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Alguns Outros Modelos de Implementação do Regime de Colaboração

CAPÍTULO III – O REGIME DE COLABORAÇÃO NOS ARTIGOS ANALISADOS E NA

3.2 O Regime de Colaboração nos Artigos Analisados

3.2.7 Alguns Outros Modelos de Implementação do Regime de Colaboração

Existem outros modelos de políticas que se enquadram dentro dos preceitos do Regime de Colaboração, dentre elas os autores da base bibliográfica estudada citam os Arranjos de Desenvolvimento Educacional (ADE), os Consórcios intermunicipais, as parcerias de formação inicial e continuada de Professores, entre outros.

Neste subcapítulo serão abordados alguns desses arranjos intergovernamentais na visão dos autores dos 07 artigos expostos no Quadro 04 do capítulo IV, com destaque para o Regime de Colaboração e a Formação de Professores, e dos 08 artigos no Quadro 02, com destaque para outros modelos de implementação do Regime de Colaboração, que não sejam os fundos de redistribuição e financiamento e modelos de descentralização / desconcentração.

Ganzeli e Oliveira (2013) relembram a importância do engajamento dos entes federados na plena execução do Regime de Colaboração, não sendo uma questão dependente única e exclusivamente da legislação. A implementação do Regime de Colaboração depende dos acordos e das afinidades entre os entes federados, acertos que produzirão a efetividade do Regime de Colaboração. Esses acertos e/ou acordos dependem das estruturas políticas e, muitas vezes, das questões históricas que envolvem os entes federados: “nesse sentido, estamos compreendendo essas relações intergovernamentais como políticas de Estado ou políticas de governo” (2013, p. 1033).

Para esclarecer a diferença entre políticas de estado e políticas de governo, Ganzeli e Oliveira (2013) apresentam algumas das modalidades de ações articuladas entre os entes federados e entre os entes federados e os agentes do setor privado, são elas: fundos para a educação, convênios, consórcios públicos e arranjos de desenvolvimento da educação. Os autores diferenciam política de Estado, onde há uma continuidade da política com a troca de governos, de uma política de governo, que são acordos ou ações temporárias, findas ao término de um mandato executivo, ou antes. Muitas das ações em Regime de Colaboração são caracterizadas como políticas de governo do que políticas de Estado, pelo tempo de duração das mesmas e dos princípios e agentes que as compõem.

Araújo (2013) levanta o grande número de Arranjos de Desenvolvimento da Educação que foram firmados entre os anos de 2009 e 2013. Os Arranjos de Desenvolvimento da Educação consistem em um conjunto de ações regionais que podem envolver o Ministério da Educação (MEC), as Secretarias de Educação, universidades, os Conselhos de Educação e

de institutos e fundações ligadas a empresas, como a Fundação Vale, Instituto Gerdau, Fundação Itaú Social e outros. Araújo (2013) ainda coloca que os Arranjos de Desenvolvimento da Educação estão tomando lugar de expressão dentro do entendimento e implementação do Regime de Colaboração, puxado principalmente pelos membros do Movimento Todos pela Educação. Conforme afirma a autora:

Note-se aqui o esforço de organização do TPE no sentido de pautar uma agenda e definir não só o papel e a atuação das empresas, instituições e fundações privadas, ou não estatais, para a chamada “operacionalização do regime de colaboração” pela via dos ADE, como também definir o papel e a atuação do Poder Público, especialmente o federal, de modo a transformar os ADE numa política de Estado que abranja todos os outros entes federativos, referendando os termos do parecer e da resolução do CNE que tratam dos ADE como sinônimo do regime de colaboração para a educação. (ARAÚJO, 2013, p. 798).

Abordando os consórcios públicos para a educação, Abrucio (2013) aponta a grande dificuldade que os municípios brasileiros têm em associar-se, devido as dificuldades encontradas no contexto histórico das regiões e de outros problemas de ordem política, que podem surgir da própria estrutura partidária brasileira nos anos seguintes à firmação de consórcios municipais. Esses desentendimentos podem não garantir a continuidade dos consórcios e ações em Regime de Colaboração, o que caracteriza uma política de governo, não uma política de estado:

Se aparentemente a melhor saída para os municípios é se associar, isso não quer dizer que necessariamente o farão e, se o fizerem, ademais, isso não garante que sua articulação intermunicipal será forte e/ou duradora. Na verdade, muitos estudos realçam as dificuldades para formar e manter fortes ou mesmo unidos os consórcios e outras formas de cooperação formal entre governos locais. (ABRUCIO, 2013, p. 1545-1546).

Sobre os Consórcios, Andrade e Machado (2014) apontam que apenas 7% dos Consórcios municipais existentes são voltados para a área educacional. Os demais se dividem em outras áreas, sendo a grande maioria voltada para a saúde, com 43% dos Consórcios, seguida pelo Meio Ambiente, com 14%, Turismo, com 10%, e desenvolvimento urbano, com uma porcentagem de 8%. Tomando como base os dados apresentados por Andrade e Machado (2014), nota-se que o Regime de Colaboração na forma de consórcios intermunicipais não teve o mesmo êxito das políticas de colaboração entre os entes federados

na área da saúde. É interessante ressaltar aqui que a área da saúde possui um sistema nacional de saúde, o Sistema Único de Saúde, SUS, porém não foi encontrado, nos artigos analisados, nenhuma relação entre a maior porcentagem de consócios municipais na área da saúde e a existência do Sistema Único de Saúde.

Outro grande modelo de parceria entre instituições de ensino e governos de esferas administrativas diferentes acontece na formação continuada de professores. Vários autores, entre eles Neves (2012) e Costa e Pimentel (2009), apresentam modelos de formação continuada de professores da rede pública de educação que se enquadram perfeitamente em políticas que satisfazem o Regime de Colaboração. Um exemplo é dado por Neves (2012) quando apresenta um estudo sobre o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, PARFOR, que é uma parceria destinada aos professores da rede pública que ainda não têm a formação superior exigida para exercício do cargo. A formação pelo PARFOR pode ser: a) primeira licenciatura – para quem exerce a profissão sem formação superior; b) segunda licenciatura – para docentes que estão atuando em área distinta da formação inicial há pelo menos três anos; e c) formação pedagógica – para docentes graduados, mas não licenciados. Essa formação superior é oferecida em turmas e vagas especiais ou em cursos de formação de docentes nas Instituições Superiores autorizadas pelo Ministério da Educação. Muitas vezes as Instituições de Educação Superior são de esferas administrativas diferentes e realizam arranjos intergovernamentais para validar o pacto de formação docente.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Capes, controlada pelo Governo Federal, também faz parcerias com entes Federados para formação continuada de Professores, sendo uma das instituições que fazem parte do PARFOR. Cury e Mello (2014) apresentam um estudo sobre a participação da Capes na formação dos professores, destacando que “o regime de colaboração se encontra explícito, fazendo menção à cooperação mútua entre Capes, Secretarias de Educação e instituições públicas de ensino superior” (2014, p. 1094).