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Nesta sociedade colaborativa e nesta economia do quaternário circularão, para além da moeda oficial, várias moedas locais e criativas

Preparação, intervenção e follow up

4. cuLturA dIGItAL E IntELIGÊncIA coLEctIVA: VEM AÍ o “QuArto SEctor”

4.1 Nesta sociedade colaborativa e nesta economia do quaternário circularão, para além da moeda oficial, várias moedas locais e criativas

Na sociedade colaborativa e na diversidade da economia do quaternário não seria surpreendente encontrar um “cidadão multifunções e pluriativo” empenhado na construção e funcionamento de bens comuns colaborativos e, por essa via, acumulando rendimentos, monetarizados e não-monetarizados, com diversas proveniências, por exemplo: um emprego em part-time num serviço público e/ou numa empresa privada, uma prestação de serviço em regime de freelance numa empresa on-demand, algumas horas num banco do tempo local em troca de um voucher e, finalmente, uma “inscrição” numa start-up colaborativa de uma parte dos seus recursos ociosos (idle resources) em troca de uma receita eventual.

Como facilmente se comprova, estaremos num futuro não muito longínquo, devido à quebra estrutural do emprego, condenados a uma sociedade de regimes laborais muito diversos, uns em part-time, outros em regime de freelance, outros ainda em regime contributivo e colaborativo, sob muitos formatos, condições e reputações, se quisermos, uma sociedade onde o indivíduo “se produz a si próprio” numa espécie de corporate individualisme. Neste registo, estamos em crer que voltará o “homem dos sete ofícios” agora na era da internet e tirando partido do que ela proporciona. Senão vejamos:

• Em primeiro lugar, por que a auto-formação, oferecida em Opensourcing (quase sem custos) estará muito próxima do custo marginal zero.

• Em segundo lugar, por que a escassez de empregos obrigará a repartir os horários de trabalho e a oferecer um leque mais diversificado de oportunidades.

• Em terceiro lugar, porque todo o mercado de trabalho se tornará muito mais volátil e adaptativo.

• Em quarto lugar, por que se tornará absolutamente imprescindível a complementaridade de rendimentos, monetarizados ou não.

• Em quinto lugar, por que as actividades da economia colaborativa e contributiva permitirão ensaiar novas experiências, novos saberes e novas ocupações.

Quer dizer, através da economia colaborativa e contributiva, as diferentes comunidades de utilizadores e fornecedores organizarão novos formatos de prestação de serviços com suporte em plataformas tecnológicas cujas aplicações informáticas serão instaladas nos telefones móveis dos jovens e menos jovens que desejam entrar no “mercado de trabalho”. É aqui que entra, progressivamente, “o homem dos sete ofícios”. De acordo com as suas faculdades, capacidades e experiências ele irá inscrever-se em diferentes “aplicações”, geridas muito provavelmente por uma start-up (empresa) tecnológica recém-constituída, nas modalidades horário, tempo de trabalho, pagamento, qualidade de serviço, que a sua “presumida reputação” lhe permitir oferecer. Poderão ser sete ofícios, mais ou menos, mas dificilmente serão sete profissões. Enquanto aguarda por uma chamada, poderá continuar, em sua casa, a formação permanente num MOOC (massive open online course – formação em massa pela internet a custo zero).

5. cuLturA dIGItAL E IntELIGÊncIA coLEctIVA: VEM AÍ A crIAtIVIdAdE

E A trAnSdIScIPLInArIdAdE

A sociedade colaborativa, a economia das redes colaborativas e das aplicações móveis, a interacção entre comunidades online e comunidades offline, os novos mercados de trabalho de pluriactividade no 4º sector, anunciam um novo campo de forças mas também um novo campo de possibilidades para o futuro. Nesse campo de forças vamos encontrar a matéria politicamente mais sensível e que hoje faz a primeira página de toda a imprensa, a saber: inovação e regulação, reputação e risco, redes sociais e alienação pessoal, risco moral e free raider por parte dos mais distintos operadores. Como já dissemos, esta matéria está hoje muito mais próxima dos tribunais do que do espaço público onde defronta notórias dificuldades de informação e esclarecimento.

Esta é justamente a razão para trazer ao espaço público alguns atributos que já enunciámos na tabela 1 a propósito da transição e da metamorfose do capitalismo industrial para o capitalismo cultural e criativo que ele procura ser “para salvar a pele”.

Queremos destacar nesta incursão dois atributos principais entre outros: em primeiro lugar, o factor criatividade que é gerado pela partilha e pela colaboração no acto colectivo de “produção social pelos pares” e, em segundo lugar, o contributo que a criatividade pode dar para uma perspectiva transdisciplinar e policontextual dos problemas em apreço, na linha de um pensamento mais complexo que seja prudente e que saiba lidar com estas novas formas de inteligência colectiva, muitas delas com efeitos não-intencionais e danos colaterais inesperados.

Nas suas obras cibercultura (1999) e Inteligência Colectiva (2007) Pierre Levy (Levy, 1999 e 2007) explica-nos os conceitos de ciberespaço, cibercultura e inteligência colectiva, de acordo com o princípio geral de que “ninguém sabe tudo, todos sabemos alguma coisa”. Ora, justamente, a infra-estrutura do ciberespaço e o universo cognitivo da cibercultura conduzem-nos a “um tipo de inteligência compartilhado que surge da colaboração de muitos indivíduos na sua diversidade, de uma inteligência distribuída por toda a parte pois todo o saber está na humanidade” (Levy, 2007, 212). É a teoria dos três capitais: a partir do capital tecnológico e da infra-estrutura das redes, e usando o capital cultural que acumulámos sob a forma de informação e conhecimento, estamos em condições de organizar comunidades virtuais e mobilizar o capital social em direcção a formas superiores de inteligência, ao mesmo tempo mais colectiva e distribuída.

A sociedade compartimentada e interdisciplinar do capitalismo industrial está limitada no seu potencial porque é uma sociedade aditiva e linear, onde prevalecem a ordem, a segurança e o progresso. Por sua vez, a sociedade compartilhada e transdisciplinar do capitalismo pós-industrial tem mais liberdade e criatividade para crescer mas é, também, mais incerta, insegura e apresenta um risco sistémico mais elevado. De um ponto de vista intergeracional, a sociedade do capitalismo industrial é a sociedade da geração dos baby-boomers e da geração X, enquanto a sociedade pós-industrial é a sociedade das gerações Y e Z, as gerações dos screenagers e da internet móvel em todas a suas variantes técnicas. De acordo com esta evolução, podemos dizer que assistimos a uma verdadeira reprogramação das mentes à medida que nos aproximamos do ciberespaço e da cibercultura.

Os cibernautas das gerações Y e Z (nascidos de 1980 para cá) são muito mais criativos e transfronteiriços, no sentido disciplinar, porque em grande medida renunciaram ao sentimento de propriedade e de posse para assumirem as noções ou categorias de acesso e serviço partilhado e colaborativo. Eles convivem e trabalham muito mais em comunidades virtuais e ambientes simulados do que em comunidades reais e ambientes físicos. Eles pertencem ao universo dos servidores e utilizadores mais do que ao universo dos vendedores e compradores. Eles são pessoas e indivíduos que trabalham em regime de coworking, em crowdsourcing e outsourcing e em financiamento de crowdfunding, isto é, eles são seres constantemente conectados, em relacionamento permanente e usando a sua criatividade para agregar valor compartilhado aos serviços imateriais e intangíveis que prestam no universo oceânico do ciberespaço.

O capitalismo pós-industrial compreendeu muito cedo esta mutação radical e transmutou-se, ele próprio, em capitalismo cultural e criativo, o denominado capitalismo cognitivo. Neste capitalismo cognitivo os ambientes simulados e virtuais onde, pretensamente, existe mais poder lateral do que vertical, são terrenos onde a produtividade do trabalho já não se mede por hierarquias, cadeias de comando e regulamentos disciplinares, mas, antes, por inteligência emocional, sentimentos partilhados e contribuições criativas para o trabalho colectivo. De certa forma, um regresso a uma ética do trabalho comunitário e a uma inteligência colectiva colaborativa na era do ciberespaço e da cibercultura, que poderíamos designar como “produção social interpares”. Neste sentido, imagine-se, por exemplo, o potencial colaborativo e a inteligência colectiva que “habitam” as redes empresariais, as redes de investigação e desenvolvimento, as redes de inovação social, as redes amigas do ambiente ou os territórios-rede da 2ª ruralidade. Estes temas comportam um imenso potencial teórico, epistemológico e metodológico que alimentam a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Todos os cientistas estão convocados a estudar e partilhar os mesmos desafios. Situam-se nesta linha de pensamento e de investigação/acção os trabalhos de António Covas e Mercês Covas (Covas e Covas, 2015a, 2015b, 2014a, 2014b, 2013a, 2013b, 2012a, 2012b, 2011, 2010).

6. notA FInAL: EntrE A IntErdIScIPLInArIdAdE E A

trAnSdIScIPLInArIdAdE

No plano da epistemologia e da hermenêutica das ciências humanas e sociais, a matéria da inteligência colectiva das redes promete-nos uma viagem deveras interessante que nos leva da sociedade fronteiriça e disciplinar da “ciência moderna” até à sociedade global e cosmopolita do ciberespaço e da cibercultura, uma incursão teórico-epistemológica iniciada por diversos autores do capitalismo pós-industrial e pós-moderno. É, todavia, e ao mesmo tempo, uma viagem exaltante e inquietante. De um lado, sentimos que uma “economia sem peso” é uma contribuição extraordinária para resgatar o nosso planeta e que uma sociedade mais colaborativa e partilhada é uma aquisição valiosa para a humanidade inteira. Por outro lado, não temos garantias suficientes de que esta transição em direcção ao universo cosmopolita gere empatia e confiança bastantes para providenciar o capital social que é necessário para realizar a mudança.

De facto, é preciso não confundir dois planos analíticos. Em primeiro lugar, há inegáveis progressos colaborativos e inteligência colectiva variada em ambientes empresariais modificados e simulados, em espaços comuns de inovação social e em territórios-rede do mundo rural, em resultado da organização de comunidades online e redes colaborativas. Todos eles desenvolvem formas de inteligência colectiva que importa aprofundar e monitorar. Em segundo lugar, estes progressos ainda não se traduzem em melhorias estruturais de natureza colaborativa na sociedade política em geral. Ao contrário, assistimos à eclosão de algumas manifestações hostis no espaço público, seja no universo corporativo mais convencional ou no universo mais agressivo das redes sociais que podem arrastar consigo a “tribalização de comportamentos na rede” que, no limite, podem conduzir a autênticas guerras entre cibernautas e entre estes e as corporações e sindicatos mais conservadores, já para não falar da “guerra civil” com os guerreiros das identidades locais e territoriais ou mesmo de actos ligados ao cibercrime.

A cultura digital e a inteligência colectiva não só reclamam um pensamento transdisciplinar como solicitam um outro pensamento transdisciplinar, uma espécie de “fusão a frio do pensamento disciplinar”, conduzindo-nos em direcção a novos códigos de comunicação e linguagem e a um outro “agir comunicacional”. A interacção entre comunidades online e comunidades offline é uma fonte inesgotável de ensinamentos, por isso falamos, também, de comunidades cognitivas que aperfeiçoam constantemente os seus modelos de inteligência colectiva. Finalmente, é bom insistir no lado preventivo e terapêutico destas comunidades pois não podemos esquecer o lado tóxico das redes digitais e o risco de alienação que elas comportam. Nesta fase de transição, não é demais alertar para o risco moral e o free raider que os “novos modelos de negócio” podem implicar e estar atentos, por isso, aos efeitos não- intencionais e danos colaterais que lhe são inerentes.

Em jeito de síntese final, resumimos aqui o pensamento do filósofo social Daniel Innerarity (Innerarity, 2011, 2010, 2009) acerca das sociedades complexas, contingentes e cognitivas onde mergulha e opera a inteligência colectiva:

• A crescente virtualização da sociedade torna o tempo quase irreal. • Por causa da velocidade é necessário prever o presente.

• A cultura da simulação debilita a realidade.

• A sociedade é um assunto interpretativo, precisa de um esforço cognitivo. • A sociedade é um campo desestruturado mais próximo do caos que da ordem. • É preciso suspeitar para conhecer.

• Mais do que a evidência e objectividade trata-se da plurissignificação da realidade. • O que parece não é, a realidade também precisa de aprender.

• O mundo actual fornece tantas possibilidades aos optimistas como aos pessimistas. • A economia das redes e os bens comuns colaborativos serão a esperança do futuro. E assim terminamos a nossa pequena viagem pela cultura digital e a inteligência colectiva.

rEFErÊncIAS

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coMPortAMEntoS do LÍdEr ProMotor dE BEM-EStAr nA

HotELArIA dE cInco EStrELAS

Fernando Messias Doctor of Tourism (fernandobrasmessias@gmail.com)

rESuMo

Esta comunicação centra-se nas características da liderança promotora de bem-estar extraídas de um estudo conduzido na hotelaria de cinco estrelas no Algarve.

Se por um lado, a liderança é perspectivada “como um fenómeno de influência social transversal às organizações humanas particularmente sentido ao nível dos seguidores” (Messias, F.B., 2014: 89), por outro, a liderança promotora de bem-estar, enquadrando-se em comportamentos positivos e, teoricamente, em estilos de liderança democrática e orientada para os seguidores, permite facilitar o trabalho organizacional e promover o bem-estar nos colaboradores.

O bem-estar é apresentado na literatura como um constructo multidimensional (Warr, 2003, 2007), revestindo diferentes abordagens consoante as áreas de estudo abordadas (Bem-Estar Subjetivo - BES, Bem-Estar Psicológico - BEP, Bem-Estar no Trabalho - BET), relevando no presente caso, particularmente o BET, abordagem indissociavelmente ligada ao BEP e ao BES.

A relação laboral de liderança estabelecida entre chefia e colaborador influencia a qualidade das relações e afeta o bem-estar do colaborador. Daí que a percepção que os colaboradores têm das suas chefias diretas torna-se relevante ao nível organizacional. Uma percepção positiva reforça a relação laboral (Gilbreath and Benson, 2004) e uma percepção negativa deteriora a relação laboral (Kelloway, Sivanathan, Francis and Barling, 2005).

O estudo permitiu identificar os comportamentos do líder promotor de bem-estar, compreendendo a liderança promotora de bem-estar como “um processo interpessoal, de transparência relacional e influência organizacional, orientado para o desempenho organizacional focalizado no autodesenvolvimento dos colaboradores” (Messias, F.B., 2014: 270).

Palavras - Chave: Hotelaria de Cinco Estrelas, Liderança Promotora de Bem-Estar, Bem-Estar, Experiência Turística.

Classificação JEL: M00, Z32.

ABStrAct

This communication focuses on the characteristics of the leader which promotes well-being extracted from a study conducted in the five-star hospitality in the Algarve.

Leadership is viewed “as a phenomenon of cross social influence to human organizations particularly felt at the level of followers” (Messias, F.B., 2014: 89) and the leadership which promotes well-being, fitting in positive behaviors and, theoretically, in democratic leadership styles and oriented to followers, allows to facilitate the organizational work and to promote well-being among the employees.

The well-being is presented in the literature as a multidimensional construct (Warr, 2003, 2007), covering different approaches depending on the areas of study (Subjective Well-Being - SWB, Psychological Well-Being - PWB, Well- Being at Work - WAW), emphasizing in this case, particularly the WAW inseparably approach connected to PWB and SWB.

The employment relationship of leadership that is established between supervisor and employee at work influences the quality of their relations and affects the employee`s well-being. Hence the perception that employees have from their direct supervisors becomes relevant at the organizational level. A positive perception reinforces the employment relationship (Gilbreath and Benson, 2004) and a negative perception deteriorates the employment relationship (Kelloway, Sivanathan, Francis and Barling, 2005).

The study identified the behaviors of the leader which promotes well-being, comprising leadership which promotes well-being as “an interpersonal process, of relational transparency and organizational influence, oriented to the organizational performance focused on the self-development of employees” (Messias, F.B., 2014: 270).

Keywords: Five-Star Hospitality, Leadership which Promotes Well-Being, Well-Being, Tourist Experience.

JEL Classification: M00, Z32.

1. IntroduÇÃo

Tendo em conta que esta comunicação tem por objetivo descrever os comportamentos do líder promotor de bem- estar e as características da liderança promotora de bem-estar que resultaram de um estudo (tese de doutoramento) que permitiu compreender e caraterizar este tipo de liderança na hotelaria de cinco estrelas, iremos centrar a nossa atenção nesse estudo. Uma versão do estudo encontra-se disponível online no repositório cientifíco da Universidade do Algarve acessível em http://sapientia.ualg.pt/handle/10400.1/6839 pelo que quaisquer citações efetuadas se devem reportar à versão disponibilizada pela Universidade.

Feito o introito, começo por estruturar esta comunicação pela problemática do estudo, seguidamente farei um breve resumo da revisão de literatura e da metodologia utilizada, e, por fim, concluo pelos resultados do estudo qualitativo e conclusões extraídas, procurando fazê-lo da forma sintética e compreensível.