hum manuscrito do mesmo tempo, em que se publicou a Chronica de Cister, da qual se prova evidentemente ser o mosteiro muito mais antigo, e que em 1065 ainda o Conde D. Henrique não estava em Portugal. V. Catalogo anno 427 Escol. [ 6v. ] Alcacer do Sal. / Salacia, Urbs Imperatoria, por Augusto Cesar e Municipio / Villa maritima do Alemtejo da Comarca de Setubal, donde dista 7 legoas ao Suest, e 9 ão Ouest d’Evora, a cujo Arcebispado pertence. / S. Maria, S. Tiago./ Foi Cidade Episcopal, e o seu primeiro Bispo S. Januario M. que assina no Concilio Eliberitano do anno de 300. Fica junto do rio Sado, fundado 30 annos antes da Era V. com o nome de Salacia, e os Mouros lhe chamavão – Alcacer de Salaria –. Porem Argote pretende mostrar com o Itenerario d’Antonino, que Salacia he Salamonde à 5 legoas de Braga. D. Affonso Henriques a conquistou aos Mouros em 1158, e perdida foi reconquistada por D. Affonso II por industria e arte de D. Soeiro, Bispo de Lisboa, com a ajuda dos Cruzados. Hororosa [sic] e mortifera foi esta conquista; Tem Misericordia e Hospital de Peregrinos, e assenta em Cortes no Banco 6º. He a patria de Pedro Nunes, o Mathematico de major nome, que teve Portugal, e toda a Hespanha no Seculo 16.

N’huma pedra, que se conservou no Convento de S. Antonio desta Villa, vê-se o Lettreiro seguinte: e, por não haver outros Frades em Portugal naquella [ 7 ] Epocha, e naquella Provincia, tem o Purificação12 para si ser Eremita da Ordem o Sugeito de

que se trata:

Sentico: Famulus Dei. Cog- Namento. D. Domum. Pater- No. Frahens. Linea Getarum. Huic. Rudi. Tumulo. Iacens Gui. Hoc Seculo XII. Comple Verat. Lustros. Dignum De 0 In. Pace. Commendavit. Spi- Ritum. Sub D. Kal. Augustas. Era DCLX. Tibi Detur Pax A Deo. – A+V.

Quer dizer: Aqui nesta grosseira Sepultura está enterrado o Servo de Deos Sentico por sobrenome Decio; cuja Casa e descendencia por via de Seu pae vinha dos Godos; e viveo neste mundo 78 lustros / 60 anos / e deu dignamente a Deus seu espirito em paz

ãos 5 das Calendas d’Agosto da Era de 660. / 28 de Julho de 622 / Seja-lhe dada a paz de Deos. V. Catalogo Anno 398.

Aldea Galega de Ribatejo. Villa e Cabeça de Concelho na Extremadura. Sobre a margem esquerda do Tejo da Comarca de [ 7 v. ] Setubal e do Patriarchado. / Espirito

Santo; mas a Igreja de S. Sebastião foi a primeira Matriz / Deu-lhe foral D. Manoel em

1514. De Lisboa 3 legoas rio. =

Aqui logo à entrada da Villa ao desembarcar tem o Convento de Lisboa huma Quinta com Capella publica da invocação de N. S. da Graça.

Ampazo ou Empaya: Ilha ão Norte de Melinde sobre a Costa de Zanguebar, e Ampaza he a Cidade Capital. A Christiandade deste pequeno paiz he pastoreada por 2 Religiosos da Ordem, / Subordinados ão Prior do Convento de Mombaça. V. Mombaça.

Angamala: / Angamala / Cidade d’Asia no reino do Malavar; n’ outro tempo Episcopal, chamada-a Sée ou Igreja d’Angamala ou da Serra, no Século 16; mas transferiu-se para Cranganor, erecta em Titulo d’Arcebispado por Paulo V em 1605. A Cathedral desta Cidade de Angamala era dedicada à Hermusio Abbade Nestoriano, à quem os Malavares chamavão Santo Hermusio. O Snr D. Fr. Aleixo de Menezes, em visita, consagrou-a com dedicação à S. Hormisdas Matir da Persia.

Angola: / Angola / Reino d’Africa no Congo entre [ 8 ] os rios Danda e Coanza. Terra fertilissima cuja capital he S. Paulo de Loanda / V. Congo / O Bispado de S. Cruz d’Angola foi desmembrado do de S. Thomé, e erecto em 1596 por Clemente VIII. Angra: / Angra / Cidade maritima, e Capital da Ilha 3ª e das dos Açores, no Occeano Atlantico, elevada à cathegoria de Cidade por D. João III em 22 d’Agosto de 1533, e à instancia do mesmo erecta em Sée Episcopal, com o Titulo de S. Salvador por Paulo III em 3 de Novembro de 1534. Abrange a sua Jurisdição as 9 Ilhas dos Açores, d’antes governadas no espiritual pela Ordem Militar de Christo.=

Nesta Cidade temos hum Convento da invocação de N. Senhora da Graça. Foi fundado e dotado pelo Reverendo P. Mestre Fr. Antonio Varojão, e recebido e incorporado nesta Provincia no Capitulo celebrado em Santarem no anno de 1584: “E commettemos, dizem

os P. P. do Capitulo, ão M. R. P. Provincial / P. Mestre Fr. Dionisio de Jesus / que com o conselho dos P. P. do Capitulo privado faça com o dito Padre todos os Contratos e Escripturas necessárias e rogamos-lhe muito tenha muita conta com sua quietação e consolação, e ão dito Padre liberalmente lhe [ 8 v. ] concedemos e outorgamos, que em vida e em morte seja participante de todos os nossos benificios espirituais como qualquer Religioso filho desta Provincia”–

Outro Convento na mesma Ilha da invocação de S. Thomaz de Villa Nova, da sua situação chamado o Convento da Praia. No Livro grande em supplemento ão Catalogo dos Conventos feito pelo Snr. D. Fr. Agostinho de Castro, vem este descripto differente-

mente: = “Conventus S. Monicae dictus de Littere in Insula Tertia” = ou erra ou mudou d’invocação, o que não pude averiguar.

Arga13: Serra d’Arga. / Argua Calpe / Serra elevada na Provincia do Minho na Comarca

de Valença, que estende huma ponta, que vem fazer rosto ão mar sobre Viana. Chamou-lhe Ptolomeu Promontorio Avaro; e os nomes de Calpe e Argua tem-se em Avieno, citado por Fr. Luiz de Sousa14 = “Hesperia Oceano: Tyde hinc atque Argua-Calpe.” = e no

pergaminho da Torre do Tombo em Latim barbaro, que trata da fundação do Convento de S. Salvador da Torre, adduzido pelo mesmo Souza: = “Ecclesia Santi Salvatoris in

ripa Limiae sub Alpe Tarragii, et Arra.” = Sobre esta Serra tivemos, dizem os nossos,

o mosteiro de S. [ 9 ] João Baptista. Oiçamos o P. Carvalho na Corografia acerca deste mosteiro: “Entre as matas e brenhas da Serra fundarão os Bentos hum mosteiro – O

tempo certo, em que teve principio, não se sabe. Alguns entendem que no reinado de Sisibulo; outros que he fundação de S. Fructuoso então não he Benedictino. / Podemos conjecturar que se acabou em 661, por se achar esta Era na padieira da porta da Igreja de S. João Baptista, que vem à ser o anno 623 de Christo.”15 / Neste seculo apenas havia

em Portugal e Hespanha noticia dos Benedictinos./

Que por esta montanha vivessem muitos Monges Santos divididos fazendo vida penitente, e que por ali estão sepultados, não ha duvida: do que tomou o povo chamar-lhe sagrada. Conservava-se mosteiro nesta Serra em 1346; mas não sei de que Instituto; com muita probabilidade de S. Bento.” =

Arrabida: Serra da Estremadura entre Setubal e Cezimbra, estendida de Nordeste à Sudoeste desde a Freguezia da Ajuda ate o cabo d’Espichel.

= Montes Barbarios = Na ladeira desta Serra, que olha ao mar, tivemos hum Convento da invocação de N. S. d’Arrabida, edificado em 1220, no reinado de D. Afonso II, por Fr. [ 9v. ] Haildebran, Eremita Augustiniano Inglez. Vinha elle por Capellão d’huma nau mercantil com um D. Bartholomeu, cuja era a nau. Attribuindo à milagre de N. Senhora, à quem se socorrêrão em perigo de naufrágio, o escaparem vivos na costa d’Arrabida, grato à esta merce o dito Fr. Haidebran aqui lhe edificou huma Ermida com liçença do Bispo de Lisboa, que naquelle tempo era D. Soeiro Viegas, e junto hum pequeno aposento para elle D. Bartholomeu, que se quiz ficar em sua companhia no serviço da Ermida, e culto da Senhora, que os salvara. O bom cheiro da boa vida em Christo destes dous Ermitães attrahiu outros à si. Então Haildebran formou hum mosteiro da Ordem de S. Agostinho, à qual pertencia, nas mesmas pequenas Casas, que tinha feito pegadas à Ermida. Tudo consultou, e concertou com o Bispo Soeiro, que aprovou o projecto, e o favoreceo: ficando D. Bartholomeu Prior do mosteiro reservando elle Haildebran para si, como fundador, certa jurisdição sobre o mosteiro e sua vida.

13 Mosteiro de S. João de Arga, em Arga de Baixo, Caminha.

14 SOUSA, Luís de, 1555-1632. OP; CÁCEGAS, Luís de, 1540-1610, O.P - Vida de Dom Frei Bartolameu

dos martyres. Vianna: Niculao Carvalho, 1619.

15 COSTA, António Carvalho da, 1650-1715 – Corografia portugueza e descripçam topográfica do famoso

Tal he a origem do nosso antigo Convento d’Arrabida. Consta d’huma Escriptura em forma authentica do [ 10 ] Cartorio da Sée de Lisboa lançada no Livro Iº dos privilégios e Contratos da dita Sée à fol. 78, cujo original em pergaminho se conserva no mesmo Cartório, e tem nas costas: = Pro monasterio Eremitarum de Rabida = Estando arruinado em tempo de D. João III, os nossos o desampararão, faltos de meios para o reedificar, como eu creio, ou por outro motivo qualquer. Então o Duque d’Aveiro D. João de Lencastre, irmão do nosso Fr. Antonio de S. Maria, que foi Provincial e depois Bispo de Leiria, o reparou, e deu à Fr. Martinho de S. Maria, Religioso Capucho de S. Francisco, que nelle se metteo em 1542”.

Arracan: / Arracanum / Cidade do reino do mesmo nome na Peninsula Oriental das Indias, e huma das 3 partes, em que dividem as Indias Orientaes, à 60 legoas da embocadura do Ganges, e limitada ão Sul pelo Reino de Bengala. A Rey d’Arracan se attribue a qualidade de Rey do Elefante branco – Foi conquistado pelo Birmans do reino d’Ava, e por isso hoje Arracan e Ava formão hum so reino. A Cidade Capital está sobre o rio Arracan, ou Aracan. =

Nesta tivemos hum Convento ou Residencia para [ 10 v. ] os Religiosos, que fazião as Missões nestas paragens nas quaes Missões com as Residencias de Siripur e Orixâ se occupavão continuamente 14 frades.

Arronches / Arunci, Plagiaria / Villa e Cabeça de Concelho no Alemtejo, da Comarca e Bispado de Portalegre, donde dista 4 legoas S. E., / N. S. d’Assumpção / perto do rio Caja, e sobre a ribeira chamada d’Arronches. He murada com hum antigo Castello, e foi Praça d’armas. Fundada, dizem, pelos moradores d’Aroche, Villa d’Andaluzia, no império de Caio Caligula. D. Affonso I a tomou aos Mouros, e retomada por estes foi restaurada enfim por D. Sancho II, que a doou em 1236 à Santa Cruz de Coimbra, mas incorporada na Coroa. Misericordia, Hospital e Titulo de Marquezado, e assento em Cortes no B. 9. De Lisboa 28 legoas. Sobre os nomes desta Villa cantou Braz Garcia no Viriato Tragico16:

Chega à d’Arandiz, a que antigamente Foi também Plagiaria nomeada: Hoje d’ambos os nomes esquecida Por Arronches somente he conhecida. =

– Convento de N. S. da Luz d’Arronches. –

Por diligencias do Ven. Padre Fr. Hilario de Portalegre, [ 11 ] alias de Jesus, começou-se a fundar em 1570. El Rey D. Sebastião deu Carta para o Bispo de Portalegre, a fim de favorecer, e coadjuvar a fundação. Em consequencia desta mandou o Bispo ão Vigario da Villa, que entregasse ãos Religiosos de S. Agostinho a Igreja de N. Senhora da Luz com tudo que lhe pertencia; e de tudo tomou posse em 21 de Janeiro de 1570 o Ex

16 Trata-se de MASCARENHAS, Brás Garcia de, 1595-1656 – Viriato trágico em poema heróico. Coimbra:

Provincial Fr. Diogo de S. Maria, que foi o primeiro Prior deste Convento. Com tudo, por não bastar o mandado do Bispo de Portalegre para firmeza desta acquisição, e posse, por causa dos bens da Capella de Diogo Vicente Brasso, instituida naquella Igreja antes de se dar ãos Religiosos, tomou o Convento nova posse de tudo em 31 de Majo de 1571, em virtude d’huma Provisão d’El Rey, passado no mesmo anno. Tambem a Camera da Villa fez doação ão Convento do Terreno, que do mesmo desce ate à ribeira. As obras durarão 4 anos, e no entanto agasalharão-se dentro do Castello o

Ex Provincial e Companheiro, donde se passarão, concluidas ellas para o Convento em 20 de Majo de 1574. Tinha este Auto publico de primeiras Lettras. V. Braga. [ 11 v. ] Arruda dos Vinhos: / Rutha / Villa e Cabeça de Concelho na Extremadura, e da Comarca de Ribatejo, / Torres Vedras / e do Pathriarchado. / N. Senhora da Salvação / De Lisboa 6 legoas = Junto à esta Villa tivemos hum Conventinho, fundado em 1160, segundo o Catalogo antigo da Ordem = “Ab hoc tempore / 1160 / prope Rutham versus Orientem,

Eremitorium Ordinis.” Talvez fosse o sitio meia legoas acima da Villa, aonde de tempos

immemoriaes chamão o Casal de S. Agostinho.

Aspão, Ispaham / Aspahamum / Grande Cidade no Irak Adjemi sobre o rio Zenderouth e outrora Capital de toda a Persia, à 100 legoas Noroeste de Bassorà. Digo outrora pela autoridade do moderno Vosgien à quem segue o Snr. Sacrafamilia17 no seu Compendio

Geogr. - Chronol. os quaes escrevem, que Teheran ou Tekaren he presentemente a Capital da Persia. Porem devo advertir, que a Geografia moderna e universal de La Croix18 da

edição de 1800 por Victor Comeiras diz positivamente ser Ispahan a Capital de toda a Persia, e tambem o Atlas de Bertholon da edic. de 180419 affirma o mesmo: só se a

mudança se fez de 1804 à 1823, em que foi impresso [ 12 ] dito Dicc. de Vosgien20, que

o de 1783 traz Ispahan igualmente

17 Refere-se a ECHARD, Laurent, 1670-1730; VOSGIEN, Mons, 1709-1765, trad. – Dictionnaire geographique

portatif. Bruxelles: Benoit le Franco, 1783. 2 vol. Tem variadíssimas edições; SACRA FAMILIA, José

[TAVARES, José da Silva] – Lições elementares de geographia e chronologia, com seu atlas apropriado. Coimbra: Na Impr. da Universidade, 1830.

18 Refere-se a LA CROIX, Nicolle de, 1704-1760 – Géographie moderne et universelle. Nouvelle ed. par

Victor Comeiras. Paris: Chez B. V. Picquet, 1800. 2 vol.

19 Deve referir-se a La Nature consideree sous ses Differens Aspects, ou, Journal d’Histoire Naturelle,

contenant tout ce qui rapport a la Science... avec des planches... Par une Societe de gens de lettres,

et mis en ordre par M. l’Abbe Bertholon... et par M. Boyer. Tome premier (-neuvieme). A Paris: chez Perisse, Libraire, Pont St. Michel, au Soleil d’or, 1787-1789.

Em 1597, sendo Provincial Fr. Antonio de S. Maria, embarcou para a India o V. P. Fr. Jeronimo da Cruz com o Reverendo P. Mestre Fr. Antonio de Gouvea, e outros 4 Religiosos. Em 1601, estando para partir de Goa para a Missão de Bengala o dito Fr. Jeronimo, eis que foi nomeado pelo R. D. Fr. Aleixo de Menezes para Embaixador à Persia, e por companheiros da Embaixada, o P. M. Gouvea, Lente de Prima em Goa, e o P. Fr. Christovão do Espirito Santo.

Cahiu-nos em casa esta nomeação, para a qual houve insinuação regia, alem disto por serem os nossos já conhecidos e bem aceitos ao Rey da Persia do tempo da P. Fr. Simão de Moraes, que lá estivêra. Sahirão de Goa para Ormuz em Fevereiro de 1602, e daqui tomarão o caminho da Persia. Chegados ao reino de Corocone, onde em Maxet se achava o Rey e a Corte, ahi lhe fallarão. Foi bem recebida e com muito agrado e prazer a sua visita; e visita foi ella, que durou de 5 à 6 horas. O Rey brindou os Embaixadores com banquete lauto, no qual disse em voz alta: / Sendo muitos os convidados de todas as Ierarchias /: = “Mais estimo eu os pes destes Padres, do que as Mesquitas, e orações

de todos os Turcos do mundo”. = [ 12v. ] Daqui acompanharão a Corte, que abalou de

Maxet passados dias, e sempre tratados com distinção, e por vezes comerão com o Rey sos por sos. Na entrada de Ispahan, tendo-se os nossos atrasado por fugirem à publicidade de tantos obsequios e cortejos, o Rey os mandou adiantar, para com elle e apar delle entrarem na Capital. Nesta forão aposentados junto ãos paços do Rey, promettendo este todo o favor à Fr. Jeronimo, à quem sempre tratou por pae. Deu-lhe licença, por ora, de transformar em Igreja as Casas em que moravão. = “Entretanto nessas Casas em que estais,

fazei Igreja com vossos Sinos, e concertai-as como quiserdes e eu mandarei Officiaes para que fação tudo o que lhe mandardes à minha custa... e quero que escrevais logo ão Papa, que me prezo muito de o ter por Pae, e a vosso Rey d’Hespanha D. Philippe, que o estimo como irmão mais velho”. =

Tal a origem do nosso Convento d’Ispahan, dedicado à N. S. d’Assumpção, do qual faziamos guerra à Gentilidade, ão Judaismo, à Seita Mahometa, ãos Scismas-Heresias da Babylonia. Basta dizer o assignalado triunfo, que a Fé Christã solemnizou nesta famosa [ 13 ] Casa no fausto dia 12 de Mayo de 1607 depois de reduzidos à unidade Catholica e obediencia do Vigario de J. Christo na terra, o Patriarcha David com 6 Bispos Scismáticos, e todas as dioceses, Parochos e Parochianos deste Pathriarcado. David fez por todos a Profissão publica da Fé Catholica nas mãos do Ven. P. Fr. Diogo de Sant’ Anna, como Prior actual, que era do Convento. He este situado no bairro – Osemma, – / bairro Santo / e são seus filiaes, os Conventos de Bassorá, Xiraz, e Lara. Estabeleceu-lhe o Rey 100 tumões de renda annual / 1.200$000, à 12$00 tumão / v. Goa e no Dicc. Jeronimo da Cruz, e Aleixo de Menezes.

Atouguia da Balea, antigamente Tauria: Villa e Cabeça Concelho na Estremadura e da Comarca de Leiria, mas do Patriarcado / S. Leonardo / Situada à meia legoa de Peniche, para o Nascente, em lugar alto com seu Castello. Foi povoada em 1165 por Guilherme de Lacorné e seu irmão Roberto de Lacorné fidalgos Francezes, que ajudarão D. Affonso Henriques na conquista de Lisboa, donde dista 13 legoas. Deu-lhe foral D. Sancho I. Misericordia, Hospital, e assento em Cortes no B. 16, Titulo de Condado. =

Perto desta Villa entre o mar e a Serra, que chamão da pescaria, tivemos hum mosteiro do Orago de S. [ 13v ] Julião. Julga o Snr. Aleixo ser fundação de S. Ancirado em 850, porem o P. Mestre Marques21 o data alguns annos mais adiante, e pelos Eremitas de

Penafirme, distante a S. daquelle sitio, pouco mais de 5 legoas; e o Purificação22, com

qual vai o Natividade23, diz ter achado nas mem. da Provincia, que era ja edificado em

800. Tinha sido a Igreja deste Convento hum templo dedicado a Neptuno, como se colhe d’alguns Lettreiros abertos nas paredes da mesma: e n’ huma pedra solta, que se achou entre o mato por detrás da Igreja, lemos o seguinte: =

Nept. Sacr.

H. Sacet. D. D. D. Jun. Brut. Cos. ob. Bel. F. Gestum. Advori. Eboro

Bric. Et. Mont. Auxiliares. Ser Vat. G. Mil. In. Ultimis. Fer. Oris. =

Templo consagrado a Neptuno.

Este Templo lhe dedicou o Consul Decio Junio Bruto pela felicidade com que acabou a guerra contra os moradores d’Eburobricio e os montanhezes, que os vierão socorrer: e juntamente por lhe ficarem salvos seus soldados nestes ultimos fins da terra. – Não tem Era; mas como falla de D. Junio Bruto deve ser 136 [ 14 ] antes de Christo, em que teve o Consulado. V. Eburobricio.

Persisitiu o mosteiro ate 1193, sendo então, por causa da peste, desamparado dos Eremitas, que à ella escaparão naquelle sitio, que forão 7. Deste mosteiro foi a Imagem de N. S. d’Ajuda, que à mea legoa d’Alcobaça tem Igreja posta em lugar alto, e na qual descanção os Corpos dos 7 Eremitas, escreveo Fr. Bernardo de Brito: = “Nesta

Igreja jazem os Corpos dos Ermitães que dali vierão... Os nomes dos Ermitães erão Fr. Simão, Fr. Rodrigo, Fr. Salvador, Fr. Soeiro, Fr. Lopo, Fr. Gosendo e Fr. Gonçalo. E não deixarei de advertir o termo, porque huma destas Escripturas / Memorial das

Confrontaçõens das terras / declara haverem sido estes Eremitães do P. S. Agostinho,

dizendo; “Illius Magni Doctoris Africani normam sequisti” –... A Igreja deste mosteiro se vê hoje em pé, e junto della se enxergão ainda os vestigios do mosteiro e Cellas, em que vivião os pobres Religiosos.” = Carta de Fr. Bernardo de Brito ão Snr D. Fr. Aleixo

de Menezes, do Iº de Julho de 1616.

Azere24: Freguezia do Arcebispado de Braga, donde dista 5 legoas / S. Cosme, e S.

Damião / da Comarca de Viana, e do [ 14 v. ] Concelho dos Arcos de Valdevez. =

21 Refere-se a MARQUEZ, Juan – Origen de los Frayles Ermitaños de la Orden de San Agustín. Salamanca

1618.

22 PURIFICAçÃO – Chronica.

23 NATIVIDADE, António da, ?-1665, OSA – Montes de coroas de Santo Agostinho. Lisboa: Henrique