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2.4 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

2.4.7 Acordos entre Empresas da Cadeia de Suprimentos

2.4.7.3 Alianças

Apesar de, num primeiro momento, as alianças se assemelharem às joint ventures, as duas formas de colaboração diferem em cinco pontos, de acordo com Doz e Hamel (2000, p. 06-07):

• Com algumas exceções, as joint ventures são associações que não cumprem papel central para a estratégia da empresa, são criadas mais para obter economias de escala e escopo em áreas periféricas às prioridades estratégicas da empresa. Ao contrário, as alianças normalmente envolvem associações em áreas estratégicas para a empresa1.

• Enquanto as joint ventures envolvem recursos e riscos conhecidos, assim como a contribuição e os ganhos de cada parceiro são claros, nas alianças há uma incerteza muito maior. Normalmente, as alianças envolvem a combinação de competências em áreas emergentes e em evolução; assim, no início, não estão claros, nem o valor final das contribuições de cada parceiro, nem o valor dos benefícios que cada parceiro poderá retirar das alianças.

• Nas alianças, cada vez mais há a participação de múltiplos parceiros, aumentando o risco de divergências e subcoalizões, ao invés de associações bilaterais, como normalmente são as

joint ventures.

• As alianças hoje raramente são usadas para produzir produtos isolados conjuntamente, mas são criadas para desenvolver soluções e sistemas complexos, que exigem recursos de muitos parceiros.

• As alianças são mais difíceis de gerenciar, em função de ser menos seguras, menos estáveis e envolverem relações altamente ambíguas entre parceiros, já que o parceiro de hoje pode ser o concorrente de amanhã. Assim, “...torna-se impossível gerenciar até mesmo simples alianças bilaterais sem levar em consideração a teia de outros relacionamentos em que os parceiros se envolvem”.

Whipple e Gentry (2000) identificaram os principais motivos que levam as empresas a formar alianças estratégicas com outras organizações, mostrados na figura 16. Além destes, elas perceberam, através de uma pesquisa, que um motivo comum a todas as alianças é a melhoria da qualidade. Financeiro: Economia de custos Redução de preços Alavancagem de capital Tecnológico: Acesso a pesquisa e desenvolvimento Acesso a tecnologia da informação Motivos para formação Estratégico:

Acesso a novos mercados Core competences

Gerencial:

Reduzir base de fornecedores Simplificar processo de

fornecimento Aumentar lealdade Estabilizar fornecimento/

demanda

Figura 16: Estrutura para classificação dos motivos para formação de alianças entre empresas. Fonte:

Traduzido do trabalho de Whipple e Gentry (2000)

Para que uma aliança seja bem sucedida, Doz e Hamel (2000, p. 31-32) enfatizam que é preciso que haja um forte comprometimento para atuar em equipe, e os parceiros têm que possuir um motivo forte, convincente e realístico para participar, devem compreender qual sua contribuição e deve ser definida uma meta comum, o que é uma grande dificuldade das alianças, já que ela não é clara desde o início.

Apesar da popularização das alianças estratégicas, Barringer e Harrison (2000), reportando-se a pesquisas da Price Waterhouse Coopers e da KPMG, afirmam que a taxa de fracasso das alianças é da ordem de 50 a 70%, o que pode ser reduzido com o respeito a algumas regras para antecipar e/ou evitar problemas com alianças (DRUCKER, 1998, p. 190- 191): “Antes de efetivar a aliança, todas as partes devem definir seus objetivos e os objetivos do ‘filho’; devem fazer um acordo antecipado a respeito de como deverá ser dirigido o empreendimento conjunto; devem pensar com cuidado a respeito de quem irá gerenciar a aliança; e cada parceiro deve fazer provisões, em sua própria estrutura, para o relacionamento com o empreendimento conjunto e com os outros parceiros”.

As alianças são acordos apoiados apenas na confiança dos parceiros, já que não existe um contrato regendo o relacionamento. Se houver um contrato, como lembram Bowersox e Closs (2001, p. 118), “o relacionamento deixa de ser puramente espontâneo e, portanto, perde a característica de aliança”.

A lógica por trás das alianças é de que, combinando as competências centrais de duas ou mais empresas, cada participante fica habilitado para obter maior produtividade de suas habilidades e recursos, ao mesmo tempo em que compartilha riscos externos e incertezas com os parceiros (CRAVENS; PIERCY; CRAVENS, 2000). Porém, como já foi discutido neste capítulo, é preciso que as empresas avaliem adequadamente quais são suas competências centrais e os riscos envolvidos no seu compartilhamento, para que não as transfiram para outras empresas.

2.5 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO

A competitividade de uma empresa ou de um grupo de empresas, seja uma cadeia produtiva ou uma cadeia de suprimentos, é influenciada por fatores internos a cada empresa e por fatores externos, sistêmicos, que precisam ser considerados quando se pretende identificar ações a serem desenvolvidas para alavancar sua competitividade.

A busca de melhorias localizadas, em uma empresa, sem analisar o contexto mais amplo em que ela está inserida, tanto em termos de cadeia de suprimentos como de cadeia produtiva, pode subotimizar o desempenho da cadeia de suprimentos ou da cadeia produtiva como um todo. Da mesma forma, o modo como se dá a coordenação das atividades econômicas – governança - nesses arranjos, também fornece importantes indícios de para a melhoria da competitividade das empresas e dos arranjos.

O foco deste trabalho é a cadeia de suprimentos, sobre a qual as discussões ainda são recentes no meio acadêmico e, pela dinâmica do tema, estão em constante aprimoramento. A definição de cadeia de suprimentos adotada neste trabalho, como já afirmado, é aquela dos trabalhos da Universidade do Estado de Ohio, de Lambert, Cooper e Pagh (1998).

A gestão da cadeia de suprimentos envolve desde uma análise da configuração da cadeia (em termos de competências das empresas e produtos movimentados), passando pela definição dos processos de negócios em que ocorrem as relações entre as empresas (com o mapeamento dessas relações), até a definição das iniciativas que podem ser tomadas para alavancar o desempenho da cadeia (como aquelas baseadas na tecnologia da informação), fortalecimento das relações entre as empresas e o desenvolvimento de acordos com os parceiros, de modo que sejam desenvolvidas ações conjuntas para a melhoria da competitividade da cadeia.

A gestão da cadeia de suprimentos é um campo bastante abrangente, e não se tem o propósito de esgotar o tema, já que muito vem sendo escrito e discutido a respeito. A literatura pesquisada mostra que muitos esforços têm sido feitos no sentido de gerenciar a cadeia de suprimentos, porém, para que a sua gestão seja efetiva, é preciso que seja implementado um processo de avaliação de desempenho dos esforços realizados, de modo que se monitore o alcance das metas definidas no nível da cadeia.

Com esse propósito, se buscou, na literatura sobre avaliação de desempenho empresarial, ferramentas que possam ser empregadas para avaliar o desempenho em cadeias de suprimentos. Além disso, se identificou os trabalhos já desenvolvidos e publicados sobre a avaliação de desempenho, especificamente para o contexto de uma cadeia de suprimentos. O capítulo seguinte deste trabalho discute esses temas.

Como discutido no Capítulo 2, o problema principal deste trabalho centra-se na avaliação de desempenho. Assim, neste capítulo se apresenta, inicialmente, uma discussão sobre a avaliação de desempenho empresarial (seção 3.1), de modo a buscar ferramentas para fazer avaliação de desempenho no contexto de agrupamentos de empresas como as cadeias de suprimentos. Após, é feita uma discussão sobre a avaliação de desempenho no contexto de cadeias de suprimentos (seção 3.2), analisando criticamente trabalhos que já desenvolvidos sobre o tema.