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desta Provincia de Portugal e Conquistas e de suas Missões Ultramarinas 1836.

Cabanas 47 Lugar e Freguezia do Arcebispado de Braga alem do rio Lima, meio 4º de

legoa da Igreja de S. Christina de Fife ão Nascente / S. João Baptista / = Aqui ão pe da Serra de Fife tivemos hum mosteiro, edificado em 601, dizem os nossos Chronistas; mas não dizemos por quem: nomeão o seu primeiro Prelado Fr. Bofino com 50 Eremitas, e que o possuimos ate os años 1000 da era Christã: que depois fora reparado por Lopo Munhoz, desamparando-o os nossos Eremitas, e dado ãos Monges de S. Bento da Reforma Cluniacense. Existe habitado por Benedictinos d’habito preto. O P. Carvalho48 da-lhe por

fundador S. Martinho Dumiense, e diz que fora destruido pelos Mouros: duas razões de não ser Instituto de S. Bento primitivamente

Calama: / Calama / Cidade antiga d’Africa, Episcopal suffraganea de Carthago cuja Sée occupou S. Possidio: hoje Titular. Fica entre Hippona e Cirtha, que he Constantina, Cidade Capital da Provincia deste nome na Regencia d’Argel.

Cambas: Freguezia do Bispado de Beja / S. Anna / 18 legoas distante d’Evora à cujo Arcebispado pertencia e 3 de Mértola [ 25 ] pelo Guadiana acima; assim chamada da ribeira de Cambas, que perto lhe corre. =

Aqui hum mosteirinho da Ordem dedicado à S. Domingos, do qual falla o nosso antigo Catalogo: = “Ultra lugum in territorio Mirtilensi unum dicatum S. Dominico O. N.” = V. Mertola.

Canal: / Canali / Villa do Alemtejo da Comarca e Arcebispado d’Evora, donde dista pouco mais de 5 legoas / N. Senhora das Reliquias / = Canali in Lusitania Monachi nigri

ab annis 393” = escreveo Flavio Dextro na Chron. anno 419. Por ventura serà este sitio

ao pe da Serra d’Ossa e 4 legoas d’Evora, onde o chamão Val d’Infante; porque acho em os nossos Chorografos antigos darem-lhe à este o nome Latino de Canace, Canali. Cananor: / Cananorium Colligeris / Cidade da India d’aquem do golfo de Bengala na Costa do Malavar e reyno de Mysora, edificada pelos Portugueses. O Bispo de Angalama aqui tinha sua residencia ordinaria, emquanto esta Igreja não foi incorporada à Cranganor, como diremos.

Canedo49: Freguezia do Bispado do Porto donde dista 3 legoas / S. Pedro / = // Foi

mosteiro da Ordem, acho escripto, fundado em 902 [ 25 v. ] por D. Tello Guterres e

47 Ver COSTA, Avelino de Jesus da – A comarca eclesiástica de Valença do Minho: antecedentes da Diocese

de Viana do Castelo. In COLÓQUIO galaico-minhoto. Actas. Ponte de Lima, 1981, p. 105-106.

48 COSTA – Corografia portugueza

49 Ver PINTO, António Ferreira – S. Pedro de Canedo no Concelho da Feira. Arquivo do Distrito de Aveiro.

4 (1938) 161-178; PEREIRA, Isaías da Rosa – Para a história do mosteiro de S. Pedro de Canedo.

dedicado à S. Pedro. Passou para os Beneditinos, os quaes removidos dali por El Rey D. Diniz, ficou o mosteiro unido à Sée do Porto, no tempo do Bispo Geraldo.

Caria: Villa da Comarca de Lamego na Beira alta, donde dista 5 leg. ão Nascente, mas Freguezia do Bispado da Guarda, donde dista outras 5. A Villa de Caria, ja notavel no tempo dos Romanos e no dominio dos Godos, e huma das 6 Igrejas Matrizes / conjectura / que formavão todo o Bispado de Lamego, ficava no mais alto d’hum monte sobranceiro às terras de Muimenta da Beira, onde se vem as suas grandes ruinas. No principio da monarchia era hum Julgado pertencente à Leomil, e no seculo 14 foi elevada à cathegoria de Cabeça de Concelho e de Villa, que se dividiu em Caria a Velha / Caria de Susáa / e Caria de Jusáa, hoje Villa da Rua em que está o pelourinho, e todas as insignias da Capital d’hum Concelho. =

Junto desta villa e perto do Lugar de Vide onde há huma Ermida de S. João Baptista, aparecerão vestigios de mosteiro que era dedicado à S. Maria e por isso talvez situado na Freguezia de N. Senhora d’entre as Vinhas dos Arcazulos50 no Concelho de Caria. Os

vestigios são inscripções e [ 26 ] pedras sepulcraes. Diz o Purificação e Viterbo51 o cita

que à mais de 200 anos se achâra pegado à capella de S. João Baptista, huma pedra na qual se lia =: “Amanda, Serva de Christo, faleceo em paz no anno do Senhor de 586.” = Ora como de Vide à Trancoso, sejão 6 legoas conjecturão os nossos que o mosteiro de Trancoso de que falla o Catalogo = “Item aliud faeminarum ad Trancosum S. Mariae

dicatum “ = seja originariamente o mesmo mosteiro de Caria e Vide, tresladado para a

Villa ou junto da Villa de Trancoso. V. Trancoso.

Cascaes: / Cascale / Villa da Extremadura na Comarca de Torres Vedras donde 8 legoas Sul e do Patriarchado com 2 Freguezias / N. S. d’Assumpção Ressurreição de Christo / Sit. na Foz do Tejo à 5 legoas de Lisboa Poente Misericórdia. Hospital e titulo de Marquezado. -

No anno de 1362 e no dia 14 d’Agosto aconteceo tirarem na rede os pescadores de Cascaes huma Imagem de N. Senhora. No seguinte dia a vierão entregar em Lisboa ãos Frades do Convento de S. Agostinho, ou da Graça como já muitos lhe chamavão. A imagem he de madeira de cipreste e bem trabalhada, com o Menino Jesus nos braços e tem 4 palmos d’altura. Foi collocada em seu altar com o canto da antifona – Salve

Regina – que desde então [ 26 v. ] se usa cantar em todos os Sabbados nos conventos

da Provincia. Instituiu-se logo huma Confraria, que em breve tempo cresceo à ponto de contar passante de 20.000 confrades em 1401, comporta este Corpo de pessoas da Familia Real e da primeira nobreza da Corte. Servirão de Juizes e Provedores os Serenissimos Infantes D. Henrique, filho 3º de El Rey D. João I e D. Affonso primeiro Duque de Bragança, e assim continuou o mesmo lugar em pessoas desta Ierarchia.

D. João I concedeo huma terra franca (livre de direitos) junto ao Convento, por três dias, principiando no 14 de Agosto. O mesmo lhe deu a faculdade d’eleger hum Juiz, Escrivão

50 Não se consegue ler com nitidez. 51 VITERBO – Elucidario.

e Contador privativos para os negocios da Irmandade cujas sentenças e execuções fossem firmes e valiosas como as d’outro qualquer Juizo e Tribunal: privilégio confirmado por D. Duarte em Alvara de 10 de Março de 1434. Assim D. Afonso V, D. Manoel e D. João III favorecêrão e honrârão esta Confraria com muitas graças e prerogativas. A Infanta D. Maria, filha d’El Rey D. Manoel, sendo Juiza em 1528, mandou cobrir de prata batida todo o corpo da estatua da Senhora da Graça e do Menino, com tal primor d’arte, que parece obra assim disposta do principio e Martim d’Albuquerque, Capitão [ 27 ] mor da India, em memoria de o livrar do tiro d’hum pelouro com pontaria à elle feita, pendorou da mão da Senhora hum outro de ferro engastado em ouro fino, e pendente d’huma jóia, e cadea da mesma. Não se ve presentemente e ignoro-o seu destino. Foi esta Confraria unida e incorporada à Archiconfraternidade da Correa, erecta em a nossa Igreja de S. Tiago de Bolonha, pelo Geral Agostinho Cornotano em 1599, por faculdade de Gregório XIII. A Imagem da Igreja de Bolonha tem a invocaçao de N. S. da Consolação; mas não he este Titulo universal às Imagens da Virgem Senhora Padroeira dos Cincturados; por ja em Portugal he a Senhora da Graça, na Sicilia a Senhora do Socorro. etc //

Disse acima como ja muitos chamavão ão Convento de Lisboa, fundado com o Titulo de S. Agostinho, Convento da Graça, pelo motivo, que apontarei no artigo Lisboa, porem, depois do apparecimento e colocação desta Imagem no dito Convento mudou inteiramente de nome, e se fez tão geral, assim ãos Eremitas de S. Agostinho em Portugal, como ãos Conventos da Provincia que ate aqueles, fundados com differente invocação, são nomeados com o Titulo da Graça em documentos publicos. D. Theodosio II, Duque de Bragança, em Alvará passado em Villa Viçosa aos [ 27 v. ] 27 de Fevereiro de 1589 appellida com o nome de N. Senhora da Graça o Convento de S. Agostinho da dita Villa; e do mesmo modo o S. P. Pio IV na Bulla de 27 d’Abril de 1563, a favor do Snr. D. Fr. Gaspar do Casal. Para que he mais, se a denominação de N. S. da Graça ãos conventos dos Eremitas Augustinianos, e à estes a de Gracianos, passou fora do Reino! Bem e propriamente advertiu o nosso Chronista Fr. Luiz dos Anjos52: = “Recte

convenit ut Augustiniani Fratres Gratiae sive Gratiani vocentur, ut passim in Lusitania: nam Pater eorum Augustinus - Admirabilis. Gratiae Praedicator fuit quod ait Prosper et gloriosus in defensione Gratiae perseverans obiit. - Hancque Salutationem – Deo Gratias – quae ab ipsa Dei Genitrice dirivata dicitur, suos Eremitas frequentare docuit; et à De atistis ab eam Sugillatos ita defendit: = Insultare Nobis audent, quia Fratres, cum vident homines, inquiunt – Deo Gratias = Qui dicit – Deo Gratias = Gratias agit Deo” Cit. Aug. Lib. 4 c. 24.

Castello Branco: / Castellum Album, Albicastrum / Cidade da Beira Baixa, Cabeça de Comarca e Concelho, e Bispado desmembrado da Guarda em 1772, e composta de 3 Arciprestrados; Aro, Abrantes e Monsanto. Tem duas Freguezias / S. Maria e [ 28 ] S.

Miguel / ambas Collegiadas. A Igreja de S. Miguel, bom edificio, serve de Cathedral.

52 Refere-se a ANJOS, Luís dos, ca1580-1625, OESA – Jardim de Portugal: em que se da noticia de alguas

sanctas, & outras molheres illustres em virtude, as quais nascerão, ou viverão, ou estão sepultadas neste Reino, & suas conquistas, recopilado novamente de vários, & graves autores. Coimbra: em Casa

Fica encostada à hum monte, no alto do qual he o Castello e a Igreja de S. Maria, cingida de bons muros, / hoje porem desbaratados / obra d’El Rey D. Dinis que fez merce desta Villa à Ordem de Christo, da qual fora Instituidor. As ribeiras Arabil, Lyra e Cavas fertilizão seus campos, correndo-lhe em pequena distancia.53

Tem voto em Cortes com assento no B. 7º - Dista de Lisboa 37 legoas.

– Convento de N. S. da Graça do C. Branco54

Rodrigo Rebello, Capitão da Fortaleza de S. Angelo de Cananor e o primeiro Capitão de Goa nas Indias Orientaes, onde falleceo com testamento, feito e assinado em 31 de Dezembro de 1510, foi oriundo de Castello Branco. Em seu testamento determinou, que do rendimento de sua fazenda se fundasse hum Convento em S. Maria de Mercoles, / ermida d’antiga veneração e culto, pouco mais de meia legoa da Villa / com rendas bastantes para sustentar seis Frades de Missa. Esta verba não teve todo o seu efeito, pelo [ 28 v. ] menos enquanto ão local: pois sua Irman e testamenteira Maria Rebella apenas mandou edificar huma Igrejinha ou Capella com 6 mui pequenas Cellas, e terreas, no sitio, onde ora moramos; e neste edificio metteo 6 religiosos de S. Francisco, os quaes espontaneamente o largarão como apposto ão seu Instituto, mal que souberão haver Rodrigo Rebello deixado rendas fixas para sustentação dos Religiosos, e Convento. Sabendo disto o Snr. D. João III mandou passar em 15 de Novembro de 1525 Alvará ão Licenciado Sebastião da Fonseca, Ouvidor neste Mestrado, para metter de posse do dito Conventinho os Religiosos Eremitas de S. Agostinho e que lhes entregasse o Testamento de Rodrigo Rebello, para requererem por este o que lhe [ 29 ] pertencesse. Assim se fez e cumpriu inteiramente e tomamos posse em 13 de Janeiro de 1526. Do anno da posse e não da fundação, devem ser entendidos Freire, e o Autor da Not. Hist. das Ord. Relig. publicada em 183155: porque o dito mosteirinho foi feito e acabado em

1519, e morando nelle 6 Rel. Capuchinhos, à quem se deu por espaço d’hum anno, esteve deserto até 1526, em que tomamos posse. O 1º estado auth. do Auto da posse conserva-se no Cartorio do Convento no masso 1º Nº 10. E no mesmo masso c. 11º o

53 V Castello Branco do tempo de D. João II gozou do Titulo de Notável - e ja era povoação grande em

1229. Deu-lhe // foral D. Sancho Iº, diz o Carvalho: porem Verissimo Alvares da Silva escreveo, / Mem.

de Litter. Port. Tom. 6º pag. 90 / que lhe fora dado o foral por D. Pedro d’ Alvito em 1213. Lembra, que

D. Sancho I foi coroado em 1185 e falecido em 1211. O citado Carvalho com a autoridade de Gaspar Alvares Lousada parece inclinar-se à opinião deste, que – Castello Branco se edificara sobre ruinas

de Castraleuca e ajunta que Lousada o prova de cippos e pedras achadas nos muros // e contornos de Castelo Branco. Com tudo não me servi para o Latim do vocabulo – Castraleuca – apesar de o ler em

alguns, tratando de C. Branco: porque tenho muita duvida neste ponto. V. Mancarche no Elucid.

54 Ver SANTOS, Manuel Tavares – Castelo Branco na história e na arte. Castelo Branco, 1958, p.129-137. 55 Refere-se a NOTICIA HISTORICA das Ordens religiosas e Congregações que existem em Portugal com

treslado do Alvarà d’El Rey em publica forma pelo Tabelião Ambrosio Ruy d’Abreu; e he do theor seguinte. =

Lc.do bastião da fonsequa eu el rey vos envyo munto saudar. Ei por bem e vos mando pello assi sentir por serviço de Deus e meu, que tanto que vos esta for dada deis e entregueis ao provincial da hordem de Santo Augustinho destes reinos ho mosteiro novo que Se fez na Vylla de Castello bramquo com todas as cousas que ha dita Casa pertencem. E assi lhe [ 29 v. ] fareis dar e entregarho treslado do testam.o de R.o rabelo que ho dito mosteiro mandou fazer: para requererem ha execução delle a quem pertencer ha cerqua das missas e de qualquer outra cousa que ho dito R.o rabelo na dita casa mandou que se fizesse por sua allma. Por tanto ei por Serviço de Deos ha dita Caza ser dada ha dita hordem por aver pouquas della nestes reynos: cumprio assi. Escrita em almeirim a quinze dias de nobr.o, amt.o pais o fez anno de mil e quinhentos e binte Simquo.” = Este treslado o entregou o Tabelião supra nomeado à 5 de Janeiro

de 1526, feito a requerimento de Fr. Vasco / assim leio / em nome do Provincial Fr. Pedro Branco. V. Braga.

Castro de Avelans56: Freguezia de Trasosmontes e da Comarca e Bispado de Bragança

donde dista meia legoa n’ hum vale amenissimo à margem do Fervença que banha os muros desta Cidade. / S. Bento /. =

O catalogo da Ordem refere hum mosteiro junto à Bragança: = “Item ad Brigantiam

aliud Monachorum.”. = Há tradição, dizem os nossos, de ser fundado em 658 por S.

Fructuoso, então Arcebispo de Braga; e que neste mosteiro residimos até 950, que nos substituirão Monges da Regra de S. [ 30 ] Bento, pelos quaes foi habitado ate o Reinado de D. João III. Se he fundação de S. Fructuoso como dizem os nossos chronistas, então devem pôr a sua morte em 665 e não em 659 como alguns seguem. O Snr D. Rodrigo da Cunha na Hist. Eccl. de Braga57, não encontra a opinião dos nossos acerca da pessoa do

fundador, e se discrepa 7 annos dos nossos sobre a fundação para mais antiga e Francisco Xavier Ribeiro de Sampajo58 para mais moderna, na sua Memorias sobre ruinas do dito

Convento. He hoje huma Reitoria cujo Padroado ficou no Cabido de Miranda elevada à Sée Episcopal por D. João III em 1554.

56 Ver VITORINO, Pedro – A ábside de Castro de Avelãs. Porto: Emp. Indust. Gráf. do Porto, 1928. 12

p.; PASSOS, Carlos de – A Egreja românica de Castro de Avelãs. 2 edição Porto: Imprensa Portuguesa, 1958. Sep. Douro Litoral; MARTINS, Firmino Augusto, sac. – Mosteiro beneditino de S. Salvador de Castro de Avelães no povoamento da Região Vinhaense (O). In Congresso Hist. Medievo. Braga 1959, II - Actas. Bracara Augusta. 16-17 (1964) 301-309; OLIVEIRA, Carlos Prada de – O Mosteiro Beneditino de São Salvador de Castro de Avelãs no povoamento da região de Bragança. Brigantia. 11:1-2 (1990) 33-46; BARROCA, Mário Jorge – O Túmulo de D. Nuno Martins de Chacim, no Mosteiro de Castro de Avelãs. Revista da Faculdade de Letras: História. Porto. 13 (1996) 595-614.AFONSO, Ana Maria – O

tombo do Mosteiro de São Salvador de Castro de Avelãs 1501-1514. Braga, 2000. Tese Mestrado História

e cultura medievais, Universidade do Minho; IDEM – O mosteiro de São Salvador de Castro de Avelãs. In A CONSTRUÇÃO de uma identidade. Trás-os-Montes e Alto Douro. Bragança, 2002, p.106-111.

57 Ver CUNHA, Rodrigo da – Historia ecclesiastica dos Arcebispos de Braga. Braga: Manuel Cardozo,

1634-1635. 2 vol.

58 Refere-se a SAMPAIO, Francisco Xavier Ribeiro de, 1741-1812? Não encontrei a obra citada nas

Aqui a celebre pedra e inscripção, que he o objecto da Mem. citada / Mem. de Litt. Port. tom. 5º pag. 25959 /

DEO AERNO ORDO ZOELARVM EXVOTO DEO Aeterno

Curia, Senatus, Respublica Populorum Hisp.

Terraconensis.in Ora austarum, Quorum urbs Zo- Ela.

A lapide tem 4 palmos d’alto e dous e meio de largo. [ 30 v. ] Quer Viterbo60 que fosse

consagrada à Plutão, ou Pluto, Deos dos infernos e das riquezas e que deve ler-se – Avenor e não – Aerno. Não me desagrada. Ora Bragança era incluida na Hespanha Citerior Tarraconense, situada no paiz dos Astures, onde os Geografos suppoem os povos Zoelae, e estes, à vista da Inscripção parecem ser os habitadores antigos de Castro d’Avelans. Tambem Plinio falla dos povos Zoelae.

Ceylão: / Ceylania, Taprobane / Grande Ilha do mar das Indias ão Sul do Indostan perto do Cabo Camorim da parte de cá do golfo de Bengala, e o Estreito de Manar a separa do Cabo: 90 legoas de cumprimento e 60 de largo. Crê-se a Taprobana dos antigos e a Ophir de Salomão. Os Insulares são chamados – Chingutais – Os Inglezes depois dos Holandezes se fizerão Senhores de toda a Ilha em 1814, levando prisioneiro para Madastra o Rey de Candy, Capital do Reino deste nome, que occupa o meio e a major parte da Ilha; mas hoje pertence ão reino dos Paizes Baixos. =

Na cidade de Colombo, Capital do reino deste nome, na costa occidental da mesma Ilha de Ceylam entre Negembro e Calcutá, tivemos hum Convento que [ 31 ] tinha por sua conta e cuidado 13 Vigairarias, as quaes provia de Religiosos para os Officios Parochiaes daquella Christandade.

Centum Cellas, hoje Civita Vecchia: / Centum Cellae / Cidade da Italia na Toscana e nos Estados Ecclesiasticos do Papa, e patrimonio de S. Pedro, edificada na Costa do Mediterraneo pelo Imperador Adriano, que assumiu o Imperio em 118 de Christo. He Cidade Episcopal e Praça forte. Antiga Audiencia dos Romanos, assim chamada por constar de 100 salas, onde se ouvião as causas daquella Província. =

Entre as ruinas deste vasto edificio vivião os Monges que hospedârão Santo Agostinho: e aqui poem alguns o berço da nossa Ordem, hum anno antes de Tagaste. Era o mosteiro de Centum Cellas da invocação de S. Cornélio. –

59 MEMORIAS de Litteratura Portuguesa. Ed. Academia Real das Sciências de Lisboa. Lisboa: Officina

da mesma Academia, 1782-1812. 8 vol.

No bispado da Guarda junto ão Zezere e nao longe de Villa de Belmonte, ha hum sitio à que os moradores dali chamão Centum Cellas, onde está huma ermida intitulada de S. Cornélio e huma Torre ao pé d’humas ruinas de cuja pedra se servem para as suas obras. Por este nome de Centum Cellas, e o da invocação da Ermida suspeitou o Purificação61,

que houvesse ali em algum tempo Convento da [ 31 v. ] Ordem, imitação daquelle antigo mosteiro, que o S. Patriarcha honrou com a sua presença e instruiu com sua doutrina. V. Monte Pisano.

Ceuta: / Septa Exilissa / Cidade d’Africa no reino de Fez com hum porto no Estreito, e defronte de Gibraltar. Foi tomada ãos Mouros por D. João I em 1415, e cedida ãos Hespanhoes pelo Tratado de Lisboa em 1668. Cidade Episcopal ja no 4º Seculo; restabelecido seu Bispado no seculo 15 e suffraganeo de Lisboa: mas não tem Bispo desde 1668. V. Congo.

Chatigan: Cidade d’huma Provincia deste nome no reino de Bengala, sobre o rio Cormin. Entesta esta Provincia maritima com Calcuta, à 90 legoas E. S. E. de Calcutá.

Chaul:62 / Arachatus Camane / Cidade maritima na Costa de Malavar; aquèm do Ganges

no reino de Visapour, 40 legoas dist. de Guzarate, e 6 de Bombaim. Foi tomada em 1507. = Tivemos Convento nesta Cidade o qual era Centro de huma Missão de muitas legoas. Chiraz, V. Xiraz

Chitagong. V. Chatigan. [ 32 ]

Claudio63 / S. / Lugar da Provincia do Minho, e Freguezia do Arcebispado de Braga

donde dista 6 legoas =

Aqui hum pequeno mosteiro edificado por S. Martinho Dumiense em 569, e extincto em 982, dizem os nossos chronologos. Os Cluniacenses depois da restauração da Hespanha, o alevantârão e habitârão. Acabou por fim, e està hoje unido ao Collegio de S. Bento de Coimbra.

Cochim: / Cocinum / Cidade do Indostan sobre a Costa do Malavar, ão Travancor, na Peninsula d’aquém do Ganges, e hum dos 3 reinos desta Costa, elle, Cananor e Calicut,

61 PURIFICAçÃO – Chronica.

62 Ver MITTERWALLNER, Gritli von – Chaul: Eine Unerforschte Stadt der Westküste Indiens (Wehr -

Sakral-und Profanarchitektur). Berlin: Walter de Gueyter et Co, 1964. 240 p., 28 est.. Neue Munchner

Beitrag zur kunstgeschichte; 6. A autora estuda a arquitectura da cidade de Chaul, hoje Revendada, a 56 km de Bombaim. Na 2ª parte ocupa-se de várias construções religiosas. MENDES, Isabel Maria Ribeiro – Dia-a-dia dos portugueses em Chaul no século XVI (O). História. 2: 123 (1989) 42-47.

63 Deve corresponder a S. Claudio de Nogueira – Viana do Castelo (SOUSA – Ordens religiosas em

Portugal, p. 74). Também há outro S. Claudio em Curvos – Esposende. Ver ABREU, Armindo Patrão

donde dista 36 legoas Sul He Cochim Cidade Episcopal, erecta por Paulo IV em 1557 à