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Objective 2 Interdisciplinary approach to improve quality based on ICT based projects

4. ALFABEtIZAÇÃo E LEtrAMEnto

Em meados dos anos de 1980 se dá, simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, nomeando práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas que as práticas de ler e escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita.

O conceito de letramento segundo Delmanto (2007) considera os graus de intimidade do indivíduo com usos e funções da escrita e da leitura. Quando alguém sabe ler, mais só compreende textos muito simples, essa pessoa pode estar alfabetizada, mas tem um nível de letramento muito baixo.

Afirma também que esse nível vai aumentando à medida que se aprende a lidar com vários materiais de leitura e de escrita. Quanto mais textos alguém é capaz de ler e entender, mais letrado se torna.

A alfabetização é considerada como um processo permanente, que se estenderia por toda a vida. Porém é necessário diferenciar um processo de aquisição da língua (oral e escrita) de um processo de desenvolvimento da língua (oral e escrita), que nunca se interrompe.

Alfabetização em seu sentido próprio, específico, é um processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e de escrita.

As crianças são sujeitos ativos e construtivos do próprio conhecimento, a origem da escrita é extra-escolar, muitas delas quando entram na escola já estão na fase do letramento, pois o inicio do conhecimento sobre a linguagem escrita não depende do manejo pessoal da escrita. As crianças delimitam a escrita no universo gráfico em geral. Tudo que não é desenhado é escrita.

Segundo Soares, nas últimas décadas, baseia-se numa concepção holística da aprendizagem da língua escrita, de que decorre o princípio de que aprender a ler e a escrever é aprender a construir sentido para e por meio de textos escritos, usando experiências e conhecimentos prévios; no quadro dessa concepção, o sistema grafofônico não é objeto de ensino direto de forma natural da interação com a língua escrita.

Não se tem como dissociar letramento e alfabetização, elas caminham juntas, são interdependentes, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos.

O conceito de alfabetização depende de características culturais, econômicas e tecnológicas, pois para um lavrador o processo de alfabetização tem fins bem diferentes do que para um operário de região urbana.

A alfabetização se desenvolve por meio de práticas sociais de leitura e escrita, através de atividades de letramento, e este por sua vez, só se pode desenvolver por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema.

Não basta ensinar a ler e a escrever, é preciso desenvolver o grau de letramento das crianças, dirigindo o trabalho para práticas que visem à capacidade de utilizar a leitura e a escrita para enfrentar os desafios da vida em sociedade.

5. o cAntInHo dA LEIturA nA PrÁtIcA

Depois de feito o estudo da parte teórica visitei duas escolas da cidade de Campo Grande – MS, uma da rede municipal e a outra da rede particular, para poder analisar como é trabalhado o cantinho da leitura nas escolas, e se é aplicado a teoria, ou se só fica no papel.

Na escola da rede municipal, eles têm um projeto chamado Literarte, que é feito em parceria com a funcionária responsável pela biblioteca e a professora de artes. Este é um momento extra curricular no qual as pessoas responsáveis proporcionam aos alunos diversidades nas atividades trabalhando tanto literaturas quanto cantigas, teatro, etc. Atualmente está sendo trabalhado com as crianças o tema valores, este se inicia na educação infantil e finaliza com as turmas do 9º ano. Um projeto que a escola desenvolve atingindo todos os discentes da escola, lembrando que esta pesquisa tem o objetivo de analisar o cantinho da leitura da educação infantil até o 3º ano.

Esses encontros acontecem uma vez na semana, em uma sala que não é a deles, não acontecem na biblioteca, pois a biblioteca da escola é muito pequena, não comporta todas as crianças lá. Os encontros são na sala de artes, porém a sala não é decorada, porque na parte da manhã é usada com a turma do 9º ano.

Na educação infantil o cantinho da leitura é trabalhado da seguinte forma: as crianças vão para a sala de artes, e lá elas sentam no chão, e a funcionária da biblioteca senta em uma cadeira baixa, para ficar com o livro na altura da visão das crianças.

as mesmas e esperar que todos se acomodem para poderem ouvir a história.

Feito isso a funcionária da biblioteca apresenta o livro para as crianças, pergunta se eles tem alguma ideia ou sugestões de qual será o título apenas visualizando a capa do livro, criando um ambiente para que os alunos possam dar sugestões, opiniões, despertando a imaginação, criatividade e o interesse em participar do diálogo. Ao iniciar a história, é falado o título e o autor da história.

Começa-se a contar a história para as crianças sempre fazendo com que elas se interajam com a mesma, fazendo perguntas sobre os desenhos que estão na página que será lida, pois as crianças da educação infantil ainda não tem domínio sobre a leitura.

Ao final da história a funcionária da biblioteca pede para as crianças comentarem o que eles acharam da história, ou para falarem qual a parte que elas mais gostaram. Quando damos o livro e pedimos para a criança contar a história eles na maioria das vezes começam contando, era uma vez... Eles se baseiam nas figuras dos livros para contarem a história, pois como já havia comentado as crianças ainda estão no processo de alfabetização.

Após o fim da leitura e a conversa sobre o livro, as crianças se sentam nas cadeiras e a professora de artes entrega uma folha branca grande e canetinhas para eles poderem desenhar os personagens da história ou desenhar alguma parte da história que eles mais gostaram.

Com os alunos do 3º ano é trabalhada da mesma forma, a diferença é que eles já estão saindo do processo de alfabetização. Porém às vezes a professora em vez de pedir para desenhar aos personagens pede para eles criarem uma nova história.

A professora de sala da educação infantil procura trabalhar todos os dias à leitura de livros com as crianças. No cantinho da sala ficava uma sacola de pano com livros para as crianças, mais como ela divide a sala com outra professora, não é deixada a sacola de livro na parede, pois as crianças da turma da manhã estragam os livros.

É trabalhado da mesma forma que se trabalha no projeto. Porém a professora tem uma caixa com livros que ela empresta para as crianças levarem para casa e lerem com seus familiares. Pois as crianças da educação infantil não podem pegar livros emprestados na biblioteca. Antes de ela emprestar os livros para as crianças elas mostra as regras que fica colada na parede da sala, de como se deve cuidar dos livros, cada criança escolhe um livro para ler. A criança pode ficar uma semana com os livros. Quando eles devolvem ela pede pra eles contarem alguma coisa sobre a história que eles leram com os pais.

No 3º ano os alunos já podem pegar livro emprestado na biblioteca, toda quarta-feira é o dia do empréstimo de livros da turma deles, eles ficam uma semana com o livro, só podem devolver na outra quarta. Quando eles vão pegar o livro, existe uma ficha com o nome deles, onde é anotado o livro que eles pegaram se não entregarem o livro no dia marcado, eles não podem pegar outro livro emprestado, só quando devolver o que está com eles. Eles mesmos escolhem o livro, na estante da biblioteca, assim vão aprendendo a manusear os livros e criando contato com os livros na biblioteca.

Os livros na biblioteca ficam em uma prateleira, separados por faixa etária, então tem uma prateleira que ficam os livros que eles podem pegar. Não é emprestado gibis para levar para casa, os gibis que são os que eles mais gostam de ler, eles podem pegar na hora do recreio para ler.

A professora do 3º ano trabalha o cantinho da leitura com eles geralmente na quarta feira no primeiro tempo, sempre na sala, mais procura sempre sentarem de forma diferente. Ela tem um som com microfone aonde as crianças vão para contar um pouco da história que leram. Às vezes: para contarem um resumo da história, para lerem a página do livro que eles mais gostaram e às vezes para mudarem o final da história.

Na sala de aula deles tem uma caixa que fica no armário, com livros e gibis, e no final da aula ela os deixa pegarem para ler o que eles quiserem.

Na escola da rede particular o método de trabalhar o cantinho da leitura é igual, a diferença é que as salas é só deles, a sala da educação infantil é deles nos dois períodos e do 3º ano também. Então nas salas de aula é tudo decorado e tem o cantinho da leitura com os livros colocados em uma sacola, igual a da chamada do dia, onde toda semana a professora troca os livros para as crianças não enjoarem do livro.

As leituras dos livros são realizadas na sala, na biblioteca, no corredor, no pátio, pois cada nível tem um bloco separado na escola, sempre modificando o ambiente, para não virar algo maçante. Às vezes a professora senta com as crianças em circulo, às vezes em semicírculo, não tem um jeito certo, sempre modificando.

A biblioteca da escola é bem estruturada, tem um cantinho com tapete e almofadas para as crianças sentarem para ler, e assim faz com que as crianças se adaptam ao ambiente desde pequenas.

A professora tem uma mala com livros, onde cada semana uma criança leva essa mala com livro para ler com os pais em casa. Quando elas devolvem a mala com os livros à professora pede para eles contarem sobre o livro que eles leram, sobre os personagens, o que eles mais gostaram. As crianças adoram levar a mala com os livros para casa para lerem, e realmente eles liam com os pais os livros.

É bem parecido o jeito que as escolas trabalham, pude perceber que muita coisa que estão escrito nos livros, na teoria é colocado em prática nas escolas, tanto da rede municipal como nas escolas particulares.

Existem algumas diferenças entre as escolas, pois as escolas particulares têm mais recursos, tem bibliotecas estruturadas e tem mais opções de livros para as crianças. Mas todas as escolas e professores tem o mesmo objetivo, ensinar as crianças a desenvolverem o hábito da leitura, sentindo prazer em ler, despertar a criatividade, imaginação, proporcionando aos alunos a oportunidade de aprimorar e ampliar seus conhecimentos para que futuramente possam sair do conhecimento senso comum para o conhecimento do senso científico.