• Nenhum resultado encontrado

Regime de colaboração : um recorte temporal dos artigos publicados na plataforma periódicos Capes (1996-2014)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Regime de colaboração : um recorte temporal dos artigos publicados na plataforma periódicos Capes (1996-2014)"

Copied!
147
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Educação

RENATO ALEXANDRE OLIVEIRA CANDIDO

REGIME DE COLABORAÇÃO: UM RECORTE

TEMPORAL DOS ARTIGOS PUBLICADOS NA

PLATAFORMA PERIÓDICOS CAPES (1996-2014)

CAMPINAS 2019

(2)

RENATO ALEXANDRE OLIVEIRA CANDIDO

REGIME DE COLABORAÇÃO: UM RECORTE

TEMPORAL DOS ARTIGOS PUBLICADOS NA

PLATAFORMA PERIÓDICOS CAPES (1996-2014)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em Educação, na área de concentração de Educação.

Orientadora: Professora Dra. Sandra Fernandes Leite

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO RENATO ALEXANDRE OLIVEIRA CANDIDO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. SANDRA FERNANDES LEITE

CAMPINAS 2019

(3)

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Candido, Renato Alexandre Oliveira, 1984-

C161r Regime de colaboração : um recorte temporal dos artigos publicados na plataforma Periódicos Capes (1996-2014) / Renato Alexandre Oliveira Candido.

– Campinas, SP : [s.n.], 2019.

Orientador: Sandra Fernandes Leite.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

1. Educação. 2. Federalismo. 3. Brasil - Constituição - 1988. 4. Federalismo. I. Leite, Sandra Fernandes, 1968-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Intergovernmental Collaboration : a survey of the published articles in the Periodicos Capes plataform (1996-2014)

Palavras-chave em inglês: Education

Federative Principle Brazil - Constitution - 1988 Área de concentração: Educação Titulação: Mestre em Educação Banca examinadora:

Sandra Fernandes Leite [Orientador] Pedro Ganzeli

Sueli Helena de Camargo Palmen Data de defesa: 28-02-2019

Programa de Pós-Graduação: Educação

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-9260-4893 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/0330958697113153

(4)

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

REGIME DE COLABORAÇÃO: UM RECORTE

TEMPORAL DOS ARTIGOS PUBLICADOS NA

PLATAFORMA PERIÓDICOS CAPES (1996-2014)

Renato Alexandre Oliveira Candido

COMISSÃO JULGADORA: Professora Dra. Sandra Fernandes Leite Professor Dr. Pedro Ganzeli

Professora Dra. Sueli Helena de Camargo Palmen

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

(5)

Dedico a todos da Universidade de Estadual de Campinas que colaboraram com este trabalho de forma direta ou indireta, professores, prestadores de serviços, servidores das secretarias, servidores das bibliotecas, colegas das graduações e pós-graduações, seguranças, técnicos dos laboratórios e todos que trabalham nesta Instituição para torná-la o centro de referência que é hoje, em especial à Professora Doutora Sandra Fernandes Leite pela atenção, disponibilidade e ajuda nas dificuldades que surgiram ao longo de execução desta pesquisa de mestrado. Dedico também para minha família que sempre me ajudou, em cada uma das conquistas que obtive, minha mãe, Creusa, meu pai, Joaquim, minha sempre companheira, hoje noiva e futura esposa, Nathália Fernanda de Almeida, meu irmão, Reinaldo, e sua esposa, Rosana, meu sobrinho, Álvaro, minha sogra, Dicéia, e meu cunhado com sua noiva, Lucas e Jéssica.

(6)

Agradeço a atenção e disponibilidade das Professoras Sueli e Nima e dos Professores Pedro e Fábio, para compor esta banca de defesa e por participarem deste passo importante na minha carreira acadêmica. Agradeço também ao Instituto Federal do Sul de Minas de Gerais pela ajuda e pelo apoio.

(7)

Esta pesquisa de mestrado teve como objetivo fazer um levantamento, na forma de um recorte temporal, dos artigos que abordam o Regime de Colaboração, previsto na Constituição Federal de 1988, publicados na plataforma Periódicos Capes entre os anos de 1996 a 2014. Para a elaboração de uma metodologia consistente para a análise dos artigos, elementos de metodologias de pesquisa diferentes foram juntados, buscando simultaneamente verificar as definições para o termo Regime de Colaboração, apresentadas nos artigos, bem como a forma com que este tema foi tratado e com quais outros temas o Regime de Colaboração foi relacionado. Assim, foram feitos os seguintes questionamentos: “Como o regime de colaboração foi entendido nas pesquisas acadêmicas entre 1996 até 2014? Quais são os rumos que as pesquisas apontam no sentido de sua efetivação? Quais são as principais fontes de pesquisa, textos mais relevantes e outros indicadores bibliométricos que permitam a classificação dos artigos publicados com o tema?”. Para responder tais perguntas, primeiramente foi realizado o levantamento dos artigos publicados na plataforma Periódicos Capes, abrangendo o período entre a sanção da LDBEN nº 9394 de 1996 até a publicação do Plano Nacional de Educação(PNE), Lei nº 13.005/2014, em 2014. Os artigos encontrados são apresentados em quadros individuais separados pelos assuntos aos quais o Regime de Colaboração foi associado nas pesquisas: autonomia dos Entes Federados; formação continuada de professores; ausência de clareza na Legislação / falta de entendimento do termo Regime de Colaboração; fundos de redistribuição e financiamento da educação; princípios de cooperação / subsidiariedade; descentralização/ desconcentração; planos de ações para a educação (PNE, PDE, PMCTE, PAR, e outros); Sistema Nacional de Educação e outros modelos de políticas que podem ser caracterizadas como Regime de Colaboração. Destaca-se entre os artigos analisados a evolução do número de publicações com seu ápice no final do período, 2012-2014, o que se alinha com o fim do primeiro PNE em 2011 e a elaboração do PNE que teve início em 2014. Além disso, a grande maioria dos artigos coloca a ausência da plena implementação de políticas em Regime de Colaboração e a falta de regulamentação e clareza no termo Regime de Colaboração na legislação. O Regime de Colaboração é entendido, pela maioria dos autores, como um modo de governar, um consenso entre os entes federados que formam a Nação: o Município, o Estado, o Distrito Federal e a União (Governo Federal), de maneira que possam implementar políticas educacionais que sejam conjuntas entre os entes, com base nos princípios da subsidiariedade e do cooperativismo. Independente da esfera administrativa do ente federado, o Regime de Colaboração prevê a necessidade de políticas conjuntas (município com estado, estado com União, municípios com União, município com outros municípios, entre outros arranjos federativos) que busquem a universalidade e a melhoria da educação.

(8)

This dissertation aims to make a survey of the published articles about Regime de Colaboração (Collaboration Regime), foreseen in the Federal Constitution of 1988, which were published in Periódicos Capes platform from 1996 to 2014. For so, a consistent methodology was developed by using elements of other methodologies in order to verify the definitions and understanding for the Collaboration Regime as well as the way in which this topic has been treated and related to other terms. Thus, we searched answers for the following questions: a) How was the collaboration regime understood from 1996 to 2014? b) What are the directions that the research indicates towards the collaboration regime effectiveness? c) What are the main research sources, relevant texts and other ‘bibliometric’ indicators that allow the classification of articles published with the same theme? To answer such questions, a survey on Periódicos Capes platform was carried out, covering the period between the sanction of Brazilian Educational Law (LDBEN nº 9.394/1996) and the publication of the National Educational Plan (PNE, nº 13.005/2014). The articles found are presented in individual tables separated by topics associated to the collaboration regime: Federated Entities autonomy; continuing teacher training; misunderstanding of Legislation / the term collaboration regime; funds for education redistribution and financing; principles of cooperation / subsidiarity; decentralization / deconcentration; educational action plans (PNE, PDE, PMCTE, PAR, etc.); National System of Education, and other models of policies that can be characterized as Collaboration Regime. Among the analyzed articles, we point out the evolution of publication numbers, especially in 2012-2014, which is aligned with the end of the first PNE (2011) and the preparation of the new PNE that started in 2014. In addition, most articles present the absence of full implementation of the Collaboration Regime policy and unclearness on the term in legislation. The Collaboration Regime is understood by most authors as a way of governing, a consensus among the Municipality, the State, the Federal District, and the Federal Government, in a way that educational policies can be implemented, based on subsidiarity and cooperativism. Regardless of the administrative sphere of the federated entity, the Collaboration Regime foresees the urgent necessity of joint policies (cities and states; states and Federal Union; cities and Federal Union, cities and cities, etc.) that search for the universality and the improvement of education.

(9)

QUADRO 01 – Relação dos Artigos Selecionados na Plataforma Periódicos Capes em Ordem Cronológica (1996-2014) ... 99 QUADRO 02 – Relação dos Artigos Apresentados na Busca na Plataforma Periódicos Capes que não Foram Incluídos na Base Bibliográfica ... 113 QUADRO 03 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e Outros Modelos de Arranjos Intergovernamentais (Consórcios, ADE, entre outros) ... 119 QUADRO 04 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Autonomia dos Entes Federados ... 120 QUADRO 05 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Formação Continuada de Professores ... 121 QUADRO 06 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Ausência de Clareza na Legislação ou a Falta de Entendimento do Termo Regime de Colaboração ... 122 QUADRO 07 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Fundos de Redistribuição e Financiamento da Educação ... 123 QUADRO 08 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Princípios de Cooperação/Subsidiariedade ... 124 QUADRO 09 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Ideia de Descentralização/Desconcentração da Educação. ... 125 QUADRO 10 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Planos de Ações para a Educação (PNE, PDE, PMCTE, PAR e outros) ... 126 QUADRO 11 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e o Sistema Nacional de Educação ... 128 QUADRO 12 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração Classificados pelo Número de Citações que tiveram por Ano ... 131

(10)

FIGURA 01 – Distribuição dos Artigos Analisados pelo Ano de Publicações ... 116 FIGURA 02 – Distribuição dos Artigos Analisados pelo Assunto Relacionado ao Regime de Colaboração ... 117 FIGURA 03 – Distribuição dos Artigos Analisados em Relação aos Periódicos ... 129

(11)

ADE –Arranjos de Desenvolvimento da Educação

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CF –Constituição Federal

CONAE – Conferência Nacional de Educação

CTC – EB /CAPES - Conselho Técnico-Científico da Educação Básica DEB – Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica EC – Emenda Constitucional

FECAM - Federação Catarinense de Municípios

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

LDBEN – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC –Ministério da Educação

PAR – Plano de Ações Articuladas

PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PEC –Proposta de Emenda Constitucional PNE – Plano Nacional de Educação

PMCTE - Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira SNE – Sistema Nacional de Educação

SUS – Sistema Único de Saúde UAB- Universidade Aberta do Brasil

(12)

DEDICATÓRIA ... 5 AGRADECIMENTOS ... 6 RESUMO ... 7 ABSTRACT ... 8 LISTA DE QUADROS ... 9 LISTA DE FIGURAS ... 10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... 11

SUMÁRIO... 12 INTRODUÇÃO ... 14 QUESTÃO DA PESQUISA ...22 OBJETIVO GERAL ...22 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...22 METODOLOGIA ...23 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA ...24

CAPÍTULO I – O ESTADO DA ARTE E A BIBLIOMETRIA COMO METODOLOGIAS ASSOCIADAS NESTA PESQUISA ... 26

1.1. Algumas definições sobre o que é o Estado da Arte ...27

1.2 Como a metodologia Estado da Arte foi utilizada nesse recorte temporal ...33

1.3 A Blibliometria e a Cienciometria ou Cientometria ...34

1.4 Como a metodologia da bibliometria foi utilizada neste recorte temporal ...40

CAPÍTULO II – O FEDERALISMO ... 42

2.1. Algumas perspectivas sobre o Federalismo ...43

2.2 Um Breve Histórico do Atendimento Educacional no Brasil ...50

CAPÍTULO III – O REGIME DE COLABORAÇÃO NOS ARTIGOS ANALISADOS E NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ... 68

3.1 O Regime de Colaboração na Legislação ...68

3.2 O Regime de Colaboração nos Artigos Analisados ...77

3.2.1 A Falta de Entendimento sobre o Regime de Colaboração e o Entrosamento entre os Entes Federados. ...77

3.2.2 Regime de Colaboração e a Autonomia e o Princípio da Subsidiariedade ...80

3.2.3 Regime de Colaboração como Descentralização ...83

(13)

PMCTE e PAR ...86

3.2.6 Regime de Colaboração e o Sistema Nacional de Educação ...91

3.2.7 Alguns Outros Modelos de Implementação do Regime de Colaboração ...93

3.3 Panorama encontrado para o Regime de Colaboração ...95

CAPÍTULO IV – OS ARTIGOS PUBLICADOS NA PLATAFORMA CAPES UTILIZADOS NESTE RECORTE TEMPORAL ... 97

4.1 Distribuição dos Artigos ao longo dos Anos ... 114

4.2 Temas aos quais o Regime de Colaboração foi Associado nas Pesquisas ... 116

4.3 Distribuições dos Artigos Analisados Segundo os Periódicos em que Foram Publicados ... 129

4.4 Quantidade de Citações dos Artigos Analisados ... 129

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 136

INDICAÇÕES PARA NOVAS PESQUISAS ... 138

(14)

INTRODUÇÃO

Conforme afirma Abrucio (2010), dos vários fatores que influenciam as políticas educacionais brasileiras, o regime de colaboração, dentro da perspectiva do federalismo, tem pouco destaque nas pesquisas da área, sendo um tema pouco estudado dentro das políticas públicas do Brasil. Por ser um tema menos explorado, este trabalho se pautou em abordar como o regime de colaboração tem sido tratado nas pesquisas acadêmicas entre os anos de 1996 e 2014, trazendo um recorte sobre os artigos publicados na Plataforma Periódicos Capes que tratam do Regime de Colaboração e da Educação.

O termo Regime de Colaboração surge na Constituição Federal de 1988 junto com outras grandes mudanças no federalismo brasileiro. Além da instituição do Regime de Colaboração, a Constituição Federal de 1988 eleva o município à condição de ente federado, descentralizando o poder, o que resultou em uma maior oferta de recursos para os municípios e, consequentemente, poderia resultar em uma melhoria na oferta de educação na esfera dos governos municipais, conforme afirma Abrucio:

O principal mote do novo federalismo inaugurado pela Constituição de 1988 foi a descentralização. Processo que significava não só passar mais recursos e poder aos governos subnacionais, mas, principalmente, tinha como palavra de ordem a municipalização. (ABRUCIO, 2010, p. 43).

O termo Regime de Colaboração, como é utilizado atualmente, aparece no artigo 211 da Constituição Federal de 1988, sendo reforçado pela LDBEN nº 9394/19961 em 1996, o que, em tese, deveria levar Estados, Municípios e União a se empenharem em encontrarem uma maneira de implementarem políticas educacionais em regime de colaboração, ou seja, a grosso modo, de maneira conjunta e colaborativa. De maneira semelhante, outros documentos que tratam de políticas educacionais posteriores à promulgação da Constituição Federal de 1988, como a Lei 13.005 de 2014 que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) para os anos de 2014 a 2024, trazem destaque para a necessidade do regime de colaboração entre os entes federados. Apesar de estabelecerem o regime de colaboração, a Constituição e as outras

1 A Lei n.º 9394/1996, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

Essa lei aplica ao campo da educação os dispositivos constitucionais constituindo, assim, a referência fundamental da organização do sistema educacional do país (LIBÂNEO, 2003, p. 13).

(15)

legislações não exemplificam como essas políticas deverão acontecer e não estipulam procedimentos para a implementação do regime de colaboração.

Abrucio (2010) e, de forma semelhante, Souza (2006) colocam que o regime de colaboração é um diferencial colocado somente para a educação. Frente a outros setores da administração pública, a educação teve um tratamento diferenciado pela Constituição Federal de 1988 que foi seguido pelas legislações educacionais posteriores:

[...] é um diferenciador da educação frente aos outros setores, a proposição de um regime de colaboração entre os níveis de governo como instrumento que garantiria a boa implementação da política em todos os seus ciclos, em especial na educação básica. (ABRUCIO, 2010, p. 40).

Uma vez que existem sistemas de educação nas esferas federal e estadual, podendo existir também na esfera municipal, o regime de colaboração entre eles torna-se necessário quando se analisa, até mesmo, elementos simples, tal como a localização das escolas. Conforme afirma Abrucio (2010):

[...] implementar bem as políticas, em particular para o ensino fundamental, sem que haja uma colaboração entre estados e municípios, uma vez que a rede pública existe em ambas as esferas – é possível, inclusive, encontrar uma escola municipal e outra estadual bem próximas entre si numa mesma cidade. (ABRUCIO, 2010, p. 47).

Na reestruturação das políticas educacionais para a elaboração da Constituição Federal de 1988, o regime de colaboração tornou-se tema recorrente dentro das legislações educacionais. Para compreender melhor o regime de colaboração, trabalhos acadêmicos são uma fonte para elucidar questões acerca de sua eficácia e eficiência, como também para apreender a forma com a qual o regime foi entendido e implementado entre os diversos entes federados do Brasil, sejam entre os Estados e/ou Municípios, com a União e entre os próprios entes federados de mesmo nível. Além disso, os trabalhos acadêmicos contribuem positivamente para verificar como um determinado assunto está sendo tratado e qual é a sua relevância dentro do meio acadêmico.

Na busca por compreender como este conceito está sendo tratado no meio acadêmico, foi realizada esta Pesquisa de Mestrado, que elaborou um recorte sobre o Regime de Colaboração na pesquisa brasileira. Objetivou-se em apresentar as pesquisas já realizadas sobre o regime de colaboração: os encaminhamentos, a distribuição temporal, os artigos com

(16)

maior fator de impacto e os periódicos com maior número de publicações que tratam do Regime de Colaboração.

Procurou-se elaborar uma pesquisa que fosse capaz de verificar se os artigos publicados na Plataforma Periódicos Capes, no período de 1996 a 2014, que tratam do Regime de Colaboração, trazem elementos que possam esclarecer como o Regime de Colaboração foi aplicado e sua efetividade no mesmo período. Não distante do objetivo dessa pesquisa, um estudo bibliométrico, realizado com as metodologias corretas, coloca à disposição do pesquisador dados que permitem classificar os artigos, demonstrando quais devem ter mais prioridade na leitura e formação da base bibliográfica de uma pesquisa a ser realizada.

Essa pesquisa de mestrado consiste em um recorte temporal, que apresenta um panorama bibliométrico e conceitual dos artigos que tratam do Regime de Colaboração, publicados na Plataforma Periódicos Capes, entre os anos de 1996 e 2014, além de um breve resumo da posição dos autores sobre o Regime de Colaboração.

A metodologia utilizada nesse trabalho usa elementos da metodologia “Estado da Arte”, que, muitas vezes, é compreendida como um levantamento bibliográfico ou um conjunto de notas e fichamentos sobre determinado assunto, porém, existem várias abordagens e entendimentos para esta metodologia. Diante de tal variedade, a metodologia “Estado da Arte” foi utilizada no sentido de apresentar as definições existentes para o Regime de Colaboração e que estavam presentes nos artigos analisados; como estes artigos abordaram o Regime de Colaboração e com quais outros assuntos foram relacionados a ele. Conjuntamente, foram associadas metodologias utilizadas na elaboração de estudos bibliométricos.

A bibliometria pode ser considerada como a ciência que estuda a publicação de textos, apresentando resultados quantitativos, muitas vezes, estatísticos, que permitem classificar os textos por sua relevância e indicar os principais autores, periódicos ou publicações em determinada área. A bibliometria foi aplicada nessa pesquisa para mostrar os seguintes indicadores sobre os artigos analisados: o número de citações de cada artigo e a média de citações por ano de cada artigo. Além destes valores, são apresentados 9 quadros, que separam os artigos pelos temas que associaram com o Regime de Colaboração:

(17)

 QUADRO 03 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e Outros Modelos de Arranjos Intergovernamentais (Consórcios, ADE, entre outros);

 QUADRO 04 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Autonomia dos Entes Federados;

 QUADRO 05 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Formação Continuada de Professores;

 QUADRO 06 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Ausência de Clareza na Legislação/Falta de Entendimento do Termo Regime de Colaboração;

 QUADRO 07 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Fundos de Redistribuição e Financiamento da Educação;

 QUADRO 08 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Princípios de Cooperação/ Subsidiariedade;

 QUADRO 09 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e a Ideia de Descentralização/Desconcentração da Educação;

 QUADRO 10 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e os Planos de Ações para a Educação (PNE, PDE, PMCTE, PAR e outros);

 QUADRO 11 – Relação dos Artigos que Abordam o Regime de Colaboração e o Sistema Nacional de Educação.

Com os dados indicados nos quadros acima e no Quadro 01, que contém todos os artigos analisados, são expostas três figuras, que mostram: a distribuição dos artigos pelo assunto ao qual o Regime de Colaboração foi associado, a distribuição dos artigos pelo ano de publicação e a distribuição dos artigos pelo periódico em que foram publicados:

 FIGURA 01 – Distribuição dos Artigos Analisados pelo Ano de Publicações;

(18)

 FIGURA 02 – Distribuição dos Artigos Analisados pelo Assunto Relacionado ao Regime de Colaboração;

 FIGURA 03 – Distribuição dos Artigos Analisados em Relação aos Periódicos.

Esse recorte temporal apresenta resultados das duas metodologias e serve de base para o início, tanto ao entendimento do termo Regime de Colaboração, como para o apoio na formação de uma base bibliográfica sobre o Regime de Colaboração. Assim, esse trabalho poderá ser utilizado como fundamento para pesquisas sobre o Regime de Colaboração ou estudos sobre políticas educacionais que sejam em Regime de Colaboração.

Esta dissertação organiza um levantamento dos artigos, tanto conceitual e/ou analítico como quantitativo, realizando a separação desses artigos pelas definições que os mesmos trazem sobre o Regime de Colaboração e, por último, apresentando indicadores bibliométricos que permitam uma classificação da relevância dos artigos.

A escolha por analisar somente os artigos publicados se deu pelo motivo de que a grande maioria das teses e dissertações publicadas na plataforma Periódicos Capes também foram publicadas na forma de artigo. Assim, se evitou ter textos semelhantes de um mesmo autor, com o mesmo tema e mesma conclusão. No entendimento de que a tese/dissertação e o artigo são diferentes textos de uma mesma pesquisa, e normalmente apresentam os mesmos resultados, essa pesquisa de mestrado buscou abranger um número maior de autores, de forma que foram selecionados somente os artigos publicados.

Seria de grande interesse, porém, em uma pesquisa distinta desta, outro recorte temporal, com metodologia semelhante à utilizada nessa pesquisa, abrangendo somente as teses e dissertações. Em um recorte temporal, realizado nas teses e dissertações, os indicadores e resultados apresentados nos mostrariam um balanço do tratamento dado ao Regime de Colaboração nos programas de pós-graduação; o que não é o objetivo dessa pesquisa.

Análises de publicações acadêmicas, sejam com ou sem o uso da metodologia de um “Estado da Arte” ou “Estado do Conhecimento”, podem ser apresentadas em capítulos introdutórios de outros trabalhos ou em textos específicos com terminalidade e metodologia próprias. Neste último caso, o uso do Estado da Arte como metodologia de pesquisa pode expor, para uma base de dados em certo período de tempo, o que foi pesquisado, o grau de

(19)

entendimento e a profundidade que determinado assunto assumiu em um período específico dentro das pesquisas ou publicações acadêmicas.

Utilizando-se da metodologia Estado da Arte, na qual se deve selecionar um período e uma base ou um periódico para a análise das publicações, este estudo privilegiou como o início do período escolhido para o exame dos artigos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN - Lei nº 9394, de 1996), sancionada após a promulgação da Constituição Federal de 1988, trazendo elementos importantes na questão do financiamento educacional e do Regime de Colaboração.

Na LDBEN de 1996, Lei nº 9394, há, em seu texto, o termo “Regime de Colaboração”, apesar de não estabelecer a forma com que o mesmo seria realizado. Somente cita a necessidade e obrigação de existir um Regime de Colaboração entre os entes federados, tanto entre os próprios entes e entre os entes federados e a união. Conforme se vê nos artigos 5º e 74º:

Art. 5º. O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.

§1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União:

I – Recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso;

II – Fazer-lhes a chamada pública;

III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.

Parágrafo Único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. (BRASIL, 1996).

O término do período escolhido foi com a sanção da Lei nº 13.005, de 2014, que estabeleceu o Plano Nacional de Educação (PNE). No PNE iniciado em 2014, há diversas

(20)

citações sobre o Regime de Colaboração, exaltando a necessidade de elaboração e implantação de políticas em Regime de Colaboração, segundo consta no artigo 7º:

Art. 7º A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao alcance das metas e à implementação das estratégias objeto deste Plano.

[...]

§ 2º As estratégias definidas no anexo desta lei não elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os entes federados, podendo ser complementadas por mecanismos nacionais e locais de coordenação e colaboração recíproca.

[...]

§ 4º Haverá regime de colaboração específico para a implementação de modalidades de educação escolar que necessitem considerar territórios étnico--educacionais e a utilização de estratégias que levem em conta as identidades e especificidades socioculturais e linguísticas de cada comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e informada a essa comunidade.

§ 5º Será criada uma instância permanente de negociação e cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.

§ 6º O fortalecimento do regime de colaboração entre os estados e respectivos municípios incluirá a instituição de instâncias permanentes de negociação, cooperação e pactuação em cada estado.

§ 7º O fortalecimento do regime de colaboração entre os municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos de desenvolvimento da educação. (BRASIL, 2014).

Como pode ser visto, o 7º parágrafo do Artigo 7º, da Lei 13.005/2014, ressalta a necessidade de fortalecimento do regime de colaboração, além de citar que este deve ser implementado através de arranjos de desenvolvimento da educação entre os entes federados. Comparando com a LDBEN de 1996, observa-se que o Regime de Colaboração já era colocado como obrigatoriedade em 1996, porém, foi dada maior ênfase sobre a sua necessidade em 2014. O termo utilizado, “fortalecimento do Regime de Colaboração” (BRASIL, 2014), nos revela interesse na consolidação de políticas educacionais que estejam de acordo com o esperado na Constituição Federal de 1988 e na LDBEN de 1996. Assim, analisando os artigos, foi examinado como o Regime de Colaboração foi tratado e interpretado pelo meio acadêmico.

Na Plataforma Periódicos Capes, na busca por artigos que abordassem o Regime de Colaboração, se utilizou do operador booleano “e”, comum em softwares de busca e

(21)

aplicado para pesquisar termos em conjunto. Nesta procura, o operador foi empregado para unir os termos “Regime de Colaboração” e “educação”, de maneira que ambos estivessem presentes no mesmo texto. A busca resultou em 104 artigos, que, depois de limitada ao período de interesse (entre 1996 e 2014), obteve-se o número de 45 artigos.

Na análise destes 45 artigos, foram encontrados 8 artigos que não se enquadravam na linha de pesquisa, pois abordavam outras temáticas e utilizaram o termo “Regime de Colaboração” sem estar se referindo ao termo existente na Constituição Federal de 1988. No Quadro 01, são apresentados os 37 artigos que formam a base de pesquisa desse recorte temporal. Enquanto no Quadro 02, são apresentados os 08 artigos que foram desconsiderados na pesquisa de mestrado, juntamente com o motivo pelo qual foram desconsiderados.

Para encontrar o número de citações de cada artigo do Quadro 01, foi usado o software Publish or Perish 6.4 com a base bibliométrica do Google Acadêmico, o Google Scholar. A escolha se deu pelas características públicas, tanto do software quanto da base, que o tornam acessível para qualquer pesquisador. Apesar de ser uma base bibliométrica pouco usada, o Google Scholar vem ampliando seu uso em pesquisas, mesmo analisando as citações em periódicos, teses e outros textos da web.

Buscando demonstrar, principalmente, a compreensão e o entendimento apresentados para o Regime de Colaboração entre os entes federados, previsto na Constituição Federal de 1988, essa pesquisa de mestrado mostra um recorte temporal, no qual foram mapeados, de forma analítica e quantitativa, os artigos publicados, organizando-se os dados em figuras e em quadros-resumo, podendo ser analisados algum dos indicadores estatísticos dos artigos que compõem a base estudada.

Esta pesquisa revisou e sintetizou os artigos publicados na Plataforma Periódicos Capes, no período de 1996 a 2014, tendo o Regime de Colaboração e a Educação envolvidos na pesquisa simultaneamente. Sendo assim, esta é uma pesquisa analítica, que trouxe elementos de caráter de revisão/resenha (Estado da Arte) e estatístico (Estudo Bibliométrico) em um mesmo levantamento.

(22)

QUESTÃO DA PESQUISA

Como o Regime de Colaboração foi entendido nas pesquisas acadêmicas entre os anos de 1996 até 2014? Quais são os rumos que as pesquisas apontam no sentido de sua efetivação? Quais são as principais fontes de pesquisa, textos mais relevantes, e outros indicadores estatísticos que permitam a classificação dos artigos publicados com o tema? OBJETIVO GERAL

Demonstrar como o Regime de Colaboração foi entendido e associado a outros temas nas pesquisas acadêmicas, publicadas como artigo no portal Periódicos Capes, entre os anos de 1996 até 2014. Para isso, os resultados foram apresentados na forma de um recorte temporal com dados estatísticos sobre os artigos, de modo que os artigos pudessem ser classificados quanto à sua importância no meio acadêmico e quanto às definições de Regime de Colaboração presentes neles.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Levantar os artigos publicados no portal Periódicos Capes, entre os anos de 1996 e 2014, que tratam do Regime de Colaboração associado com a Educação, utilizando-se o operador booleano “e” na seguinte expressão: “Regime de Colaboração” e “Educação”;

2. Elaborar um quadro com os artigos selecionados para compor a base bibliográfica desse recorte temporal;

3. Organizar os artigos em quadros para analisá-los; levantar os periódicos que tiveram maiores publicações do tema, a evolução do número de publicações realizadas ao longo dos anos, o número de citações de cada artigo, e apresentar uma síntese de como o termo Regime de Colaboração foi entendido pelos autores;

4. Elencar as principais temáticas às quais os artigos relacionaram o Regime de Colaboração: outros Modelos de Arranjos Intergovernamentais (Consórcios, ADE, entre outros); a Autonomia dos Entes Federados; a Formação Continuada de Professores; a Ausência de Clareza na Legislação/Falta de Entendimento do Termo Regime de Colaboração;

(23)

os Fundos de Redistribuição e Financiamento da Educação; os Princípios de Cooperação/ Subsidiariedade; a Ideia de Descentralização/Desconcentração da Educação; os Planos de Ações para a Educação (PNE, PDE, PMCTE, PAR e outros) e o Sistema Nacional de Educação, separando os artigos em quadros, para facilitar a leitura.

5. Apresentar um panorama geral do entendimento do Regime de Colaboração, indicando como o Regime de Colaboração tem sido abordado nas pesquisas acadêmicas. METODOLOGIA

Esse recorte temporal foi elaborado com a associação de elementos presentes em duas metodologias diferentes: Estado da Arte e Bibliometria. Nesse trabalho, foram unificados os conceitos de Regime de Colaboração, contidos nos artigos que formaram o portfólio analisado, com os indicadores estatísticos sobre os artigos estudados e os resultados que apresentam.

Existem muitas definições a respeito da metodologia para a elaboração de trabalhos que tratem de estados da arte sobre um tema específico. Muitas vezes, esses estudos são confundidos como sendo somente um levantamento documental ou um fichamento. O levantamento documental é a base de uma pesquisa de estado da arte, mas este pode adquirir novos rumos quando da análise dos textos que formam a base documental.

A bibliometria é basicamente um estudo quantitativo de um grupo de publicações. No caso dessa dissertação, se restringiu a medir alguns dos indicadores dos artigos, que foram publicados na Plataforma Periódicos Capes, entre os anos de 1996 a 2014, cujo objeto principal de pesquisa é o Regime de Colaboração e a Educação.

A análise dos artigos, que formaram o portfólio dessa pesquisa, se baseou em levantar a definição de Regime de Colaboração, contida neles, conjuntamente com a distribuição cronológica dos artigos, apontando os artigos mais citados, os pesquisadores que mais produziram, os pesquisadores mais citados, entre outros dados. Ao se considerar tais índices, ficou mais claro selecionar as principais definições de Regime de Colaboração, os principais artigos e periódicos que publicaram este tema, auxiliando outros pesquisadores na formação de uma base bibliográfica sobre o tópico e também no entendimento sobre o Regime de Colaboração.

(24)

ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

Essa pesquisa foi dividida em quatro capítulos, precedidos da Introdução e seguidos das Considerações Finais. Na Introdução, foram apresentados o contexto da pesquisa, o recorte temporal, o objetivo geral, os objetivos específicos e a metodologia utilizada na análise dos dados.

O Capítulo I, “O ESTADO DA ARTE E A BIBLIOMETRIA COMO METODOLOGIAS ASSOCIADAS NESTA PESQUISA”, traz o modo como a metodologia Estado da Arte foi associada com a Bibliometria para a formação da metodologia de pesquisa utilizada nesse recorte temporal. Este capítulo apresenta vários conceitos e exemplos de como realizar uma pesquisa de estado da arte e um levantamento bibliométrico, elencando as diferenças e semelhanças entre cada uma e os elementos que foram aplicados de cada metodologia.

O Capítulo II, “O FEDERALISMO”, apresenta um panorama do histórico sobre o federalismo no cenário político brasileiro, destacando a influência destas ideias no campo das políticas públicas educacionais. Neste capítulo, são abordados os principais conceitos e definições sobre o federalismo, trazendo, conjuntamente, a trajetória dessas ideias nos trechos referentes à educação contidos nas Constituições que já foram promulgadas no Brasil desde a Proclamação da República. Além disso, é analisada a aplicação dos conceitos de federalismo e do Regime de Colaboração dentro das legislações educacionais sancionadas no Brasil após a Constituição Federal de 1988.

O Capítulo III, “O TERMO REGIME DE COLABORAÇÃO NOS ARTIGOS ANALISADOS E NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL”, trata do Regime de Colaboração, criado pela Constituição Federal de 1988 e com seus desdobramentos em legislações posteriores. O Regime de Colaboração é amplamente citado como prática necessária e obrigatória entre os entes federados, tanto entre o governo nacional quanto entre os governos subnacionais, nas legislações educacionais entre 1996 e 2014. Para verificar o entendimento que o meio acadêmico tem a respeito do Regime de Colaboração, o capítulo ainda ressalta as definições encontradas para o Regime de Colaboração nos artigos publicados na plataforma Periódicos Capes entre 1996 e 2014; os temas aos quais o Regime de Colaboração foi associado nos artigos publicados no referido período e quais são as interpretações e entendimentos para uma política em regime de colaboração.

(25)

O Capítulo IV, “PANORAMA DAS PESQUISAS ENCONTRADAS NA PLATAFORMA CAPES COM O TEMA REGIME DE COLABORAÇÃO (1996-2014)”, apresenta os 37 artigos separados para a análise e conjuntamente com a maneira com que foram selecionados dentro do portfólio dos artigos da Plataforma Periódicos Capes. Nesta parte, se aponta a distribuição desses 37 artigos em 9 quadros, conforme o assunto ao qual o Regime de Colaboração foi associado, a saber: autonomia dos Entes Federados; formação continuada de professores; ausência de clareza na Legislação / falta de entendimento do termo Regime de Colaboração; fundos de redistribuição e financiamento da educação; princípios de cooperação / subsidiariedade; descentralização/ desconcentração; planos de ações para a educação (PNE, PDE, PMCTE, PAR, e outros); Sistema Nacional de Educação; e outros modelos de políticas que podem ser caracterizadas como Regime de Colaboração. Além dos quadros mencionados, há um quadro que mostra o número total de citações e o número de citações por ano de cada artigo, segundo a base de dados do Google Scholar, que faz o levantamento de acordo com os dados publicados na web. Por fim, também são apresentadas 3 figuras: a primeira, com a distribuição dos artigos em relação ao ano de publicação; a segunda, com a distribuição dos artigos pelo assunto ao qual se relacionou o Regime de Colaboração, e a terceira, com a distribuição dos artigos, segundo o periódico em que foi publicado.

As Considerações Finais apresentam o panorama das pesquisas publicadas na Plataforma Periódicos Capes sobre o Regime de Colaboração. Conjuntamente, há uma síntese crítica com as principais abordagens e temáticas relacionadas com o Regime de Colaboração, presentes nos artigos analisados.

As Referências Bibliográficas apontam os trabalhos acadêmicos e os documentos oficiais, nacionais, estaduais e municipais, que deram o aporte teórico para o desenvolvimento dessa pesquisa de mestrado e que foram citados ao longo do texto.

(26)

CAPÍTULO I – O ESTADO DA ARTE E A BIBLIOMETRIA COMO

METODOLOGIAS ASSOCIADAS NESTA PESQUISA

Para essa pesquisa de mestrado, procurou-se desenvolver uma metodologia consistente que permitisse a obtenção dos resultados desejados. Como as questões de pesquisa abrangiam a leitura da produção acadêmica de um período e a análise quantitativa dessa produção, buscaram-se metodologias que satisfaziam as duas necessidades. Assim, fez-se a junção de elementos de duas metodologias que aparentemente são muito distintas, Estado da Arte e Análise Bibliométrica. Um estudo que apresente o Estado da Arte sobre um determinado tema possui um viés comum com um levantamento bibliométrico quando se compara que ambos são análises de publicações científicas.

Associando elementos presentes na elaboração de um Estado da Arte e de uma Análise Bibliométrica, essa pesquisa desenvolveu uma metodologia específica para a elaboração de um recorte temporal. Para o levantamento e a análise qualitativa dos artigos publicados na plataforma Periódicos Capes, que abordavam o Regime de Colaboração, utilizou-se os mesmos modelos e métodos, que são comuns na elaboração de um Estado da Arte. Assim, essa pesquisa apresenta um trabalho semelhante a um Estado da Arte quando faz: a definição temporal da pesquisa, a escolha de uma base bibliográfica e a apresentação dos resultados na forma de um panorama, que possa ser utilizado como identificador para outras pesquisas que abordem o Regime de Colaboração. O panorama dos artigos que formaram a base bibliográfica mostra o perfil geral do entendimento para o termo Regime de Colaboração e os principais temas aos quais o Regime de Colaboração foi associado em cada artigo. Com a base bibliográfica definida, a análise bibliométrica levantou o número de citações de cada artigo, a média anual de citações de cada artigo, a distribuição dos artigos ao longo do período de análise, 1996 até 2014, e a distribuição dos artigos pelos periódicos em que foram publicados. Os números de citações foram levantados com base nos dados bibliométricos fornecidos pelo Google Scholar com o uso do software Publish or Perish 6.4.

Essa pesquisa de mestrado apresenta um recorte temporal dos artigos, que abordam o Regime de Colaboração, conforme estipulado pela Constituição Federal de 1988, em estudos da área da Educação, publicados na plataforma Periódicos Capes, entre os anos de 1996 e 2014. Tal recorte temporal apresenta as definições sobre o Regime de Colaboração pelos autores e pelas autoras dos artigos analisados. Esta forma de apresentação é típica de

(27)

trabalhos denominados estado da arte, porém, somente esta análise não caracteriza essa pesquisa como um Estado da Arte do Regime de Colaboração. De forma paralela, também são apresentados dados com os indicadores de relevância dos artigos publicados, os principais temas aos quais o Regime de Colaboração foi associado, e as principais revistas que publicaram artigos sobre o Regime de Colaboração. Estes indicadores são apresentados na produção de análises bibliométricas ou cienciométricas.

Para compreender melhor a metodologia Estado da Arte e como se elabora uma Análise Bibliométrica, nos subcapítulos a seguir, será apresentado um resumo para cada uma dessas metodologias de pesquisa.

1.1. Algumas definições sobre o que é o Estado da Arte

A metodologia de pesquisa “Estado da Arte” ou “Estado do Conhecimento” é amplamente usada em capítulos introdutórios de teses, dissertações e outros trabalhos, que apresentam um panorama das pesquisas e o que já é conhecido sobre o tema em debate no trabalho, de forma introdutória e resumida. Entretanto, existem trabalhos inteiros abordando somente o Estado da Arte sobre um assunto. Tais textos, que aparentam ser somente um levantamento de caráter bibliográfico, expõem os panoramas das pesquisas já realizadas sobre um assunto e os caminhos que estão sendo dados para as pesquisas relacionadas ao tema levantado. Essa pesquisa não será um Estado da Arte sobre o Regime de Colaboração, mas apresentará um panorama geral sobre o entendimento do Regime de Colaboração nas pesquisas acadêmicas.

Segundo Romanowski e Ens (2006), os trabalhos específicos sobre o Estado da Arte a respeito de determinado assunto derivam da abrangência de cada assunto tratado e apontam quais caminhos estão sendo tomados pelas linhas de pesquisa. Desta forma, um trabalho específico sobre o Estado da Arte também poderá conter aspectos críticos, no sentido de apontar o motivo que levaram as pesquisas a escolherem determinado caminho. Pesquisas que tratam exclusivamente do Estado da Arte envolvem levantamentos acerca de um conceito ou assunto pesquisado. Elas trazem o que já foi descoberto sobre o assunto, evitando que se perca tempo com investigações desnecessárias em futuros trabalhos. Essas pesquisas, em geral, trazem o desafio de mapear e discutir certa produção acadêmica, tentando responder

(28)

quais aspectos e dimensões vêm sendo destacados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições essas produções têm sido produzidas, segundo Ferreira (2002). Elas costumam trazer consigo não somente uma metodologia inventariante e descritiva, mas também crítica e reflexiva. O Estado da Arte, como metodologia de pesquisa para a produção de um trabalho tratando sobre um tema específico, serve de base para outras pesquisas e também como elucidador de questões, na medida em que pode ser material de referência sobe determinado assunto.

O Estado da Arte de um tema específico não é um fichamento de citações e pontos importantes, mas, sim, um levantamento sobre a produção acadêmica, os conceitos e os caminhos que a pesquisa sobre determinado assunto tomou. O Estado da Arte como pesquisa é um mapeamento sobre determinado assunto. Este mapeamento não necessariamente é um inventário bibliográfico: ele pode ser transformado em um “mapeamento reflexivo com sua metodologia e foco exclusivos” (FREITAS e PIRES, 2015, p. 639). Tornando as pesquisas sobre o “Estado da Arte” um trabalho mais complexo e abrangente que contribuirá para o campo teórico de uma área do conhecimento, pois apresenta os aportes significativos na construção da teoria e as restrições sobre o mesmo, conforme afirmam Palanch e Freitas (2015). Nesse mesmo sentido, Messina (1998) define as pesquisas sobre o “Estado da Arte” como

[...] um mapa que nos permite continuar caminhando; é também uma possibilidade de perceber discursos que em um primeiro momento se apresentam como descontínuos ou contraditórios. Em um estudo da arte está presente a possibilidade de contribuir com a teoria e a prática de um campo do conhecimento. (MESSINA, 1998, p. 1).

Dentro da concepção de mapeamento reflexivo, os estudos sobre “Estado da Arte” tornaram-se uma metodologia específica que visa levantar os dados já pesquisados sobre determinado assunto, apresentando ao leitor um panorama das pesquisas e dos documentos produzidos. Conforme citam Romanowski e Ens (2006, p. 38-39) os trabalhos denominados Estado da Arte apresentam as tendências e restrições de determinada área de pesquisa, servindo como identificadores de uma área de pesquisa. Logo,

O interesse por pesquisas que abordam “estado da arte” deriva da abrangência desses estudos para apontar caminhos que vêm sendo tomados e aspectos que são abordados em detrimento de outros. A realização destes balanços possibilita contribuir com a organização e análise na definição de

(29)

um campo, uma área, além de indicar possíveis contribuições da pesquisa para com as rupturas sociais. (ROMANOWSKI E ENS, 2006, p. 38-39) [...]

Estados da arte podem significar uma contribuição importante na constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, pois procuram identificar os aportes significativos da construção da teoria e prática pedagógica, apontar as restrições sobre o campo em que se move a pesquisa, as suas lacunas de disseminação, identificar experiências inovadoras investigadas que apontem alternativas de solução para os problemas da prática e reconhecer as contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada. (ROMANOWSKI E ENS, 2006, p. 39). Mesmo sendo tratado como uma metodologia importante para todos os trabalhos acadêmicos, o Estado da Arte ainda se encontra “envolto em um grande mistério, não apenas em seu formato e forma de coleta de dados, mas também na análise desses dados” (PALANCH E FREITAS, 2015). Ao se buscar detalhes sobre essa metodologia, encontra-se uma seara de informações, que basicamente se resumem em uma pesquisa catalográfica. Palanch (2015) afirma que são poucos os autores que apresentam a possibilidade de se realizar uma pesquisa que seja exclusivamente no formato de Estado da Arte. Sendo menores os autores que apresentam os procedimentos para a realização dessas pesquisas, o que demonstra o pouco uso desta metodologia no meio acadêmico. No entanto, não é uma metodologia em desuso ou arcaica, ela tem seus procedimentos específicos e utilidade quando analisada como base para outras pesquisas.

De uma forma geral, quando é apresentada nos manuais de pesquisa científica, prescreve os seguintes passos: (i) definição dos descritores para direcionar a busca das informações; (ii) localização dos bancos de pesquisas (artigos, teses, acervos etc.); (iii) estabelecimento de critérios para a seleção do material que comporá o corpus do estudo; (iv) coleta do material de pesquisa; (v) leitura das produções, com elaboração de sínteses preliminares; (vi) organização de relatórios envolvendo as sínteses e destacando tendências do tema abordado; e (vii) análise e elaboração das conclusões preliminares. (PALANCH E FREITAS, 2015, p. 785 e 786).

Palach e Freitas (2015) ainda afirmam que estes caminhos apresentados, como uma fórmula para construção de um Estado da Arte, possuindo passos/etapas específicos e sequenciais, restringem a pesquisa na medida em que não abarcam outras possibilidades que podem tornar a pesquisa algo além de uma revisão bibliográfica ou catalográfica. Por se tratar

(30)

de uma pesquisa qualitativa, existem uma dinâmica específica e características que devem ser levadas em conta.

Nas pesquisas qualitativas, existe uma série de preocupações com a metodologia a ser utilizada. Cada tipo de pesquisa qualitativa apresenta características únicas: estudo de caso, pesquisa etnográfica, entre outras. Segundo Ludke (1986), os métodos para a coleta de dados na pesquisa qualitativa são três: a observação, a entrevista e a análise documental. A coleta e a análise de dados é basicamente o princípio fundamental de uma pesquisa que use o “Estado da Arte” como metodologia para a apresentação de um tema ou assunto, que será feita a partir da análise documental.

A análise documental consiste na análise de “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano” (PHILLIPS apud LUDKE, 1986, p. 36), que abrangem: leis, regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, jornais, revistas, roteiros de programas de TV, livros, entre outros. Documentos são fontes de informação estáveis e ricas, persistentes ao longo do tempo, que podem ser consultados várias vezes durante a pesquisa. Mesmo fazendo uso de outros métodos de coleta de dados, Ludke (1986) afirma que a análise documental nunca deve ser descartada devido ser uma fonte tão repleta de informações. O uso de documento é criticado no sentido que a escolha dos documentos pode ser feita de forma arbitrária pelo autor, que leva em consideração alguns aspectos e temáticas que deseja focalizar. Só que a escolha do autor pode ser mais considerada como um dado a mais na análise do documento.

A primeira etapa da análise documental consiste na seleção dos documentos, seguido então pela análise propriamente dita dos documentos, etapa mais minuciosa da análise documental, e o registro. A análise dos documentos pode valer-se de várias metodologias para a análise, como cita Ludke (1986), quando aborda a metodologia de análise de conteúdo definida por Krippendorff (1980 apud LUDKE, 1986, p. 41), como “uma técnica de pesquisa para fazer inferências válidas e replicáveis dos dados para o seu contexto”, se buscando os conteúdos simbólicos das mensagens. Para Krippendorff (1980), o processo de análise inicia-se na definição do elemento a ser analisado, a unidade de expressão a ser estudada e procurada no texto. Desta unidade, Holsti (1969 apud LUDKE, 1986, p. 42) apresenta dois tipos: a unidade de registro, na qual o pesquisador seleciona um segmento para análise, verificando seu significado, sua frequência, entre outros dados; e a unidade de

(31)

contexto, na qual se considera em que contexto cada unidade foi utilizada. Após a análise dos documentos, procede-se o registro dos mesmos em categorias.

Dentro das pesquisas qualitativas, após o período de coleta de dados, há a análise formal de todo material coletado. Esta análise deve ter como foco o objeto de estudo, sendo essencial para “afunilar” os dados coletados e focar a pesquisa somente no objeto de estudo, ou seja, somente num tema específico.

Assim, um estado da arte se caracteriza como uma pesquisa qualitativa de análise documental, porém com características específicas que a distingue de outras análises, que comumente são encontradas em capítulos introdutórios de teses, dissertações e livros.

Buscando esclarecer mais sobre as metodologias de pesquisa para a construção de um trabalho sobre o Estado da Arte, Soares (2000) traz que estas pesquisas “podem conduzir à plena compreensão do estado atingido pelo conhecimento a respeito de determinado tema, sua amplitude, tendências teóricas, vertentes metodológicas” (SOARES, 2000, p. 9). Elas apresentam também os aspectos e os caminhos que determinada área focalizada está tomando e, não somente isso, analisam sistematicamente esta produção. Ainda, segundo Soares (2000), essas pesquisas consideram “categorias que identifiquem, em cada texto, e no conjunto deles as facetas sobre as quais o fenômeno vem sendo analisado” (SOARES, 2000, p. 4). No mesmo texto, Soares (2000) ainda afirma que estes estudos não apresentam um término, pois: [...] da mesma forma que a ciência se vai construindo ao longo do tempo, privilegiando ora um aspecto ora outro, ora uma metodologia ora outra, ora um referencial teórico ora outro, também a análise, em pesquisas de estado do conhecimento produzidas ao longo do tempo, deve ir sendo paralelamente construída, identificando e explicitando os caminhos da ciência, para que se revele o processo de construção do conhecimento sobre determinado tema, para que se possa tentar a integração de resultados e, também, identificar duplicações, contradições e, sobretudo, lacunas, isto é, aspectos não estudados ou ainda precariamente estudados, metodologias de pesquisa pouco exploradas. (SOARES, 2000, p. 5).

Os trabalhos sobre o Estado da Arte ainda podem contribuir no sentido de apresentar metodologias de pesquisa pouco conhecidas ou as mais usadas para o assunto em estudo. Portanto, não se trata somente de um que apresenta os resultados das pesquisas, mas também pode apresentar como os pesquisadores chegaram aos resultados e a tendência metodológica para cada área de pesquisa.

(32)

As pesquisas denominadas “Estado da Arte” necessitam de um tema claro a ser pesquisado para que o trabalho tenha um foco específico. Isto porque muitos trabalhos, que venham a compor o corpus de pesquisa, podem permear por vários temas simultaneamente, e, dentro deles, o pesquisador pode perder-se nas outras temáticas inter-relacionadas ao tema principal escolhido. Além do período a ser analisado e de um tema claro e bem definido, é muito importante a escolha e delimitação das fontes pesquisadas, uma vez que são inúmeras as fontes que fornecem material para a composição do corpus, conforme afirma Rossetto (2013, p. 2 e 7):

O estudo do estado da arte constitui-se em uma etapa de suma importância para o desenvolvimento de qualquer tipo de investigação. Entretanto, este processo tem se revelado extremamente complexo, tendo em vista o volume de trabalhos produzidos e divulgados na atualidade, mediante diferentes fontes e formas de comunicação e compartilhamento dos resultados das pesquisas. (ROSSETTO, 2013, p. 2).

[...]

A clareza sobre a temática central da pesquisa a ser empreendida, bem como os conceitos que tangenciam a problemática do estudo, colocam-se como imprescindíveis para o início do estudo estado da arte. (ROSSETTO, 2013, p. 7).

Enquanto se faz a coleta dos dados a serem analisados, torna-se essencial uma escolha temporal dentro dos bancos de dados a serem usados, já que a produção acadêmica é um processo contínuo, bem como a produção de documentos, e existe uma dinâmica dentro da ciência que gera a modificação de conceitos e concepções, retrocessos e avanços dentro de determinados períodos. Seria equivocado afirmar que o “Estado da Arte” de certo conceito encontra-se estático porque o mesmo pode tanto evoluir para uma nova definição ou entendimento, quanto voltar a ser entendido com base em uma definição anterior à atual. Assim, as pesquisas em Estado da Arte devem possuir um período de estudo objetivo e determinado, ao qual demonstraram como as pesquisas científicas avançaram sobre um tema em um determinado momento histórico da produção acadêmica e/ou documental. Caso contrário, o trabalho pode deixar de citar grandes avanços ou pontos importantes na construção do conhecimento em toda a sua evolução e não será um trabalho que sirva de referência, mas, sim, um apanhado de dados aleatórios e deslocados. Nesse sentido, as pesquisas sobre “Estado da Arte” apresentam os conceitos e evoluções sobre um tema analisados em um determinado período. É, neste período, que apresentarão os avanços, evoluções, pesquisas, resultados e modificações nos conceitos e definições a respeito de um

(33)

tema, podendo apresentar as metodologias de estudo predominantes na mesma época e aquelas que foram utilizadas nas pesquisas estudadas. Conforme afirma Ferreira (2002, p. 258), quando define as pesquisas denominadas “Estado da Arte”:

Definidas como de caráter bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários. (FERREIRA, 2002, p. 258).

As pesquisas determinadas “Estado da Arte” demonstram grande importância para novos trabalhos acadêmicos e para a construção de bases de pesquisa que demonstrarão o panorama geral sobre o tema de pesquisa. Além disso, indicam os resultados obtidos, as metodologias e os métodos utilizados, e as análises sobre as pesquisas em determinados períodos, contextos e espaços de produção acadêmica.

1.2 Como a metodologia Estado da Arte foi utilizada nesse recorte temporal

Como foi exposto, existem várias interpretações sobre como desenvolver a metodologia para um trabalho que seja um “Estado da Arte” sobre determinado assunto. Construir um trabalho denominado Estado da Arte sobre um tema é uma tarefa árdua que requer uma grande quantidade de tempo para a análise dos textos da base bibliográfica, por menor que seja a base de dados a ser analisada. Nessa pesquisa, a metodologia Estado da Arte foi utilizada para apresentar um panorama sobre o entendimento do conceito de Regime de Colaboração nos artigos da base bibliográfica.

Assim, essa pesquisa objetivou apresentar um panorama geral, um recorte temporal, dos artigos publicados na plataforma Periódicos Capes no período de 1996 até 2014. Esse estudo indica quais são as abordagens e definições sobre o Regime de Colaboração que os artigos da base bibliográfica apresentam conjuntamente com os temas aos quais o Regime de Colaboração foi associado nos artigos analisados. Os dados estão em quadros resumo, deixando demais discussões, deveras interessantes, para outros pesquisadores que desejarem utilizar dos artigos estudados como base para a bibliografia de suas pesquisas.

(34)

O período em que foram publicados os artigos que compõem este recorte foi definido com início em 1996 e término em 2014, baseado nas legislações educacionais sancionadas pelo Governo Federal. Em 1996, foi sancionada a, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN), Lei nº 9394/1996, que reforçou a necessidade e a obrigação do Regime de Colaboração entre os entes federados (O Regime de Colaboração entre os entes federados já havia sido colocado pelo Constituição Federal de 1988). Como ponto de encerramento do período a ser pesquisado, foi escolhido o ano de 2014, no qual foi sancionada a Lei nº 13.005, que trata do Plano Nacional de Educação (PNE). Na Lei nº 13.005/2014 foi dado maior destaque para a emergência e a determinação de políticas educacionais em regime de colaboração entre os entes federados, quando comparada com a LDBEN de 1996.

A plataforma Periódicos Capes foi escolhida devido à sua abrangência de periódicos e notoriedade nacional.

O recorte temporal que foi realizado tem o intuito de elucidar o sentido dado ao Regime de Colaboração nos artigos publicados, no período de 1996 a 2014, dentro da plataforma Periódicos Capes. Esse recorte mostra as formas como o Regime de Colaboração foi entendido e tratado, além dos temas aos quais o Regime de Colaboração foi associado nas mesmas pesquisas. A metodologia utilizada não traz somente um levantamento das pesquisas, mas também um levantamento sobre o entendimento do conceito de Regime de Colaboração. Além disso, essa pesquisa de mestrado apresenta um levantamento bibliométrico sobre os artigos que compõem a base bibliográfica, que serão analisados nos subcapítulos a seguir.

1.3 A Blibliometria e a Cienciometria ou Cientometria

Quando se inicia qualquer trabalho acadêmico, principalmente, um estado da arte ou um recorte temporal, há a necessidade de levantar a produção bibliográfica já existente sobre o assunto ao qual a pesquisa se relaciona. Este trabalho, a pesquisa bibliográfica, muitas vezes, se torna um trabalho demorado, devido ao grande número de publicações e da necessidade de selecionar entre elas as mais relevantes e as que estejam diretamente relacionadas com a temática a ser pesquisada. No sentido de realizar um levantamento baseado em uma metodologia mais sólida, a bibliometria se apresenta como um estudo consolidado no meio acadêmico. Por isso, em um recorte temporal, torna-se interessante

(35)

utilizar métodos bibliométricos para o levantamento e a análise dos artigos que comporão a base de estudo.

Atualmente existem muitas fontes de conhecimento que divulgam e disseminam as produções acadêmicas, notícias e reportagens a respeito dos resultados que o meio acadêmico tem obtido. Tendo em vista a grande massa de informação que se tem acesso atualmente e do grande volume da produção acadêmica, o pesquisador, ao formar a base bibliográfica para sua pesquisa, encontrará grande dificuldade na seleção dos artigos e dos demais materiais que farão parte, uma vez que pode se tornar um trabalho quase impossível analisar toda a produção que esteja relacionada com o tema escolhido pelo pesquisador.

O pesquisador, que não deseja escolher ao acaso a sua base bibliográfica ou escolhê-la por critérios de afinidades, necessitará de critérios de seleção para compô-la. Nestes critérios, deverá haver a necessidade de categorizar e sistematizar os artigos que serão utilizados, o que, muitas vezes, se torna um trabalho longo e demorado, que usa de metodologias à parte da própria pesquisa. A avaliação na seleção e a qualificação dos artigos e materiais publicados servem para orientar o pesquisador, e apresentar à sociedade como um campo da ciência está se desenvolvendo e quais são os métodos e metodologias mais aceitos.

A avaliação, dentro de um determinado ramo do conhecimento, permite dignificar o saber quando métodos confiáveis e sistemáticos são utilizados para mostrar à sociedade como tal saber vem-se desenvolvendo e de que forma tem contribuído para resolver os problemas que se apresentam dentro de sua área de abrangência. (VANTI, 2002, p. 152).

A bibliometria é o estudo de metodologias para avaliar as produções acadêmicas, ou seja, a bibliometria engloba os métodos e metodologias para a análise da produção científica e da aceitação dos resultados obtidos pelas pesquisas na comunidade acadêmica. Como disciplina acadêmica, a bibliometria estuda maneiras de sistematizar dados, medindo parâmetros, tais como a dispersão de um tema, a produtividade de um autor e a frequência de um termo dentro de vários textos que estão sendo pesquisados. Para estas tarefas, a bibliometria estuda vários métodos, conforme afirma Vanti (2002), pode-se destacar a Lei de Bradford, que é um método para medir a dispersão de um tema dentro de um conjunto de artigos ou outros textos; a Lei de Lotka, utilizada para medir a produtividade de um autor e a Lei de Zipf, utilizada para medir a frequência de repetição de um termo. Estas leis são normatizações específicas com metodologias para a execução de cada uma das medições a serem feitas. Nessa pesquisa, não abordaremos a questão da bibliometria como disciplina,

Referências

Documentos relacionados

Além disso, serão abordados os estudos sobre os dois programas que surgiram no cenário educacional como políticas públicas educacionais curriculares, com propostas

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

All these elements were organized into three meta-themes — self or the teacher’s ethical professional identity, the internal environment of the school district, and

Apart from the two nuclear energy companies that were strongly hit by the earthquake effects (the Tokyo and Tohoku electric power companies), the remaining nine recorded a

Ainda que a metastização cerebral seja condição rara em caso de neoplasia com localização primária no intestino, em casos de exceção em que tal invasão se verifica por parte

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o