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Esta etapa tem o propósito de discutir alguns aspectos que a sistemática aborda, de modo a nivelar o conhecimento em relação a conceitos que são seus pressupostos.

Quanto à Cadeia de Suprimentos

A cadeia de suprimentos deve ser definida a partir de uma empresa, a empresa focal. Toda empresa, desde que não tenha uma estrutura completamente verticalizada, possui uma cadeia de suprimentos. Ela será mais ou menos complexa dependendo da sua configuração - o que é uma decisão do projeto da cadeia (FINE, 1999). Sua complexidade será dada pelo número de níveis e pelo número de participantes em cada nível. A configuração de uma cadeia de suprimentos depende de decisões tomadas pela empresa focal em relação à sua

cadeia imediata, e pelas decisões tomadas por todas as empresas envolvidas a montante e a jusante, já que cada uma define a configuração de suas relações imediatas.

SISTEMÁTICA PROPOSTA

Planejamento do Trabalho e Análise da Cadeia de Suprimentos

Análise da(s) Cadeia(s) Produtiva(s) Preparação

Caracterização da Empresa Focal Mapeamento da Cadeia de Suprimentos

Definição da Estratégia e Tradução em Indicadores de Desempenho

Identificação dos Objetivos Estratégicos

Definição de Indicadores de Desempenho

Desenvolvimento de Metas e Iniciativas para os Indicadores Definição dos Temas Estratégicos

Diagnóstico das Empresas em Relação à Cadeia de Suprimentos

Identificação dos Fatores que Influenciam a

Competitividade

Mapeamento dos Processos da Cadeia Nivelamento Conceitual

Definição das Empresas Envolvidas na Avaliação do Desempenho

Construção do Mapa Estratégico

IMPLEMENTAÇÃO

Determinação dos Processos Críticos

Treinamento

Não Abandonar Sim

O projeto é viável?

Identificação dos Produtos e dos Clientes da Cadeia Identificação da Governança na

Cadeia de Suprimentos Não Abandonar

Sim O projeto é viável? Mapeamento da(s) Cadeia(s) Produtiva(s) Identificação da Governança na(s) Cadeia(s) Produtiva(s) Monitoramento Formação de um Comitê

Figura 31: Sistemática para apoiar a implementação de avaliação de desempenho em cadeias de

suprimentos

Além de ter sua própria cadeia, a empresa focal participa das cadeias de suprimentos de todas as empresas com as quais se relaciona, podendo localizar-se em qualquer posição dentro da estrutura horizontal dessas cadeias. Assim, pode ser, em cada uma, um membro primário ou de apoio.

O mapeamento de uma cadeia de suprimentos deve ser realizado a partir da empresa focal, podendo envolver sua cadeia total (todos os seus participantes, independente de sua posição ou importância) ou parcial (incluindo os participantes que se relacionam a determinado objetivo de análise).

Dependendo do objetivo a que refere um mapeamento de uma cadeia de suprimentos, ele pode ser mais ou menos detalhado, envolver todos ou apenas alguns membros e referir-se a uma empresa inteira, uma ou mais unidades de negócios, um ou mais produtos, um ou mais insumos, enfim, poderá ter a abrangência que for necessária ao objetivo que o tenha demandado.

Quanto à Cadeia Produtiva

O conceito de cadeia produtiva será aquele discutido na seção 2.1.3 deste trabalho. Uma cadeia de suprimentos pode pertencer a uma ou, como é mais freqüente, a várias cadeias produtivas, dependendo da sua configuração. A delimitação de uma cadeia produtiva depende do foco da análise, podendo ser definida a partir de uma matéria-prima (aves, bovinos, petróleo etc.), um produto intermediário (couro, por exemplo), de um produto final (calçados, eletro-eletrônicos, carne etc.) ou de um serviço (saúde, por exemplo).

Quanto ao Relacionamento entre as Empresas

A sistemática proposta tem como pré-requisito a existência de uma relação próxima entre as empresas envolvidas, onde exista aceitação para discutir problemas e buscar melhorias de forma conjunta.

Nesse sentido, é importante considerar a governança na cadeia de suprimentos. A forma como ocorre a coordenação das atividades econômicas ao longo de uma cadeia de suprimentos poderá ser um indicativo da força que tem a empresa focal para conduzir o projeto. Utilizando a nomenclatura proposta por Storper e Harrison (1991), se houver uma estrutura de poder simétrica entre as empresas (all ring, no core) mais facilmente a empresa focal poderá envolver seus parceiros.

Se houver uma estrutura de poder assimétrica, com uma empresa coordenadora ou condutora, a não ser que essa empresa seja a própria empresa focal, possivelmente haverá maior dificuldade para a empresa focal implementar a proposta. O membro reconhecido como líder de uma cadeia em termos de participação no mercado, faturamento e capacidade técnica tem maior poder entre os participantes, de acordo com Bowersox e Closs (2001, p. 116), sendo possível que também tenha maior facilidade para conduzir um projeto de avaliação de desempenho. Para Sampaio e Di Sério (2000), uma empresa com grande poder econômico

possui uma liderança natural para mobilizar as demais, o que também foi percebido por Miranda (2000, p. 143-144), pesquisando a relação das montadoras com seus fornecedores de subsistemas e os sub-fornecedores, na indústria automobilística, onde o membro dominante da cadeia - a montadora - era quem tomava a decisão de definir quais critérios deveriam ser atendidos pelas demais empresas, o que é característica de uma cadeia conduzida pelo produtor (a montadora), conforme a definição de Gereffi (2000).

As transações, em uma cadeia de suprimentos, dadas através do mercado (ver seção 2.3) não implicam em dependência entre as empresas e, assim, não têm as características básicas para o envolvimento na implementação da sistemática proposta neste trabalho. • Quanto aos Envolvidos na Aplicação da Sistemática

Na sistemática que se propõe nesta tese, defende-se que a avaliação de desempenho em uma cadeia de suprimentos não deve ser executada por uma empresa, individualmente. Deve partir de uma empresa, mas envolver os membros que têm relação com o foco da avaliação. A partir daí, as empresas envolvidas podem desenvolver o projeto como se, movidas por determinado objetivo, fossem uma única organização, buscando melhorar o desempenho em aspectos que normalmente estão além de suas possibilidades como entidades isoladas.

O objetivo será aquele fator que desencadeou o interesse da empresa focal por desenvolver o projeto de avaliação de desempenho no contexto da cadeia de suprimentos. A partir desse objetivo serão definidos o foco e a abrangência do trabalho, e os membros a serem envolvidos, aspectos que serão discutidos nas etapas seguintes.

O número de empresas envolvidas em cada aplicação da sistemática dependerá dos objetivos que motivaram o início do projeto, podendo ser envolvidos pares de empresas ou grupos maiores, desde que todos estejam vinculados por objetivos comuns, que justifiquem o desenvolvimento do projeto.

Quanto Posicionamento dos Indicadores da Cadeia no Sistema de Gestão das

Empresas

Os indicadores de desempenho identificados para a cadeia de suprimentos devem ser passíveis de inclusão no sistema global de gestão de cada uma das empresas.

Em cada aplicação da sistemática, as empresas envolvidas terão um conjunto de indicadores especificamente definidos para aquela situação. Porém, não será um novo modelo de avaliação de desempenho para cada empresa, mas um apêndice ao sistema utilizado em

cada uma delas, com foco específico, que é a avaliação de desempenho no contexto da cadeia de suprimentos em que elas se relacionam.